Câncer de Mama Metastático : Up to Date em Quimioterapia e Novas Drogas Citotóxicas

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Transcrição:

Câncer de Mama Metastático : Up to Date em Quimioterapia e Novas Drogas Citotóxicas Solange Moraes Sanches Depto de Oncologia Clínica- Hospital A C Camargo Mestre em Medicina pela FMUSP solange.sanches797@gmail.com

Índice Novas drogas: - Ixabepilona no câncer de mama metastático - Eribulina no câncer de mama metastático Manejando o tratamento da doença metastática: - duração dos esquemas de QT na doença metastática - até quantas linhas de quimioterapia? - influência do IMC no prognóstico do câncer de mama metastático

Ixabepilona = epotilona B, classe de drogas estabilizadoras de microtúbulos, de forma distinta dos taxanos, conferindo sensibilidade inclusive em modelos tumorais resistentes aos taxanos Ativo em CMM em estudos fase II

1221 pacientes CMM previamente tratadas com antraciclinas / taxanos Ixabepilona 40mg/m2 q3s + Capecitabina 2g/m2/d/14d q3s Capecitabina 2,5g/m2/d/14d q3s Desfecho primário: sobrevida global

HR 0,79 (0,69-0,90) P=0,0005

KPS 70-80 KPS 90-100

293 / 1973 pt

Take home message A ixabepilona (Ixempra, BMS) é ativa no tratamento do CMM após exposição/resistência a antraciclinas e taxanos A associação de ixabepilona e capecitabina é superior a capecitabina isolada neste grupo de pacientes, com benefício em PFS, embora maior toxicidade O benefício é mantido em pacientes com performance status reduzido (70-80) e em pacientes com recidiva precoce após A/T (<12 meses)

Eribulina = inibidor de microtúbulos, não pertencente a classe dos taxanos Inibe a fase de crescimento dos microtúbulos sem afetar a fase de encurtamento, formando agregados de tubulina CMM/recorrência local 2 a 5 esquemas de QT prévia ( A/T ) Eribulina 1,4mg/m2 D1 e D8 q3s (n=508) Tratamento de escolha do médico (NVB, GZ, X, Tax, A, outros, HT) (n=254) Desfecho primário: sobrevida global

Take home message A eribulina (Halaven, Eisai Co.) evidenciou benefício em PFS e OS em mulheres com CMM extensamente tratadas 5% de suspensão de tratamento por neuropatia periférica ( 35% de incidência) Aprovado para uso nos EUA para tratamento de mulheres com pelo menos 2 esquemas prévios de tratamento para doença metastática, incluindo antraciclina e taxano

1ª. linha, 11 estudos, 2269 pt

PFS

OS

Take home message A maior duração da quimioterapia mostra benefício substancial em PFS e marginal em OS A princípio, a melhor opção é manter quimioterapia até progressão de doença ou toxicidade inaceitável Considerar qualidade de vida, em decisão comum com paciente, visto tratar-se de tratamento não curativo Busca de esquemas menos tóxicos, porém que mantenham efetividade

2011, doi 10.1016/j.breast.2011.07.010 590 pt, estudo retrospectivo Enquete Permanent Cancer (banco de dados francês, prospectivo)

Maior benefício = CDI, G1, RH + Menor benefício = CLI, G3, RH -

Take home message O estudos clínicos de CMM contemplam quase que exclusivamente os contextos de 1a. e 2a. linhas, considerandose que após isto a resposta seria muito pobre Cerca de 30% dos pacientes podem obter benefício clínico com 3 ou mais linhas de tratamento Necessidade de estudos direcionados para esta população, para definir bias de tratar-se de doença de menor potencial agressivo

General Poster Session (abs 566), ASCO 2011 Body mass index (BMI) and prognosis in women with metastatic breast cancer(mbc) A. Gennari, M. Puntoni, O. Nanni, P. F. Conte, D. Amadori, V. Lorusso, A. De Censi, M. Sormani,V. Guarneri, M. D Amico, A. Gozza, P. Bruzzi; 698 pt CMM 2 estudos clínicos fase III, 1 fase II, 1ª. linha, A/T IMC Kg/m2 PFS (m) OS (m) normal 18,5-24,9 40,3% 10,8 32,0 sobrepeso 25 30 38,2% 13,1 32,9 obesa >30 21,5% 12,2 30,7 p= 0,2 p= 0,8

Take home message A manutenção do IMC, preferencialmente dentro do padrão considerado normal ( 18,5 a 24,9 kg/m2) deve ser estimulada nas mulheres portadoras de câncer de mama não metastáticas, não havendo até o momento indícios de que a oscilação do IMC na fase de doença metastática possa influenciar o prognóstico

Final Take home message A história natural do CMM é progredir e consequentemente causar a morte da paciente. Se estivermos de alguma forma alterando esta história natural, sem toxicidade inaceitável, devemos instituir e manter tratamento O tratamento não deve ser pior que a doença, e por isso, avaliações rigorosas da toxicidade e qualidade de vida devem ser realizadas, com reavaliações frequentes das decisões terapêuticas Medidas de orientação comportamental são indicadas visando a saúde global da paciente

Obrigada pela atenção