FCUL Mestrado em Didáctica das Ciências 2004/2006 Metodologia de Investigação I Turma 1 ANÁLISE DE DOCUMENTOS MÉTODO DE RECOLHA E ANÁLISE DE DADOS Sílvia Calado Sílvia Ferreira
Quatro grandes grupos de métodos de recolha de dados em investigação Questionários Triangulaçã ção- permite evitar ameaças as à validade interna inerente à forma como os dados de uma investigaçã ção são o recolhidos. (Adaptado de Igea, et al., 1995)
Suporta uma informaçã ção o sobre a realidade, implica uma elaboraçã ção conceptual dessa informaçã ção o e o modo de expressá-la que possibilite a sua conservaçã ção o e comunicaçã ção. o. Dado (Flores, 1994, p.16) Processo que geralmente consiste na detecçã ção o de unidades de significado num texto e no estudo das relaçõ ções entre elas e em relaçã ção o ao todo. Análise (Adaptado de Flores, 1994) Impressão o deixada num objecto físico f por um ser humano. Pode apresentar-se sob uma multiplicidade de formas, como: fotografia, filme, diapositivo e impressa (a forma mais comum). Documento, 1993) (Bell, 1993)
Os documentos são s o fontes de dados para o investigador, a sua análise implica um conjunto de transformaçõ ções, operaçõ ções e verificaçõ ções realizadas a partir dos mesmos com a finalidade de se lhes ser atribuído um significado relevante em relaçã ção o a um problema de investigaçã ção. Processo de análise de documentos: 1- Recolha de documentos 2- Análise de conteúdo (Flores, 1994)
1- Recolha de documentos Localização dos documentos Fontes variadas: - Institutos Nacionais de Estatística - Bibliotecas - Arquivos e bancos de dados - Actas de reuniões - Jornais de escola - Documentos produzidos pelo professor - Documentos produzidos pelos alunos -Documentos confidenciais ou destruídos -Documentos localizados no estrangeiro (Adaptado de Bell,, 1993)
1- Recolha de documentos Natureza dos dados documentais Fontes primárias- documentos produzidos durante o período da investigação (actas de reuniões, biografias,...). (Cohen & Manion,, 1994) -Fontes Deliberadas- produzidas com o intuito de servir a futuras investigaçõ ções (autobiografias, documentos de autojustificaçã ção,,...). -Fontes Inadvertidas- resultam do normal funcionamento do sistema em estudo (actas conselhos de turma, números n de estatísticas sticas nacionais, planificaçõ ções...). Fontes secundárias- interpretaçõ ções de eventos do período em estudo, baseadas nas fontes primárias rias (enciclopédias, manuais escolares,...). (Bell,, 1993)
1- Recolha de documentos Selecção dos documentos Tempo disponível Selecção controlada -não incluir demasiadas fontes deliberadas; -não seleccionar documentos com base na forma como estes apoiam o ponto de vista do investigador. Análise crítica dos documentos Crítica externa- procura saber se um documento procura saber se um documento é genuíno, no, isto é,, se não o foi forjado e se é autêntico, isto é,, se é o que pretende ser e se é verdade o que diz. (Bell,, 1993, p.108) Crítica interna- confirma a credibilidade do autor do documento. Quem o produziu? Com que finalidade? (Bell,, 1993)
Procurar a validade e a fiabilidade na análise documental passa por perceber que tudo é questionável. O método m crítico vai permitir espremer cada documento até à última gota. (Bell,, 1993, p.113) O que fazer com todos os documentos recolhidos? Como se manipulam os documentos depois de terem sido recolhidos? Qual o método m de análise a seguir?
