UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE O MERCADO DE AÇÕES Por: Aloisio Antonio Zago Brinati Orientador Prof. Ms. Marco A. Larosa Rio de Janeiro 2004

2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE O MERCADO DE AÇÕES Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Finanças e Gestão Corporativa. Por Aloisio Antonio Zago Brinati

3 AGRADECIMENTOS A todos os professores e colaboradores que tanto contribuem para que o projeto A Vez do Mestre seja uma realidade, em especial ao professores César Luís e Pedro Paulo Pozes pelo enriquecimento e esclarecimento teórico de realidades vividas e presenciadas pelo aluno em seu ambiente de trabalho. Ao Banco do Brasil pela oportunidade de atuar de forma prática no mercado financeiro aplicando conceitos teóricos de maneira produtiva e construtiva na tomada de decisões.

4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a minha mulher Suzana e a minha filha Priscila pela compreensão dos momentos de lazer que lhes foram furtados. Às minhas irmãs que tanto apoiaram e investiram na minha educação. Ao meu irmão pelo exemplo de caráter e dedicação à família e aos meus pais pela humildade, simplicidade e formação do caráter com que me criaram e educaram.

5 RESUMO Esse trabalho tem como objetivo situar o leitor como é o mercado de ações, sem a intenção de aprofundar os assuntos abordados, pois o foco aqui presente é subsidiar aos interessados com conceitos básicos para que em outra oportunidade se possa entender determinado assunto, que esteja contido em um material aprofundado e específico, baseando-se nos conceitos teóricos e gerais aqui apresentados. De forma geral se recorre a teorias da economia e a determinados comportamentos, situações e conceitos do mercado financeiro no intuito de esclarecer e posicionar o público como flui o mercado de ações. Para tanto são abordados assuntos os mais amplos possíveis para esse entendimento. Ao término da leitura espera-se que a pessoa esteja apta ao entendimento e análise de noticiários, debates e conversas a respeito do assunto presente nesse material. Pois o objetivo maior é situar o leitor e tornálo familiarizado com os termos utilizados de maneira a colocá-lo a par de qualquer contexto mencionado em relação ao mercado de ações e até mesmo ao mercado financeiro.

6 METODOLOGIA A metodologia utilizada se destina a conceituar assuntos cotidianos do mercado de ações com conteúdos teóricos e vivenciais adquiridos no decorrer do curso ou no próprio mercado de trabalho, tornando o assunto mais atraente, amigável e compreensível para o leitor. O leitor tem aqui um material bem didático que atende às necessidades desde iniciantes até aqueles com certa experiência no mercado. Utilizou-se como referência bibliografias (enumeradas ao fim do trabalho), pesquisa de campo (coleta de dados nas salas de aula, no mercado financeiro e no ambiente de trabalho) além da experiência dos professores de pós-graduação. Torna-se necessário destacar a contribuição dada a elaboração do presente livro pelas Bolsas de Valores em especial a do Rio de Janeiro; pelo Banco do Brasil pela oportunidade de amadurecimento dos conceitos presenciados em situações reais, cotidianas e em tomada de decisões em cenários os mais variados possíveis e pelo conteúdo presente no livro mercado financeiro do professor Eduardo Fortuna.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - O Sistema Financeiro Nacional 13 CAPÍTULO II - O Mercado de Ações 30 CAPÍTULO III O Mercado de Ações e as Bolsas de Valores 44 CONCLUSÃO 64 BIBLIOGRAFIA 65 ÍNDICE 70 FOLHA DE AVALIAÇÃO 74

