A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS PARA A FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO 1. APRESENTAÇÃO



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2.5 AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Transcrição:

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS PARA A FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO Fernanda Soares Godoi Yano do CANTO 6º semestre de pedagogia ma Finan Jéssica Cristina NUNES 6º semestre de pedagogia ma Finan Jessyka Kelly Martins SMANIOTTO 6º semestre de pedagogia ma Finan 1. APRESENTAÇÃO Uma das preocupações com a atividade pedagógica, está voltada à leitura. Esta prática é de suma importância para a criança que está inserida desde cedo no mundo letrado. Assim, o educador deve estimular na criança o ato da leitura, indicando a elas bons livros. Ao propiciar esse contato com o mundo das letras, o professor estará contribuindo para a formação de leitores críticos. Para que haja sucesso na formação do leitor, é preciso realizar uma leitura estimulante, diversificada, crítica e reflexiva, porém prazerosa. 2. INTRODUÇÃO Quanto mais cedo se iniciar o processo de aprendizagem de leitura, mais chances se terá de formar um cidadão crítico que não abandonará o hábito de ler. A criança que sempre tiver em seu alcance livros e souber lê-los e manuseá-los corretamente, dificilmente irá procurar resumos de obras literárias. E quando crescer saberá distinguir uma leitura boa de uma de má qualidade, e consequentemente aprimorará seu desenvolvimento na escrita. Concordando com esta postura temos o seguinte enunciado de Lajollo. Ninguém nasce sabendo ler, aprende-se a ler à medida que se vive. Se ler livros geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprendem por aí, na chamada escola da vida [...]. (LAJOLO, 2005, p.07).

Bebês podem até não entender todo o enredo de uma história, mas a leitura em voz alta os colocam em contato com outras dimensões das linguagens oral e escrita, que serão importantes em seu desenvolvimento. Eles percebem que a fala do dia-a-dia é diferente daquela usada numa leitura, que tem cadência, ritmo e emoção. Entendem, por exemplo, que há um começo, um clímax e um desfecho. [...] Especialistas acreditam que, para alguém se interessar por livros na vida adulta, é fundamental que a palavra escrita esteja ao seu alcance desde cedo. Ou seja: estimular a leitura dentro do berçário, com bebês que ainda nem aprenderam a falar, pode ser o caminho mais curto para a formação de um futuro leitor. Manuseando um livro, eles são capazes de identificar a existência da grafia e passam a estabelecer uma relação direta com a linguagem escrita. (PRIOLLI; SALLES, 2008, p. 10-12) Cada criança que chega à escola está em uma fase diferente de alfabetização, isto é, possuem diferentes conhecimentos de acordo com a realidade em que está inserida. Dessa maneira o ambiente escolar deve ser preparado e pensado para proporcionar inúmeras interações com a língua oral e escrita. Resgata-se, portanto, o papel da escola como ambiente motivador em potencial para os futuros leitores. Ressalta-se a importância do professor e do contador de histórias, pois são indivíduos que tem em suas mãos outros indivíduos. São formadores e podem transformar os hábitos e as atitudes dos pequenos, tornando-os leitores, seres que possam ver o mundo numa perspectiva diferente e que sejam conscientes, lendo as linhas nas entrelinhas e o texto no contexto. (PERES, 2009, p. 11-12). A orientação e o acompanhamento do educador, com a finalidade de incentivar o interesse do aluno pela leitura, não deve ser de forma obrigatória, pois o leitor necessita de liberdade. Quando imposta, cobrada e avaliada por meio de provas ou fichas de leitura, com certeza, este tipo de avaliação afastará o educando da leitura. O professor deve escolher livros que tenham identificação, diretamente relacionada com a vida de seus alunos, para aproximar e resgatar o interesse, a magia, que há nos livros e suas histórias. Prado (1996, p. 8) afirma dizendo que [...] algo muito urgente para todas as escolas, e cuja falta tanto vem contribuindo para o esvaziamento cultural do povo brasileiro: a leitura. Os livros literários. Grossi ressalta que:

