AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM CADELAS (Ultrasonographic evaluation of mammary gland tumour in dogs)

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Transcrição:

1 AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM CADELAS (Ultrasonographic evaluation of mammary gland tumour in dogs) Daniela da Silva Pereira CAMPINHO 1 ; Priscilla Bartolomeu ARAÚJO 1, Francine Maria de França SILVA 2, Elisângela Nascimento SILVA 2, Joaquim EVÊNCIO NETO 3. 1Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinária da UFRPE, danielacampinho@gmail.com 2 Médica Veterinária, UFBA. 3 Professor Titular do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da UFRPE. Resumo: Em cadelas, as neoplasias malignas de mama são as mais comuns entre as neoplasias, assumindo um papel importante na clínica de pequenos animais. Dados de exame clínico e exames complementares, sobretudo os achados ultrassonográficos podem trazer importantes informações à respeito de critérios de malignidade e contribuir para predizer o comportamento dos neoplasmas. investigar os principais achados ultrassonográficos observados em cadelas portadoras de neoplasias malignas, bem como caracterizá-los a partir de dados de exame clínico e histopatológico. Foram utilizadas 30 cadelas portadoras de neoplasias mamárias, de diferentes idades e raças, atendidas no Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Os animais foram submetidos a exame clínico, hemograma e exames de imagem (radiografia de tórax e ultrassonografia de abdômen). Os dados obtidos foram agrupados de acordo com cada variável observada, e as frequências foram obtidas. Concluise que as neoplasias mamárias foram mais frequentes em fêmeas idosas, sendo estas em sua maioria múltiplas, maiores que 5 cm, localizados mais comumente nas mamas abdominais, classificadas em sua maioria como carcinomas em tumor misto. A ultrassonografia abdominal apresentou-se que um importante instrumento para caracterização do processo neoplásico. Palavras-chave: ultrassonografia, tumor de mama, prognóstico. Keywords: ultrasonography, breast tumor, prognosis. Introdução Em cadelas, as neoplasias malignas de mama são as mais comuns (Midsorp, 2002), e dada à frequência com que surgem na rotina veterinária e importância que os cães possuem como animais de companhia, o estudo dos tumores de mama e dos fatores de risco relacionados ganha destaque na clínica veterinária (Fonseca e Daleck, 2000). Somado à importância clínica, há o fato das neoplasias mamárias caninas se apresentarem como modelo de Anais do 38º CBA, 2017 - p.1610

2 estudo para as neoplasias mamárias em mulheres devido às semelhanças epidemiológicas, clínicas, biológicas e genéticas (FELICIANO et al., 2012). Dados de exame clínico e anamenese, como idade ao aparecimento da doença, ocorrência de fatores de risco (pseudociese, administração de anticoncepcionais), tamanho do tumor, envolvimento de linfonodos podem ou não estar relacionados ao grau de malignidade da neoplasia (OLIVEIRA FILHO et al., 2010, FERRO et al., 2013). Assim, o estudo de fatores clínicos é importante para predizer o comportamento dos neoplasmas. Neste contexto a ultrassonografia tem se tornado importante método para avaliação de pacientes com nódulos mamários, podendo ser considerada na atualidade como um dos principais métodos complementares ao exame clínico no estudo das anormalidades mamárias. A ultrassonografia pode não apenas para diferenciar cistos de massas sólidas, mas pode também servir como um importante instrumento auxiliar no diagnóstico diferencial entre tumores benignos e malignos da mama (LUCENA, 2006). Sendo assim, objetivou-se com este trabalho, investigar os principais achados ultrassonográficos observados em cadelas portadoras de neoplasias malignas, bem como caracterizá-los a partir de dados de exame clínico e histopatológico. Material e Métodos Para realização do estudo, foram utilizadas 30 cadelas portadoras de neoplasias mamárias, atendidas no Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco (HOVET UFRPE). O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) da UFRPE, com licença de número 055/2015. Os animais foram submetidos a exame clínico, hemograma e exames de imagem (radiografia de tórax e ultrassonografia de abdômen), indicados para investigação de metástase pulmonar e abdominal, respectivamente, bem como para identificação de alterações no parênquima mamário. A partir dos dados coletados através da realização da anamnese, exame clínico, os animais foram agrupados de acordo com classificação histológica da neoplasia, estadiamento clínico (MISDORP, 2002), tempo de evolução da neoplasia, presença de ulcerações e de vascularização. Após realização dos exames pré-operatórios os animais foram encaminhados para a cirurgia de mastectomia, realizando-se coleta de linfonodos e tecido mamário neoplásico para realização de exame histopatológico, que foram fixados em formol neutro tamponado a 10%, para processamento de acordo com os procedimentos histológicos de rotina. A classificação histológica das neoplasias foi feita de acordo com Cassali et al. (2014). Resultados e Discussão Anais do 38º CBA, 2017 - p.1611

