X Congreso Latinoiberoamericano de Derecho Médico TESTAMENTO VITAL

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Transcrição:

X Congreso Latinoiberoamericano de Derecho Médico TESTAMENTO VITAL

TESTAMENTO VITAL: Documento escrito no qual a pessoa manifesta sua vontade previamente, de forma livre e autônoma, acerca dos cuidados, tratamentos e não tratamentos a que deseja ser submetido, caso tenha sido declarado, por dois médicos, fora possibilidades terapêuticas e esteja impossibilitado de manifestar sua vontade.

MANDATO DURADOURO (Procurador para cuidados de saúde) Nomeação de um procurador de cuidados de saúde, cujas atribuições consistem em expressar a vontade do paciente acerca dos cuidados, tratamentos e não tratamentos a que deseja ser submetido.

Diretivas Antecipadas de Vontade: Conceito clássico: junção, em um mesmo documento, do testamento vital e do mandato duradouro. Tendência no Brasil: Documento nos quais a pessoa manifesta sua vontade previamente, de forma livre e autônoma, acerca dos cuidados, tratamentos e não tratamentos a que deseja ser submetido quando estiver incapacitado de se manifestar.

REALIDADE NO BRASIL Discussão sobre testamento vital Confusão entre testamento vital e diretivas antecipadas de vontade Pouco conhecimento acerca do mandato duradouro Desconhecimento da história dos institutos de manifestação de vontade do paciente, com consequente aplicação equivocada dos institutos. Nenhuma discussão sobre o planejamento antecipado de cuidados.

A RECUSA DE TRATAMENTO NA VISÃO DO CFM Código de Ética Médica: É vedado ao médico: Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal. Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.

A RECUSA DE TRATAMENTO NA VISÃO DO CFM Resolução 1995/2012 Art. 2º Nas decisões sobre cuidados e tratamentos de pacientes que se encontram incapazes de comunicar-se, ou de expressar de maneira livre e independente suas vontades, o médico levará em consideração suas diretivas antecipadas de vontade. 1º Caso o paciente tenha designado um representante para tal fim, suas informações serão levadas em consideração pelo médico. 2º O médico deixará de levar em consideração as diretivas antecipadas de vontade do paciente ou representante que, em sua análise, estiverem em desacordo com os preceitos ditados pelo Código de Ética Médica. 3º As diretivas antecipadas do paciente prevalecerão sobre qualquer outro parecer não médico, inclusive sobre os desejos dos familiares. 4º O médico registrará, no prontuário, as diretivas antecipadas de vontade que lhes foram diretamente comunicadas pelo paciente.

A RECUSA DE TRATAMENTO NA VISÃO DO PODER JUDICIÁRIO Ação Civil Pública n.0001039-86.2013.4.01.3500 Questionamento sobre a constitucionalidade da Resolução CFM 1995/2012 Sentença(abril de 2014): A resolução não regulamenta apenas as diretivas antecipadas de vontade de pacientes terminais ou que optem pela ortotanásia. Afirma, o MM. juiz que as Diretivas Antecipadas de Vontade valem para qualquer paciente que venha a ficar impossibilitado de manifestar sua vontade. Apontou a necessidade de legislação sobre o tema Afirma que a família e Poder Público podem buscar o Poder Judiciário caso se oponham às Diretivas Antecipadas do paciente, bem como caso queiram responsabilizar os profissionais de saúde por eventual ilícito.

A RECUSA DE TRATAMENTO NA VISÃO DO PODER JUDICIÁRIO I Jornada de Direito da Saúde do CNJ (15.05.2014) Enunciado nº 37 As diretivas ou declarações antecipadas de vontade, que especificam os tratamentos médicos que o declarante deseja ou não se submeter quando incapacitado de expressar-se autonomamente, devem ser feitas preferencialmente por escrito, por instrumento particular, com duas testemunhas, ou público, sem prejuízo de outras formas inequívocas de manifestação admitidas em direito.

QUESTÕES PRÁTICAS Formalização Instrumento Particular: necessita de testemunhas? Instrumento Público: lavratura de escrituras públicas em Cartório de Notas: precisa de advogado? Validade Garantia de acesso ao conhecimento e, consequentemente, possibilidade de feitura Operacionalização

QUESTÕES CONTROVERSAS NO BRASIL Definição de nomenclatura Quem pode ser nomeado procurador para cuidados de saúde? Suspensão de nutrição e hidratação Manifestação de recusa de cuidados e tratamento para pessoas sem discernimento Papel da família Papel dos profissionais de saúde

PERSPECTIVAS NO BRASIL Utilização das Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV) de modo diferente do clássico, inclusive, equiparando com o testamento vital Aumento da lavratura de escrituras públicas Baixa probabilidade de legislação sobre o tema no curto prazo Adoção de modelos de DAV nos hospitais Criação de núcleo interdisciplinar em hospitais para orientar os pacientes a fazer suas DAV

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