8 INTRODUÇÃO Nos dias atuais, com o advento da informática e da globalização o mercado de ações tornou-se extremamente dinâmico, pois com apenas um clique do mouse, ou seja, em questão de segundos, o investidor pode mudar sua posição, não somente dentro do mercado de um país, mas também de uma nação para outra totalmente distantes. Tal dinamização faz com que profissionais se especializem cada vez mais para entenderem as situações diversas de comportamento das opções colocadas nos processos diários. Outra questão a ser levada em consideração é o fato de que a abertura do capital de uma empresa a terceiros com colocação de suas ações em bolsa de valores é dispendioso. Tendo considerado estas questões, o presente trabalho tem o objetivo de conceituar situações básicas e iniciais com o objetivo de colocar a par profissionais iniciantes que estão se colocando nesse novo negócio do mercado de ações no Brasil. O capítulo I retrata o sistema financeiro que em uma conceituação bastante abrangente poderia ser a de um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. O mercado financeiro, onde se processam essas transações, permite que um agente econômico qualquer (um indivíduo ou empresa) sem perspectivas de aplicação, em algum empreendimento próprio, da poupança que é capaz de gerar, seja colocado em contato com outro, cujas perspectivas de investimento superam as respectivas disponibilidades de poupança. O mercado financeiro pode ser considerado como elemento dinâmico no processo de crescimento econômico, um vez que permite a elevação das taxas de poupança e investimento. Dentro dessa linha de abordagem, no que tocas às instituições financeiras, a Lei da Reforma Bancária (4.595/64), em seu art. 17, caracteriza-

9 as com mais exatidão: consideram-se instituições financeiras, para os efeitos em vigor, as pessoas jurídicas públicas e privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. E complementa, em seu parágrafo único: Para os efeitos desta Lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual. Após essas breves considerações, parece interessante caracterizar essas instituições em dois grandes grupos: os intermediários financeiros e as chamadas instituições auxiliares. As primeiras distinguem-se das últimas, basicamente, no seguinte: emitem seus próprios passivos, ou seja, captam poupança diretamente do público por sua própria iniciativa e responsabilidade e, posteriormente, aplicam esses recursos junto às empresas, por meio de empréstimos e financiamentos. Incluem-se neste segmento os bancos comercial, de investimento, de desenvolvimento, a caixa econômica, as sociedades de crédito, financiamento e investimento e os bancos múltiplos, entre outras. Ao contrário destas, as instituições ditas auxiliares propõem-se a colocar em contato poupadores com investidores, facilitando o acesso destes àqueles. Nestes casos, figuram, por exemplo, as bolsas de valores, cuja finalidade, em última instância, consiste em propiciar liquidez aos títulos emitidos pelas empresas (ações), através de institucionalização do mercado secundário para esses ativos. Este processo garante as condições fundamentais para aceitação dos lançamentos primários (subscrição) das empresas. Na mesma situação encontram-se as sociedades corretoras e distribuidoras, constituindo-se no elemento de ligação entre poupadores e investidores, atuando na colocação de

10 papéis das empresas junto ao público. Outra caracterização de instituição financeira pode ser dada pela ótica da capacidade que ela tem de criar ou não moeda escritural. Na forma afirmativa, ou seja, criando a moeda escritural, estão inseridas aquelas instituições que, em conjunto, compõem o chamado sistema monetário, uma derivação do sistema financeiro que tem como principal fonte de recursos os depósitos à vista (movimentáveis por cheques), que é representado pelo Banco do Brasil, pelos bancos comerciais (oficiais e privados) e pelos bancos múltiplos com carteira comercial. A capacidade de criar moeda origina-se do fato de trabalharem em um sistema de reservas fracionárias, mantendo em caixa apenas uma parte dos depósitos que recebem do público. Os capítulos II e III retratam o mercado de ações e as bolsas de valores. O mercado de ações pode ser dividido em duas etapas: o mercado primário, quando as ações de uma empresa são emitidas diretamente ou através de uma oferta pública e o mercado secundário, no qual as ações já emitidas são comercializadas através das bolsas de valores. As bolsas de valores não são instituições financeiras, mas associações civis sem fins lucrativos, constituídas pelas corretoras de valores para fornecer a infra-estrutura do mercado de ações. Embora autônomas, operam sob supervisão da CVM, de quem são órgãos auxiliares, fiscalizando os respectivos membros e as operações nelas realizadas. A bolsa de valores, em síntese, é o local especialmente criado e mantido para negociação de valores mobiliários em mercado livre e aberto, organizado pelas corretoras e autoridades. Por valores mobiliários entendemse títulos tais como debêntures, ações e outros. Hoje, no Brasil, negociam-se em bolsa basicamente ações.

