As disfunções sexuais (DS) são consideradas sintomas de processos patológicos 1

Documentos relacionados
Impacto do Grau de Controlo da Asma na Utilização de Cuidados de Saúde em Portugal

Efeito na perda de peso de uma intervenção alimentar e de estilos de vida em hipertensos medicados nativos e imigrantes africanos

Isabel Cardoso, Filipa Guerra, Ana Pinto, Violeta Alarcão, Milene Fernandes, Sofia Guiomar, Paulo Nicola, Evangelista Rocha

Prevalência das disfunções sexuais masculinas e femininas

Prevalência da Asma em Portugal:

Atitudes associadas à Decisão Terapêutica no Idoso com Hipertensão: Uma Avaliação em Cuidados de Saúde Primários

DOENÇA DE GRAVES EM IDADE PEDIÁTRICA: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DOS ANTITIROIDEUS

PROJECTO HIDIA HIPERTENSÃO DIA A DIA: CONTROLO DA HTA

HAVERÁ DIFERENÇAS NO TIPO DE ALIMENTOS RICOS EM SÓDIO

Geriatria º CONGRESSO PROGRAMA PRELIMINAR junho A idade & o conhecimento aliados no futuro

Estudo transversal, efectuado por aplicação directa de um questionário. Foram

SÓNIA MARIA FERREIRA DIAS

Verónica Gómez, Milene Fernandes, Violeta Alarcão, Cristiana Areias, Diana Souto, Elisa Lopes, Paulo Nicola, Evangelista Rocha

O CLINICO GERAL E A SUA INTERFACE COM O PEDIATRA. Luis Bernardino 8 de Novembro de 2017

IMPACTO DA PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS NO PROGRAMA EDUCAÇAO AO PELA CIÊNCIA

O IMPACTO DE CONDIÇÕES CRÔNICAS NA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE (SF-36) DE IDOSOS EM ESTUDO DE BASE POPULACIONAL ISA-SP.

Neuroimagiologia Estrutural no Primeiro Episódio Psicótico

Geriatria º CONGRESSO PROGRAMA PRELIMINAR junho A idade & o conhecimento aliados no futuro

Coimbra, 22 a 24 de Setembro de 2016

PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO DESTINADO À ELABORAÇÃO DE UMA DISSERTAÇÃO ORIGINAL NO ÂMBITO DO CURSO DE MESTRADO EM EPIDEMIOLOGIA (1ª EDIÇÃO)

Avaliação do desempenho: como comparar os resultados

FACTORES ASSOCIADOS À DECISÃO TERAPÊUTICA NA HIPERTENSÃO

RESUMO OBESIDADE E ASMA: CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DE UMA ASSOCIAÇÃO FREQUENTE. INTRODUÇÃO: A asma e a obesidade são doenças crônicas com

Síndroma de apneia do sono

Geriatria º CONGRESSO PROGRAMA CIENTÍFICO junho A idade & o conhecimento aliados no futuro

Controlo e Adesão à Terapêutica Antihipertensora em Hipertensos Adultos e Idosos nos Cuidados de Saúde Primários

Idade e mutação da protrombina G20120A são fatores de risco independentes para a recorrência de trombose venosa cerebral

Violeta Alarcão, Milene Fernandes, Elisa Lopes, Carlota Lavinas, Paulo Nicola, Evangelista Rocha HIPERTENSO MEDICADO

Um(ns) autor(es) português(es) no British Medical Journal

Qualidade de Vida nos Pacientes com Orbitopatia de Graves

Estudo de prevalência da hipertensão arterial, excesso de peso e obesidade no concelho de Vizela em

CLASSIFICAÇÃO GOLD E SINTOMAS RESPIRATÓRIOS EM IDOSOS ESTUDO GERIA

Punção Aspirativa com Agulha Fina Guiada por Ultrassonografia Endoscópica PAAF-USE primeira linha suspeita de neoplasia do pâncreas

Cuidados de saúde nos doentes asmáticos

Pé Diabético Epidemiologia Qual a dimensão do problema?

