IDENTIFICAÇÃO DE SOROTIPOS DE SALMONELLA POR RIBOTIPAGEM

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Transcrição:

IDENTIFICAÇÃO DE SOROTIPOS DE SALMONELLA POR RIBOTIPAGEM Diéssy Kipper 1 Fernanda Kieling Moreira Lehmann 2 Nilo Ikuta 3 Vagner Ricardo Lunge 4 Resumo O potencial de discriminação dos sorotipos de Salmonella por análise da sequência dos genes 5S, 23S, aspu, dkgb e das regiões intergênicas, foi investigado através da ribotipagem. As 12 cepas de 5 sorotipos diferentes de Salmonella foram sequenciadas a partir do DNA amplificado por reação em cadeia da polimerase e comparadas com sequências de referência depositados no GenBank. A avaliação de similaridade demonstrou que, independentemente da ISR, isolados de mesmo sorotipo apresentam maior identidade genética. Na comparação entre as ISRs, a ISR 2 é a região com maior variabilidade e consequentemente melhor potencial para a discriminação dos sorotipos. O método de ribotipagem para a análise da região intergênica mostrou-se eficiente na discriminação de sorotipos de Salmonella. Palavras chave: Sequenciamento; Região Intergênica; Aves INTRODUÇÃO Salmonella é uma das principais bactérias isoladas de aves (Moreira, 2002). Estas bactérias podem causar doenças nas próprias aves ou mesmo serem transmitidas ao homem pelo consumo de produtos contaminados. O gênero Salmonella é dividido em espécies, subespécies e milhares de sorotipos (Júnior e Neto, 2009). As salmonelas que infectam aves são geralmente da espécie Salmonella enterica subspécie enterica e de um número menor de sorotipos (aproximadamente 100). Alguns destes sorotipos causam doenças apenas em aves (como por exemplo Gallinarum e suas biovares Gallinarum e Pullorum), enquanto outros infectam uma gama maior hospedeiros (como Typhimurium, Enteritidis, Heidelberg, etc.). Os diagnósticos disponíveis para a detecção da bactéria Salmonella muitas vezes se limitam à determinação da presença ou ausência de Salmonella spp pelo isolamento bacteriano e caracterização bioquímica. A identificação de cada sorotipo, essencial para a caracterização do isolado, envolve uma série de antisoros e pode ser demorada. A falta de métodos capazes de identificar os sorotipos de Salmonella de maneira eficaz e rápida pode impedir o tratamento adequado e o controle da mesma (Guard et al., 2012). Metodologias moleculares têm sido utilizadas na identificação de Salmonella. A ribotipagem de regiões espaçadoras intergênicas (ISRs intergenic space regions), principalmente nos operons dos genes de RNAs ribossomais (rrna) e de transferência (trna), é um método rápido e tem sido utilizado para identificação de bactérias em nível de espécie. Procedimento proposto mais recentemente e que analisa duas regiões intergênicas (genes de rrnas 23S e 5S e do trna aspu) demonstrou a possibilidade de identificação de 1 Aluno do curso de graduação Medicina Veterinária Bolsista PIBIC/CNPq 2 Laboratório de Diagnóstico Molecular fernandakieling@gmail.com 3 Professor do PPGBioSaúde e Medicina Veterinária ikuta.ulbra@gmail.com 4 Professor do PPGBioSaúde e Medicina Veterinária vagner.lunge@gmail.com

