A INFLUÊNCIA DO TWITTER NO JORNALISMO 1. Bruna Valdetaro Borjaille 2 Universidade Vila Velha,ES



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Transcrição:

A INFLUÊNCIA DO TWITTER NO JORNALISMO 1 Bruna Valdetaro Borjaille 2 Universidade Vila Velha,ES RESUMO Desde sua criação as redes sociais vêmtransformando a maneira de produzir e compartilhar informação. Além disso, provocou adaptações na forma da apuração e produção de notícias pelos jornalistas. Hoje, não apenas jornalistas, mas toda sociedade possui uma participação na construção de notícias que são veiculadas emmeios jornalísticos. O Twitter abriga pessoas que podem ser consideradas formadoras de opinião, tendo em vista sua colaboração no desenvolvimento de conteúdo jornalístico. Este artigo contextualiza o webjornalismo e apresenta a transformação no modelo após as mídias sociais. Expõe também uma pesquisa realizada com jornalistas da Grande Vitória que, em geral, mostra que a interação com usuários auxilia na produção de informação dos veículos de comunicação. Palavras-chave: jornalismo; informação; interação; Twitter; opinião; usuários INTRODUÇÃO Os processos comunicacionais dos últimos anos, em especial o jornalismo, têm passado por muitas mudanças e adaptações. Prova disso é a adequação de mídias para o conteúdo on-line, devido a proliferação das tecnologias e a necessidade de atingir e se conectar com esse novo público. As mídias jornalísticas já não dão mais o furo de informação e os profissionais do jornalismo precisam estar atentos a cada detalhe comentado nas redes comunicativas para produzir notícias em tempo real e divulgá-las em seus canais on-line e off-line. 1 Artigo Científico submetido ao módulo Metodologia de Pesquisa do curso MBA em Comunicação Integrada e Novas Mídias, da Universidade de Vila Velha, em Vila Velha, Espírito Santo. 2 Graduada em Comunicação Social - Jornalismo, pela Faesa em 2010/2, e pós-graduanda do curso MBA em Comunicação Integrada e Novas Mídias, e-mail: bruna.borjaille@gmail.com.

O século XXI e suas novas mídias apresentam uma sociedade mais ativa e atenta aos assuntos ao redor do mundo e, por consequência, mais ávida por assuntos de interesse público. O jornalismo é pautado pelos cidadãos em busca de notícias que vão ao encontro de suas expectativas. Ele se adapta às diversas ferramentas desenvolvidas na crescente aderência das sociedades contemporâneas à tecnologia e atende aos cidadãos conectados em torno de centros urbanos constantemente interligados por satélites, chips, redes mobiles. Cada vez mais conectadas, as pessoas interagem através das novas mídias e manifestam suas vontades e interesses, o que, consequentemente, auxiliam na construção de pautas para os jornalistas de plantão. A rede social Twitter é um exemplo desta troca entre dois emissores de informação: o usuário da rede e o profissional de jornalismo. Muito se comentou sobre o fim da profissão de jornalista com o advento da Web 2.0 e suas ferramentas inovadoras de informação. Qual seria o papel do jornal dali em diante? Com a livre produção e consumo de informação, qual seria o diferencial do jornalista? Por que consumir um assunto defasado publicado nas mídias impressas diárias? Neste sentido, observa-se a emergência do jornalismo em se desenvolver paralelamente aos fatores: conteúdo on-line - cidadão como emissor tecnologia. O objetivo principal é esclarecer e apontar qual é a influência que a mídia social exerce indiretamente ou diretamente na produção de conteúdo para os cidadãos. A sociedade é quem pauta um jornal nos dias de hoje? Para tanto a estrutura desenvolvida neste artigo se volta para a exploração destas relações para apontar como o Jornalismo é influenciado pelo Twitter na produção e emissão de notícias e quais são os pontos cruciais que atingem diretamente o trabalho de um profissional neste segmento da comunicação. A primeira etapa consiste na definição das características da rede social Twitter, suas formas de interação com o público e explicar como se tornou uma ferramenta de produção e reprodução de conteúdo, formando um grupo emissor de informações. Neste artigo, foram empregados como principais referências Raquel Recuero (2009), Pierre Levy (1999) e Alex Primo (2007) dentre outros autoresque se dedicam aos estudos das mídias sociais e identificam a aplicação do assunto na esfera da comunicação. Há também o levantamento de documentos relativos ao papel do jornalismo na sociedade antes e depois da revolução tecnológica e midiática para fomentar o contraponto da prática

