JULGAMENTO DE RECURSO CONCORRÊNCIA PÚBLICA N.º 001/2014 COMPEL OBJETO: Contratação de empresa de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo para Prestação de Serviços especializados em elaboração de estudos e projetos civis no Município de Camaçari. DATA DE ABERTURA: 30/07/2014 RECORRENTE: JCA ENGENHARIA E ARQUITETURA LTDA. DA TEMPESTIVIDADE No dia 13/01/2015, a Comissão Central Permanente de Licitação COMPEL, após resultado da análise das propostas de preços, publicou o resultado do julgamento das mesmas, ficando aberto o prazo recursal previsto no art. 109 da Lei Federal nº 8.666/93. No dia 20/01/2015, às 14h20min, deram entrada na recepção da CMP às razões do recurso da Recorrente. Portanto, tempestivo. PERLIMINARMENTE Preliminarmente, a Presidente da Comissão ressalta que a ora Recorrente atendeu ao pressuposto para que se proceda à análise do mérito do Recurso na esfera Administrativa, no que diz respeito à representação da empresa ante à Administração Pública, conforme previsão editalícia: a) O prazo para interposição de recurso será de 05 (cinco) dias úteis, observando o disposto do art. 109 da Lei 8.666/93 e deverá ser protocolado na recepção da Coordenadoria de Materiais e Patrimônio constantes no item III Dados do Edital, no horário das 08h00min ás 14h00min. b) Dos recursos interpostos, será dado conhecimento a todas as licitantes, que poderão impugná-los no prazo de até 5 (cinco) dias úteis. c) Não serão conhecidos as impugnações e os recursos subscritos por representante não habilitado legalmente ou não identificado no processo para responder pelo proponente. d) Não serão conhecidos impugnações e recursos que forem enviados por fax ou e-mail. e) O recurso não terá efeito suspensivo e o seu acolhimento importará a invalidação apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento. f) Não serão conhecidos as impugnações e os recursos subscritos por representante não habilitado legalmente ou não identificado no processo para responder pelo proponente. g) Não serão conhecidos impugnações e recursos que forem enviados por fax ou e-mail.
DOS FATOS Insurge-se a Recorrente JCA ENGENHARIA E ARQUITETURA LTDA contra a decisão que desclassificou a sua Proposta de Preços apresentada no referido certame. DO PEDIDO A Recorrente requer que seja reformada a decisão ora recorrida para declarar a sua classificação pelos seguintes argumentos: a) a não subsunção à legislação de desoneração da folha de pagamento, o que tornaria correta a sua composição de encargos sociais e BDI; b) o reconhecimento de que o mero esquecimento do CD pela Recorrente trata-se de um erro material irrelevante, devendo nos moldes do item 12.10, ser determinado, mediante ato motivado do Presidente desta CONPEL, o seu imediato saneamento. Acaso ultrapassado o pleito a, o que não se espera, urge seja retificada a convocação das licitantes para apresentação de novas propostas, de modo que seja cumprido o item 11.3.6.2 do Edital. DO JULGAMENTO a) Desoneração da folha de pagamento Quanto à alegação da Recorrente, em relação à subsunção a legislação de desoneração da folha de pagamento, a Comissão informa que descaberá o motivo que levou à desclassificação da proposta, conforme argumentos abaixo delineados. A decisão desta Comissão, no sentido de desclassificação da proposta, se deu com base no instrumento convocatório, que traz anexo modelo de apresentação da composição do índice, conforme Acórdão TCU 2622/2013, que define: 205. Recentemente, o setor da construção civil passou a ser contemplado com essa politica nacional de desoneração da folha de pagamento da salários. De acordo com as Medidas provisórias (MP) 601/2012 e 612/2013, que alteram a art. 7º da Lei 12.546/2011, as empresas que tenham como atividades preponderantes as descritas nos grupos de CNAE 412, 432, 433 e 439 e nos grupos CNAE 421, 422, 429, 432 e 711, respectivamente, passam a recolher a nova sistemática da contribuição previdenciária no período entre abril de 2013 e dezembro de 2014 (MP 601/2012) ou entre janeiro a dezembro de 2014 (MP 612/2013), a depender o enquadramento de cada atividade econômica. Por seu turno, a Lei Federal nº 12.546/2011, na sua redação original, previa: Art. 7º Até 31 de dezembro de 2014, contribuirão sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição as contribuições previstas nos incisos I e III do art. 22 da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991, a alíquota de 2% (dois por cento): X as empresas de engenharia e arquitetura enquadradas no grupo 711 do CNAE 2.0; e;
Porém, a Lei Federal nº 12.546/2011 foi alterada pela Lei Federal nº 12.844/2013, que dentre outras modificações, revogou a regra constante do dispositivo acima transcrito, nos seguintes termos: Art.50. Ficam revogados: II os incisos VIII a XI do caput do art. 7 e os incisos XVII a XX do 3º do art. 8º, ambos da Lei n 12.546 de 14 de dezembro de 2011. Diante do exposto a Comissão julga procedente o requerido pela licitante, reconhecendo que pelos ramos de atividade exercidos não está submetida à desoneração da folha de pagamento. A requerente, no item 3.2, requer também a reconsideração da decisão desta comissão, quanto à forma de apresentação da composição do BDI, conforme Acórdão TCU 2622/2013, incluindo naquela parcela referente ao CPRB e na sua composição de encargos a remoção da parcela referente ao INSS. Assim, a Comissão julga procedente a solicitação da requerente, devido a licitante estar desobrigada a cumprir o que determina a Lei Federal nº 12.546/2011 e suas alterações, conforme esclarecimentos do item anterior. b) Excesso de Formalismo X Vinculação ao Instrumento Convocatório O Edital da Concorrência em epígrafe estabeleceu, para efeito de classificação das