XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

Documentos relacionados
INSTITUTO DE PESQUISA ENSINO E ESTUDOS DAS CULTURAS AMAZÔNICAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO ACRIANA EUCLIDES DA CUNHA

PERCEPÇÃO DOS PAIS E /OU CUIDADORES DE PRATICANTES DA EQUOTERAPIA ACERCA DA ESTRUTURA ASSISTENCIAL

Influência Da Equoterapia Na Vida Dos Estudantes Do IFSULDEMINAS Campus Machado

CONVIDADOS. Beatriz Cardoso Diniz (UFMG) Érica A. B. M.Tavares (UFLA)

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E DIVERSIDADE JUSTIFICATIVA DA OFERTA DO CURSO

O PAPEL DAS INTERAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

REGULAMENTO DO NÚCLEO DE ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO ESPECIALIZADO NAPE FACULDADE DE CALDAS NOVAS - UNICALDAS APRESENTAÇÃO

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O PENSAR E O FAZER NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

PROJETO DE APOIO PSICOPEDAGÓGICO AO UNIVERSITÁRIO

EMENTAS DAS DISCIPLINAS

AÇÃO PEDAGÓGICA NAS CRECHES: CONTRIBUIÇÕES PARA O PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS E PRÁTICAS DE INCLUSÃO EM UM INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

09/2011. Formação de Educadores. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Marque a opção do tipo de trabalho que está inscrevendo: ( X ) Resumo ( ) Relato de Caso ENFERMAGEM X PSICOLOGIA:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

Grupo de Trabalho: GT03 CULTURAS JUVENIS NA ESCOLA. IFPR - Instituto Federal do Paraná (Rua Rua Antônio Carlos Rodrigues, Porto Seguro, PR)

A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA NA PRÁTICA DA EQUOTERAPIA

DISCIPLINAS E EMENTAS

A PRÁTICA DA EQUOTERAPIA: REPERCUSSÃO NA EVOLUÇÃO DOS PRATICANTES NA PERCEPÇÃO DOS PAIS E/OU CUIDADORES

RELATÓRIO MENSAL DE ATIVIDADES 2018 DEZEMBRO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUDESTE DE MINAS GERAIS CAMPUS BARBACENA

O SUBPROJETO PIBID/UFABC INTERDISCIPLINAR E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES INSPIRADA EM PAULO FREIRE. O Relato de Pesquisa - Apresentação Oral

PROPOSTA TRANSFORMADORA FINALIDADE DA EDUCAÇÃO

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA ESCOLA DE EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇAO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO

NÚCLEO TEMÁTICO I CONCEPÇÃO E METODOLOGIA DE ESTUDOS EM EaD

A CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE DA CRIANÇA: UMA REFLEXÃO SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA 1

ESCOLA SONHO DE CRIANÇA PROPOSTA PEDAGÓGICA DA ESCOLA SONHO DE CRIANÇA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE OBSERVAÇÃO DE CRIANÇA EM TRATAMENTO COM EQUOTERAPIA

RELATO DE EXPERIÊNCIA: as intervenções terapêuticas da equoterapia em pessoas com deficiência

O CORPO NOSSO DE CADA DIA: UM OLHAR SOBRE A CORPOREIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

PORTARIA Nº 29, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2017

ESTRUTURA CURRICULAR CURSO: PSICOLOGIA HORÁRIA 1 SEMESTRE 2 SEMESTRE 3 SEMESTRE

A EQUOTERAPIA NO TRATAMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES QUANTO AO USO DE ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

PERCEPÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Movimento fenomenológico hermenêutico para o diálogo com professores de Viana do Castelo

ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA): PROPOSTA INTERDISCIPLINAR A PARTIR DA PEDAGOGIA DO MOVIMENTO RESUMO

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Câmpus Ponta Grossa PLANO DE ENSINO

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

A ESCUTA E O DIÁLOGO COMO PRINCÍPIOS NORTEADORES DA FORMAÇÃO PERMANENTE DE PROFESSORES/AS

DISCIPLINAS DO PROGRAMA QUADRO DE DISCIPLINAS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E SAÚDE

Metodologia e Prática do Ensino de Educação Infantil. Elisabete Martins da Fonseca