deste segmento diante da malha digital. E por fim, procuramos apresentar exemplos de como este processo de adaptação foi construído ao longo dos anos e se faz na atualidade através de entrevistas a profissionais de jornalismo. 1. O JORNALISTA NO CONTEXTO DAS NOVAS MÍDIAS Com o desenvolvimento tecnológico e com o processo de convergência das mídias, as atividades jornalísticas passaram por uma modificação e adequação de conteúdo para suprir as demandas de uma sociedade mais atenta a tudo o que acontece no mundo. Fazer jornalismo hoje implica uma atividade de desafios diferentes de outrora com ideia de uma responsabilidade grande e compartilhada. A informação pode ser obtida a qualquer momento e em qualquer lugar em diversos veículos. O jornal sempre foi referência de fonte de notícias para a sociedade. Um veículo único, com informações em primeira mão e credibilidade. Nascia então o profissional capacitado para escrever as matérias de interesse público, o jornalista. Sociedade e jornalista faziam parte de um mesmo processo, funcionando em todas as direções (DINES, 1996). A dinâmica de produção e emissão de informação era realizada de um para um, em que o jornal pautava a sociedade. Alberto Dines (1996, p. 54) ao definir a imprensa, afirma que ela é O reflexo e segmento da própria sociedade a que serve. Jornalista e leitor são os que melhor se entendem e sintonizam, pois se os primeiros são treinados para sentir as necessidades do último, este foi domesticado para receber aquilo que certamente lhe agradará. Jornalista é o leitor em função de emissão. Hoje, tal perspectiva está sob suspeita. A Internet possibilitou a conexão de pessoas à rede aberta, em que todos podem e se sentem a vontade em publicar aquilo que lhe convém. Tal comportamento mudou a definição de emissor de informação, pois usuários compartilham a todo tempo seus desejos, frustrações, vontades e assuntos relativos ao seu cotidiano. Muitos são os debates acerca da credibilidade atribuída aos jornalistas, o que provoca conflitos com a

crescente possibilidade da iniciativa investigativa e divulgadora do cidadão comum, possuidor de tantos aparatos eletrônicos e usuário de mídias sociais. Porém, a formação do profissional de jornalismo exige fatores e técnicas que regem o desenvolvimento da atividade de informar. Sua extinção não se dará por existir um grupo maior de emissores de informação. Além dos processos técnicos, existem ainda processos éticos que justificam a atuação de um jornalista, que possui todo um preparo e orientação para produzir um conteúdo coerente para seus públicos, ainda que concorra com informações de qualquer outro cunho. Não se pode, evidentemente, passar despercebidas as mudanças verificadas hoje em dia. A profissão hoje, dentro da sociedade de informação e seu processo de convergência, precisa reforçar seus valores éticos e morais, bem como a credibilidade e interesse público e associar as atividades dentro do ritmo social na emissão de informação. A revolução das novas mídias traz a tona uma série de discussões, principalmente no que diz respeito à comunicação. As redes sociais são vistas como auxiliadoras na produção e disseminação de conteúdo nos veículos midiáticos físicos. Na atualidade, o poder da sociedade de pautar parte de um jornal se intensificou com o uso das mídias sociais. A rede social Twitter tem sido um suporte para jornalistas na seleção de pautas para jornais e revistas, o que, de certa forma, provoca uma direta interação e interferência na relação emissor X receptor. 2. WEBJORNALISMO O movimento de virtualização chegou afetando o funcionamento de vários segmentos bem como a comunicação e a forma de construir uma informação. Com o advento da internet e o mundo on-line, as pessoas passaram por uma mudança comportamental quase que involuntária, para se adaptar ao processo de atualização. A digitalização do mundo provocou diversas polêmicas e despertou curiosidades que foram estudadas por filósofos e escritores.

