O PIBID COMO POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM UM CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA

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Transcrição:

02989 O PIBID COMO POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM UM CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA Paula Del Ponte Rocha 1 Maira Ferreira 2 1 PPGECQVS Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2 PPGECQVS/UFRGS e PPGECM Universidade Federal de Pelotas RESUMO Neste trabalho analisamos o papel do Pibid no curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal de Pelotas, considerando o Pibid como política de formação de professores. Para tal, realizamos a análise dos documentos oficiais publicados pela Capes, o Projeto Pibid-UFPel e falas de egressos do curso, buscando ver os efeitos do Programa na formação de professores de Química. Os dados foram analisados segundo pressupostos da Análise Textual Discursiva (MORAES e GALIAZZI, 2011), metodologia de análise de dados que compreende processos de unitarização, categorização e comunicação. Na fase de unitarização são desenvolvidas unidades de significado a partir do texto completo de modo a conservar seu sentido fora do texto original. Na categorização reunimos as unidades de significado semelhantes, podendo gerar vários níveis de categorias de análise que são apresentadas e discutidas em metatextos. Como resultados, apresentamos categorias relacionadas à entrada dos licenciandos na escola, à formação acadêmica dos entrevistados e à continuidade de estudos em nível de pós-graduação. Concluímos que o Pibid pode ser visto como alternativa para adequar a formação docente acadêmica às necessidades da Educação Básica, pois consegue escapar da organização curricular disciplinar dos cursos de formação, mas vimos também que o Pibid não consegue chamar os alunos para docência na Educação Básica ou para continuar seus estudos em nível de pós-graduação na área de ensino ou em educação, pois são poucos os egressos que seguiram estudos na área de ensino ou exercem a docência em escolas da Educação Básica, sendo considerado esse espaço como última opção para o exercício profissional, pelos alunos participantes da pesquisa. PALAVRAS-CHAVE: Formação de Professores. Licenciatura em Química. Pibid. INTRODUÇÃO O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) foi criado em 2007 como política para a formação de professores, sendo considerado um marco na história dos cursos de licenciatura nos últimos anos, pois visa aproximar os licenciandos da escola, de modo a prepará-los para enfrentar os problemas no ensino e na aprendizagem dos estudantes da Educação Básica. O programa concede bolsas a alunos de cursos de licenciatura em instituições de ensino superior (IES) e mantém parcerias com escolas de Educação Básica da rede pública de ensino. Esse trabalho se refere, então, a um estudo do Pibid como política de qualificação para formação de professores, buscando ver as finalidades do Programa e

02990 seus efeitos para formação de professores do curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal de Pelotas. PROPOSTA METODOLÓGICA Para realizar esse trabalho, examinamos documentos oficiais sobre o Pibid e analisamos as falas de egressos do curso, dos anos de 2009 a 2011. Procuramos ver como os egressos (os ex-bolsistas e os não participantes do projeto) percebem a inserção do Programa no curso e suas possibilidades/limitações para a formação de professores de Química. A análise dos dados da pesquisa foi orientada segundo pressupostos da Análise Textual Discursiva (MORAES e GALIAZZI, 2011), compreendendo processos de unitarização, categorização e comunicação. A fase de unitarização corresponde à organização de unidades de significado, sendo instituído um código, identificando o Pibid pela letra P e o egresso por uma letra do alfabeto (de A a H) como, por exemplo, [PA1]: a primeira unidade de significado do aluno A sobre o Pibid. A partir das unidades, passamos para o processo de categorização, sendo um ou mais níveis de categorias reunidos em categorias finais de análise. Na sequência, foram produzidos metatextos, compreendidos como a conclusão e apresentação dos resultados da pesquisa, que representam o olhar dos egressos sobre o papel do Pibid em sua formação profissional. O PIBID COMO POLÍTICA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES Nosso olhar para o Pibid como política para formação de professores é cultural, entendendo a cultura como um campo de significações que forjam identidades e nomeiam sujeitos (ROSA, 2007). Isso implica considerar as práticas realizadas no âmbito do Pibid como pertencentes a uma cultura de uma dada época, na qual se faz necessário o incentivo à permanência dos alunos em cursos de formação docente como forma de legitimar um discurso oficial em prol da valorização da educação. Para tal, há investimentos em programas de governo (e de Estado) indicando um movimento para apontar os problemas na educação e a necessidade de mudanças. Todas essas questões são datadas e fazem sentido nesse momento histórico. Para Moreira (2010), a cultura representa um processo social constitutivo de modos de vida social em meio a questões de natureza políticas e econômicas. Para Hall (1997), a cultura tem a ver com a produção e o intercâmbio de significados entre os