PREVALÊNCIA DE SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS

- O doente tem direito a ser tratado no respeito pela dignidade humana;

HR Innovation Education Programs

Os registos de doentes como instrumentos de suporte à prática clínica, à gestão/administração e às politicas de rede. Prof. Dr. António Vaz Carneiro

Programa Provisório SALA 1 SALA 2 SALA de março de 2019

AVALIAÇÃO DOS DOENTES COM SUSPEITA CLÍNICA DE TEP COM RECURSO A ANGIO-TC Estudo retrospectivo

Adesão a um Programa de Reabilitação Cardíaca: quais os benefícios e impacto no prognóstico?

Preferências e motivações dos utentes do Centro de Saúde de São João no recurso a cuidados de saúde (2004 e comparação com 2002 e 2003)

Aplicação ao Serviço de Urgência Geral do Hospital das Caldas da Rainha. António Sousa Carolina Freitas Mª João Freitas Ricardo São João

1º CURSO SOBREVIVENTES DE DOENÇAS ONCOLÓGICAS DOENÇAS ONCOLÓGICAS SOBREVIVENTES DE FICHA DE INSCRIÇÃO PROGRAMA 6 7 NOVEMBRO 2014 IPOFG, EPE LISBOA

Clínica Médica no Brasil: Realidade e Perspectivas. Um olhar da Medicina de Família e Comunidade

AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA ANTI-RETROVÍRICA DA ADESÃO À TERAPÊUTICA GAPIC - 13.º WORKSHOP EDUCAÇÃO PELA CIÊNCIA

BIBLIOGRAFIA. Babor, T. e Higgins-Biddle, J. (2001). BRIEF INTERVENTION For Hazardous and Harmful Drinking. A Manual for Use in Primary Care. WHO.

- Como escolher um AINE na patologia músculo-esquelética

Competências dos Ortoptistas no Rastreio Visual Infantil

22 de setembro de 2015

Experiência do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Braga no Tratamento de Diabéticos Tipo 1 com Bombas Infusoras de Insulina

Câmara Municipal de Lisboa Direção Municipal de Recursos Humanos FUNÇÃO RH. Showcasing INA - Boas Práticas de Gestão das Pessoas

CENTRO ACADÉMICO DE MEDICINA DE LISBOA

INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS

Saúde Mental e Cuidados de Saúde Primários: Melhorar o tratamento e promover a saúde mental

Bolsas Centro Hospitalar Lisboa Norte/Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

Desafio Gulbenkian Não à Diabetes! Enquadramento

Idade (anos) n % n % , , , , , , ,167 Total

Coimbra, 22 a 24 de Setembro de 2016

Cuidados Paliativos no AVC em fase aguda

Título do Trabalho: Ansiedade e Depressão em Pacientes com Esclerose Múltipla em Brasília Autores: Tauil CB; Dias RM; Sousa ACJ; Valencia CEU; Campos

Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial Director: Dr. Luis Dias

5º Simposio de Ensino de Graduação ESTADO NUTRICIONAL E DIETA HABITUAL DE PACIENTES INTERNADOS EM HOSPITAL PRIVADO

Detecção precoce de cardiotoxicidade no doente oncológico deve ser efectuada sistematicamente? Andreia Magalhães Hospital de Santa Maria

Farmacologia Clínica. Infografia da Especialidade

CO-CONSTRUIR O TEMPO: AVALIAÇÃO DE UM CURSO DE FORMAÇÃO PARENTAL E PARENTALIDADE

Produção e gestão hospitalar: o caso das ciências laboratoriais

Trombose Associada ao Cancro. Epidemiologia / Dados Nacionais

Unidade Curricular Optativa

PRESENTE E FUTURO DA PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA

Hotel Dolce Camporeal, Turcifal

O papel do médico de família atribuído ao doente, no conhecimento do diagnóstico da sua diabetes mellitus

18as Jornadas NACIONAIS DE UROLOGIA

Índice. 1. Introdução Envelhecimento bem sucedido. 10. Bem-estar subjectivo Coping Estilos de vida.. 42

ESTUDO EPEPP III CONGRESSO PORTUGUÊS DE DEMOGRAFIA. ESDUDO do PERFIL de ENVELHECIMENTO da POPULAÇÃO PORTUGUESA. Metodologia

Programa Científico. 06 e 07 abril 2017 Hotel Marriott Lisboa. Tomé Lopes. António Romão Ricardo Pereira e Silva Rodrigo Garcia PRESIDENTE

