OS USUÁRIOS E O SETOR FERROVIÁRIO BRASILEIRO

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Transcrição:

OS USUÁRIOS E O SETOR FERROVIÁRIO BRASILEIRO PRODUTIVIDADE, LUCRATIVIDADE E REGULAÇÃO ENGº LUIS HENRIQUE T. BALDEZ PRESIDENTE EXECUTIVO DA ANUT CÂMARA TEMÁTICA DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA DO AGRONEGÓCIO/MAPA MARÇO/2011

SIGLAS UTILIZADAS ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres ANUT Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga ANTF Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ALL América Latina Logística S.A. EBITDA Geração Líquida de Recursos antes de Juros, Tributos, Depreciação e Amortização. EBIT Geração Líquida de Recursos antes de Juros e Tributos

COM O OBJETIVO DE AVALIAR O CENÁRIO DAS RELAÇÕES ENTRE OS USUÁRIOS E AS CONCESSIONÁRIAS FERROVIÁRIAS, ALGUMAS QUESTÕES FORAM ANALISADAS, TAIS COMO: Como evoluiu o setor ferroviário pós-concessão. Os ganhos de eficiência e produtividade alcançados. Como são divididos estes ganhos. Como os custos de prestação dos serviços ferroviários estão evoluindo e qual sua estrutura. Como as tarifas de frete se comportam ao longo do tempo. Qual deveria ser a tarifa adequada para se ajustar ao conceito de modicidade tarifária.

EM RECENTE ESTUDO PARA A ANTF,A EMPRESA INTERNACIONAL DE CONSULTORIA McKINSEY APONTOU OS GRANDES AVANÇOS DO SETOR FERROVIÁRIO, ENTRE 1997 E 2009, DESTACANDO: Crescimento na produtividade das ferrovias 2 vezes maior que o crescimento do PIB brasileiro; Aumento na participação das ferrovias na matriz de transporte nacional - de 21 para 25%; Aumento de 56% no volume de carga transportada; Aumento na eficiência energética (redução de 28% no consumo por TKB na MRS); Redução de 16% no custo operacional por TKU; Mais de R$ 22 bilhões investidos em infraestrutura e material rodante; Aumento significativo no número de locomotivas e vagões (de 1.144 para 2.919 de locomotivas e de 43.796 para 92.814 de vagões); Mais de 35.000 empregos diretos e indiretos, dobrando a base inicial de 16.700 funcionários; Redução de 80% no índice de acidentes.

OBSERVA-SE, POIS, QUE OS BENEFICIÁRIOS DESTES IMPORTANTES AVANÇOS FORAM... O setor de construção civil pelos investimentos na infraestrutura; O setor de produção de equipamentos ferroviários pelos investimentos em material rodante; O setor de serviços pelos novos e crescentes níveis de produção de transportes; A União por receber R$ 11,7 bilhões em concessões, tributos e arrendamentos e evitadas perdas operacionais na RFFSA de R$ 1,0 milhão ao dia; O setor de mão-de-obra pelo crescimento do emprego; As Concessionárias Ferroviárias pela apropriação integral dos elevados lucros auferidos ao longo da concessão... E OS USUÁRIOS?

DURANTE TODO ESTE PRÍODO, OS USUÁRIOS TIVERAM UM POSICIONAMENTO VOLTADO ESTRATÉGICAMENTE PARA O TRANSPORTE FERROVIÁRIO, OU SEJA,... Priorizaram as ferrovias como modal de transporte; Aumentaram substancialmente suas cargas no setor; Contribuíram fortemente para maior absorção dos custos fixos e conseqüente redução dos custos; Possibilitaram ganhos de escala e aumentos de produtividade e eficiência; Contribuíram para a elevação do nível de emprego e para a recuperação da indústria ferroviária; Participaram ativamente da recuperação do setor e... Quais os benefícios que os usuários agregaram à luz deste cenário de crescimento e avanço econômico? NENHUM, POIS NÃO HOUVE TRANSFERÊNCIA DE GANHOS DE PRODUTIVIDADE E DE EFICIÊNCIA AOS USUÁRIOS E AOS CONSUMIDORES!