3 Foram obtidos dados clínico-patológicos de 60 animais. As informações a respeito dos aspectos clínicos gerais estão localizadas na tabela 1. Tabela 1. Frequências absoluta e relativa das características clínicas observadas em cadelas portadoras de neoplasias mamárias. Aspectos clínicos FA FR % Idade Jovem 1 1.7 Adulto 19 31.7 Idoso 40 66.7 Raça Poodle 12 20 Daschund 5 8,3 Pastor Alemão 1 1,7 Pinscher 3 5,0 Pit Bul 1 1,7 Doberman 1 1,7 Yorkshire 1 1,7 Whippet 1 1,7 SRD 35 58,3 Tamanho T1 9 15 T2 15 25 T3 36 60 Ulceração Presente 17 28,3 Ausente 43 71,7 Tempo de evolução Menos de 1 ano 15 25 Mais de 1 ano 26 43,3 Não informado 19 31,7 Estadiamento Clínico I 9 15,0 II 13 21,7 III 25 41,7 IV 6 10,0 V 7 11,7 Metástase em Linfonodos Presente 6 10,0 Ausente 54 90,0 Localização dos tumores Glândulas Torácicas 8 13,3 Glândulas Abdominais 16 26,7 Glândulas Inguinais 10 16,7 Anais do 38º CBA, 2017 - p.1612

4 Tumores multicêntricos 26 43,3 FA: frequência absoluta; FR: frequência relativa. Após avaliação clínica, 30 animais mostraram-se aptos para a cirurgia, sendo então encaminhados e realizando-se exame histopatológico. Os resultados e frequências obtidas estão agrupados na tabela 2. Tabela 2. Frequências dos tipos histológicos em cadelas portadoras de neoplasias mamárias. Tipo de tumor FA FR% Adenoma 4 13,3% Adenoma complexo 2 6,7% Fibroadenoma 1 3,3% Carcinoma anaplásico 1 3,3% Carcinoma complexo 3 10,0% Carcinoma mucinoso 1 3,3% Carcinoma sólido 3 10,0% Carcinoma tubular 4 13,4% Carcinoma em tumor misto 8 26,7% Carcinossarcoma 3 10,0% Total 30 100,0% No que diz respeito à ultrassonografia abdominal, em 1,69% (1) dos pacientes foi observada metástase, em 3,39% (2) observou-se aumento de linfonodos, em 3,39% (2) foram observados ovários policísticos, em 27,1% (16) observou-se vascularização e mineralização da neoplasia, e em 5,1% (3) foram observadas apenas alterações não relacionadas ao processo neoplásico e, nos demais animais, não foram observadas alterações dignas de nota. A ultrassonografia é importante porque pode ser utilizada não somente para diferenciação entre cistos e massas sólidas, mas também como um importante instrumento auxiliar no diagnóstico diferencial entre tumores benignos e malignos da mama (LUCENA, 2006; PAULINELI et al., 2002), uma vez que pode trazer informações importantes acerca da estrutura dos tumores, o que contribui na diferenciação destes. Estudos afirmaram ainda que 90% dos tumores malignos apresentam um ou mais dos seguintes sinais cardinais: contornos irregulares, bordas pouco nítidas, contraste mais nítido com o parênquima adjacente, além da heterogeneidade, sinais estes que podem ser visualizados a partir do exame ultrassonográfico (PAULINELI et al., 2002). Ainda de acordo com Paulineli et a. (2002), em humanos, os contornos irregulares, os ecos internos heterogêneos e a sombra posterior, quando presentes, apresentaram alta correlação com o exame anatomopatológico de câncer. Assim, observa-se que a realização do exame ultrasssonográfico pode trazer informações relevantes à respeito das neoplasias, no quesito heterogeneidade e vascularização (relacionadas à processos malignos) bem como a demais alterações que podem influenciar na avaliação do paciente pelo Anais do 38º CBA, 2017 - p.1613

5 clinico, tais como presença de linfonodos aumentados de tamanho, alterações em ovários e presença de metástases em órgãos abdominais. Conclusão Conclui-se que as neoplasias mamárias foram mais frequentes em fêmeas idosas, sendo estas em sua maioria múltiplas, maiores que 5 cm, localizados mais comumente nas mamas abdominais, classificadas em sua maioria como carcinomas em tumor misto. A presença de metástases em tórax ou órgãos abdominais também foi escassa. A ultrassonografia abdominal apresentou-se que um importante instrumento para caracterização do processo neoplásico. Referências MIDSORP, W. Tumors of the mamary gland. In: MEUTEN, D.J. Tumors in domestic animals. 4ed. Iowa: Iwoa State Press, 2002. Cap.12, p.575-606. CASSALI, G.G. et al. Consensus for the Diagnosis, Prognosis and Treatment of Canine Mammary Tumors - 2013. Brazilian Journal of Veterinary Pathology, v.7, n.2, p. 38-69, 2014. FONSECA, C.S., DALECK, C.R. Neoplasias mamárias em cadelas: influência hormonal e efeito da ovário-histerectomia como terapia adjuvante. Ciência Rural, v. 30, n. 4, p.731-735. 2000. FELICIANO, M.A.R. et al. Estudo clínico, histopatológico e imunoistoquímico de neoplasias mamárias em cadelas. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.64, n.5, p.1094-1100, 2012. LUCENA, C.E.M. Índice de avaliação ecográfica no estudo dos nódulos sólidos mamários uma nova proposta de classificação. 2006. 152f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. PAULINELLI, R.R. et al. Estudo prospectivo das características sonográficas no diagnóstico de nódulos sólidos da mama. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 24, n.3, p. 195-199, 2002. OLIVEIRA FILHO et al. Estudo retrospectivo de 1.647 tumores mamários em cães. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.30, n.2, p.177-185, fev.2010. Anais do 38º CBA, 2017 - p.1614