MANUAL DO CRIADOR - Caprinos e Ovinos -

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Transcrição:

MANUAL DO CRIADOR - Caprinos e Ovinos - E-mail: caprileite@terra com.br Página na internet: www.accomig.com.br.

2 1. Introdução É importante definir o tipo de exploração leite, carne, lã, pêlos, pele, venda de matrizes e reprodutores ou uma produção integrada para determinar o sistema de criação: extensiva, semi-confinado e confinado. Os cabritos e os cordeiros apresentam peso ideal de abate entre 04 a 06 meses de idade e o preço de matrizes e reprodutores variam de acordo com as faixas etárias e as raças (leite ou corte). Seja qual for a finalidade da exploração, a localização do criatório deve ser nas proximidades de um bom centro consumidor. 2. Sistema de criação de caprinos e ovinos 2.1. Sistema extensivo Mais freqüente em regiões onde o preço da terra é menor em função das condições desfavoráveis de clima e ambiente (semi-árido), como no norte de Minas Gerais e na região Nordeste brasileiras, voltada para a produção de subsistência, sendo um rebanho constituído de animais de corte ou dupla aptidão. É uma criação de baixa produtividade, que ocupa grandes extensões de terra, com água natural e o proprietário não mantém nenhum controle sobre os animais. Sistema inviável para a exploração comercial pela escassez de alimentos, grandes distâncias percorridas pelos animais, falta de controle geral e de custos de produção, etc. 2.2. Sistema de semi-confinamento Neste sistema, os animais vão ao pasto e são recolhidos à noite, recebendo alimentação suplementar no cocho durante o ano todo, ou pelo menos nas épocas de escassez de forragens nas pastagens. Exige a colocação de cercas e água à vontade nos piquetes, requerendo propriedades com maiores áreas. Por oferecerem melhoras condições de alimentação, adaptase à exploração comercial leiteira e para corte, principalmente para animais mestiços ou de maior rusticidade, suportando o desgaste físico do pastejo. 2.3. Sistema de confinamento Muito comum na caprinocultura leiteira, e na cria/recria de cabritos e cordeiros para corte, o confinamento total dos animais, ou seja, zero pastoreio, é ideal para a produção leiteira em pequenas e médias propriedades e para a produção de cabritos e cordeiros mais precoces e com melhor ganho de peso. Requer, entretanto, tecnologia e investimentos maiores que nos sistemas anteriores. Normalmente estas propriedades encontram-se próximas aos centros consumidores de leite e queijos finos ou em regiões onde a terra é muito valorizada. 3. Instalações O objetivo das instalações é viabilizar e facilitar o manejo geral de um rebanho caprino ou ovino, sem causar estresse aos animais, otimizando o emprego da mão-de-obra, reduzindo custos e favorecendo a produção e a produtividade do empreendimento. Elas facilitam e

3 reduzem o uso da mão de obra para as tarefas diárias, favorecem o manuseio do rebanho e o controle de doenças, protegem e dão segurança aos animais, dividem pastagens, armazenam e reduzem o desperdício de alimentos, entre outras. As instalações devem ser construídas em terrenos mais altos, ensolarados, com baixa umidade e que tenham facilidade de abastecer volumosos (caso de confinamento) e água potável à vontade. Para se conseguir estes níveis de conforto, é importante construir o abrigo de forma que a orientação seja de Leste para Oeste (nascente poente) e fechado ao Sul evitando as correntes de ventos mais frios. Os filhotes são muito sensíveis à umidade, frio intenso e corrente de vento. Para evitálas podem ser utilizadas cortinas de plástico, fibra sintética trançada ou outras similares colocadas, de acordo com a necessidade, na parte inferior ou superior da instalação. A exposição à radiação solar é importante no metabolismo animal. A penetração dos raios solares no interior das instalações é desejável. Assim, sempre que possível, o sentido das instalações, a altura do pé direito e a largura do beiral devem proporcionar a insolação do ambiente coberto. O galpão de abrigo é feito normalmente de madeira com piso ripado medindo 5 cm de largura, elevado e com divisões. O espaçamento no ripado é de 2 cm para adultos e 1,5 cm para filhotes, entre sarrafos, isto para evitar a penetração das patas entre os espaços das ripas. O pé direito deve medir em torno de 2,50 m de altura acima do ripado e a distância entre ripado e o solo não deve ser menor que 1,70 m, de modo a permitir limpeza mais cômoda. O abrigo deve permitir a acomodação das seguintes categorias animais: Berçário do nascimento até 90 dias de idade Recria desmame a idade de reprodução Cabras e Ovelhas no início de gestação. Fêmeas secas e reprodutores deverão ficar separados ao máximo das fêmeas lactantes (no mínimo 8 m de distância). 3.1. Aspectos importantes na construção das instalações para caprinos e ovinos O tamanho ou a área de uma instalação diz respeito tão somente ao tamanho do rebanho. Seja para o pastoreio ou alimentação no cocho, seja para o descanso ou repouso noturno dos animais, o que se espera é que a instalação disponibilize espaço apenas o suficiente para propiciar condições favoráveis ao desempenho dos animais. Mais do que isso, é desperdício. Tamanho das áreas cobertas e descoberta (área de exercício) de um aprisco para caprinos e/ou ovinos, em Cab/m² Categorias Área coberta (m²) Área descoberta (m²) Matrizes 1,0 2,0 Animais jovens 0,8 1,5 Crias 0,5 1,0 Reprodutores 3,0 6,0 Estas mesmas medidas são recomendadas também para Centros de Manejo e Currais de engorda.