POR OUTRO LADO, A REALIDADE DO SETOR NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS FERROVIÁRIOS PODE SER ASSIM RESUMIDA: Malha existente sub-aproveitada (ressalte-se que,segundo a ANTT, 2/3 da malha está sub-aproveitada ou não-utilizada). Isto significa que apenas cerca de 10.000 km de ferrovia, dos 30.000 km concessionados, estão plenamente utilizados. O restante está abandonado! Pouca conectividade entre malhas (postura de donos da malha sob concessão, impedindo a implementação do tráfego sob a forma de Direito de Passagem). Atrasos na entrega da carga (transit time), sem nenhuma penalidade. Pouco (ou nenhum) investimento na construção de passagens de nível e de contornos urbanos, o que melhoraria a segurança do transporte. Transporte excessivamente caro (baixa competição entre os operadores ferroviários) Tratamento discriminatório e excludente dos clientes na fixação das tarifas. Posições de mercado monopolísta., o que permite apropriação integral dos benef cios que a carga proporciona. Tarifas de referência excessivamente elevadas, o que permite reajustes acima de qualquer parâmetro de custo. Falta de mecanismos nos contratos atuais que permitam investimento público ou híbrido (público + privado) nas malhas existentes

DE FORMA A DAR CONTORNOS NUMÉRICOS A ESTA VISÃO REAL DO SETOR, ANALISEMOS O CASO DA ALL, COMO A SEGUIR MOSTRADO. Em 02 de março de 2011, a ALL publicou o seu Balanço e anunciou seus resultados de 2010. Todas as conclusões da análise se basearam exclusivamente nos dados deste Balanço. A ALL opera 21.300 km de malha ferroviária; Possui 1.095 locomotivas, 31.650 vagões, 650 veículos rodoviários, centros de distribuição e áreas de armazenamento; As operações abrangem uma área responsável por 65% do PIB do Mercosul; Atende a 7 (sete) dos portos mais ativos do Brasil e na Argentina, por meio dos quais são embarcados 78% de todas as exportações de grãos da América do Sul.

OS DESTAQUES OPERACIONAIS E FINANCEIROS DA ALL, FORAM ASSIM ANUNCIADOS (% em relação a 2009) Crescimento de 10,8% no volume de transporte, atingindo 43.138 milhões de TKU. Crescimento de 21,6% na geração do EBITDA (cash-flow operacional) alcançando R$ 1.338,4 milhões. Crescimento de 591% (!) no Lucro Líquido alcançando R$ 239,9 milhões. Perspectivas para 2011:. Forte safra de grãos (de acordo CONAB) com aumento de exportações. Projetos de produtividade em boa progressão. Negociações com clientes em andamento. 70% da capacidade em contratos take-or-pay.

ANALISANDO O DESEMPENHO DA ALL EM 2010, DETALHANDO OS NÚMEROS PUBLICADOS, VERIFICAMOS O SEGUINTE: Desempenho Operacional (somente as atividades no Brasil, pois os serviços prestados na Argentina não foram considerados para não distorcer as conclusões) Volume de Transporte... 39.715 MTku (+ 11,5% de 2009) (100%) Commodities Agrícolas... 28.440 MTku (+ 13,1% de 2009) (72%) Produtos Industriais... 11.275 MTku (+ 7,4% de 2009) (28%) Do Total de Agrícolas: Soja e Farelo (45%), Milho (27%), Açúcar (16%), Fertilizantes (8%), Outros (4%) Do Total de Industriais: Combustíveis (40%), Siderúrgicos (11%), Madeira, Papel e Celulose (10%), Construção Civil (13%), Conteineres (10%) e Outros (16%).