PROGRAMA DE DISCIPLINA

AS PERSPECTIVAS DE UMA PEDAGOGIA INTER/MULTICULTURAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

A PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E OS BENEFICIOS DA PRATICA EQUOTERAPICA PARA O ASPECTO PSICOMOTOR

CURSO: PEDAGOGIA EMENTAS º PERÍODO

RELATÓRIO MENSAL DE ATIVIDADES 2018 JUNHO

EQUOTERAPIA NA SURDOCEGUEIRA: INCLUSÃO SOCIAL

PLANO DE ENSINO. Disciplina: Fundamentos e Metodologia na Educação de Jovens e Adultos II

DEPARTAMENTO DO PRÉ-ESCOLAR LINHAS ORIENTADORAS PARA ELABORAÇÂO DO PROJETO CURRICULAR DE GRUPO

Educação Infantil Proposta Pedagógica H H H

RELATÓRIO MENSAL DE ATIVIDADES 2018 OUTUBRO

CURSO: PEDAGOGIA EMENTAS º PERÍODO DISCIPLINA: CONTEÚDO E METODOLOGIA DO ENSINO DA ARTE

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Educação infantil Creche e pré escolas

PRÁTICAS CORPORAIS NA SAÚDE PÚBLICA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS

NIDI NÚCLEO INTERDISCIPLINAR DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL. Professora responsável pelo núcleo: Profa Dra. Ana Paula Ramos

Desenvolvimento Pessoal e

O AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O desafio da construção e o uso de indicadores culturais

TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA)

EMENTAS DAS DISCIPLINAS

PROJETO DE EXTENSÃO CRIANÇA ATIVA: AÇÕES INTERDISCIPLINARES

FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: TRANSFORMAR O ENSINO POR MEIO DO DIÁLOGO

LABORATÓRIO DE APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS AMBIENTE PEDAGÓGICO ESCOLAR NECESSÁRIO

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Princípios que norteiam os cursos de licenciatura do IFESP vinculados ao PARFOR

PROJETO DE EXTENSÃO EQUOTERAPIA ALIANÇA: CAVALOS TRANSFORMANDO VIDA

RESUMO. Palavras-chave- Equipe multidiciplinar, portador de necessidade especial, pedagogo e qualidade de vida INTRODUÇÃO. O que é equoterapia?

DESENVOLVIMENTO DE JOVENS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ATRAVÉS DA EQUOTERAPIA

CURSO: PEDAGOGIA EMENTAS PERÍODO

Prática Acadêmica. A interdisciplinaridade

CURRÍCULO, TECNOLOGIAS E ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UMA ANÁLISE DO POTENCIAL DA ROBÓTICA EDUCACIONAL NO ENSINO POR INVESTIGAÇÃO.

FUNDAMENTOS DOUTRINÁRIOS DA EQUOTERAPIA NO BRASIL. Prof. Ms. Carolina Vicentini

FORMAÇÃO CONTINUADA E PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II DE TANGARÁ DA SERRA, MT

- estabelecer um ambiente de relações interpessoais que possibilitem e potencializem

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA A PARTIR DO CONTEXTO CULTURAL DOS EDUCANDOS: APRENDENDO COM A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA.

Mostra de Projetos "Programa A União Faz a Vida no município de Turvo"

Ar t e-e d u c a ç ã o

BENEFÍCIOS DA EQUOTERAPIA EM CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA

O JOGO COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

PEDAGOGIA 2º PERÍODO MANHÃ EDUC3012 CIÊNCIAS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA I 45h EDUC3022 FUNDAMENTOS SOCIO-HISTÓRICO-FILOSÓSIFCO DA EDUCAÇÃO II 45h EDUC3001

A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICS) NO DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS RESUMO

A EQUOTERAPIA COMO RECURSO FISIOTERAPÊUTICO NO TRATAMENTO DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA

APLICAÇÃO DA DIDÁTICA MATEMÁTICA EM SALA DE AULA

Palavras-chave: Ludicidade. Histórias. Pedagogia social. Crianças.

