FATORES ASSOCIADOS AO TIPO DE PARTO EM MULHERES BRASILEIRAS: PNDS INTRODUÇÃO

Documentos relacionados
Fatores associados ao tipo de parto em mulheres brasileiras: PNDS Factors associated with the type of delivery in Brazilian women: 2006 NDHS

Ciência & Saúde Coletiva ISSN: Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.

IDADE GESTACIONAL, ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO DE PARTURIENTES DO HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS RS

FREQÜÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO NO BRASIL, NAS MACRO- REGIÕES, ÁREAS URBANAS E RURAIS E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS.

PREFERÊNCIA PELA VIA DE PARTO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Revista de Saúde Pública ISSN: Universidade de São Paulo Brasil

Agenda de pesquisa em Saúde Materna e Perinatal

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher 2006

Perfil dos nascidos vivos de mães residentes na área programática 2.2 no Município do Rio de Janeiro

Coordenação de Epidemiologia e Informação

10º FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM

QUEM É A PACIENTE COM PRÉ-ECLAMPSIA? DADOS DE 5 ANOS DE PESQUISA.

Diferenças assistenciais no pré-natal, parto e puerpério entre as mulheres que utilizaram Plano de Saúde x SUS Dados da PNDS 2006

OS FATORES DE RISCOS PARA NÃO REALIZAÇÃO DO PARTO NORMAL

INFLUÊNCIA DOS DESVIOS NUTRICIONAIS GESTACIONAIS NO PESO AO NASCER DE RECÉM-NASCIDOS ATENDIDOS PELA REDE PÚBLICA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE PALMAS TO

Mortalidade Infantil: Afecções do Período Perinatal

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES ATENDIDAS NOS ESF DO MUNICÍPIO DE SÃO LUDGERO NO ANO DE 2007

ASSOCIAÇÃO DA IDADE E TEMPO DE INTERNAÇÃO COM TIPO DE PARTO E ABORTOS ASSOCIATION OF AGE AND TIME OF INTERVENTION WITH KIND OF BIRTH AND ABORTES

Declaração da OMS sobre Taxas de Cesáreas

I Simpósio de Assistência ao Parto em Minas Gerais

Panorama da Mortalidade Materna no Brasil. Tania Lago Maio 2009

ALEITAMENTO MATERNO DO PREMATURO EM UMA UNIDADE NEONATAL DA REGIÃO NORDESTE

INFLUÊNCIA DO CONSUMO DE ÁLCOOL EM GESTANTES NO PESO AO NASCER NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Perfil epidemiológico do parto no estado do Rio de Janeiro em Epidemiological profile of childbirth in the state of Rio de Janeiro in 2015

Fatores médicos e não-médicos associados às taxas de cesariana em um hospital universitário no Sul do Brasil

CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E NUTRICIONAL DE GESTANTES DE ALTO RISCO ASSISTIDAS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE MACEIÓ-ALAGOAS

ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA

UNFPA Brasil/Fernando Ribeiro FECUNDIDADE E DINÂMICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA. UNFPA Brasil/Erick Dau

COMPORTAMENTO TEMPORAL DA MORTALIDADE NEONATAL PRECOCE EM SERGIPE DE : um estudo descritivo RESUMO

VIDAS ARRISCADAS: UMA REFLEXÃO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE O NÚMERO DE GESTAÇÕES E MORTALIDADE MATERNA

ESTUDO DAS INDICAÇÕES DE PARTO CESÁREO EM PRIMIGESTAS NO MUNICÍPIO DE BARBALHA-CEARÁ

POLÍTICA DE ATENÇÃO AO PARTO E NASCIMENTO NA SAÚDE SUPLEMENTAR: DESAFIOS PARA INSERÇÃO DE ENFERMEIROS OBSTETRAS

FATORES DE RISCO PARA TRABALHO DE PARTO PREMATURO EM PALMAS-TO

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS QUE ACOMPANHARAM UMA SÉRIE DE PARTOS PREMATUROS ACONTECIDOS NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS CONSTANTINO OTTAVIANO

PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA SOBRE NATALIDADE

CARACTERIZAÇÃO DE RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS NASCIDOS EM MATERNIDADE DE REFERÊNCIA DE ALTO RISCO DE MACEIÓ, ALAGOAS.