Pessoas que não são leitoras têm a vida restrita à comunicação oral e dificilmente ampliam seus horizontes, por ter contato apenas com idéias próximas das suas, nas conversas com amigos. [...] é nos livros que temos a chance de entrar em contato com o desconhecido, conhecer outras épocas e outros lugares e, com eles, abrir a cabeça. Por isso, incentivar a formação de leitores é não apenas fundamental no mundo globalizado em que vivemos. É trabalhar pela sustentabilidade do planeta, ao garantir a convivência pacífica entre todos e o respeito à diversidade. (2008, p. 3). Durante o Seminário realizado de 09 a 11 de outubro de 2006, em Cartagena, Colômbia, que reuniu ministros e especialistas da educação, de quase todos os países da América Latina e Caribe, com participantes da África e Ásia, objetivando conhecer e trocar experiências sobre seus programas de sucesso para o desenvolvimento da educação, concluiu-se, que para melhorar a educação é necessário começar pela leitura. (LÜCK, 2OO6, p. 8-9) [...] é fundamental que as políticas de incentivo à leitura se descolem da mera organização de feiras ou da criação de bibliotecas e salas de leitura. O mais urgente, é investir em material humano, com a formação de mediadores e bibliotecários capazes de semear o prazer da leitura por todo o país. Mediadores são os instrumentos mais eficientes para fazer da leitura uma prática social mais difundida e aproveitada. (LINARD; LIMA, 2008, p. 9, apud. LAJOLO). 2. O Papel do Docente na Formação do Leitor A formação docente é um dos principais entraves a uma prática educativa de qualidade, especialmente no que se refere ao ensino da leitura, pois o que se percebe é certo conformismo e desgosto pela leitura presente na comunidade escolar, tornando-a, assim, uma prática desmotivadora tanto para o educador quanto para o educando. Mesmo que todos os quesitos ideais necessários a uma prática de ensino da leitura fossem efetivados na escola, seria indispensável a presença de professores leitores, que sentissem prazer na leitura, que fossem bem informados e instrumentalizados para tal prática. Na leitura, o diálogo do aluno é com o texto. O professor, mera testemunha desse diálogo, é também leitor, e sua leitura é uma das leituras

possíveis. Se considerarmos algumas posturas ante a leitura de um texto, talvez a sua prática na escola cumpra a verdadeira interlocução com seus possíveis leitores e contribua para um incentivo à leitura. (GERALDI, 2004, p. 91). O ato da leitura é importante nessa fase para transformar o aluno leitor passivo em leitor sujeito, pois, só através dessa ação, ele se tornará capaz de construir sua própria leitura e analisar sua visão de mundo. Paulo Freire (1989, p. 9) enfatiza que o ato de ler [...] Primeiro, a leitura do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da palavramundo (SIC). Além disso, a inserção da leitura, no contexto escolar, deve ser de forma dinâmica e agradável, utilizando-se, por exemplo, do caráter lúdico que pode ser dado às estratégias de leitura. Dessa forma, enquanto o aluno aprende a ler, estará, ao mesmo tempo, desenvolvendo a sociabilidade e a integração. O gosto de ler, portanto, será adquirido gradativamente, através da prática e de exercícios constantes. O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na educação infantil, dada a sua importância para a formação do sujeito, para a interação com as outras pessoas, na orientação das ações das crianças, na construção de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento. (RCNEI, 1998, p. 117). O papel da escola é fundamental nesse processo, no qual o professor, sendo o principal agente no processo de melhoria da qualidade do ensino, poderá realizar uma série de atividades que favoreçam a aproximação do educando com a leitura. Para que essa prática se torne interessante ao outro, ela deve ser introduzida de maneira agradável e estimulante e não de maneira autoritária e em forma de obrigação, pois ela é a condição essencial para o bom desempenho da linguagem oral e escrita. 3. A Formação do Leitor Crítico A literatura infantil é como uma manifestação de sentimentos e palavras, que conduz a criança ao desenvolvimento do seu intelecto, da personalidade, satisfazendo suas necessidades e aumentando sua capacidade crítica. Esta