4 3.2. Comedouros Os cochos devem ter 20 cm de largura, 25 cm de profundidade e 40 cm de altura do piso à borda do cocho. Devem ser colocados também cochos para sal mineral no abrigo. Os cochos devem ser resistentes e fáceis de limpar, localizados na parte externa dos boxes. A colocação do cocho no interior dos boxes não é recomendável pela dificuldade de manejo (administração de alimento), além da contaminação dos alimentos com fezes e urina. 3.3. Bebedouros A escolha do tipo de bebedouro é das mais importantes; a quantidade e qualidade da água de bebida determinam em grande parte, a sanidade e produtividade do plantel. Devem ser de material de fácil higienização, de preferência automáticos (bóia ou vasos comunicantes) e dispostos fora das baias; se internos (desaconselhável, pois, derramam água no piso ou cama das baias), devem ser colocados a 1 m do solo com apoio para patas a 30 cm do piso. 3.4. Cercas As cercas externas podem ser de telas com 1,20 m (ovinos) a 1,50 m (caprinos). Neste caso, a tela com altura de 1,20 m deve ter mais 1 ou 2 fios de arame. Outra opção é a cerca de arame farpado com 9 a 12 fios, com espaçamento de 5 cm entre os quatro fios de arame inferiores e de 10 a 20 cm entre os fios de arame superiores. Do ponto de vista sanitário e da preservação da pele, as cercas devem ser construídas com tela de arame galvanizado. 3.5. Piquetes Os piquetes devem ser construídos com cercas de 11 a 12 fios de arame liso. A área de pastagens e capineiras devem ser dimensionadas com base em um consumo diário médio de 10 kg de forragem/fêmea adulta/dia. Um hectare de pastagem de boa qualidade é suficiente para 7 cabras leiteiras ou 10 cabras de corte ou aptidão mista. 3.6. Brete Comprimento = 08 m; Largura = 0,25 m na base inferior e 0,35 m na base superior; Altura = 0,85 m. 3.7. Pedilúvio Comprimento = 2,0 m; Profundidade = 0,10 m; Largura = a mesma largura da porteira. 4. Raças caprinas mais difundidas no Brasil e especialização de produção Veja fotos e padrões zootécnicos de todas as raças caprinas em www.accomig.com.br Européias Essencialmente leiteiras Apresentam chanfro (perfil) reto ou subcôncavo, orelhas pequenas e leves

5 Precocidade reprodutiva Boa conversão alimentar e maior produção leiteira PRINCIPAIS RAÇAS: Saanen, Alpina, Toggenburg Asiáticas Média e baixa produção leiteira Animais de maior porte, com orelhas grandes e pesadas, chanfro convexo ou ultraconvexo PRINCIPAIS RAÇAS: Mambrina, Jamnapari, Bhuj, Boer Brasileiras Baixa produção leiteira Porte reduzido Perfeitamente adaptadas ao meio ambiente Possuem pelos curtos Bem manejadas e alimentadas, podem reproduzir durante todo o ano. Caprinos introduzidos no Nordeste do Brasil por colonizadores deram origem às raças: Canindé, Marota, Repartida e Moxotó 4.1. Especialidade de produção no Brasil Leite: Saanen, Toggenburg, Alpinas. Carne: Boer, Anglonubiano, Savana. Pele: Canindé, Moxotó, Marota. Pêlo: Angorá. Os caprinos são animais altamente seletivos; preferem vegetação arbustiva, brotos e leguminosas. Apreciam um grande número de espécies vegetais. Recusam alimentos fermentados e sujos; a manutenção dos cochos deve ser diária. Qualquer mudança na alimentação deve ser feita de forma gradual, evitando indisposição intestinal ao animal. 5. Raças ovinas mais difundidas no Brasil e especialização de produção Veja fotos e padrões zootécnicos de todas as raças ovinas em www.accomig.com.br Raças deslanadas: Santa Inês, Morada Nova, Somalis Brasileira. Raças lanadas: Suffolk, Hampshire Down, Texel, Ile de France, Lacaune, East Frisean (Frisona), Ideal, Dorper, Dorper Branco, Corriedale, Romney Marsh, Nos lanados há necessidade de se efetuar a tosquia uma vez por ano. 5.1. Especialidade de produção no Brasil Lã fina: Merino Australiano, Ideal. Carne: Ile de France, Suffolk, Texel, Hampshire Down, Santa Inês, Morada Nova,