PARA EFEITO DE DAR FOCO ÀS AVALIAÇÕES, ANALISOU-SE O DESEMPENHO FINANCEIRO DA ALL RELATIVO À UNIDADE DE NEGÓCIOS PRODUTOS AGRÍCOLAS TENDO-SE OBSERVADO OS SEGUINTES NÚMEROS(em R$ milhões): Receita Bruta 2.077,0 R$ 73,00/mil Tku (+ 1,6% a 2009) Receita Líquida 1.825,4 R$ 64,20/mil Tku Custo do Serviços 941,5 R$ 33,10/mil Tku (- 15% a 2009) Lucro Bruto 884,0 R$ 31,10/mil Tku (+ 24% a 2009) EBITDA 989,1 R$ 34,80/mil Tku (+ 7% a 2009) EBIT 772,8 R$ 27,20/mil Tku (+ 36% a 2009)

EBITDA (Resultados antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) REPRESENTA O VOLUME DE RECURSOS FINANCEIROS GERADOS PELA EMPRESA E DISPONÍVEL PARA... Financiar os Investimentos (Capex) Efetuar o pagamento dos Impostos Cumprir os encargos da Dívida Criar Reservas Remunerar os Acionistas por meio do pagamento de Dividendos

ASSIM, A ANÁLISE PARA UNIDADE DE NEGÓCIOS AGRÍCOLA TEVE O SEGUINTE CENÁRIO FINANCEIRO: Crescimento de 13% no volume transportado de produtos agrícolas; Crescimento de 1,6% na tarifa média de transporte; Redução de 15% no custo médio operacional; Crescimento de 24% no lucro bruto; Crescimento de 36% na geração de recursos, antes dos juros e impostos; Movimento de crescimento da tarifa média associada à redução do custo de prestação dos serviços ferroviários... RESULTADO: Apropriação integral pela concessionária (ALL) de todos os ganhos de produtividade e lucratividade proporcionado pelo aumento no volume transportado! Isto significa transferência de renda do produtor ao concessionário!

ANALISANDO A ESTRUTURA DOS CUSTOS OPERACIONAIS CONSOLIDADO DA ALL, OBTEM-SE O SEGUINTE PERFIL (% do custo total) Combustíveis 35% R$ 12,40/mTku (- 8% a 2009) Mão-de-Obra 15% 5,20 (- 6%) Depreciação/Amortização 23% 8,10 (- 21%) Serviço de Terceiros 8% 2,70 (- 20%) Manutenção 7% 2,40 (- 7%) Arrendamento /Concessão 2% 0,80 (- 10%) Outros 10% 3,50 (- 5%) TOTAL 100% 35,10 (- 12%)

A ANÁLISE DESTA ESTRUTURA DE CUSTOS DA ALL PERMITE AS SEGUINTES CONCLUSÕES: O custo médio total (R$ 35,10) sofreu uma redução de 12% em relação a 2009; Todos os componentes do custo experimentaram redução, seja pelo volume transportado, seja pelo aumento de eficiência advindo da carga); O ítem Combustíveis, que responde por 35% do custo total, reduziu 8%, em razão de melhoria de eficiência energética e preços nominais do óleo diesel estáveis (o que significa uma redução de preço redução em termos reais); O ítem de Depreciação/Amortização teve redução de 21%, significando que o aumento no volume de carga possibilitou elevada absorção deste custo fixo; O ítem Arrendamento/Concessão, que representa apenas 2% do total, também experimentou uma redução de 10%, gerando nova absorção de custo fixo em toda a estrutura da concessionária. CONCLUSÃO: Todos os ganhos de produtividade, eficiência e ganhos de escala proporcionados pelo maior volume de carga, foram integralmente repassados ao lucro que teve um extraordinário aumento de 591% (ou seja, cresceu 6 vezes!). Mais uma vez, observa-se que a transferência integral de recursos dos produtores agrícolas para a concessionária ferroviária é um fato real!.