cepas de Salmonella (Guard et al., 2012). Estes genes estão organizados no operon rrnh (Figura 1) e dividem o mesmo sistema regulatório (Darini et al., 1998). As ISRs 1, 2 e 3 do operon rrnh apresentam variabilidade de tamanho e sequência e são capazes de fornecer informações sobre variações genotípicas sutis e até identificação de sorotipo. Além disso, este método é mais rápido que a sorotipagem tradicional e tem mostrado alto poder de distinção, reprodutibilidade e repetibilidade (Pulido-Landinez et al., 2013; Morales et al., 2006). Figura 1: ISR s 1, 2 e 3 localizadas no operon rrnh. A ISR1 é definida por 184bp e está localizada no final do gene ribossomal 23S e o início do gene 5S. A ISR 2 é de 229bp e está localizada no final do gene ribossomal 5S e no início do gene aspu. A ISR 3 é de 167bp e está localizada no final do gene aspu e início do gene dkgb. Fonte Autores A proposta do estudo foi avaliar a ribotipagem da região do operon rrnh para identificação de sorotipos de Salmonella isolados de aves do Brasil. METODOLOGIA Foram analisados 12 isolados de Salmonella (culturas bacterianas) obtidos de propé, fezes, swab de cloaca e cama, vísceras, caldo de fígado e cultura sólida, das aves. Tais amostras eram provenientes de laboratórios de bacteriologia e haviam sido previamente sorotipadas como Enteritidis (3 isolados), Typhimurium (3 isolados), Gallinarum (2 isolados), Pullorum (2 isolados) e sorogrupo D (2 isolados). A extração de DNA foi realizada pelo método de fervura conforme descrito por Soumet et al. (1994), com adaptações, onde uma pequena porção de colônia foi retirada do meio sólido e adicionada a 100 µl de água tratada, em seguida a solução foi colocada no termobloco por 5 minutos a 100 C. Por conseguinte, passou por um choque térmico e foi depositada na centrifuga por 3 minutos a 10000 rpm. Por fim, o sobrenadante foi utilizado para o ensaio de amplificação. A confirmação do gênero Salmonella foi realizada pela amplificação do gene inva através da PCR em tempo real (StepOne Plus - Applied Biosystems), utilizando as seguintes condições: um ciclo de desnaturação inicial de 3 minutos a 95 C, seguido de 40 ciclos de 15s a 95 C e 60s a 60 C. A avaliação foi realizada diretamente no equipamento pela análise da presença de curvas de amplificação e determinação dos respectivos valores de Ct (cycle treshold). Amostras confirmadas foram submetidas à amplificação por nested-pcr convencional (Veriti 96 Well Thermal Cycler - Applied Biosystems) utilizando os primers descritos na Tabela 1. O programa de PCR incluiu as seguintes condições um ciclo de desnaturação inicial de 10 segundos a 94 C, 30 ciclos de desnaturação por 20 segundos a 94 C, anelamento por 40 segundos a 50 C, extensão por 40 segundos a 72 C e 1 ciclo de extensão final a 72 C por 5min (1ª amplificação); um ciclo de desnaturação inicial de 10 segundos a 94 C, 20 ciclos de desnaturação por 20 segundos a 94 C, anelamento por 40

segundos a 55 C, extensão por 40 segundos a 72 C e 1 ciclo de extensão final a 72 C por 5min (2ª amplificação nested). Tabela 1: Primers utilizados para ISR-PCR. Primer Orientação Sequência do primer (5 3 ) Tamanho amplicon (bp) ITR 1-2 1 a F Forward GATAGGCCGGGTGTGTAAGC ITR 3 1 a R Reverse CTGTCCAACAGCCGCTTCATTATC 957pb ITR 1-2 NF Forward CGATGCGTTGAGCTAACCGG ITR 3 NR Reverse CAGAAGCGATAACCACGTCGTC 856pb Os produtos de PCR foram submetidos à detecção por eletroforese em gel de poliacrilamida corada com nitrato de prata. As amostras positivas foram purificadas através do método de sílica utilizando o Kit NewGene Preamp (Simbios Biotecnologia Cachoeirinha Brasil), quantificadas por eletroforese em gel de agarose. Depois de purificadas e quantificadas, as amostras foram sequenciadas pelo método de Sanger e comparadas com sequências de referência de sorotipos de Salmonella depositadas no banco de dados do GenBank (Morales et al., 2006). As sequências de nucleotídeos foram analisadas, editadas e alinhadas através do software GENEIOUS v8.1.6 (Biomasters, www.geneious.com). As sequências foram aparadas para incluir somente a ISR 1 entre os genes 23S e 5S, a ISR 2 entre os genes 5S e o aspu e a região ISR 3 entre os genes aspu e dkgb. Posteriormente, foi realizada a análise de similaridade entre as sequências obtidas no presente estudo e as de referência. RESULTADOS E DISCUSSÃO As 12 amostras amplificaram para o gene inva pela PCR em tempo real e para o operon rrnh pelo nested-pcr convencional. Na avaliação pela eletroforese em gel de poliacrilamida foram observadas variações de tamanho dos amplicons. A análise das sequências completas demonstrou a ocorrência de deleções/inserções e permitiu avaliar o tamanho de cada ISR (Tabela 2). Além disso, a análise dos polimorfismos de nucleotídeos possibilitou avaliar a similaridade entre os sorotipos analisados neste estudo com amostras de referência (Figura 2). Na ISR 1, quatro das 12 amostras analisadas apresentaram um fragmento de 185 bp, seis amostras com 184bp e duas amostras com 191bp, o que confere com dados de Morales et al. 2006, onde tal ISR apresentou 178/179bp nos diversos sorotipos investigados. Já na ISR 2, oito das 12 amostras sequenciadas continham 191bp, duas amostras com 45bp e outras duas com 53bp. As cepas avaliadas por Morales et al., 2006 também apresentaram tal variação (53 a 190bp). E, por fim, na ISR 3 nove amostras apresentarem 164bp, uma amostra 163bp e 2 amostras 64pb. Tais dados são preliminares, uma vez que tal ISR não vem sendo utilizada como uma região discriminatória para os sorotipos de Salmonella. Analisando os fragmentos de cada ISR e seus respectivos sorotipos, verificou-se uma diferença em cepas de Enteritidis e Typhimurium, onde ocorreu uma deleção de 70bp localizada na ISR 3. Os demais sorotipos não apresentaram uma variação significativa no número de nucleotídeos (Tabela 2). A avaliação de similaridade demonstrou que, independentemente da ISR, isolados de mesmo sorotipo apresentam maior identidade genética. Na comparação entre as ISRs, a ISR 2 é a região com maior variabilidade e consequentemente melhor potencial para a discriminação dos sorotipos, corroborando o estudo de Morales et al. 2006 (Figura 2b).

Tabela 2: Amostras utilizadas para a análise da ISR. Amostra Sorotipo Procedência Tipo de exploração inva ISR1 ISR2 ISR3 1 Enteritidis NI NI + 185 191 164 2 Enteritidis RS Codornas + 185 191 164 3 Enteritidis GO Galinha - Matrizes + 185 191 94 Pesada 4 Pullorum SC Frango de Corte + 184 54 164 5 Pullorum RS Frango de Corte + 184 54 164 6 Typhimurium SP Genética + 185 191 94 7 Typhimurium RS Frango de Corte + 184 191 164 8 Typhimurium RS Galinha - Recria Caipira + 184 191 164 9 Gallinarum RS Galinha - Matrizes + 184 191 164 Pesada 10 Gallinarum RS Matriz Frango de Corte + 184 191 163 11 Salm. Grupo D 12 Salm. Grupo D *NI não informado. (bp) BA Frango de Corte + 191 53 164 DF Galinha - Matrizes Pesada + 191 53 164 Figura 2: Percentual de similaridade entre os sorotipos das regiões espaçadoras intergênicas de Salmonella. (a) ISR 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 1 S. Gallinarum AM933173 40 61 51 51 51 50 51 68 68 68 68 68 68 64 64 68 69 69 52 36 2 S. Paratyphi AL513382 38 30 30 30 32 30 38 38 38 38 37 37 36 36 37 37 37 35 19 3 S. Bongori 74 74 74 74 73 87 87 87 87 87 87 90 90 87 85 85 73 39 4 S. Typhimurium (7) 100 100 90 99 74 74 74 74 73 73 74 74 73 72 72 73 39 5 S. Typhimurium (6) 100 90 99 74 74 74 74 73 73 74 74 73 72 72 73 39 6 S. Typhimurium (8) 90 99 74 74 74 74 73 73 74 74 73 72 72 73 39 7 S. Typhimurium AE006468 89 73 73 73 73 72 72 74 74 72 72 72 68 38 8 S. Heidelberg CP005995 74 74 74 74 73 73 74 74 73 72 72 72 38 9 S. Enteritidis (2) 100 100 100 98 98 93 93 98 98 98 76 41 10 S. Enteritidis (3) 100 100 98 98 93 93 98 98 98 76 41 11 S. Enteritidis (1) 100 98 98 93 93 98 98 98 76 41 12 S. Enteritidis AM933172 98 98 93 93 98 98 98 76 41 13 S. Pullorum CP006575 100 93 93 100 99 99 77 39 14 S. Pullorum (5) 93 93 100 99 99 77 39 15 S. Grupo D (11) 100 93 92 92 74 42 16 S. Grupo D (12) 93 92 92 74 42 17 S. Pullorum 99 99 77 39 18 S. Gallinarum (9) 100 76 39 19 S. Gallinarum (10) 76 39 20 S. Newport CP010280 33 21 S. Choleraesuis AE017220

(b) ISR 2 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 1 S. Gallinarum AM933173 21 22 35 35 35 35 41 41 41 41 41 21 21 20 20 68 40 40 35 28 2 S. Paratyphi AL513382 17 26 26 26 27 21 21 21 21 21 91 91 80 80 37 21 21 26 15 3 S. Bongori 39 39 39 39 41 41 41 41 41 17 17 17 17 87 41 41 39 26 4 S. Typhimurium (7) 100 100 98 92 92 92 92 92 28 28 23 23 73 91 91 100 44 5 S. Typhimurium (6) 100 98 92 92 92 92 92 28 28 23 23 73 91 91 100 44 6 S. Typhimurium (8) 98 92 92 92 92 92 28 28 23 23 73 91 91 100 44 7 S. Typhimurium AE006468 92 92 92 92 92 26 26 23 23 72 91 91 98 44 8 S. Heidelberg CP005995 100 100 100 100 21 21 20 20 73 99 99 92 45 9 S. Enteritidis (2) 100 100 100 21 21 20 20 98 99 99 92 45 10 S. Enteritidis (3) 100 100 21 21 20 20 98 99 99 92 45 11 S. Enteritidis (1) 100 21 21 20 20 98 99 99 92 45 12 S. Enteritidis AM933172 21 21 20 20 98 99 99 92 45 13 S. Pullorum CP006575 100 83 83 100 21 21 28 15 14 S. Pullorum (5) 83 83 100 21 21 28 15 15 S. Grupo D (11) 100 93 20 20 23 14 16 S. Grupo D (12) 93 20 20 23 14 17 S. Pullorum 28 28 21 15 18 S. Gallinarum (9) 100 91 45 19 S. Gallinarum (10) 91 45 20 S. Newport CP010280 44 21 S. Choleraesuis AE017220 (c) ISR 3 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 1 S. Gallinarum AM933173 98 51 99 99 99 99 98 98 98 98 98 100 100 99 99 100 100 99 98 46 2 S. Paratyphi AL513382 51 97 97 97 97 100 98 96 98 98 98 98 99 98 98 98 98 100 45 3 S. Bongori 51 51 51 51 51 52 52 52 52 51 51 51 51 51 51 51 51 35 4 S. Typhimurium (7) 100 100 100 97 98 98 98 98 99 99 98 98 99 99 98 97 45 5 S. Typhimurium (6) 100 100 97 98 98 98 98 99 99 98 98 99 99 98 97 45 6 S. Typhimurium (8) 100 97 98 98 98 98 99 99 98 98 99 99 98 97 45 7 S. Typhimurium AE006468 97 98 98 98 98 99 99 98 98 99 99 98 97 45 8 S. Heidelberg CP005995 98 96 98 98 98 98 99 98 98 98 98 100 45 9 S. Enteritidis (2) 100 100 100 98 98 99 98 98 98 98 98 45 10 S. Enteritidis (3) 100 100 98 98 98 97 98 98 98 96 46 11 S. Enteritidis (1) 100 98 98 99 98 98 98 98 98 45 12 S. Enteritidis AM933172 98 98 99 98 98 98 98 98 45 13 S. Pullorum CP006575 100 99 99 100 100 99 98 46 14 S. Pullorum (5) 99 99 100 100 99 98 46 15 S. Grupo D (11) 99 99 99 99 99 45 16 S. Grupo D (12) 99 99 98 98 45 17 S. Pullorum 100 99 98 46 18 S. Gallinarum (9) 99 98 46 19 S. Gallinarum (10) 98 45 20 S. Newport CP010280 45 21 S. Choleraesuis AE017220 CONCLUSÕES OU CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização do método de ribotipagem para a análise da região intergênica mostrouse eficiente na discriminação de sorotipos de Salmonella. Estes são dados preliminares e mais estudos vêm sendo realizados para refinar tais achados. REFERÊNCIAS Darini, C. L. A. et al. Aplicação da ribotipagem na epidemiologia molecular de infecções bacterianas. Medicina, Ribeirão Preto, v. 30, p. 73-80, mar. 1998. Guard, J. et al. Comparison of dkgb-linked intergenic sequence ribotyping to DNA microarray hybridization for assigning serotype to Salmonella enterica. Federation of European Microbiological Societies Microbiology Letters, v. 337, p. 61-72, out. 2012. Júnior, A. B.; Neto, O. C. F. Salmoneloses In: Júnior, A. B.; Silva, E. M.; Fábio, J. D.; Sesti, L.; Zuanaze, M. A. F. Doenças das Aves: 2. ed. Campinas: FACTA, 2009. p. 435-454. Morales, C. A. et al. Linkage of avian and reproductive tract tropism with sequence divergence adjacent to the 5S ribossomal subunit rrfh of Salmonella enteric. Federation of European Microbiological Societies Microbiology Letters, v. 264, p.48-58, set. 2006.

Moreira, A. P. O. Pesquisa de Salmonella SPP. Em frangos de corte de um dia de idade da região metropolitana de Fortaleza-CE. Publicado em 2001. Disponível em: www.uece.br/ppgvc/dmdocuments/anamoreira.pdf. Acesso em: 31 jan 2015. Pulido-Landinez, M. et al. Assignment of serotype to Salmonella enterica isolates obtained from poultry and their environment in Southern Grazil. Letters in Applied Microbiology, v. 57, p.288-295, mai. 2013.