Efeitos disso foram os surgimentos de espaços virtuais e adaptações do real para o digital. Como aumento destes espaços e com a criação de comunidades e laços, surgiram demandas e ferramentas específicas para estes locais. Uma vez imerso no universo Web, o usuário é convidado a conhecê-lo ainda mais. Este território oferece vários mapas e filtros que ajudam o navegante a explorar e orientar-se, pois o melhor guia para a Web é a própria Web, ainda que seja preciso paciência para explorá-la (LÉVY, 1999, p. 85). Após a familiarização, surge então a interação dos usuários e o compartilhamento da informação, cada um com seu interesse prático, compartilhando e consumindo informações dispersas no ciberespaço. Por meio da troca de informações nasce uma cultura específica: a cibercultura. O conceito, Lévy (1999, p. XX) define como o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais, de práticas, atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. O retrato da cibercultura consiste na nova forma de universalidade que inventa o movimento social que a fez crescer, seus gêneros artísticos e musicais, as perturbações que suscita na relação com o saber, reformas educacionais necessárias que ela pede, sua contribuição para o urbanismo e o pensamento da cidade, quês quitutes que coloca para a filosofia política. São três os princípios básicos responsáveis pelo crescimento do ciberespaço: comunidades virtuais, inteligência coletiva, interconexão. Este último é umas das pulsões mais importantes para o a origem do ciberespaço e, consequentemente da cibercultura. Através das diversas conexões espalhadas pelas máquinas e pessoas ao redor do mundo, cria-se a interação destes canais, provocando a troca de informações divergentes. Segundo Lemos (1997) o ciberespaço pode ser entendido a partir de duas perspectivas como o lugar onde estamos quando entramos num ambiente virtual, e como o conjunto de redes de computadores, interligadas ou não, em todo o planeta (p. 137). Lemos acredita também que estamos caminhando para uma interligação total dessas concepções do ciberespaço, pois as redes interligam entre si e permite a interação por mundo virtuais ao mesmo tempo. Junto a esta emissão e recepção de conteúdo acontece a mutação na comunicação, ou seja, passamos a consumir informações antes desconhecidas e observamos um espaço mais envolvente, integrado. Os veículos de informação não seriam únicos no espaço, mas sim, todo o espaço seria um canal interativo. Estar em contato com o outro, ser visto, trocar mensagens e provocar discussão, consiste, de alguma forma, no sentimento de re-ligação. Para André Lemos (2003, p. XX) a cibercultura

instaura novas formas de exercício dessa religiosidade ambiente. Busca-se assim, fazer da vida uma obra de arte, a arte da vida, como forma de apropriação e de liberalização do pólo da emissão. As práticas comunicacionais pessoais atuais da cibercultura mostram a pregnância social para além da assepsia ou simples robotização. Por meio destes canais a comunicação é recebida de maneira mais rápida, sem a necessidade de descolamento físico, realizada apenas por um fio conectado à uma rede e um computador. Com a agilidade provocada pelos meios em rede, a dinâmica utilizada e a economia de tempo no compartilhamento de conteúdo a sincronização substitui a unidade de lugar, e a interconexão a unidade de tempo (LÉVY, 2003, p. 21). A comunicação sempre estará em constante evolução e, para estar ao alcance de todos sempre, deve se adaptar as constantes mudanças que surgem. Para se moldar ao novos parâmetros da comunicação, o jornalismo também precisou passar por grandes adaptações, inclusive a inserção no ciberespaço. As práticas jornalísticas na internet ganharam força quando as potencialidades em redes começaram a ser exploradas. O desenvolvimento jornalístico neste espaço está diretamente ligado com a tecnologia. Com o aumento do acesso à internet e o consumo da informação concentrado em rede, surgiu a necessidade de adaptação de todo o conteúdo dos veículos midiáticos nos meios on-line para alcançar o público consumidor. Antes deste conceito e da invenção da Web a rede já disponibilizava da divulgação de informações onde os serviços eram direcionados para públicos muito específicos e com recursos limitados. A partir dos anos 1990, com seu desenvolvimento, a internet passa a ser um meio de comunicação com acessos expressivos e começa a ser utilizada com fins comercais. Do ciberespaço surgem ramificações como a cibercultura, as cibercidades e o ciberjornalismo. Este último implica toda atividade jornalística realizada no ciberespaço. Com auxílio das ferramentas disponibilizadas neste ambiente é possível explorar as características de multimidialidade e atrelá-las ao jornalismo. Para Barbosa (2005) ciberperiodismo ou ciberjornalismo são as nomenclaturas que mais se ajustam à forma de jornalismo também denominada jornalismo digital, jornalismo online, jornalismo multimídia e jornalismo eletrônico. O ciberjornalismo caracteriza os textos produzidos exclusivamente para a internet. Ou seja, existe um conteúdo com linguagem exclusiva para este meio, diferenciado de outros gêneros