O que fazer perante:nódulo da tiroideia

Rastreio Cancro do Cólon e Recto

O consumo de álcool por estudantes do ensino médio da cidade de Maringá-Pr: relações com os aspectos sociodemográficos

Internamentos Hospitalares por VIH/SIDA em Portugal 2006: Modelos de Fragilidades na Sobrevivência

NUTRIÇÃO NOS HIPERTENSOS IMIGRANTES E RISCO CARDIOVASCULAR (NHIRC)

O SENTIMENTO DE SOLIDÃO EM IDOSAS INSTITUCIONALIZADAS: A INFLUÊNCIA DA AUTONOMIA FUNCIONAL E DO MEIO ECOLÓGICO

I. PROJECTOS DE INVESTIGAÇÃO

Avaliação da Cultura de Segurança do Doente nos Cuidados de Saúde Primários

QUESTIONÁRIO DE ARTICULAÇÃO/COORDENAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE ATENÇÃO: COORDENA-BR

NÚMERO: 008/2011 DATA: 31/01/2011 Diagnóstico Sistemático da Nefropatia Diabética

A reabilitação da sexualidade no AVC. 2º Curso de Verão para Internos de MFR, CMRRC-RP/2015

Declaração de possíveis conflitos de interesses

Síndrome Metabólica e seus componentes. Prevalências e Preocupações. Viviane Cunha Cardoso, Marco Antonio Barbieri, Heloísa

De forma a determinar a prevalência das queixas de insónia nos doentes. que recorrem às consultas de clínica geral no Centro de Saúde de Figueiró dos

Impacto do e-health na prestação de cuidados de saúde. Francisco George Tatiana Plantier

O papel do enfermeiro na minimização dos factores de risco associados ao desenvolvimento de delírium no doente crítico

Redes de Apoio Social

Programa Provisório SALA 1 SALA 2 SALA de março de 2019

Transcrição:

PERCEPÇÕES E BARREIRAS DOS MÉDICOS DE FAMÍLIA NA ABORDAGEM DA DISFUNÇÃO SEXUAL Sofia Ribeiro, Violeta Alarcão 1, Filipe Miranda 1 Alberto Galvão-Teles 2 1 Instituto de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina de Lisboa (IMP FML) 2 Núcleo de Endocrinologia, Diabetes e Obesidade (NEDO) Patrocínio financeiro: Patrocínio científico: INTRODUÇÃO As disfunções sexuais (DS) são consideradas sintomas de processos patológicos 1 Há uma diferença entre a oferta de tratamentos para as DS e o seu uso 2 Os médicos enfrentam diversas barreiras no seguimento de normas clínicas 3 1

OBJECTIVOS GERAIS a) Conhecimento dos médicos de família (MF) sobre DS (normas clínicas e tratamento) b) Práticas de gestão de DS c) Barreiras encontradas na prática clínica diária d) Necessidade de formação MATERIAIS E MÉTODOS 90% resposta 74% resposta Convite ao ACES Odivelas (10 CS) Convite aos MF elegíveis (68 MF) Preenchimento dos questionários (50 MF) População de estudo: 1. MF (interno ou especialista) 2. Trabalhador em um dos CS seleccionados 3. Expressando o seu consentimento para participar no estudo Validação de dados Análise de dados P < 0.05 Teste do Qui quadrado/ Mann Whitney Regressão múltipla linear 2

VARIÁVEIS Consulta de NOCs (Q 1) Experiência em DS (Q 2) Barreiras na gestão das DS (Q3) Gestão das DS (Q 4 18) Diagnóstico de DS (Q 19 20) Auto competência no diagnóstico e tratamento de DS (Q 25, 26, 31, 32) Formação (Q 33 35) Características dos MF (Q 36 40) AMOSTRA Médicos de Família n (DP) Sexo Masculino 20 (40%) Feminino 30 (60%) Idade (anos) 51,9 (8,6) Anos desde o início da carreira como MF Tamanho aproximado da lista Número de consultas por semana (aproximado) 21,0 (8,2) 1613,4 (363,9) 99,2 (29,2) Dados da prática médica Média de consultas/semana em que as DS são mencionadas Média de tempo de consultas em que as DS são mencionadas % estimada de doentes que os MF questionam sobre DS % estimada de doentes que abordam as DS espontaneamente n (DP) 7,4 (7,9) 24,0 (8,2) 15,5 (16,7) 13,9 (13,2) 3