02991 membros de uma sociedade ou grupo, sendo que esses significados organizam e regulam as práticas sociais, influenciando nossas condutas e tendo efeitos práticos. Assim, a análise do Pibid por um viés cultural nos permite pensá-lo como produtor de significados, de identidades e com efeitos práticos na escola e no curso de licenciatura em questão. Na análise realizada, os egressos destacaram a importância do Pibid com relação à entrada dos licenciandos na escola, à formação acadêmica dos entrevistados e à continuidade de estudos em nível de pós-graduação, sendo essas as categorias de análise que discutimos nesse trabalho. Com relação à entrada na escola, os egressos valorizam a possibilidade de um primeiro contato com os alunos do ensino médio, antes dos estágios curriculares. Essa possibilidade foi destacada como um momento importante do Pibid, pois teria proporcionado uma visão diferente da escola e de reconhecimento do ambiente escolar, o Pibid é a primeira oportunidade de interação com os alunos e para percepção das dificuldades que os alunos têm no ensino médio [PA2]. Além da facilidade de acesso à escola os egressos relataram o impacto disso em sua formação acadêmica, como aponta o aluno F: O Pibid contribuiu no desenvolvimento das atividades de ensino (...), possibilitando trabalhar melhor com atividades no ensino médio [PF1]. Sobre a formação acadêmica dos entrevistados, os egressos apontaram a relevância do Pibid na formação de professores, pois, o Programa teria oportunizado a realização de ações em diferentes âmbitos das tradicionalmente desenvolvidas nas disciplinas, possibilitando um contato mais amplo e significativo com a escola, auxiliando na preparação ou desenvolvimento dos estágios curriculares. Contudo, ao mesmo tempo em que os bolsistas do Pibid percebem os impactos positivos dessa experiência em sua formação docente, para os alunos não participantes, o Pibid pode ter causado uma lacuna, conforme comentários de alguns, uma vez que muitos professores não trabalhavam determinados conteúdos do ensino de química em sala de aula em função de terem sido trabalhados no Pibid, deixando falhas na formação dos alunos não participantes [PB8]. Nas falas dos egressos os entraves na formação dos não pibidianos teriam sido causados pela falta de reflexões sobre questões referentes ao ensino de química ou pela falta de conteúdos de ensino que deviam fazer parte de disciplinas, bem como pela ausência de estudos de referenciais teóricos que deveriam ser vistos no curso de Licenciatura.