6 Dorper, Dorper Branco, Corriedale, Romney Marsh. Leite: Bergamácia, Lacaune, East Frisean (Frisona). Pele: Santa Inês, Crioula, Morada Nova, Rabo largo, Somalis Brasileira. Para a criação de qualquer raça, deve-se levar em consideração a fertilidade do solo e o valor nutritivo do pasto, pois as exigências nutricionais das mesmas variam de acordo com a sua aptidão: as específicas para carne são mais exigentes, enquanto que as de duplo propósito têm média exigência nutricional. Sempre é importante lembrar a importância de sombra na pastagem, que protege os animais da forte radiação solar nas horas mais quentes do dia, momento que aproveitam para ruminar. 6. Lactação da cabra e da ovelha A idade da máxima produção de leite ocorre entre o terceiro e quarto parto, ou do terceiro ano de nascimento, considerando-se a idade ao primeiro parto e o intervalo de parto dos animais. Cabras e ovelhas com maior capacidade de consumo de matéria seca também apresentam maior potencial para a produção de leite. 7. Formação e reprodução do rebanho Definida a finalidade de exploração, as raças e concluídas as instalações, é hora de formar o rebanho. Para isto, é necessária orientação técnica na escolha de matrizes e reprodutores. As fêmeas podem ser puras, mestiças ou SRD (sem raça definida), mas os machos sempre devem ser puros. No caso dos animais lanados e que tem a finalidade da produção de lã, deve-se optar por animais puros. 7.1. Reprodução Ter 1 reprodutor para 40 matrizes, em monta livre. A gestação tem uma duração média de 150 dias (5 meses). A vida reprodutiva dos machos deverá ser de 8 anos. A vida reprodutiva das fêmeas é de 6 a 7 anos Em geral, as cabras e ovelhas mostram cio (calores) já dos 5 aos 7 meses, portanto, recomenda-se separar os animais de sexos diferente a partir do 3º ou 4º mês de vida. Nos caprinos e ovinos, a cópula com ejaculação de espermatozóides vivos inicia entre 4 e 6 meses de idade. Em geral, o peso mínimo da cobertura deve corresponder a 70% do peso total raça. Por exemplo: uma fêmea adulta da raça Alpina, Saanen ou Togg pesa em média 50 kg, então seu peso mínimo na primeira cobertura será de 35 kg (50 x 70% = 35 kg). Pois antes deste peso não estão completamente desenvolvidos para suportarem uma boa gestação com partos normais ou uma estação de monta, nos casos dos machos.