PRÁTICA DE ENSINO E O ESTÁGIO SUPERVISIONADO: DESENVOLVIMENTO DE ATITUDES INVESTIGATIVAS PARA A DOCÊNCIA

PLANO DE CURSO CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA

EXPLORAÇÃO DE PROBLEMAS, LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA E FORMAÇÃO DE CONCEITOS CIENTÍFICOS

ENSINO FUNDAMENTAL II

Pedagogia. 1º Semestre. Biologia Educacional EDC602/ 60h

CURSOS LIVRES Ballet e Ballet Baby. Futebol O futebol desenvolve: Taekwondo

No entanto, não podemos esquecer que estes são espaços pedagógicos, onde o processo de ensino e aprendizagem é desenvolvido de uma forma mais lúdica,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PARA A FORMAÇÃO DOCENTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

FUNDAMENTOS DA SUPERVISÃO ESCOLAR

GULARTE, C.A.O ¹; SOARES, C.B.¹; ESCOTO, D. F.¹; POETINI, F. B.¹; PEREIRA, G.C.¹; BICA, M.S.N.¹; TAMBORENA, T.¹; SAWITZKI, M.C.¹*

Coordenadora da Ação: Ana Lúcia Iara Gaborim Moreira 1 Autoras: Vanessa Araújo da Silva, Ana Lúcia Iara Gaborim Moreira 2

SEMED São Luis-Ma.

Transcrição:

EQUOTERAPIA: RELAÇÕES ESTABELECIDAS NOS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO PARA INCLUSÃO SOCIAL 1 Janaina Lucia Rodrigues (PPGE/UFMT) - janainapsicologia@hotmail.com 2 Luiz Augusto Passos (PPGE/UFMT) - passospassos@gmail.com Resumo: Esta comunicação é parte de uma pesquisa em nível de doutorado que está sendo desenvolvida no GPMSE Grupo de Movimentos Sociais Política e Educação, do Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, e apresenta reflexões acerca a relação que se estabelece entre o cavalo e o ser humano, e a influencia desta correlação no processo de ensino-aprendizagem e inclusão escolar e social do aluno praticante de equoterapia. Compreendemos a equoterapia como um ato terapêutico e educacional que acontece através da relação que se estabelece entre o cavalo e o praticante no ambiente equoterápico, pretendemos avaliar qual a natureza possível desta relação, posto que ela, efetivamente, contribui para desenvolvimento biopsicossocial dos praticantes que na maioria das vezes são pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. A pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento, sendo que as observações e coletas de informações foram realizadas no Hospital Veterinária da UFMT, e no Rancho Dourado, local em que acontece o Projeto Anjos de Quatro Patas, que objetiva observar o desenvolvimento da Equoterapia, enquanto recurso terapêutico complementar, no tratamento de crianças com diagnóstico de distúrbio autista. As análises compreensivas das informações apontam as contribuições da equoterapia para o desenvolvimento da função motora, atenção e concentração da criança propiciando melhoras significativas nos aspectos físicos e psicológicos do praticante que favorecem o ensino-aprendizagem. Adotou-se a abordagem qualitativa de questões educacionais de cunho dialético fenomenológico. A opção por este tipo de investigação é justificada pelas possibilidades de compreensão do fenômeno, das relações que este estabelece com o mundo e com o outro. Para a leitura teórica será utilizada as contribuições de Merleau-Ponty e Paulo Freire de uma concepção de educação inclusiva e dialógica que visa à autonomia do educando no processo de ensino aprendizagem, bem como demais autores de grande importância para temática. Palavras-Chave: Educação inclusiva. Equoterapia. Cavalo. INTRODUÇÃO A equoterapia segundo a Associação Brasileira de Equoterapia Ande-Brasil é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo a partir de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, que objetiva o 1 Psicóloga. Mestra em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e Doutoranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMT. 2 Professor. Doutor orientador do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMT. 12565

