Diário Catarinense 30.11.13 Nada de papel 30/11/2013 14h30 Cresce número de microempreendedores individuais que aceitam cartões Categoria é a grande aposta das operadoras para aumentar as transações com esse tipo de equipamento Autônomo Gilmar José da Silva oferece máquina de cartão de débito através de smartphone Foto: Betina Humeres / Agencia RBS Claudia Nunes claudia.nunes@diario.com.br A popularização das máquinas de cartão de crédito e débito chegou às ruas. Os aparelhos, comuns nas bancadas do comércio, circulam também nas mãos de profissionais autônomos e
microempreendedores individuais (MEIs) que batem perna para vender seus produtos. São eles a grande aposta das empresas de cartão de crédito para aumentar as transações com esse tipo de equipamento também conhecido como point of sales (POS), que no primeiro semestre deste ano somava 4,2 milhões de terminais no país, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Em Santa Catarina, os profissionais reclamam das taxas cobradas para se ter a máquina, mas a tendência é aumentar o número de trabalhadores com esta opção de pagamento, hoje limitado em 10% dos MEIs, uma média de 30 mil pessoas. A assessora de administração e finanças do Sebrae-SC, Katia Regina Rausch, explica que a categoria enfrenta dificuldade em obter os equipamentos pelo custo fixo que terá de pagar cerca de R$ 80, quando analisado o risco de se estabelecer no mercado como microempreendedor. O MEI trabalha onde há movimento de pessoas e, com a possibilidade de o cliente pagar com cartão, as vendas tendem a aumentar diz Katia. Para o diretor da Abecs, Ricardo Vieira, a justificativa para 26% das compras no Brasil serem feitas por cartão de crédito ou débito é a segurança, a comodidade em não precisar sacar dinheiro em caixas eletrônicos e a facilidade em acompanhar os gastos mensais.
Entre as vantagens para as empresas que trabalham com cartões está a queda da inadimplência, já que o pagamento é garantido pelos bancos. Além disso, essa opção substitui os cheques, que tiveram uma redução de 49% desde 2008. Vendas com terminal até em ponto de ônibus Consultor de uma marca de cosméticos há três anos e meio, Gilmar José da Silva oferece há dois a possibilidade de pagar com cartão de crédito e débito os produtos. Enquanto visita os cerca de 300 clientes pelas ruas de Florianópolis e São José, carrega duas máquinas de cartão e um adaptador que, encaixado no smartphone, o transforma em um terceiro equipamento. O vendedor comenta que as despesas para manter os aparelhos compensa pela segurança em receber os pagamentos e, principalmente, porque muitos clientes não andam com dinheiro em papel. Faço vendas até em ponto de ônibus com as máquinas de cartão. Os pagamentos por meio delas representam 40% meu do faturamento total. Turismo à base de dinheiro vivo Enquanto os terminais se tornam cada vez mais populares em estabelecimentos pequenos, em Urubici, município na Serra catarinense que chega a ter ocupação máxima na rede hoteleira durante as ocorrências de neve, o cenário muda. Muitas vezes, os turistas desavisados se deparam com a resposta de donos de pousadas e restaurantes de que não aceitam cartão.
Adélcia Zenaide Borba de Souza, presidente da Pouserra, associação do trade turístico do município, afirma que a adesão é baixa às máquinas de cartão de crédito e débito porque o turismo na região é sazonal e faz com que a taxa de aluguel da máquina na baixa temporada não compense. Ela conta que já chegou a oferecê-la em sua pousada, a Casa da Serra, mas desistiu por não ser rentável. Adélcia afirma, entretanto, que a falta de uma máquina de cartão de crédito e débito atrapalha o turismo na região, especialmente se o banco do cliente é o Itaú, que não possui caixa eletrônico no município. O turista que precisa sacar dinheiro pelo banco tem de percorrer um trecho de 110 quilômetros até Lages. Entrevista "Aceitar cartões é um investimento" Há quase 20 anos no mercado, a Cielo possui mais de 1,4 milhão de pontos de venda ativos no Brasil. Em entrevista ao Diário Catarinense, Adriano Navarini, diretor comercial da empresa, destaca o aumento das transações de valores baixos com o equipamento e afirma que os pequenos e médios negócios são os principais beneficários. Diário Catarinense Tem crescido a parcela de clientes da Cielo que são microempreendedores individuais? Adriano Navarini Sim. Pequenos e médios negócios são os principais beneficiários da evolução dos meios de pagamentos eletrônicos. Para eles, aceitar cartões é um investimento: pela
facilidade e pela grande aceitação. Hoje, segundo a Abecs, 76% da população brasileira possui algum tipo de cartão. Apenas em 2012, R$ 724,3 bilhões de reais do total de gastos do consumidor em 2012 passaram pelos cartões, o que representa 26,4% do consumo. Este é um mercado que cresce próximo da 20% todos os anos e vem registrando aumento crescente também das transações de pequeno valor, substituindo cheque e dinheiro. DC O que leva os MEIs a investirem em máquina de cartão de crédito e débito? Navarini Os meios eletrônicos de pagamentos trazem muitos benefícios para o dia a dia dos empreendedores. Segundo a Abecs, hoje, 54% do faturamento médio mensal dos estabelecimentos comerciais que aceitam meios eletrônicos são provenientes dos cartões de crédito ou débito. Com os fenômenos da crescente "bancarização" da nossa população, a tendência é que cada vez mais pessoas tenham acesso aos cartões e passem a utilizá-lo como principal meio de pagamento, o que deve se refletir progressivamente no consumo de produtos e serviços no dia a dia. DC MEIs reclamam das taxas praticadas pelas operadoras de cartões. A empresa tem facilidades para esta categoria e para os microempresários? Navarini A taxa cobrada de cada cliente varia de acordo com uma série de fatores, como produto (crédito, débito ou parcelado), bandeira, ramo de atividade e ticket médio. Outros dois produtos são relevantes para o incremento do fluxo de caixa dos estabelecimentos: a antecipação de vendas e o Cielo Recarga.
DC Existe uma solução desenvolvida pela marca para os empresários em questão?navarini A Cielo conta com hoje mais de 1,4 milhão de pontos de venda ativos em todo o país. A nossa atenção em desenvolver soluções para os pequenos empreendedores não é recente. Um exemplo é o Cielo Mobile, uma plataforma para pagamentos eletrônicos baseada em um aplicativo para smartphone que permite a conexão via bluetooth com um leitor de cartão chip e senha que, além de crédito e crédito parcelado, aceita débito, voucher e crediário.