OBSERVANDO A EVOLUÇÃO DA TARIFA E DO CUSTO MÉDIO DA ALL NOS ÚLTIMOS 10 ANOS, TEM-SE O SEGUINTE (em R$/milTku) ANO TARIFA CUSTO MARGEM (%) INPC 2001 36,30 20,90 64,4 100 2010 73,00 33,10 51,6 180 VARIAÇÃO 101% 58% - 80% CONCLUSÃO: Durante a década de 2000, a ALL, além de obter ganhos de eficiência e produtividade (com consequente redução real de custo médio), teve um crescimento real de Tarifa, face a inflação no período. Portanto, a transferência de recursos dos usuários para a concessionária vem se materializando ao logo de, no mínimo, uma década!

O PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO (PEEF) (BREAK EVEN POINT) MOSTRA O QUANTO A EMPRESA SE BENEFICIA DOS GRANDES VOLUMES TRANSPORTADOS. Classificando os custos e despesas em fixos e variáveis, observa-se que, para o ano de 2010, a ALL obteve uma estrutura com 46% de fixos e 54% de variáveis, sem considerar as despesas financeiras. Esta proporção é compatível com os projetos típicos dos setor. Em valores absolutos: R$ 708,2 milhões (46%) Fixos e R$ 831,8 milhões Variáveis (54%), totalizando R$ 1.540,0 milhões. Sua Margem de Contribuição foi de R$ 43,00/mil Tku (considerando R$ 73,00 de tarifa média e R$ 30,00 de custo variável médio, com impostos). Assim, o PEEF foi alcançado quando a empresa produziu 16.470 mil Tku de transporte. Ressalte-se que os somente os produtos agrícolas movimentaram 28.440 mil Tku. Ou seja, com apenas 38% da produção de 2010, a ALL cobriu todos os seus custos fixos, passando a remunerar 62% com custos marginais. Como referência, projetos ferroviários têm um PE em torno de 60% da capacidade.

E QUAL DEVERIA SER A TARIFA MÉDIA JUSTA, QUE REFLETISSE O CONCEITO DE MODICIDADE TARIFÁRIA? Aquela que proporcionasse uma remuneração dos investimentos compatível com a taxa de juros de mercado. Para sugerir um nível adequado de tarifa, adotou-se as premissas: Modelo em implantação na ANTT: Sistema de Custos Ferroviários. Cobertura dos Custos Totais: Custo Fixo (CF) + Custo Variável (CV) + Remuneração de Capital (RC) Cálculo da RC baseado no WACC (Custo Médio Ponderado de Capital) Relação Debt/Equity: 70/30 Remuneração Capital de Terceiros: 8% aa Remuneração Capital Próprio: 15% aa Remuneração Ponderada: 10% aa Remuneração do Capital: R$ 20,70/mil Tku Tarifa Média Adequada: R$ 55,80/mil Tku Isto significa que o atual nível tarifário praticado pela ALL deveria sofrer uma Redução Mínima: 25% (!)

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Em 13 anos de contrato de concessão, as concessionárias ferroviárias se apropriaram integralmente dos ganhos de eficiência, produtividade e redução de custos proporcionada pelo aumento de volume de carga. Não houve nenhum repasse aos usuários e, consequentemente, ao consumidor final, o que mostra a característica típica de um mercado monopolista. As tarifas se situam em patamares incompatíveis com níveis de lucratividade adequadas para prestação de um serviço público. Excesso de tarifa (R$ 17,2/mil Tku) equivale a apropriação de R$ 688 milhões. Para melhorar esta situação e permitir maior competitividade aos produtos nos mercados interno e externo, RECOMENDAMOS: Seja dado apoio integral, institucional e político, às proposições da ANTT quanto aos novos Marcos Regulatórios (Direito dos Usuários, Direito de Passagem e Meta por Trecho e Devolução de Trechos Não-Utilizados) Imediata Revisão das Tarifas de Referência; Implantação do novo Modelo de Concessão de Ferrovia ; Apoio à viabilização dos recursos para investimentos em passagens de nível e contornos urbanos, com repasse para a tarifa dos ganhos de eficiência e produtividade daí advindos.

OBRIGADO anut@anut.org.br