7 7.2. Sinais característicos do cio As cabras e ovelhas apresentam genitais externos avermelhados, micções freqüentes. As fêmeas montam umas nas outras e se deixam montar, abanam a cauda (cabras), olhar característico e grande inquietação. As ovelhas são mais discretas que as cabras e só mantém o olhar característico, é o que muitos autores denominam de cio silencioso, mas deixam-se montar com facilidade. O estro (cio) da cabra e ovelha tem uma duração média de 29 a 30 horas e a ovulação ocorre no final deste período. A duração do ciclo estral é de 14 a 19 dias, em média 17 dias. Portanto, dentro da estação reprodutiva, a fêmea apresentará cio a intervalos de 17 dias (se não for fecundada). A ovulação ocorre poucas horas após o fim do período em que a fêmea aceita passivamente a cobertura. A taxa de ovulação aumenta em cabras até cerca de 4 e 5 anos de idade, dependendo da natureza precoce da raça e, então, diminui com o avançar da idade. No entanto, raças mais apuradas apresentam uma inatividade reprodutiva nas regiões onde a luminosidade do dia é crescente (setembro a dezembro) cai a produção, retornando a atividade sexual, nos períodos de queda da luminosidade (janeiro a abril). 7.3. Critérios para escolha de macho e fêmea reprodutores 7.3.1. Escolha do reprodutor O reprodutor representa 50% da genética do criatório. Obter informação confiável quanto à produção das filhas desse reprodutor (produção média). Os reprodutores são substituídos a cada dois anos para evitar consangüinidade. 7.3.2. Rufião O rufião é usando para facilitar a detecção do cio, ficando junto com as cabras adultas e fêmeas jovens aptas à reprodução, recebendo o mesmo manejo alimentar dessas categorias. 7.3.3. Escolha de matrizes e manejo da reprodução e crias 1) Adquirir matrizes iniciais para implantação do criatório. 2) Substituição das fêmeas no rebanho (descarte de 10 a 20% das fêmeas anualmente). 3) Selecionar as melhores fêmeas através de: Maior produção de leite Maior número de filhotes ao parto (alta prolificidade) Facilidade de manejo e característica racial Resistência a doenças, rusticidade Conformação do úbere e temperamento Não há necessidade de ajudar a fêmea durante o parto, só se houver algum problema com o filhote.

8 8. Cuidados com o recém-nascido O frio, o vento e a chuva são grandes inimigos do cordeiro recém nascido, e por este motivo, devem-se abrigar os animais jovens para minimizar este problema. Logo após o nascimento deve ser fornecido o colostro (primeiro leite), que tem efeito imunizante (protetor), laxativo, antitóxico e nutritivo. É comum a utilização de banco de colostro (reserva de colostro) para fornecimento aos animais, caso a mãe possa morra ou tenha dificuldade em amamentar. Quanto mais rápida a ingestão do colostro (6 primeiras horas) melhor, uma vez que, com o passar do tempo o animal perde a capacidade de absorver as imunoglobulinas (anticorpos de proteção). Após o nascimento deve ser realizada a cura do umbigo. Usa-se tintura de iodo (10%) para facilitar a cicatrização e evitar infecção. 8.1. Identificação dos cordeiros É importante a prática de identificação do animal (numeração), seja por tatuagem, brinco ou colar; para saber quem é a mãe e a data do nascimento. Alguns criadores também fazem uma ficha de cada cria para facilitar o controle zootécnico do rebanho. 8.2. Desmame O desmame é o processo pelo qual se introduz a dieta para substituir o leite materno, até então única fonte de nutrição do filhote. Na produção leiteira o filhote é separado da mãe e amamentado em mamadeira até os 60 dias de idade. Na produção para corte, o filhote é mantido com a mãe e amamentado por ela até os 60 a 90 dias. As fêmeas tipo corte que desmamam seus filhotes mais precocemente se recuperam mais rápido para uma próxima gestação. O filhote a partir de 30 dias está apto a digerir alimentos como capim, feno, estando o seu aparelho digestivo quase todo desenvolvido como um ruminante verdadeiro. 9. Alimentos para cabras e ovelhas em lactação Esquema de aleitamento Idade/dias Leite oferecido Aleitamento/dia Quantidade/dia 1 5 Colostro 5 0,5 l 6 11 Cabra ou vaca 3 1,0 l 12 60 Cabra ou vaca 2 1,5 l 61 80 Cabra, vaca 2 1,0 l 81 90 Cabra, vaca 1 0,5 l. A elaboração de uma dieta coerente a cada ciclo produtivo é de máxima importância. Deve-se enriquecer a alimentação desses animais para que não haja perda em qualidade e produção. Consulte sempre um técnico para balancear corretamente a ração. Todas as categorias devem ter disponível mistura mineral (sal mineralizado específico para caprinos ou para ovinos, nunca usar a de bovinos).