11 As resoluções 2.690, de 28/01/00, e 2.709, de 30/03/00, ambas do BC, disciplinaram a nova constituição, a organização e o funcionamento das bolsas de valores, aumentando e revolucionando sua flexibilidade. Por estas novas regras as bolsas podem deixar de ser entidades sem fins lucrativos e se transformarem em sociedade anônima, caso queiram, Não somente as corretoras poderão ser sócias, mas, também, qualquer pessoa física e/ou jurídica. As ações são títulos representativos do capital social de uma companhia que, no caso, é dita aberta por ter seus títulos negociados em bolsa de valores e, portanto, sujeita a uma série de exigências quanto ao fornecimento de informações junto ao público, Estas empresas têm que se sujeitar a todas as regras de divulgação de informações a seus acionistas. As ações podem ser ordinárias, com direito a voto, ou preferenciais, com direito de preferência sobre os dividendos a serem distribuídos, sendo que, após o Plano Collor, todas as ações devem ser emitidas na forma nominativa ou escritural. O preço de uma ação em bolsa é fruto das condições de mercado (oferta e demanda) que reflitam as condições estruturais e comportamentais da economia do País e específicas da empresa e de seu setor econômico. Normalmente, as ações traduzem as expectativas dos agentes econômicos em relação às perspectivas do País e, por conseqüência, aos destinos das empresas abertas. Há três tipos básicos de investidores: as pessoas físicas; as pessoas jurídicas; e, os investidores institucionais: a) As pessoas físicas são investidores que aplicam seus recursos com intenção de manter posição em uma determinada empresa, ou meramente por

12 especulação objetivando retorno lucrativo no menor espaço de tempo possível. b) As pessoas jurídicas têm comportamento semelhante às pessoas físicas em seus investimentos, porém diferenciando destas no tocante a estratégias em relação a suas posições acionárias em uma determinada empresa controlada ou não de acordo com os interesses financeiros e mercadológicos. c) Os investidores institucionais estão sempre presentes no mercado, pois suas aplicações são compulsórias, de acordo com as normas de composição e diversificação de suas carteiras, baixadas pelo Conselho Monetário Nacional, com o duplo objetivo de reduzir o risco de seus investimentos e de direcionar recursos para aplicações consideradas prioritárias pelo Governo. A atuação dos investidores institucionais é fundamental para o mercado, pois, pelo seu peso, no contexto, eles garantem, o nível de estabilidade do mercado. Da mesma forma, o especulador, que investe apenas com o objetivo de ganho imediato, garante o nível de liquidez do mercado.

13 CAPÍTULO I O Sistema Financeiro Nacional Processo de formação de poupança-investimento

14 Em uma economia, ao analisar os fatores que compõem o processo de formação da renda conclui-se que todo esse sistema se origina pelas necessidades que o homem tem de sobrevivência e bem-estar da sociedade. Como definição econômica renda é a remuneração dos fatores de produção. Os três principais fatores de produção são terra, capital e trabalho. As remunerações desses fatores são respectivamente aluguel, juros e salário. Com o somatório das remunerações (renda igual ao somatório de aluguel, juros e salários), pode-se definir que a renda é igual ao produto. O total da renda tem que ser igual ao total do produto. O pagamento pela aquisição de bens ou utilização de serviços, essenciais às nossas necessidades de sobrevivência, denomina-se de consumo. Como exemplo de bem de consumo têm-se os alimentos e de serviços tem-se os transportes. Em uma economia equilibrada, parte-se do princípio que a renda recebida não é totalmente utilizada para o setor consumo, sendo assim, a renda após as despesas de consumo gera um excedente de recursos, o qual chama-se de poupança. Ex.: renda = 100 (-) consumo = 80 (=) poupança = 20 Pela operação acima pode-se afirmar que o nível de poupança está ligado diretamente ao nível de renda e de consumo. Para que ocorra um aumento no nível de poupança, é necessário que haja ou uma redução do nível de consumo, ou um aumento no nível de renda. O nível de poupança de um país é fundamental, pois implica diretamente no nível de investimento dos agentes econômicos (famílias, empresas e o governo). Neste caso, pode-se definir investimento como sendo a utilização dos recursos da poupança em atividades produtivas que poderão no futuro, aumentar a renda. Dentro dessa análise, não se pode deixar de