2- Análise de conteúdo Conjunto de procedimentos que têm t m como objectivo produzir um texto analítico no qual se apresenta o corpo textual dos documentos recolhidos de um modo transformado. Três conjuntos de tarefas: Redução dos dados Apresentação dos dados Conclusões (Delgado & Gutiérrez rrez,, 1995) (Miles & Huberman,, 1984, citados em Flores, 1994)
2- Análise de conteúdo Categorização Redução dos dados Separação em unidades- elementos manipuláveis (frase ou parágrafo). - encontrar componentes temáticas que permitam classificar as unidades numa determinada categoria. -Categorias: situa (Cohen & Manion,, 1994) : situações e contextos, actividades e acontecimentos, relaçõ ções entre pessoas, comportamentos, opiniões,... - As categorias podem definir-se: -a priori,, de acordo com as questões e hipóteses que orientam a investigaçã ção o (paradigma positivista); -a a posteriori,, a partir dos próprios prios dados obtidos (paradigma interpretativo). (Flores, 1994)
2- Análise de conteúdo Redução dos dados (continuação) Categoria: Percepçõ ções do professor acerca do seu trabalho «Para mim,, o ensino é a minha vida. Não N o separo ambos. Muitas vezes no duche penso: E E se eu apresentasse o material desta maneira e não n o da maneira que apresentei o ano passado?.. Por vezes, passam-se se vinte minutos no duche sem eu dar por isso.» Codificação (Bogdan & Byklen,, 1994, p.223) -Operação o concreta na qual se coloca em cada unidade estabelecida um determinado código c próprio prio da categoria em que se incluí. -Exemplos: números e abreviaturas das categorias. -Associar cada unidade a uma determinada categoria. (Flores, 1994)
2- Análise de conteúdo Apresentação dos dados A apresentaçã ção o de um conjunto de dados pode fazer-se de múltiplas formas, tudo depende do objectivo que o investigador pretenda com eles. -Análise que recorre à quantificaçã ção -Análise qualitativa (Flores, 1994) Conclusões -As tarefas anteriores permitem fazer afirmaçõ ções que progressivamente avançam am desde o descritivo ao explicativo e desde o concreto ao abstracto. -As categorias obtidas no processo de reduçã ção o dos dados são s o em si mesmas conclusões do estudo.
Vantagens - permite evitar o recurso abusivo às s sondagens e aos inquéritos por questionário (Quivy & Campenhoudt,, 2003); - os documentos, geralmente, podem obter-se gratuitamente e a baixo custo (Igea et al., 1995); - os documentos proporcionam informaçõ ções sobre ocorrências passadas que não n o se observaram ou a que não n o se assistiu (Igea et al., 1995). Limitações - nem sempre é possível o acesso aos documentos (Quivy 2003); - os documentos não n o contêm m toda a informaçã ção o detalhada (Igea Quivy & Campenhoudt, Igea et al., 1995); - os documentos podem ter sido forjados, alterados, falseados (Igea 1995). Igea et al.,
Apenas conhecemos um método m de recolha e análise de dados depois de o termos experimentado por nós n s próprios. prios. Antes de escolhermos um é,, portanto, indispensável assegurarmo-nos, junto de investigadores que o dominem bem, da sua pertinência ncia em relaçã ção o aos objectivos específicos de cada trabalho, às s suas hipóteses e aos recursos de que dispomos. (Quivy & Campenhoudt,, 2003, p.186)
Bibliografia Bell,, J. (1993). Como Realizar um projecto de Investigaçã ção (3ª ed.). Lisboa: Gradiva. Bogdan,, R.; & Biklen,, S. (1994). Investigaçã ção o qualitativa em educaçã ção Uma introduçã ção à teoria e aos métodosm todos.. Porto: Porto Editora. Chagas,, I. (1993). Teachers as innovators: A case study of implementing the interactive tive videodisc in middle school science program. Tese de Doutoramento, Boston University. Cohen, L.; & Manion,, L. (1994). Research methods in education (4ª ed.). London: Routledge. Delgado, J.; & Gutiérrez rrez,, J. (1995). Métodos y técnicos t cualitativos de investigación n en ciencias sociales.. Madrid: Editorial Síntesis. S Flores, J. (1994). Análisis de datos cualitativos Aplicaciones a la investigación n educativa. Barcelona: PPU. Igea,, D.; Agustín, J.; Beltrán, A.; & Martín, A. (1995). Técnicas de investigación n en ciencias sociales. Madrid: Dykinson. Machado, C. (2004). Actividades práticas e literacia científica Um estudo com alunos do 5º 5 ano de escolaridade. Tese de Mestrado, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (não publicada). Neves, I,; & Morais, A. (2000). Política educativa e orientaçõ ções programáticas: Análise da educaçã ção científica em dois períodos socio-pol políticos. Revista de Educaçã ção, IX (1), 93-109. Quivy,, R.; & Campenhoudt,, L. (2003). Manual de investigaçã ção o em ciências sociais (3ª ed.). Lisboa: Gradiva.