9 9.1. Em gestação Concentrado de boa qualidade em forma de silagem de milho, polpa de cítricos, fubá, soja, leucena, feijão guandu, alfafa... (500 a 600g concentrado/dia). No final da gestação, deve ser fornecido alimento de melhor qualidade. 9.2. Em lactação Volumoso de boa qualidade. (capim verde picado, pastagem, feno). 500 a 600g de concentrado/dia, mais 200 a 300g de concentrado por quilo de leite produzido/dia. 10. Ordenha 10.1. Cuidados antes da ordenha Para cabras e ovelhas leiteiras são recomendadas duas ordenhas diárias, sempre no mesmo horário, para que os animais se condicionem no ato de liberação do leite. 10.2. Linha de ordenha 1ª ordenha: fêmeas jovens que nunca sofreram mastites 2ª ordenha: fêmeas adultas que nunca sofreram mastites 3ª ordenha: fêmeas que já sofreram mastite e estão curadas 4ª ordenha: fêmeas doentes, iniciando pelos casos menos graves Após a ordenha, mergulhar os tetos em solução glicerina iodada 10%. 11. Medidas profiláticas gerais Sob todos os aspectos, o manejo preventivo é a chave do sucesso. Além dos cuidados com instalações e alimentação, outras medidas zoo-sanitárias devem tornar-se rotina no criatório, para a manutenção da sanidade e produtividade do plantel. Algumas medidas preventivas, apesar de simples, podem ser de vital importância para a prevenção de doenças. Limpeza: manter altos padrões higiênicos, limpar e raspas os dejetos diariamente. Deve-se dar atenção especial a limpeza dos comedouros e bebedouros. Desinfecção periódica: meios de desinfecção físicos ( vassoura de fogo ou maçarico) ou químicos (tais como cal na concetração de 5 a 10%, adicionando-se a esta diluição 1 a 2% de soda cáustica, fenóis e derivados (2 a 5%), iodóforos (50 a 75 mg/l), formalina (4 a 5%), ou cloro (200 mg/l). Evitar correntes de ar e excesso de umidade. Evitar o adensamento populacional. A superlotação das instalações aumenta a competição entre os animais pelos alimentos e facilita a transmissão de doenças (agentes infecciosos). Desta forma, deve-se respeitar a unidade de área mínima preconizada para cada categoria animal. Separação do rebanho por faixa etária, o que possibilita um maior controle de doenças,

10 menor competição alimentar e maior facilidade de manejo. Adotar medidas preventivas (vermifugação, vacinação e tratamentos diversos) no momento certo, lembrando que o custo de medicamentos é sempre maior que o custo de prevenção. Dar preferência para a aplicação de medicamentos por via oral. Na necessidade de usar a via parental (injeções), utilizar antissépticos (álcool iodado) na pele dos animais. Esta prática é adotada para prevenir o aparecimento de abscessos no local da aplicação. Isolar imediatamente os animais que apresentarem qualquer tipo de alteração. Ao adquirir animais, adotar a prática da quarentena evitando, assim, a introdução de doenças ou agentes biológicos estranhos no seu criatório. Colher material do animal em quarentena, para exames laboratoriais. Evitar o contato de ratos com os animais e seus alimentos. Eles são importantes na epidemiologia da leptospirose. Dispor de fossa sanitária. Utilizar fichas de controle e meios de identificação individual (brincos, colar com medalhas, tatuagem). Observar a alimentação e manejo no criatório de origem, e proceder à troca gradual da alimentação. 11.1. Sinais de doença De forma geral, os sinais freqüentes das doenças são: Comportamento alterado o animal apresenta-se triste, encolhido ou prostado. Pêlos ásperos e arrepiados Falta de apetite (inapetência) ou diminuição deste, levando a um estado de magreza progressiva (caquexia). Aumento ou diminuição excessiva da temperatura local ou corporal. Aumento dos linfonodos (gânglios). Corrimentos anormais com pus ou sangue na vulva, nariz, olhos, etc. Lesões externas na pele, orelhas, tetas, lábios; presenças de abscessos ou crostas. Diarréia ou constipação ( prisão de ventre ). Alterações da cor das mucosas (oral, vulvar, etc) pálida (anemia) ou amarelada (icterícia). Aumento de volume do abdômen. Articulações aumentadas (artrite). Presença de grumos no leite ou coloração rósea (presença de sangue no leite). Aumento ou diminuição da freqüência dos batimentos cardíacos e da respiração Odor desagradável ou anormal das secreções. Micção diminuída, ausente ou muito freqüente. 12. Ficha zootécnica Manter um livro/ficha de registros gerais do rebanho e individual dos animais do rebanho; cobertura, nascimento, óbitos, doenças, vacinação, vermifugação, etc., registro contábil de despesas com veterinário, medicamentos, vacinas, vermífugos etc. Receita com a venda dos produtos.

11 A Caprileite/ACCOMIG está sempre ao lado do criador! Para maiores esclarecimentos, entre em contato conosco. Fone/Fax: (31) 3371-2507 Email: caprileite@terra.com.br Página na internet: www.accomig.com.br