A INFLUÊNCIA DE ASPECTOS CONTEXTUAIS E INDIVIDUAIS NA DENTIÇÃO FUNCIONAL DE ADULTOS DO SUL DO BRASIL

PNS Pesquisa Nacional de Saúde 2013 Ciclos de vida, Brasil e grandes regiões Volume 3

Profa. Débora Gobbi 1

GESTANTES DIABÉTICAS E HIPERTENSAS: QUAIS OS RISCOS PARA O RECÉM-NASCIDO?

por apresentarem contração paradoxal do AP no primeiro atendimento fisioterapêutico; duas gestantes, por parto prematuro; duas, pela ocorrência

Cesariana a pedido: um estudo de base populacional no extremo Sul do Brasil

INDICADOR DE MORTALIDADE ESTATISTICAS VITAIS SISTEMA DE INFORMAÇÃO PRINCIPAIS INDICADORES

Os 15 principais estudos de 2006 são:

CESÁREA A PEDIDO : Administrar conflitos à luz das evidências científicas

POLÍTICA DE SAÚDE DA MULHER

PAGAMENTOS EFETUADOS PELO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE AOS PROCEDIMENTOS DE PARTO NORMAL E CESÁREA NAS REGIÕES BRASILEIRAS, 2015

PARTO VAGINAL APÓS CESARIANA (PVAC VBAC)

Tendência temporal de cesarianas em município do Sudeste do Brasil

PERFIL DAS MÃES DE RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL DA CIDADE DE APUCARANA

Tendências das Taxas de Cesárea em Hospitais Públicos e Particulares no Brasil,

Fatores Associados à Realização de Cesárea em Primíparas com uma Cesárea Anterior

Determinants related to cesarean section in a public maternity hospital in the metropolitan region of Belo Horizonte-MG

Fatores de risco para indicação do parto cesáreo em Campinas (SP)

Complicações da gemelaridade em um hospital universitário

Título: Resultados perinatais de nascidos vivos de mães adolescentes e adultas: uma análise exploratória do município de Belo Horizonte

Parto domiciliar na visão do pediatra

Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP - Brasil

FATORES ASSOCIADOS À VIA DE PARTO ATUAL EM MULHERES COM CESARIANA PRÉVIA

Fatores Sócio-Demográficos e de Assistência Médica Associados ao Óbito Materno

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DOS USUÁRIOS DE CENTROS DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN

Características da gestante adolescente em estudo prospectivo de 4 anos: realidade em Teresópolis

Consequências clínicas e econômicas do parto cesáreo

Análise do inquérito Chamada Nutricional 2005 realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Ministério da Saúde

PERFIL GESTACIONAL DAS MULHERES ATENDIDAS NO PROJETO CEPP EM 2013

MENOS INTERVENÇÕES MAIS CUIDADOS. Parto Pélvico

ARTIGO ORIGINAL TAXA DE CESÁREA PRIMÁRIA NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE PRIMARY CESAREAN RATE AT HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE

Fatores Associados à Assistência ao Pré-natal na área rural do Brasil Factors Associated with Prenatal Care in rural Brazil

PERFIL CLÍNICO, ANTROPOMÉTRICO E AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR EM IDOSOS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ-RN

Via de parto e risco para mortalidade neonatal em Goiânia no ano de 2000 Obstetric delivery and risk of neonatal mortality in Goiânia in 2000, Brazil

Maternidade na adolescência: alguns fatores de risco para a mortalidade fetal e infantil em uma maternidade pública de São Luís, Maranhão

Agravos prevalentes à saúde da. gestante. Profa. Dra. Carla Marins Silva

Repercuções das TRA na Gestante e no Concepto. Edson Borges Jr.

Baixo peso ao nascer em duas coortes de base populacional no Sul do Brasil. Low birthweight in two population-based cohorts in southern Brazil

Conjugalidade, contextos e planejamento da gravidez.