propostas das licitantes, a adoção dos critérios de avaliação a seguir, entre outros: 9.1 A proposta de preços deverá ser apresentada na forma do Anexo II deste ato convocatório, redigida em papel timbrado da licitante, apresentadas em forma impressa e em meio eletrônico (formato.doc e.xls ), de forma clara e inequívoca, sem emendas, rasuras ou entrelinhas, em estrita observância às especificações contidas neste edital, assinada a última folha e rubricada nas demais pelo seu titular ou representante legal da licitante, devidamente identificado, nela constando, obrigatoriamente: 9.2 Será desclassificada a Propostas de Preço que não for apresentadas em forma impressa e em meio eletrônico (formato.doc e.xls ), fielmente iguais, incluindo quanto a layout e ordem de encadernação das páginas. Qualquer diferença entre elas será motivo de desclassificação. Ademais, a Lei Federal nº 8.666/93 adota toda uma sistemática de ausência total de discricionariedade da autoridade administrativa, já que a vincula aos requisitos previstos no Edital, justamente para estabelecer um critério de igualdade entre os concorrentes. Dessa forma, a lei proíbe que a Administração descumpra qualquer das normas e condições do Edital, ao qual se acha estritamente vinculada. Logo, a Comissão baseou-se nos critérios estabelecidos no instrumento convocatório, o qual foi e continua sendo, senão o único, o principal alicerce deste colegiado, julgando a proposta de preços da Recorrente em estrita conformidade com o princípio da vinculação ao instrumento convocatório. Quanto à natureza vinculante do ato convocatório, ensina Marçal Justen Filho: "O instrumento convocatório cristaliza a competência discricionária da Administração, que se vincula a seus termos. Conjugando a regra do art. 41 com aquela do art. 4º, pode-se afirmar a estrita vinculação da Administração ao edital, seja quanto a regras de fundo quanto aquelas de procedimento. Sob um certo ângulo, o edital é o fundamento
de validade dos atos praticados no curso da licitação, na acepção de que a desconformidade entre o edital e os atos administrativos praticados no curso da licitação se resolve pela invalidade destes últimos. Ao descumprir normas constantes do edital, a Administração Pública frustra a própria razão de ser da licitação. Viola os princípios norteadores da atividade administrativa, tais como a legalidade, a moralidade, a isonomia. (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 11ª Edição, págs. 401/402)". De acordo com o disposto no art. 4º, parágrafo único, da Lei Federal nº 8.666/1993, o procedimento licitatório previsto na referida lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração Pública, ou seja, o instituto da licitação é, em sua essência conceitual, um procedimento formal. Logo, não se pode afastar sem qualquer cautela formalidades correlatas em detrimento de atos mais céleres. Daí porque a exigência da proposta em meio eletrônico não se trata de formalismo exacerbado, nem tão pouco de exigência desnecessária, como alega a Recorrente, e sim feita para garantir maior transparência e possibilidade de controle dos atos administrativos pelos administrados em geral e os licitantes, em particular. Vale ainda salientar que a segurança das propostas em meio eletrônico, não decorre apenas da extensão a qual o arquivo foi elaborado ( doc., xls., pdf. etc) e sim no meio eletrônico a qual ela foi armazenada, no caso das licitantes que apresentaram a proposta em meio eletrônico todos os arquivos foram salvos em CDR dispositivo magnético que não permite que os arquivos que se encontram armazenados sejam alterados. Ademais, a Recorrente delineia os fatos em seu favor e afirma que sua proposta possui falha formal. No entendimento desta digna Comissão, há falha sim, mas não simplesmente formal, pois em que pese à análise por critérios objetivos (princípio do julgamento objetivo) não leva em consideração a intenção (em sentido subjetivo) que as licitantes tiveram ao elaborar suas propostas, mas sim, de fato, o teor do que está inserido nos invólucros entregues à Comissão na sessão pública. Ora se assim fosse, não teríamos razão de efetuar juízo objetivo sobre os documentos de habilitação e proposta de preços, uma vez que as licitantes poderiam ter suas propostas corrigidas no que coubesse. Por fim, a Comissão esclarece que a ausência de apresentação do arquivo em meio eletrônico não poderia ser considerado como erro material e irrelevante, como alega o Recorrente, pois violaria o princípio da igualdade e isonomia uma vez que privilegiaria a Recorrente dentre as demais licitantes que apresentaram sua proposta eletrônica no dia e hora marcados para a abertura do envelope de preço. DA DECISÃO Face ao exposto, a Comissão Central Permanente de Licitação - COMPEL, fundamentada nos termos do Edital, com base nos princípios da vinculação ao instrumento convocatório, da legalidade, e do julgamento objetivo, na melhor doutrina e nos dispositivos da Lei 8666/93, resolve conhecer do recurso interposto pela, JCA ENGENHARIA E ARQUITETURA LTDA para no mérito julgar PARCIALMENTE PROCEDENTE o presente requerimento, de modo que: 1. Acata-se a questão da não aplicação da desoneração da folha de pagamento, para efeito de composição dos encargos sociais e do BDI, devendo tal entendimento ser estendido à análise de todas as propostas de preços apresentadas no certame;
2. Mantém a desclassificação da proposta da Recorrente, pela não apresentação do CD contendo a referida proposta em formato eletrônico. É o parecer, SMJ. Camaçari, 30 de janeiro de 2015. COMISSÃO CENTRAL PERMANENTE DE LICITAÇÃO COMPEL Ana Carla Costa Paim Presidente em Exercício Priscila Lins dos Santos Christian Pinheiro Moraes Sônia Maria Brito Ribeiro