2 desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. Ela utilizaria o cavalo como agente promotor de ganhos físicos, psicológicos e educacionais, sendo uma atividade em que estimularia o corpo, contribuindo assim, para o desenvolvimento da força, tônus muscular, flexibilidade, relaxamento, consciência do próprio corpo, aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio e auxilia na interação, socialização, autoconfiança e autoestima. O termo utilizado para designar a pessoa com deficiência e/ou com necessidades especiais quando em atividades equoterápicas é chamado de equoterapia; pois nesse processo a pessoa participa de sua reabilitação, na medida em que interage com o cavalo. (BRASIL, 2012) É justamente compreender essa relação que se estabelece entre o cavalo e o ser humano, em especial o aluno praticante de equoterapia, objetivo desta pesquisa, que pretende descrever compreensiva e interpretativamente, as possíveis influências do que chamamos relação no desenvolvimento e processo de ensino-aprendizagem e inclusão escolar e social. Uma vez que compreendemos a equoterapia como um ato terapêutico e educacional que acontece através da relação que se estabelece entre o cavalo e o praticante no ambiente equoterápico, pretendemos avaliar qual a natureza possível desta relação, posto que ela, efetivamente, contribui para desenvolvimento biopsicossocial dos praticantes que na maioria das vezes são pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. As formas descritivas, contudo, que fundam e antecedem a literatura atual é a de um substancialismo de natureza exclusivamente mecânico, e que nos parece inadequado, sob ponto de vista da visão filosófica merleaupontyana. O que nos remete a busca por compreender os inúmeros benefícios psicológicos que a equoterapia pode proporcionar. Sendo que neste ambiente a relação estabelecida com o cavalo é fortemente marcada pela confiança, nas quais existem trocas afetivas e corporais, que auxilia a busca por construção de identidade. O cavalo é um ser que pode ser cativado e cuja dominação pode vir a passar, através dele, e contribuir para aumentar a autoestima do praticante. Sendo assim, neste processo o cavalo se torna o outro eu, sujeito de da interação e das vivências na relação praticante-cavalo, que funcionaria como uma relação especular. Por outro, os neurônios espelhos demonstram a interação de natureza bem mais profunda e significativa, nada disso porém está espelhado, até então, na literatura que temos encontrado, de maneira ordinária, no levantamento bibliográfico concernente à Equoterapia. Sendo que para Merleau-Ponty (2006) estar no mundo é visto a partir das relações entre corpos que se inicia desde a gestação, e segue com o colo oferecido ao 12566

3 bebê pelo cuidador. É por meio dessa relação entre o ser e o mundo que reside a compreensão fenomenológica da vida humana, que busca por meio da linguagem corporal e da fala a capacidade para relacionar se e buscar o entendimento de si, do outro e do mundo. Procedimentos metodológicos O atendimento equoterápico busca o desenvolvimento do praticante como um todo, em uma perspectiva biopsicossocial e holística. É por meio da relação com o cavalo que o equoterapeuta auxiliará ao praticante, a desenvolver suas relações interpessoais e sócio-afetivas entre seres que possuem em comum a animalidade e a carnalidade. Por esse motivo acreditamos ser extremamente importante compreender essa relação entre o cavalo e o aluno praticante, e a abordagem fenomenológica oferece os subsídios necessários para compreensão desta relação. A orientação fenomenológica pode, também, nos ajudar na compreensão do fenômeno desta relação que se estabelece entre o cavalo e o aluno praticante no ambiente equoterápico, e na iminência da necessidade de contribuir de forma científica com o estudo desta relação, que traz a proposta de relatar esta vivência, buscando compreender e descrever em que sentido e em que aspectos se estabelecem essa relação, assim como, possibilitar compreender as possíveis influências desta no ensinoaprendizagem e inclusão social dos alunos praticantes. Na abordagem fenomenológica toda observação pressupõe uma ação, sendo que para o Merleau-Ponty (2006, p.84) não existe neutralidade na observação, pois Quando se trata de seres vivos, e com mais razão de seres humanos não existe observação pura: toda observação é uma intervenção; não se pode experimentar ou observar sem mudar alguma coisa no objeto de estudo. Assim, pressupõe toda que teoria é ao mesmo tempo prática, e inversamente, toda ação supões relações de compreensão. A orientação fenomenológica fundamentada em Merleau-Ponty, que pressupõe a intersubjetividade e a recriação de significados no processo da relação com o objeto de pesquisa. A experiência vivenciais que pretendemos relatar neste estudo, é possível a partir da metodologia fenomenológica sob a luz dos pressupostos de Merleau-Ponty, que tem ênfase na dimensão biológico e existencial do viver humano e nos significados vivenciados desta relação entre alunos praticantes e o cavalo durante os atendimentos equoterápicos, buscando compreender os sentidos tal como se apresentaram na relação, em uma descrição densa desta vivencia. 12567