literatura tem o poder de estimular o imaginário, de responder as dúvidas do indivíduo em relação a tantas perguntas, de encontrar novas idéias para solucionar questões e instigar a curiosidade do leitor. Nesse processo, ouvir histórias tem uma importância que vai além do prazer. É através de um conto ou de uma história, que a criança pode conhecer coisas novas, para que efetivamente sejam iniciados a construção da linguagem, da oralidade, ideias, valores e sentimentos, os quais ajudarão na sua formação pessoal. O livro leva a criança a desenvolver a criatividade, a sensibilidade, a sociabilidade, o senso crítico, a imaginação criadora, e algo fundamental, o livro leva a criança a aprender português. É lendo que se aprende a ler, a escrever e interpretar. É por meio do texto literário (poesia ou prosa) que ela vai desenvolver o plano das idéias e entender a gramática, suporte técnico da linguagem. Estudá-la, desconhecendo as estruturas poético-literárias da leitura, é como aprender a ler, escrever e interpretar, e não aprender a pensar. (PRADO, 1996, p. 19-20). Considera-se que o gosto pela leitura se constrói através de um longo processo e que é fundamental para o desenvolvimento de potencialidades, há a necessidade de se propor atividades diversas e diferenciadas para a formação do leitor crítico. Segundo Prado (1996, p. 19), no período mais importante de se formar o gosto pela leitura, as crianças estão na escola de primeiro grau. Está, pois, na escola de primeiro grau o maior compromisso com a formação do leitor. O educador deve reservar espaços em que proponha atividades novas sem o compromisso de impor leituras e avaliar o educando. Trata-se de operacionalizar espaços na escola e na sala de aula onde a leitura por fruição-prazer possa ser vivenciada pelas crianças. Nesse contexto, o professor deve proporcionar várias atividades inovadoras, procurando conhecer os gostos de seus alunos e a partir daí escolher um trabalho ou uma história que vá ao encontro das necessidades da criança, adaptando o seu vocabulário, despertando esse educando para o gosto, deixando-o se expressar. Assim a proposta de atividades variadas é de grande valor para o processo de construção da autonomia e desenvolvimento da criança em formação. 4. O Ensino e a Aprendizagem da Leitura e da Escrita

A leitura e a escrita são muito importantes para que as pessoas exerçam seus direitos, possam trabalhar e participar da sociedade com cidadania, se informar e aprender coisas novas ao longo de toda a vida. Na escola, crianças e os adolescentes precisam ter contato com diferentes textos, ouvir histórias, observar adultos lendo e escrevendo. Precisam participar de uma rotina de trabalho variada e estimulante e, além disso, receber muito incentivo dos professores e da família para que, na idade adequada, aprendam a ler e escrever. (MEC, 2006, p. 05). O pouco acesso à cultura escrita se deve às condições sociais e econômicas em que vive grande parte da sociedade. O aluno que vê diariamente os pais folheando revistas, lendo correspondências e utilizando a internet tem muito mais estimulo de aprender a língua escrita do que aquele em que seus pais têm pouca escolaridade. Isso ocorre porque ao observar os adultos a criança percebe que as letras possuem significados e assimilam alguns comportamentos como folhear livros, pegar na caneta para brincar de escrever ou mesmo contar uma história imaginária. O ponto de partida para democratizar o contato com a cultura escrita é tornar o ambiente alfabetizador: a sala deve ter livros, cartazes com listas, nomes e textos elaborados pelos alunos (ditados ao professor) nas paredes e recortes de jornais e revistas do interesse da garotada ao alcance de todos. Esses são alguns exemplos de como a classe pode se tornar um espaço provocador para que a criança encontre no sistema de escrita um desafio e uma diversão. Outra medida é ler diariamente para a turma, pois a criança que lê pelos olhos do professor, porque ainda não pode fazer isso sozinha, vai se familiarizando com a linguagem escrita. (CAVALCANTE, 2006, p. 24). Elas devem escrever sempre, mesmo quando a escrita parece apenas rabiscos, garatujas. Ao pegar o lápis e imitar os adultos, elas criam um "comportamento escritor". E, ao ter contato com textos e conhecer a estrutura deles, podem começar a elaborar os seus. Segundo os PCNs, é necessário que o educador leia vários textos para aqueles que ainda não sabem ler e seja escriba daqueles que ainda não sabem escrever. Quando são lidas histórias ou notícias de jornal para crianças que ainda não sabem ler e escrever convencionalmente, ensina-se a elas como são

organizados, na escrita, estes dois gêneros: desde o vocabulário adequado a cada um, até os recursos coesivos que lhes são característicos. Um aluno que produz um texto escrito, isto é, um texto cuja forma é escrita ainda que a via seja oral. Como o autor grego, o produtor do texto é aquele que cria o discurso, independente de grafálo ou não. Essa diferenciação é que torna possível uma pedagogia de transmissão oral pra ensinar a linguagem que se usa para escrever. (PCN, 1997, p. 28) A aquisição da escrita alfabética não indica que o educando seja capaz de compreender e produzir textos escritos. O educador deve trabalhar com diversos textos, principalmente aqueles que circulam socialmente, para estimular a aprendizagem. O gosto pela leitura é construído num processo que é simultaneamente individual e social, pois o ouvir histórias é para quem sabe e para quem não sabe ler. O educador deve compreender e entender as dificuldades das crianças, estimulando-as a ouvir e produzir textos, desenvolvendo assim as competências e habilidades individuais de cada uma, estimulando a leitura como instrumento de libertação, criatividade e reflexão crítica. [..] ao promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidade associadas às quatro competências lingüísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. (RCNEI, 1998, p. 117) Na verdade, não se pode considerar leitura apenas o ato de reproduzir o texto ou contar a história, sendo encarada simplesmente como um processo de decodificação, pois ela envolve diversos aspectos que vão além de decodificar o que está escrito. Leitura é um processo que se inicia antes do contato com o texto e vai além dele. O leitor participa do processo num contexto determinado, com toda a sua experiência de vida e de linguagem. Um leitor diante de um mesmo texto, mas em condições diferentes, realiza diferentes leituras. Desse modo, pode-se dizer que o aprendizado da leitura é uma tarefa permanente, que se enriquece com novas habilidades. Para isso, é importante proporcionar condições de leitura participativa e criativa. A leitura é de fundamental importância para a construção e reconstrução do conhecimento de mundo. É importante lembrar que a leitura de um texto faz o