15 indicar as taxas de juros praticadas na economia como um dos principais fatores na formação da renda e na geração dos recursos da poupança e investimento. A variação das taxas de juros é fator determinante do nível de consumo. Quando as taxas estão elevadas, existe uma tendência de redução do consumo e automática elevação da poupança, proporcionando assim maiores recursos para o investimento. Os fluxos a seguir sintetizam o que foi mencionado anteriormente. Vende serviços Setor familiar Recebe renda Vende bens e serviços Recebe renda Setor empresarial Ex.: Recebimento de $1.000 Setor familiar Dispêndio de $ 600 Setor empresarial Setor familiar Poupança de $400 Poupança de $400 Renda de $ 1.000 Consumo de $ 600 Setor empresarial Analisando-se o esquema anterior, verifica-se que a renda fornecida pelo sistema de produção é heterogenia, ou seja, tem-se agentes econômicos superavitários (que têm excedente de renda, porque a renda é maior do que o consumo e, assim, dispõem de poupança) e agentes econômicos deficitários (que não dispõem de excedentes de renda porque o consumo é igual ou maior do que a renda) que necessitam de crédito para complementar suas necessidades de consumo. As unidades econômicas superavitárias desejarão aplicar suas poupanças para maximizar seus ganhos e uma das alternativas de realizá-lo é recorrer ao mercado financeiro, investindo suas economias em títulos para receber um ganho ao final de um determinado período. Esta oferta de fundos

16 por parte do superavitário irá financiar o deficitário, que recorrerá ao mercado financeiro solicitando crédito para complementar sua renda, e atender sua necessidade de consumo. Famílias Empresas Governo Superavitário Mercado Financeiro Deficitários Famílias Empresas Governo Assim pode-se afirmar que o mercado financeiro transfere as poupanças das unidades econômicas superavitárias para as unidades econômicas deficitárias. Essa transferência dará origem ao que o mercado financeiro denomina de spread, que é a diferença entre a taxa de captação dos recursos e a taxa de empréstimos desses recursos. Como exemplo podese citar que se a taxa de captação for de dez por cento e a taxa de empréstimo for de quinze por cento, o spread será a diferença; ou seja; cinco por cento. O spread é a remuneração do intermediário financeiro como receita do serviço prestado. Para concluir, pode-se afirmar que o mercado financeiro é o conjunto de todas as instituições financeiras que captam poupança e concedem crédito. O mercado financeiro se subdivide em quatro segmentos: crédito, capitais, cambial e monetário, cada qual com características próprias, como descrito a seguir. Antes de se classificar os quatro mercados citados, deve-se ter um critério para que se possa diferenciá-los. Assim, será introduzido como variáveis o prazo da operação, o tipo da operação e o intermediário financeiro que caracterizam cada um deles. 1.1- Mercado de crédito É o mercado que opera a curto prazo. Os recursos captados se destinam ao financiamento de consumo para pessoas físicas e capital de giro para empresas, por meio de intermediários financeiros bancários. O prazo é