4 Essa pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento, sendo que as observações e coletas de informações foram realizadas no Hospital Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, e no Rancho Dourado, local em que acontece o Projeto Anjos de Quatro Patas: equoterapia para pessoas com diagnóstico transtorno autista, este projeto tem como objetivo o estudo por meio da observação no desenvolvimento da Equoterapia, enquanto recurso terapêutico complementar, no tratamento de pessoas com diagnóstico distúrbio autista. O Projeto Anjos de Quatro Patas: equoterapia para pessoas com diagnóstico transtorno autista é coordenado pela professora Doutora Lisiane Pereira de Jesus, que também é coordenadora do Neeq Núcleo de Estudos em Equoterapia da Universidade Federal de Mato Grosso. Participam deste projeto, alunos (as) dos cursos de Psicologia, Pedagogia e Zootecnia da UFMT, e também alunos (as) do curso de Fisioterapia da Unic Universidade de Cuiabá, no projeto são atendidas 16 crianças da AMA Associação de Amigos do Autista de Cuiabá-MT, sendo 15 crianças do sexo masculino e uma do sexo feminino. Essas crianças são levadas até o local pelos pais e/ou responsáveis, que na maioria das vezes são as avós. As observações compreensivas e interpretações das informações apresentadas até o momento são parciais e demonstram que a relação estabelecida entre o cavalo e a pessoa com deficiência e/ou necessidades especiais no ambiente equoterápico é uma construção e que permite quando o praticante se sente aceito ele consegue estabelecer um nível profundo de comunicação nesta relação com o cavalo, talvez porque o cavalo não tenha o olhar social do preconceito e se permita tocar e ser tocado nesta relação. Considerações para o momento Como proposto o objetivo desta comunicação é propiciar reflexões e acerca da relação que se estabelece entre o cavalo e o ser humano, e a influencia desta correlação no processo de ensino-aprendizagem e inclusão escolar e social do aluno praticante de equoterapia. Essa pesquisa ainda se encontra em fase de desenvolvimento, e as análises compreensivas apresentadas até o momento são parciais e demonstram que a relação estabelecida entre o cavalo e a pessoa com deficiência e/ou necessidades especiais no ambiente equoterápico é uma construção, sendo que quando o praticante se sente aceito ele consegue estabelecer um nível profundo de comunicação nesta relação com o 12568

5 cavalo, talvez porque o cavalo não tenha o olhar social do preconceito e se permita tocar e ser tocado nesta relação. Nesse contexto, o diálogo surge como forma de compreensão do outro midiatizado pelo mundo. Para Freire (1987, p.29) o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Dessa forma somos capazes de intervir na realidade e mudar a história, a política, o mundo. Afirma ainda que o processo para essa mudança seja justamente a educação enquanto fonte de conhecimento, que permite a pessoa sair da condição de impotência e ser agente modificador da realidade. Fica claro que essas práticas educativas geram transformações no contexto social e conduz a reflexão sobre a importância de reflexões práticas educativas que possibilitem a construção de uma relação autêntica de aceitação, e que permita que quem ensine também aprenda ao ensinar, e que essa vivencia conduza o educando a autonomia. Quando a prática educativa possibilita a autonomia do educando ela contribui para mudanças significativas no contexto social através de espaços de diálogo, da política e de interação e socialização como forma de construção do conhecimento. As reflexões aqui propostas não esperam esgotar o assunto mais apontar a importância de espaços de diálogos e reflexões acerca a relação que se estabelece entre o cavalo e o ser humano, e a influencia desta correlação no processo de ensinoaprendizagem e inclusão escolar e social do aluno praticante de equoterapia que compreende o cavalo como recurso terapêutico e educacional, bem como refletir sobre o movimento da educação inclusiva e social em especial das possibilidades de contribuição da equoterapia nesse contexto com uma política educacional que vise à autonomia do educando no processo de ensino aprendizagem. Percebemos ainda a necessidade de maior investigação deste fenômeno devido a complexidade da temática. Referências BRASIL, ANDE - Associação Nacional de Equoterapia. Disponível em: www.equoterapia.org.br/metodo.php. Acesso em 10 de outubro de 2012. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17º ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. MERLEAU-PONTY, Maurice. Psicologia e Pedagogia da Criança. trad,. Ivone C. Benetti. São Paulo: Martins Fontes, 2006. 12569

6. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 2006b. 12570