CONSULTA DE NORMAS CLÍNICAS Consulta de normas clínicas durante o último ano 0% Sim 0% 24% Não 76% Razões principais para não : - Falta de tempo (32%) - Não sei como acedê-las/não as considero acessíveis (24%) BARREIRAS 4

FORMAÇÃO Necessidade de formação contínua 91% Grau de adequação das diferentes fontes de formação Curso em Medicina Especialidade Formação contínua Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Não adequada (1-2) 54,3 (25) 56,5 (26) 28,6 (12) 25,6 (11) 20,5 (9) 22,7 (10) Adequada (3-8) 45,7 (21) 43,5 (20) 59,5 (25) 62,8 (27) 61,4 (27) 59,1 (26) Extremamente adequada (9-10) 0 (0) 0 (0) 11,9 (5) 11,6 (5) 18,2 (8) 18,2 (8) COMPETÊNCIA Auto-avaliação em Discussão de problemas sexuais Em homens (%, N) Em mulheres (%, N) Tratamento de problemas sexuais Em homens (%, N) Em mulheres (%, N) Muito boa 2,1 (1) 6,3 (3) 4,1 (2) 0 (0) Boa 22,9 (11) 27,1 (13) 14,3 (7) 19,1 (9) Moderada 25,0 (12) 33,3 (16) 26,5 (13) 23,4 (11) Suficiente 31,3 (15) 14,6 (7) 24,5 (12) 25,5 (12) Insuficiente 18,8 (9) 18,8 (9) 30,6 (15) 31,9 (15) Sem diferenças significativas entre os sexos. 5

COMPETÊNCIA Distribuição da auto-competência na discussão e tratamentos de DS nos homens. COMPETÊNCIA Distribuição da auto-competência na discussão e tratamentos de DS nas mulheres. 6

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO 76% dos MF não consultaram normas clínicas sobre o diagnóstico e o tratamento das DS durante o ano passado, o que é concordante com outro estudo 4. A auto avaliação de competências no diagnóstico e tratamento de DS masculinas e femininas demonstrou não haverem diferenças significativas entre os sexos e estes resultados são semelhantes a um estudo recente 5. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO A necessidade de formação contínua é concordante com um estudo de gestão da disfunção eréctil 6. Mais de 50% dos MF consideram que o curso de Medicina não foi uma fonte adequada de formação nesta área. Aespecialidadeeeformaçãocontínuasãoconsideradasmelhoresfontesde informação nesta área que o curso de Medicina. Há uma necessidade de formação pré e pós graduada nesta área. 7

BIBLIOGRAFIA 1. Haro, JM, Beardsworth, A, Casariego, J, et al. Treatment seeking behavior of Erectile Dysfunction patients in Europe: results of the Erectile Dysfunction Observational Study. J Sex Med 2006; 3: 530 40. 2. Dunn, K.M., Croft, P.R., Hackett, G.I. Sexual problems: a study of the prevalence and need for health care in the general population, Family Practice 1998; 15 (6): 519 524. 3. Cabana, M.D., Rand, C.S., Powe, N.R., et al. Why Don t Physicians Follow Clinical Practice Guidelines?: A Framework For Improvement; JAMA 1999; 282 (15):1458 1465. 4. Humphery S., Nazareth I. GP s views on their management of sexual dysfunction. Family Practice 2001; 18:5 516 518. 5. Platano G., Margraf J., Alder J., Bitzer J. Frequency and Focus of Sexual History Taking in Male Patients A Pilot Study Conducted among Swiss General Practitioners and Urologists; J Sex Med 2008;5:47 59. 6. De Berardis G, Pellegrini F, Franciosi M, Pamparana F, Morelli P, Tognoni G, and Nicolucci A on behalf of the EDEN study group. Management of erectile dysfunction in general practice. J Sex Med 2009;6:1127 1134. AGRADECIMENTOS Fundação Merck Sharp & Dohme Programa Educação pela Ciência, GAPIC / FMUL ACES Odivelas 8