17 curto (até um ano); o tipo de operação é de consumo e capital de giro e financia crédito direto ao consumidor; as instituições financeiras são bancos comerciais e sociedades de crédito, financiamento e investimentos (financeiras). 1.2 - Mercado de capitais É o conjunto de operações de prazo médio, longo ou indeterminado. Os recursos destinam-se em geral, ao financiamento de capital fixo para as empresas, tendo como intermediário financeiro as instituições financeiras não bancárias. A médio e a longo prazo, financia capital de giro às empresas e habitação para pessoa física. Os prazos são médio (um a três anos), longo (acima de três anos) e indeterminado (permanente); os tipos de operações são financiamento de capital fixo (prazo longo), capitalização da empresa via mercado de ações (prazo indeterminado) e financiamento a habitação (prazo longo); as instituições financeiras são para capital fixo: bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento/bndes; para o mercado de ações: bancos de investimentos, sociedades corretoras, sociedades distribuidoras e bolsas de valores; para a habitação: caixa econômica, sociedade de crédito imobiliário, associação de poupança e empréstimo e cooperativas habitacionais. 1.3 - Mercado de câmbio É onde são realizadas operações que envolvem a necessidade de conversão de moedas estrangeiras em moedas nacionais e vice-versa. Crédito à exportação e financiamento à importação. O prazo é curto; o tipo de operação é compra e/ou venda de moeda, crédito para a exportação e financiamento à importação; as instituições financeiras são: bancos comerciais, sociedades corretoras e bancos de investimentos.

18 1.4 - Mercado monetário É por meio do mercado monetário que o governo federal controla os meios de pagamento (depósito à vista nos bancos comerciais, mais o volume de papel moeda em poder do público), lançando mão de medidas monetárias, tais como: recolhimento de depósitos compulsórios dos bancos comerciais, redesconto bancário e operações de open-market, que consistem em retirar moeda de circulação quando há excesso de liquidez (muito dinheiro em circulação) ou recolocar moeda em circulação, quando houver o estreitamento de liquidez (pouco dinheiro em circulação). Para que estes quatro mercados pudessem atuar eficientemente, era necessário a criação de um sistema financeiro adequado e isso só foi possível a partir de 1964, quando se reformulou através da Lei da Reforma Bancária (lei 4.595) todo o sistema financeiro nacional, que antes dessa data funcionava totalmente em torno do banco comercial. A única opção que o investidor possuía para aplicar suas poupanças era depositar suas economias no banco comercial, isto porque ele recebia juros pelos depósitos à vista realizados em sua conta corrente. Os juros pagos eram de 12% a.a., o que tornou-se conhecido como a Lei da Usura, ou seja, o banco concedia crédito e só remunerava ao depositante 12% a.a.. A inflação encontrava-se na casa de 90% a.a. e a correção monetária não existia, logo, os recursos depositados desvalorizavamse por essa diferença. Uma das formas que o investidor encontrava para proteger-se da inflação era comprar bens de consumo duráveis (imobilização econômica), que o resguardasse da desvalorização da moeda. Assim, as pessoas físicas e jurídicas compravam casa, terrenos, apartamentos, jóias, etc., ou emprestavam dinheiro a uma taxa de remuneração superior à taxa que recebiam dos bancos, ou seja formava-se um

19 mercado de agiotagem (mercado paralelo). As poupanças fugiam dos bancos comerciais e o crédito para as empresas ficava cada vez mais difícil. A primeira providência do governo, a partir de 1964, foi criar um sistema financeiro, com as instituições financeiras adequadas que operassem com títulos, onde as pessoas pudessem aplicar suas poupanças e conseqüentemente financiar as empresas (setor produtivo). Para que isso fosse feito era necessário criar uma legislação específica para o desenvolvimento do mercado, e reformular todo o sistema financeiro existente até aquela data. 1.5 O Sistema Financeiro Nacional A Partir de 1964, o sistema financeiro sofreu várias mudanças e adaptações que se faziam necessárias, face à nova política econômica adotada pelos governos que se sucederam. A seguir, têm-se as leis e suas datas, em ordem cronológica, para que se possa ter um noção da evolução do sistema, através dos anos. (*) Reforma do sistema financeiro nacional lei 4.595 dezembro de 1964 Principais objetivos: organização e criação dos regulamentos sobre o mercado de capitais; constituição do sistema de distribuição de títulos e valores mobiliários; regulamentação das bolsas de valores e sociedades corretoras; estabelecimento de regras para o acesso ao mercado de capitais, por empresas de capital estrangeiro. (*) Lei da CVM dezembro de 1976