02992 Em relação à continuidade de estudos em nível de pós-graduação, pela nossa compreensão do Pibid como política de incentivo à docência e pelos relatos positivos dos egressos sobre o papel do Pibid na formação inicial, poderíamos pensar que os licenciados, ao final do curso, se voltassem para o exercício profissional na escola ou seguissem estudo em nível de Pós-Graduação na área do Ensino, mas não foi isso que observamos, parecendo que, nesse quesito, o Pibid não teve os efeitos que eram esperados. Para o egresso B, O Pibid não foi eficiente, pois os alunos não seguiram trabalhando com a educação, terminaram as bolsas do Pibid, a graduação, e foram fazer pós-graduação em Química pura [PB6], mostrando uma relação diferente do modo como a iniciação científica faz com relação à área de Química. Mas, de modo mais abrangente, vimos que essa opção não está associada apenas aos pibidianos, pois, se por um lado, evidenciamos que a maior parte dos egressos ex-pibidianos não atua como docente na Educação Básica (dos seis egressos ex-pibidianos dois tornaram-se professores da rede pública estadual de ensino e um ingressou em um curso de especialização em Educação/ Ensino), também observamos isso com relação aos que não são ex-pibidianos (dos quatro egressos não bolsistas do Pibid, um é professor da Educação Básica e seguiu seus estudos na área de ensino). Para o aluno D isso acontece porque nós só ganhamos dinheiro com o Pibid, o governo investiu em nós e acabamos, de certo modo, desperdiçando, pois a maioria não seguiu na área de ensino, então foi um desperdício mesmo. [PD4]. No entanto, essa questão é mais complexa e não pode ser analisada somente por conta do desperdício, ou não, dos recursos. Percebemos nas falas dos egressos a visão ruim que eles têm da escola pública, estadual ou municipal, e a falta de perspectiva com a carreira docente, fazendo com que esses professores recém-formados não queiram trabalhar nas escolas. Uma das licenciadas, demonstrando interesse pela profissão de professora, afirmou: independente de onde for, vou ser professora é a minha vontade. Não sei se professora de universidade, de instituto federal, ou até mesmo do Estado, se nada der certo, pois essa seria minha última opção. [PB8]. Entendemos que o desprestígio em ser professor, especialmente da rede pública estadual ou municipal, seja o principal motivo para que alguns egressos não indicarem intenção em trabalhar na Educação Básica, e observamos que, ao longo da formação inicial, também na universidade, esse desprestígio se faz presente nas práticas realizadas pelos professores, contribuindo para a formação de um autoconceito negativo sobre o ser professor/a.

02993 CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebemos que o Pibid vem sendo visto como uma alternativa para adequar a formação docente às necessidades da Educação Básica, pois consegue escapar da organização curricular disciplinar dos cursos de formação, além de aproximar a universidade e a escola, auxiliando os mesmos a conhecer as organizações curriculares das escolas e a reconhecer as suas necessidades. Porém, delegar somente ao Pibid essa aproximação e/ou formação pedagógica aos bolsistas seria um erro, pois o programa contempla apenas uma parte dos alunos e aos demais também deve ser oportunizado formação profissional para o exercício da docência, mediante um currículo que contemple as necessidades formativas dos alunos. Assim pensamos que, ao mesmo tempo em que devemos valorizar o incentivo à docência promovido pelo Pibid, devemos pensar sobre os efeitos desse tipo de programa para a formação de professores e para o exercício desses docentes na Educação Básica, já que, no caso do curso pesquisado, são poucos os egressos que atuam como professores no ensino médio ou deram continuidade aos seus estudos em programas de pós-graduação em Educação/Ensino. Parece-nos que o incentivo à docência do Programa tem prazo de validade curto, condicionado ao tempo de bolsa que o aluno recebe. E isso, como política pública, merece atenção, para que o Programa cumpra seu propósito que é a formação de professores para a Educação Básica ou para o seguimento de estudos em nível de pós-graduação, na área de Ensino, de modo a atender as demandas e, promovendo melhorias na formação dos professores, promover melhorias no Ensino de Química, no nível médio. REFERÊNCIAS PEREIRA, Júlio Emílio Diniz. Formação de professores: pesquisas, representações e poder. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. ROSA, M. I. P. Sobre cultura(s) e seu lugar nas pesquisas sobre currículo escolar In: AMORIM, A. C. R.; PESSANHA, E. (Org.). As potencialidades da centralidade da(s) cultura(s) para as investigações no campo do currículo. Campinas, São Paulo: FE/UNICAMP, 2007. HALL, S. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções de nosso tempo. Revista Educação e Realidade. v.22, n. 2, p. 15, jul/dez. Porto Alegre, 1997. MORAES, R. GALIAZZI, M. C. Análise Textual Discursiva. 2º ed. Ijuí: Ed.Unijuí, 2011. MOREIRA, A. F. B. A qualidade e o currículo na escola básica brasileira. In: PARAÍSO, M. A. (Org.), Antonio Flavio Barbosa Moreira: Pesquisador em currículo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.