Magnitude e tendência da cesariana: contexto e revés. Cidade do Rio de Janeiro, 2000 a 2013

FESURV UNIVERSIDADE DE RIO VERDE FACULDADE DE BIOLOGIA E QUÍMICA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LICENCIATURA E BACHARELADO

A ENFERMAGEM E A ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA À MULHER NO PARTO E NASCIMENTO NO ÂMBITO DO SUS. Profa. Dra. Emilia Saito Abril 2018

PROJETO DE EXTENSÃO CEPP: INDICE CONTRASTIVO ENTRE PARTO CESÁREA E PARTO NORMAL

INCAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS: ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA

Características do preenchimento de registros de pré-natal na UBS Vila Municipal no ano de 2006

Sistemas de informação em saúde aplicados ao monitoramento da mortalidade materna no estado de Pernambuco, 2000 a 2005

ESTADO NUTRICIONAL DE COLABORADORES DE REDE HOTELEIRA

TÍTULO: BRASIL PAÍS DA CESÁREA CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ENFERMAGEM INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO CAPITAL

Comitê de Gestão de Indicadores de Fatores de Risco e Proteção

Política de atenção integral à saúde da mulher - Rede Cegonha. Balanço da mortalidade materna 2011

DISSERTAÇÃO Mestrado

Estratégias de Combate a Sífilis

Estado nutricional de gestantes em diferentes períodos de gestação

Elaboração de Projeto de Pesquisa. Edvaldo Souza Doutorando do IMIP 2008

Campus Universitário Caixa Postal 354 CEP INTRODUÇÃO

Gestação na Adolescência: Relação com o Baixo Peso ao Nascer

Análise da situação alimentar e nutricional no Brasil. Eduardo Nilson CGAN/DAB/MS

AVALIAÇÃO DO MONITORAMENTO DO PROGRAMA DE PRÉ-NATAL NA UBS VILA MUNICIPAL EM PELOTAS

O FUTURO DA OBESIDADE NO BRASIL: UMA PREVISÃO A PARTIR DO MÉTODO LEE-CARTER ( )

Programa Analítico de Disciplina EFG361 Enfermagem Materna

GEP NEWS, Maceió, V.2, n.2, p , abr./jun. 2018

ARTIGO ORIGINAL ISSN Revista de Ciências Médicas e Biológicas. Prematuridade e assistência pré-natal em Salvador

EXCESSO DE PESO, OBESIDADE ABDOMINAL E NÍVEIS PRESSÓRICOS EM UNIVERSITÁRIOS

Transcrição:

FATORES ASSOCIADOS AO TIPO DE PARTO EM MULHERES BRASILEIRAS: PNDS 2006 MELLER, Fernanda de Oliveira 1 ; SCHÄFER, Antônio Augusto 1, SILVA, Catiuscie Cabreira da 1 ; KABKE, Geórgia Brum 1 ; GOVEIA, Mariane Beloni 1 ; NEUTZLING, Marilda Borges 2. 1 Graduando- Faculdade de Nutrição 2 Doutora- Faculdade de Nutrição/UFPel Campus Universitário Caixa Postal 354 CEP 96010-900 fe_meller@hotmail.com 1 INTRODUÇÃO A gestação representa período único e especial na vida da mulher, no qual a sensação de tornar-se mãe confunde-se muitas vezes com incertezas, medos e inseguranças. Esse fato aflora nas primigestas, especialmente no que se relaciona ao momento do parto. Em muitos casos, a escolha da via de parto motiva grande discussão clínica. Em geral, a gestante não participa dessa discussão, sendo, quando muito, informada sobre a decisão médica final. Não se leva em consideração sua aceitação ou não em relação à conduta a ser tomada, nem a associação entre a sua aceitação e os resultados perinatais obtidos (TEDESCO et al., 2004). A cesariana é indicada com a intenção de salvar a vida da mãe e do filho em situação de alto risco, tais como: sofrimento fetal, apresentação pélvica, hemorragia antes do parto, doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG), gemelaridade, diabetes e cesariana de repetição. A indicação da cesariana em gestantes portadoras do vírus HIV tornou-se uma forma segura de evitar a transmissão do recém-nascido em até 90% (ROCCO et al., 2003). Nos últimos 30 anos a taxa de cesarianas tem aumentado consideravelmente em muitos países. Nos Estados Unidos, de acordo com Menacker et al. (2006), passou para 40% nos últimos 10 anos. Em Cuba, segundo Falcón et al. (1997) também foi evidenciado um aumento deste indicador nos últimos anos. No Brasil, as taxas de cesarianas são bastante elevadas, em 1997 apresentou a maior taxa do mundo, chegando a 36,4% (BELISAN et al., 1999). Em 2003, o percentual desse tipo de parto no Sistema Único de Saúde (SUS) atingiu 32,9% (KILSZTAJN et al., 2007). A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que não há justificativa para um percentual superior a 15% em nenhuma região do mundo (LANCET, 1985). O Ministério da Saúde do Brasil, igualmente, considera que elevadas taxas de cesarianas são fatores determinantes da morbimortalidade materna e perinatal (BRASIL, 2001). As razões para esta alta prevalência parecem se relacionar a fatores que interferem na escolha da via do parto, bem como o estrato econômico, cultural e o acompanhamento profissional durante o pré-natal e parto (BARBOSA et al., 2003).