20 Principais objetivos: criação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para regulação e legislação do mercado de ações; registro e fiscalização das companhias abertas; emissão e distribuição de títulos e valores mobiliários (ações e debêntures). (*) Lei das S.A. s 6.404 dezembro de 1976 Principais objetivos: estabelecer regras para as sociedades anônimas, no que diz respeito às suas características, constituição, composição acionária etc. Esta lei é a mais importante do mercado de capitais, uma vez que regulamentou as S.A. s e definiu a participação dos acionistas na constituição do capital das empresas, seus direitos e obrigações. (*) Lei 9457/97 promoveu algumas alterações na lei das sociedades anônimas, como por exemplo, a obrigatoriedade de atribuir às ações preferenciais o direito a receber dividendos superiores em, no mínimo 10% sobre as ações ordinárias. (*) Resolução 2.690 do Banco Centra do Brasil janeiro de 2.000 Principais objetivos: disciplina a constituição, organização e o funcionamento das bolsas de valores no país. (*) Investimentos estrangeiros resoluções do BACEN 1.289/1.832/1.927 março de 1.987, maio de 1.991 e maio de 1.992 respectivamente. Principais objetivos: captar poupança externa e reunir recursos para investimentos nas empresas brasileiras, proporcionando assim uma abertura ao capital externo da economia brasileira. 1.6 Organograma do Sistema Financeiro Nacional

21 Abaixo tem-se uma visão atual do Sistema Financeiro Nacional, por meio de um organograma, onde tem-se o Conselho Monetário Nacional como órgão centralizador e coordenador da política monetária do país. Conselho Monetário Nacional Comissões Consultivas Autoridade monetária Autoridades especiais BACEN Banco do Brasil CVM BNDES CEF Instituições Financeiras Bancárias ou monetárias Não bancárias Não monetárias Instituições Auxiliares O Conselho Monetário Nacional é centrado nas autoridades monetárias e nas autoridades especiais tendo ainda comissões consultivas. O Banco Central atua como a autoridade monetária tendo abaixo de si as instituições financeiras bancárias ou comerciais, não bancárias ou não monetárias e as instituições auxiliares. Como autoridades especiais e em um mesmo nível temse a atuação do Banco do Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e da Caixa Econômica Federal. 1.6.1 Conselho Monetário Nacional

22 Tem a finalidade de formular a política de moeda e do crédito, objetivando o progresso econômico e social do país. A política do Conselho Monetário Nacional visa: a) Adaptar o volume dos meios de pagamentos às reais necessidades da economia e seu processo de desenvolvimento; b) Regular o valor interno da moeda, para tanto prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa, as depressões econômicas e outros desequilíbrios oriundos de fenômenos conjunturais; c) Regular o valor externo da moeda, e o equilíbrio do balanço de pagamentos; d) Propiciar o aperfeiçoamento das instituições financeiras e dos instrumentos financeiros com vistas à maior eficiência do sistema de pagamentos e de mobilização de recursos; e) Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária fiscal e da dívida pública; f) Autorizar e aprovar os orçamentos monetários preparados pelo Banco Central do Brasil. 1.6.2 Banco Central do Brasil O Banco Central do Brasil é a entidade criada para atuar como órgão executivo central do sistema financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional. Está sediado em Brasília, possuindo representações regionais em Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. É de

23 sua privativa competência emitir papel-moeda metálica nas condições e limites autorizados pelo Conselho Monetário Nacional; executar os serviços do meio circulante; receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e os depósitos voluntários das instituições financeiras e bancárias que operam no País; realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras dentro de um enfoque de política econômica do Governo ou como socorro a problemas de liquidez; regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; efetuar, como instrumento de política monetária, operações de compra e venda de títulos públicos federais; emitir títulos de responsabilidade própria, de acordo com as condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional; exercer o controle de crédito sob todas as suas formas; exercer a fiscalização das instituições financeiras, punindo-as quando necessário; autorizar o funcionamento, estabelecendo a dinâmica operacional, de todas as instituições financeiras; estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras privadas; vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais; Controlar o fluxo de capitais estrangeiros garantindo o correto funcionamento do mercado cambial, operando, inclusive, via ouro, moeda ou operações de crédito no exterior. Dessa forma, o Banco Central pode ser considerado como banco dos bancos, pois acata depósitos compulsórios e realiza redescontos de liquidez; gestor do Sistema Financeiro Nacional por meio de normas, autorizações fiscalização e intervenção; executor da política monetária através do controle dos meios de pagamento (liquidez no mercado), orçamento monetário, instrumentos de política monetária; banco emissor, pois emite e saneia o meio circulante e banqueiro do Governo através de financiamento ao Tesouro Nacional via emissão de títulos públicos, administração da dívida pública interna e externa, gestor e fiel depositário das reservas internacionais do País, representante junto às instituições financeiras internacionais do Sistema Financeiro Nacional.