leitor criar, recriar, escrever, reescrever ou produzir outro texto, resultante das experiências e da interação social. Além disso, a leitura auxilia no desenvolvimento da escrita, que é algo necessário e imprescindível, para a formação do leitor/escritor. O domínio da Língua [...] é fundamental para a participação social e efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimentos. (PCN, 1997, p. 15). Os momentos de leitura devem ser proporcionados as crianças fazendoas sentirem prazer a ler bons livros, livros esses que estimulem sua imaginação, as levem a criar, a se distraírem, a entrarem num mundo de fantasias, auxiliando no processo ensino-aprendizagem e no desenvolvimento cognitivo. Assim, ao propiciar o contato com o mundo das letras o educador estará contribuindo para a formação de leitores críticos. Não se formam bons leitores oferecendo materiais de leitura empobrecidos, justamente no momento em que as crianças são iniciadas no mundo da escrita. As pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma forma, a qualidade de suas vidas melhora com a leitura. (PCN Língua Portuguesa, 1997, p. 29). Dessa forma, cabe ao professor proporcionar várias atividades inovadoras, procurando conhecer os gostos de seus alunos e a partir daí escolher um livro ou uma história que vá ao encontro das necessidades desses. E a escola deve refletir e redirecionar sua postura diante da prática leitora que pode, dependendo de como for conduzida, transformar o aluno num leitor ou afastá-lo de qualquer leitura. A criança não aprende a ler sozinha, cabe ao educador auxiliá-la nesse processo, estimulando o gosto pela leitura a partir de uma aproximação significativa com os livros. Assim, para que haja sucesso na formação do leitor, é preciso proporcionar uma leitura estimulante, diversificada, crítica e reflexiva. Considerações Finais A formação do leitor crítico constitui o maior desafio para os educadores. De fato, aprender a ler envolve diversos fatores. O texto deve despertar um certo sentimento no leitor. Este, por sua vez, poderá tornar-se um leitor crítico, sendo

capaz de utilizar a leitura, de forma a compreendê-la e assimilá-la a sua vida, transformando-a em conhecimento, enriquecimento e prazer. Por isso, a leitura deve ser vista como uma fonte inesgotável de pesquisa e não como uma simples decodificação de símbolos gráficos. Referências CAVALCANTE, Meire. Alfabetização: Todos podem aprender. Nova Escola, São Paulo, SP, ed. 190, mar 2006. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se contemplam. 23 ed. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula. 3 ed. São Paulo: Ática, 2004. GROSSI, Gabriel Pillar. Leitura e sustentabilidade. Nova Escola, São Paulo, SP, n 18, p. 3, abr 2008. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6 ed. São Paulo: Ática, 2005. 109p. LINARD, Fred; LIMA, Eduardo. O X da questão. Nova Escola, São Paulo, SP, n 18, p. 7-9, abr 2008. LÜCK, Heloísa. A gestão pedagógica da escola focada na leitura. Gestão em Rede, Curitiba, PR, n 73, p. 8-9, out 2006. MEC, SECRETARIA DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Indicadores da Qualidade na Educação: Dimensão Ensino e Aprendizagem da Leitura e da Escrita. São Paulo: Ação Educativa, 2006. p. 05. PARÂMETRO CURRICULAR NACIONAL. Língua Portuguesa. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 1997. p. 91. PERES, Giani. Contar Histórias: Professor-contador contribui para a aprendizagem dos alunos. Revista do Professor, Rio Pardo, RS, nº 99, p. 10-12, jul/set 2009. PRADO, Maria Dinorah Luz do. O livro infantil e a formação do leitor. Petrópolis: Vozes, 1996. 76 p. PRIOLLI, Julia; SALLES, Carol. Fraldas e livros. Nova Escola, São Paulo, SP, n 18, abr 2008. REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, 3 vol., 1998. p. 117.