Diante das elevadas taxas de partos cesarianos e de suas complicações tanto materna quanto perinatal, o presente estudo objetivou analisar a prevalência do tipo de parto e fatores associados em mulheres brasileiras com idade entre 15 e 49 anos, estudadas na última Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (2006). 2 METODOLOGIA O presente estudo compreende um recorte da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) (BRASIL, 2008), inquérito de âmbito nacional, que teve como objetivo central caracterizar a população feminina em idade fértil e as crianças menores de cinco anos segundo fatores demográficos, socioeconômicos e culturais. Trata-se de um estudo transversal, de base domiciliar. Teve início no dia 3 de novembro de 2006 e foi concluído em 3 de maio de 2007. O plano amostral da PNDS (BRASIL, 2008) foi desenhado para fornecer estimativas representativas da população brasileira residente em domicílios particulares em setores comuns ou não especiais (inclusive favelas), selecionados em dez estratos amostrais que compõem uma combinação de todas as cinco grandes regiões geográficas brasileiras e as áreas urbanas e rurais. Foram priorizados setores urbanos das regiões metropolitanas nas nove capitais onde estão alocados os escritórios do IBOPE. Foram descritas as prevalências de tipo de parto segundo as seguintes variáveis de exposição: macrorregiões brasileiras, faixa etária da mãe, estado nutricional da mãe, classificação de cor da mãe e realização de consulta pré-natal. O programa utilizado para a entrada de dados foi o CSPro (Census and Survey Processing System) software desenvolvido pelo Bureau do Censo Norte- Americano. O banco de dados da PNDS 2006 está publicamente disponibilizado em SPSS 13.0 no seguinte endereço: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/pnds/banco_dados.php. No presente estudo foi utilizado o programa SPSS 13.0 para a análise dos dados. A significância estatística (p < 0,05) foi avaliada pelo teste do qui-quadrado. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir dos 13.000 domicílios selecionados, 15.575 mulheres na faixa etária dos 15 a 49 anos participaram do estudo. Após selecionar a variável tipo de parto, a população estudada constituiu-se de 6.125 mulheres. Quanto ao tipo de parto, 60,3% das mulheres tiveram parto normal. Considerando a variável macrorregião, observou-se que a região Sul e a Norte apresentaram a menor e a maior prevalência de parto cesáreo, 19,1% e 22,1%, respectivamente. Quanto à característica demográfica e antropométrica, a maioria (74,7%) apresentou faixa etária entre 21 e 35 anos, era de cor negra/parda (60,5%) e tinha excesso de peso (47,2%). A maioria das mulheres (74,9%) realizou o prénatal. A taxa de cesarianas foi maior entre as mulheres com idade entre 36 e 49 anos (p 0,01), naquelas de cor branca (p 0,01) nas que tinham excesso de peso (p 0,01) e nas que realizaram consulta pré-natal (p 0,03). Estudos realizados por Faúndes et al. (1993) e D orsi et al. (2006) demonstraram que a idade materna tem sido diretamente relacionada à prevalência de cesáreas. Freitas et al. (2008) relataram que mulheres com idade superior a 30 anos têm maior probabilidade de realizem parto cesárea do que mulheres com idade inferior a 20 anos. Neste mesmo

sentido, Galtier-dereure et al. (2000) e Seligman et al. (2006) também observaram que a idade materna superior a 34 anos, bem como a obesidade, são um dos principais fatores de risco para a cesárea. Em contrapartida, Pelloso et al. (2000) encontraram em sua pesquisa maior preferência pelo parto cesáreo em mulheres mais jovens. Tedesco et al. (2004) observaram que quanto maior a idade, maior a preferência pelo parto normal, revelando maior ponderação e reflexão sobre as conseqüências da via de parto, com o amadurecimento da mulher. O levantamento de alguns autores mostrou que a taxa de cesárea repetida é potencialmente maior em mulheres de cor de pele branca, quando comparada às mulheres de pele negra (KABIR et al., 2005; LINTON; PETERSON; WILLIAMS, 2004). Esses resultados foram semelhantes aos encontrados na presente investigação, o qual demonstra que a chance de realizar cesárea é maior em mulheres brancas quando comparadas com mulheres negras/pardas. A criação de um vínculo mensurado pela realização de consultas pré-natais tem sido verificada como um fator de risco para a opção pela cesárea. Uma vez que esta associação não pode ser inteiramente explicada por um maior risco gestacional destas mulheres, tem sido sugerido que o tipo e qualidade de informação e sugestões transmitidas pelos serviços de saúde durante o pré-natal possam influenciar o tipo de parto, segundo Althabe et al. (2004), Barros et al. (2003) e Belizan et al. (1999); tais resultados são concordantes com o presente estudo. Comparativamente à macrorregião, a região Centro-Oeste foi a que apresentou maior prevalência de parto cesáreo, em contrapartida, a menor taxa foi encontrado na região Nordeste (p = <0,01). Valores similares encontrados em outros estudos, que apresentaram altas taxas de cesáreas, fazem associação destes valores de acordo com a região, nas quais a região Centro-Oeste apresentou os maiores percentuais (49%) e as Regiões Nordeste (20%) e Norte (25%), os menores (BRASIL, 1997). 4 CONCLUSÃO Os resultados evidenciaram a necessidade da continuidade na investigação dos fatores que promovem o aumento de partos cesarianas no Brasil, a fim de inverter os índices elevados, uma vez que o parto cesariano pode levar a uma série de complicações tanto para as mães quanto para seus filhos. Portanto, cabe aos profissionais da área da saúde incentivar a realização do parto normal. 5 REFERÊNCIAS ALTHABE, F.; BELIZÁN, J.M.; VILLAR, J.; ALEXANDER, S.; BERGEL, E.; RAMOS, S., ROMERO, M.; DONNER, A.; LINDMARK, G.; LANGER, A.; FARNOT, U.; CECATTI, J.G.; CARROLI, G.; KESTLER, E. Mandatory second opinion to reduce rates of unnecessary caesarean sections in Latin America: a cluster randomised controlled trial. Lancet, v. 363, n. 9425, p. 1934-40, 2004. BARBOSA, G.P.; GIFFIN, K.; ÂNGULO-TUESTA, A.; GAMA, A.S.; CHOR, D.; D'ORSI, E.; REIS, A.C.G.V. Parto cesárea: quem o deseja? Em quais circunstâncias? Cad. Saúde Pública, v. 19, n. 6, p. 1611-1620, 2003. BARROS, A.J.D.; HIRAKATA, V.N. Alternatives for logistic regression in crosssectional studies: an empirical comparison of models that directly estimate the prevalence ratio. BMC Med Res Method., v. 3, p. 21, 2003.