24 Em resumo, é por meio do Banco Central que o Estado intervém diretamente no sistema financeiro e, indiretamente, na economia. 1.6.3 Banco do Brasil Esta instituição teve uma função típica de autoridade monetária até janeiro de 1986, quando, por decisão do Conselho Monetário Nacional, foi suprimida a conta movimento, que colocava o Banco do Brasil na posição privilegiada de banco co-responsável pela emissão de moeda, via ajustamento das contas das autoridades monetárias e do Tesouro Nacional. Hoje, o Banco do Brasil é um conglomerado financeiro que vem aos poucos se ajustando à estrutura de um banco múltiplo tradicional embora ainda opere, em muitos casos, como agente financeiro do Governo federal. É o principal executor da política oficial de crédito rural. Conserva, ainda, algumas funções que não são próprias de um banco comercial comum, mas típicas de parceiro principal do governo federal na prestação de serviços bancários tais como administrar a Câmara de Compensação de cheques e outros papéis; efetuar os pagamentos e suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral da União; a aquisição e o financiamento dos estoques de produção exportável; agenciamento dos pagamentos e recebimentos fora do País; a operação dos fundos de investimento setorial como pesca e reflorestamento; a captação de depósitos de poupança direcionados ao crédito rural e a operação do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO); a execução da política de preços mínimos dos produtos agropastoris; a execução do serviço da dívida pública consolidada; a realização, por conta própria, de operações de compra e venda de moeda estrangeira e, por conta do Banco Central, nas condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional; o recebimento, a crédito do Tesouro Nacional, das importâncias provenientes da arrecadação de tributos ou rendas federais; como principal executor dos serviços bancários de interesse do Governo Federal, inclusive suas autarquias, receber em depósito, com exclusividade, as disponibilidades de quaisquer entidades federais, compreendendo as repartições de todos os ministérios civis e militares, instituições de previdência e outras autarquias, comissões, departamentos,

25 entidades em regime especial de administração e quaisquer pessoas físicas ou jurídicas responsáveis por adiantamentos. 1.6.4 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Entidade autárquica, vinculada ao Ministério da Fazenda, administrada por um presidente e quatro diretores nomeados pelo presidente da república e que funciona como órgão de deliberação colegiada de acordo com regimento aprovado pelo Ministério da Fazenda. Compete à CVM: a) Regular, com observância da política definida pelo CMN, as matérias expressamente previstas na lei das sociedades por ações; b) Administrar registros instituídos pela lei que a criou: registro de empresas para negociação de suas ações no mercado, registro de auditores independentes, consultores e analistas de valores nobiliários etc; c) Fiscalizar a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado; a negociação e intermediação de valores mobiliários; a negociação e funcionamento das bolsas de valores; a administração e custódia de títulos e valores mobiliários; a auditoria das companhias abertas; os serviços de consultor e analista de valores mobiliários, a veiculação de informações relativas ao mercado, às pessoas que dele participem e aos valores nele negociados; d) Propor ao CMN limites máximos de preços, emolumentos e qualquer outro rendimento cobrado pelos intermediários financeiros; e) Fiscalizar as companhias abertas com o objetivo de manter credibilidade e confiabilidade ao mercado de ações por meio da fidedignidade das informações prestadas por estas empresas ao mercado. A CVM, no uso de suas atribuições, tem poderes para: