Porto Alegre, 20 de outubro de Relatividade e Cosmologia. Aula No 9. Horacio Dottori. 9-1 Problema da vara e o galpão

Documentos relacionados
3ra aula de RC2002. Horacio Dottori. Figura4

Exercícios da 5 a aula

Física IV Relatividade. Prof. Helena Malbouisson Sala 3018A

Desenho Auxiliado por Computador

Num primeiro programa MATLAB, intitulado PA_1, ilustre a demonstração gráfica do teorema de Pitágoras.

RELATIVIDADE EINSTEINIANA (II)

AULA 3 DESENHO ORTOGRÁFICO

Física IV Relatividade. Prof. Helena Malbouisson Sala 3018A

Capítulo IV Transformações de Lorentz

DESENHAR COM PRECISÃO - O SISTEMA DE COORDENADAS

Cap Relatividade

EO-Sumário 18. Raquel Crespo Departamento Física, IST-Tagus Park

Mecânica Clássica Curso - Licenciatura em Física EAD. Profº. M.Sc. Marcelo O Donnell Krause ILHÉUS - BA

Geometria Analítica I

Relatividade conteúdos de 5 a 6

Aula 4. Coordenadas polares. Definição 1. Observação 1

MÓDULO 1 - AULA 21. Objetivos

14.5 A Regra da Cadeia. Copyright Cengage Learning. Todos os direitos reservados.

5ta Aula de Relatividade e Cosmologia. Horacio Dottori A contração espacial. Porto Alegre 12 de setembro de 2004

Apostila de Física 33 Introdução à Óptica Geométrica

Coordenadas Cartesianas

Aula 15 Superfícies quádricas - cones quádricos

Capítulo 19. Coordenadas polares

MAT Poli Roteiro de Estudos sobre as Cônicas

DEEC Área Científica de Telecomunicações Instituto Superior Técnico. Propagação & Antenas Prof. Carlos R. Paiva SOBRE O CONCEITO DE SIMULTANEIDADE

Descrição de um movimento Pp. 10 a 17

Aula 10 Relatividade. Física 4 Ref. Halliday Volume4. Profa. Keli F. Seidel

O Paradoxo do Celeiro e do Poste

A equação da circunferência

Roteiro para atividade sobre a equação de Gauss

Material Teórico - Módulo Cônicas. Hipérboles. Terceiro Ano do Ensino Médio

FÍSICA IV PROF. PIERRE VILAR DANTAS AULA 7-30/09/2017 TURMA: A HORÁRIO: 7M PIERREDANTASBLOG.WORDPRESS.COM

Derivadas Parciais. Copyright Cengage Learning. Todos os direitos reservados.

UFABC - Física Quântica - Curso Prof. Germán Lugones. Aula 7. Exercícios

Física I 2009/2010. Aula02 Movimento Unidimensional

Derivação Impĺıcita e Derivadas de Ordem Superior - Aula 19

VETORES + O - vetor V 2 vetor posição do ponto P 2

Física. Física Moderna

Geometria analítica: descobrindo a reta que tange duas circunferências e entendendo a construção geométrica.

O ESTUDO DA CIRCUNFERÊNCIA

Copiright de todos artigos, textos, desenhos e lições. A reprodução parcial ou total desta aula só é permitida através de autorização por escrito de

Exercícios Resolvidos Esboço e Análise de Conjuntos

Aula 18. Teoria da Relatividade Restrita (1905) Física Geral IV - FIS503. Parte I

INSTITUTO FEDERAL DE BRASILIA 4ª Lista. Nome: DATA: 09/11/2016

Biologia Estrutural. Espaço Recíproco e a Esfera de Ewald. Prof. Dr. Walter Filgueira de Azevedo Jr. wfdaj.sites.uol.com.br

Geometria Analítica II - Aula 4 82

COMO c PODE SER IGUAL EM TODOS OS SRs?

Aula 10 Regiões e inequações no plano

Roteiro de estudos 1º trimestre. Matemática-Física-Química. Orientação de estudos

Aula 2 Reflexão da luz e espelhos planos e esféricos

Derivadas Parciais Capítulo 14

CURSO COMPLETO DE PROJETO DE MÓVEIS

EXERCÍCIO SOBRE VISTAS E PERSPECTIVAS. Vamos colocar em prática o nosso conhecimento sobre o que já estudamos até aqui de geometria descritiva.

1.1. Posição, tempo e distância percorrida

FORMAÇÃO CONTINUADA EM MATEMÁTICA FUNDAÇÃO CECIERJ/ CONSÓRCIO CEDERJ. Matemática 3º Ano 3º Bimestre 2014 Plano de Trabalho

INTRODUÇÃO À ASTROFÍSICA LIÇÃO 12: A RELATIVIDADE RESTRITA

FÍSICA. Física Moderna. Relatividade. Prof. Luciano Fontes

54 CAPÍTULO 2. GEOMETRIA ANALÍTICA ( ) =

Aula Exemplos diversos. Exemplo 1

Óptica Geométrica Séries de Exercícios 2018/2019

Deste modo, ao final do primeiro minuto (1º. período) ele deverá se encontrar no ponto A 1. ; ao final do segundo minuto (2º. período), no ponto A 2

CIRCUNFERÊNCIA. Exemplo de circunferência

Aula 10 Relatividade. Física 4 Ref. Halliday Volume4. Profa. Keli F. Seidel

Distância entre duas retas. Regiões no plano

B SUPER - aula 3 COR DOS CORPOS. Exemplos:

MATEMÁTICA A - 12o Ano N o s Complexos - Conjuntos e condições Propostas de resolução

Introdução às Ciências Físicas Módulo 1 Aula 2

Instituto de Fıśica UFRJ Mestrado em Ensino profissional

Aula Exemplos e aplicações - continuação. Exemplo 8. Nesta aula continuamos com mais exemplos e aplicações dos conceitos vistos.

54 CAPÍTULO 2. GEOMETRIA ANALÍTICA ( ) =

Física Geral Nos problemas abaixo dê as suas respostas em unidades SI.

Cursos de Estatística, Informática, Ciências de Informação Geográfica ALGA, Ficha 10 Cónicas

28/Fev/2018 Aula Aplicações das leis de Newton do movimento 4.1 Força de atrito 4.2 Força de arrastamento Exemplos.

Equações Paramétricas e Coordenadas Polares. Copyright Cengage Learning. Todos os direitos reservados.

Atividades de Recuperação Paralela de Física

Mat. Monitor: Roberta Teixeira

A eq. de Schrödinger em coordenadas esféricas

MAT Poli Cônicas - Parte I

NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA

UFJF PISM º DIA (FÍSICA)

LISTA DE EXERCÍCIOS Nº 9

Jorge Gustavo Bandeira dos Santos. Unidade: 3 de março de 2013

REVISÃO FUVEST Ensino Médio Geometria Prof. Sérgio Tambellini

Mat. Monitor: Gabriella Teles

PUC-RIO CB-CTC G2 Gabarito FIS FÍSICA MODERNA Turma: 33-A Nome Legível: Assinatura: Matrícula:

Mecânica 1.1 Tempo, posição e velocidade

Física Moderna. Aula 1 Introdução. Curso - Licenciatura em Física EAD. Prof a. Dra. Ana Paula Andrade Universidade Estadual de Santa Cruz

INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE RESTRITA DIÂNGELO C. GONÇALVES

Física III-A /1 Lista 7: Leis de Ampère e Biot-Savart

Prof.ª Adriana Martins

ESPELHOS E LENTES 01/09/16

Geometria Descritiva. Geometria Descritiva. Geometria Descritiva 14/08/2012. Definição:

2015 Dr. Walter F. de Azevedo Jr.

Prova 05/06/2012. Halliday Vol 3-6ª edição Cap 29, 30, 31,32. Halliday Vol 3-8ª edição Cap 28, 29, 30, 32. Aulas 9-15

1.1. Posição, tempo e distância percorrida

Como Tratar a Circunferência, a Elipse e a Hipérbole

Por simetria, chegaríamos a uma conclusão análoga se escolhessemos o referencial de João para relacionar a propagação da onda.

FÍSICA. Fornece uma compreensão quantitativa de certos fenómenos que ocorrem no Universo.

MAT Cálculo Diferencial e Integral I

MATEMÁTICA A - 12o Ano N o s Complexos - Conjuntos e condições Propostas de resolução

Transcrição:

Porto Alegre, 20 de outubro de 2004 Relatividade e Cosmologia Aula No 9 Horacio Dottori 9-1 Problema da vara e o galpão Este problema clássico entre os paradoxos da RE coloca-se assim: Existe um super-atleta que leva uma vara de 20 m de comprimento com velocidade de 0.8, ao longo do eixo x. Alinhado com a vara há um galpão de 15 m de comprimento. Na porta de entrada há um senhor que olha a vara entrar no galpão. Perguntas: a- Qual é o comprimento do galpão para o atleta? b- Qual é o comprimento da vara para o senhor na porta do galpão? c- Quando o Sr vê entrar o final da vara fecha a porta. Bateu o não o inicio da vara o fundo do galpão? d- Como para o atleta o galpão é muito menor que a vara, aparentemente quando a vara bateu no fundo, o final da mesma ainda não entrou na porta. Como se compatibilizam os fatos vistos pelo atleta e o seu acompanhante?. Desenhe diagramas e-t no sistema do atleta e o do acompanhante e encontre as coordenadas e-t dos seguintes eventos: 1- inicio da vara coincide com a entrada do galpão. 2- Fim da vara coincide com a entrada do galpão. 3- Inicio da vara coincide com o fim do galpão. Verifique a seqüência destes eventos em cada um dos referenciais. Solução Desenharemos primeiramente o diagrama e-t no sistema do galpão Q (x,t). Começamos por armar a grade. Desenhamos a grade quadriculada segundo a figura 9-1. Nesta traçamos as hipérboles com espaçamento no eixo t igual ao da grade. Isto servira para calibrar os eixos do sistema vara Q (x, t ) como visto do sistema Q. Estas hipérboles são tangentes ao raio de luz.

Figura 9-1 A escala da figura 9-1 é de 5 em, 5 metros. A linha verde grossa representa o galpão. As duas linhas verdes finas são as linhas mundo dos extremos do galpão. O inicio está em (x,t)= (0,0). A linha azul céu representa o cone de luz e as duas linhas vermelhas são os eixos (x,t ) correspondentes a v=0.8. Lembre como se faz a calibração destes eixos a partir das hipérboles e da escala da quadrícula. No caso colocamos as hipérboles com separação em x=0 igual à da quadrícula Para calibrar o eixo t deve se ver a separação sobre ele de duas hipérboles sucessivas, das quais sabemos qual é a diferença, já que temos os valores correspondentes da quadrícula. A mesma calibraçãovale para o eixo x.. Na figura 9-2 incorporamos as linhas mundo dos extremos da vara. Para medir os 20 mts deve se pegar o espaço ao longo do eixo t compreendido entre a origem e a quarta hipérbole, já que o espaçamento entre hipérboles é de 5 m. Depois deve-se trasladar esta medida ao eixo x. Poder-se-ia traçar também o conjunto de hipérboles centradas no eixo x, provavelmente

seria mais fácil. Eu estava preocupado com aprender a usar o xmgrace, comecei fazendo deste jeito e me deu preguiça mudar. Na figura 9-3 mostramos os eventos requeridos. Destaca-se a vara em linha vermelha grossa.

O evento E1 representa o inicio da vara na entrada do galpão, o E2 fim da vara no inicio do galpão e o E3 o encontro do inicio da vara com o fim do galpão. Como vemos, na escala de tempos do galpão, E1 antecede a E2 e este a E3. Neste caso nos escolhimos tomar como o evento (x,t)=(x,t )=(0,0) o evento E2. Esta convenção é totalmente arbitraria e para demostra-lo eu fiz de propósito deste jeito. O que vê-se em geral, especialmente na solução Figura 9-3 analítica é a escolha do (0,0) no evento E1, ou seja o inicio da vara na porta do galpão. Agora vamos à solução do problema no referencial da vara. Desenhamos a vara na parte negativa do eixo x (Figura 9-4). A parte positiva do eixo x cairia no 4to quadrante do sistema Q. Como a vara vê o galpão vir ao seu encontro respeitamos a

convenção de que o movimento há direita é positivo e a esquerda é negativo. As duas linhas vermelhas finas representam as linhas mundos do inicio e fim da vara. Figura 9-4 Introduzimos a continuação ( figura 9-5) o cone de luz e os eixos (x,t), como vistos no sistema Q da vara. O inicio da vara está na posição (x,t )=(0,0) em quanto o fim está na posição (-20, 0).

Figura 9-5 Na figura 9-6 destacamos a posição do galpão, em linha verde grossa, e das linhas mundo do inicio e do fim do mesmo, em verde fina. t =t =0 corresponde nesta figura ao evento E3, isto é, inicio da vara no fundo do galpão (arbitrário). Também destacamos em linha verde, grossa tracejada as posições do galpão nos eventos E1 inicio da vara na entrada do galpão e E2, fim da vara n entrada do galpão. No referencial do galpão a sucessão temporal dos 3 eventos é E1 anterior a E2 e este a E3.

Figura 9-6 Vê-se de imediato que o evento E3 neste caso, no referencial do atleta é anterior ao evento E2, como visto no referencial Q do atleta. Como explicamos esta situação?. A explicação não é tão simples. Más analisaremos detalhadamente o caso. A ordem dos eventos deve ser respeitada em quaisquer sistemas!. Se E1 é anterior a E2 deve sê-lo para qualquer observador? SIM, más somente se os eventos estão conectados causalmente, ou seja, SE a linha que une os dois eventos é tipo tempo!!! Para os eventos E2 e E3, da figura 9-6 a distância espacial entre eles é o comprimento da vara, ou seja 20m. Em tanto que a distância temporal é pouco menos de 15 m. POR TANTO, x /t > 1. OU SEJA, a conexão destes eventos é tipo espaço e eles não podem estar conectados causalmente. Em bom romance, isto significa que o final da vara não se entera que o inicio da vara bateu no fundo do galpão em E3), e segue andando. QUAL É O TEMPO MÍNIMO NECESSÁRIO PARA QUE O FIM DA VARA SE ENTERE DE QUE O

INÍCIO BATEU NO FUNDO DO GALPÃO?. Depende da velocidade de propagação da informação. POREM, se supomos que a informação viaja à velocidade da luz no vácuo (velocidade máxima na qual a mesma pode-se deslocar), o tempo mínimo estaria determinado pela emissão de um raio de luz de E3 intercepte a linha mundo do fim da vara (E4, na figura 9-7). Este evento SIM é posterior a E2. Ou seja que no referencial da vara, TAMBÉM esta entra no galpão. ISTO INDICA QUE NÃO EXISTEM CORPOS RÍGIDOS EM RE, POIS OS MESMOS VIOLARIAM O PRINCIPIO FUNDAMENTAL QUE DIZ QUE TRANSMISSÃO DE ENERGIA DEVE DAR-SE A VELOCIDADES MENORES QUE A DA LUZ. E4 E2 E3 Figura 9-7