BELIZAN, J.M.; ALTHABE, F.; BARROS, F.C.; ALEXANDER, S. Rates and implications of caesarean sections in Latin America: ecological study. BMJ, v. 319, p. 397-400, 1999. BRASIL. Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério, assistência humanizada à mulher. Brasília, DF, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório Final da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher PNDS 2006. Brasília, DF, 2008. Disponível em: <http://www.saude.gov.br/pnds2006> Acesso em: 20 jun. 2009. BRASIL. Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no Brasil. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, 1996. Rio de Janeiro, RJ, 1997. D ORSI, E.; CHOR, D.; GIFFI, N.K.; ÂNGULO-TUESTA, A.; BARBOSA, G.P.; GAMA, A.S.; REIS, A.C. Fatores associados à realização de cesáreas em uma maternidade pública no Município do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 22, n. 10, p. 2067-2078, 2006. EDITORIAL. Appropriate technology for birth. Lancet, 1985. FALCÓN, V.E.; SÁNCHEZ, M.I.; LA RÚA, A.; GONZÁLEZ, F.Y. Índice de cesárea primitiva: un problema resuelto? In: X Congreso Nacional de Obstetricia y Ginecología. Palacio de Convenciones, La Habana, 1997. FAÚNDES, A.; CECATTI, J.G. Wich policy for cesarian section in Brazil? Analysis of thends and consequences. Health Policy Plan, v. 8, n. 1, p. 33-42, 1993. FREITAS, P.F.; SAKAE, T.M.; JACOMINO, M.E.M.L.P. Medical and non-medical factors associated with cesarean section rates in a university hospital in southern Brazil. Cad. Saúde Publica, v. 24, n. 5, p. 1051-1061, 2008. GALTIER-DEREURE, F.; BOEGNER, C.; BRINGER, J. Obesity and pregnancy: complications and cost. Am. J. Clin. Nutr., v. 71, p. 1242S-1248S, 2000. KABIR, A.A.; PRIDIJIAN, G.; STEINMANN, W.C.; HERRERA, E.A.; KHAN, M.M. Racial differences in cesareans: an analysis of U.S. 2001. Obst. Gynecol., v. 105, p. 710-718, 2005. KILSZTAJN, S.; CARMO, M.S.; MACHADO, L.C.J.; LOPES, E.S.; LIMA, L.Z. Caesarean sections and maternal mortality in São Paulo. Eur. J. Obstet. Gynecol. Reprod. Biol., v. 132, p. 64-69, 2007. LINTON, A.; PETERSON, M.R.; WILLIAMS, T.V. Effects of maternal characteristics on cesarean delivery rates among U.S. Department of Defense healthcare beneficiaries, v. 31, n. 1, p. 3-11, 2004. MENACKER, F., DECLERCQ, E.; MACDORMAN, M.F. Cesarean delivery: background, trends, and epidemiology. Semin. Perinatol., v. 30, n. 5, p. 235-241, 2006. PELLOSO, S.M.; PANONT, K.T.; SOUZA, K.M.P. Opção ou imposição! Motivos da escolha da cesárea. Arq. Ci. Saúde Unipar., v. 4, p. 3-8, 2000. ROCCO, R.; LEITE, H.V.; VASCONCELLOS, M.; CABRAL, A.C.V. Morbidade associada à cesariana eletiva em portadores de HIV. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., v. 25, n. 5, p. 323-28, 2003. SELIGMAN, L.C.; DUNCAN, B.B.; BRANCHTEIN, L.; GAIO, D.S.M.; MENGUE, S.S.; SCHMIDT, M.I. Obesity and gestational weight gain: cesarean delivery and labor complications. Rev. Saúde Pública, v. 40, p. 457-465, 2006. TEDESCO, R.P.; MAIA FILHO, N.L.; MATHIAS, L.; BENEZ, A.L.; CASTRO, V.C.L.; BOURROUL, G.M.; REIS, F.I. Fatores Determinantes para as Expectativas de Primigestas acerca da Via de Parto. RBGO, v. 26, n. 10, p. 791-798, 2004.