jornalísticos. Esta característica está associada à tecnologia, fator determinante em termos de definição operacional. Ao longo da trajetória do jornalismo na Internet podemos observar três fases distintas. A primeira é denominada transpositiva, na qual os produtos oferecidos consistiam em reproduções de partes dos grandes jornais impressos que estavam ocupando espaço na Internet. Ou seja, os jornais on-line não passavam de meras cópias das matérias publicadas que acompanhavam os impressos. Na segunda fase, chamada de metáfora, as publicações já eram postadas com técnicas aprimoradas vindas do desenvolvimento e aperfeiçoamento da Internet. Mesmo explorando as novas características, ainda carregavam o modelo do jornal impresso, mas os links com chamadas para outras notícias publicadas no mesmo período já eram utilizados. Outro grande recurso nesta fase foi o e-mail, que era utilizado como meio de comunicação com leitores e fóruns de debates para levantamento de pautas. A partir deste momento a elaboração das notícias conta com o recurso do hipertexto. Muito se discutiu sobre a credibilidade das notícias postadas nainternet. Este cenário começou a mudar com o surgimento das demandas empresariais com interesse de investimento em negócios exclusivos para a Internet. O Webjornalismo, característica da terceira fase do jornalismo na Internet, então surge com os grandes portais jornalísticos, cujo conteúdo era produzido com formato para a rede. Para Santi (2009, p. 187) é nesta geração que ocorre a efetiva industrialização dos processos jornalísticos para a web que até então eram elaborados de forma intuitiva e artesanal. O jornalismo produzido para a internet engloba alguns elementos: interatividade, customização de conteúdo, hipertextualidade, memória, multimidialidade e convergência. Se aplicadas hoje, estas características são essenciais para a produção na rede. Não se pode falar em multimidialidade sem pensar em convergência e interatividade sem atrelar à customização de conteúdos. A produção de conteúdo deve seguir o mesma base do jornalismo tradicional, porém deve atrelar as características da Web para sobreviver ao mundo virtual. A atualização das notícias é, obrigatoriamente, ininterrupta, com postagens de notícias a cada milésimos de segundo. Com o encurtamento de distância e tendo em vista o mundo inteiro conectado, já não é preciso esperar o jornal do outro dia ou o noticiário da TV para saber o

que está acontecendo. A qualquer momento é possível acessar um webjornal e ler as notícias atualizadas seja qual for o interesse. Outro grande passo foi a junção dos meios de comunicação em um único, no qual hoje canais de TV, rádio e conteúdos do jornal impresso estão dentro de um site de notícia. A forma como a informação é construída mudou consideravelmente. Com um público consumidor de informação muito ativo e mais crítico, a produção jornalística requer maior amplitude e abrangência para atender a todos os gostos. Com o surgimento das redes sociais, jornalistas podem mapear quais são os assuntos que mais interessam os espectadores e fazer uma interação direta. Exemplo disso é a utilização do Twitter por muitos profissionais para levantamento de pautas. 3. O TWITTER E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS No ano de 2006 surge para a empresa Odeo, um projeto desenvolvido por Jack Dorsey, Biz Stone e Evan Willians denominado Twitter. A ideia inicial era provocar os usuários a expressar suas vontades através da pergunta O que você está fazendo?, interagindo com outros usuários da rede denominados seguidores. Assim, o Twitter ficou conhecido pela sua dinâmica de microblogging, no qual pessoas podem se expressar com textos de apenas 140 caracteres. No Twitter, assim como em outras redes sociais, os usuários escolhem a quem desejam se conectar dentro do seu espaço virtual, e em particular selecionam quais tweets são relevantes e escolhem quais perfis desejam seguir. A partir deste filtro, são selecionados os assuntos de maior interesse, acoplando assim usuários de diversas áreas sendo de cunho profissional ou pessoal. Assuntos diversos como entretenimento, economia e cultura são discutidos na rede social, que se torna uma arena de conversações contínuas. Santaella e Lemos (2010, p. 66) esclarecem que o Twitter atua

Como um meio multidirecional de captação de informações personalizadas, um veículo de difusão contínua de ideias, um espaço colaborativo no qual questões, que surdem a partir de interesses dos mais microscópicos aos mais macroscópicos, podem ser livremente debatidas e respondidas; umas zona livre da invasão de privacidade que domina a lógica do capitalismo corporativo neoliberal que tudo invade, até mesmo o ciberespaço. Sua estrutura abriga outras formas de interação, bem como o envio de mensagens privadas e o bloqueio de pessoas que não se deseja seguir ou ser seguida. Posterior ao cadastro na rede, o usuário escolhe o login, que é acrescido do caractere @ antes do nome escolhido para usar na página e enviar as mensagens. Este recurso permite que o destinatário encontre outras pessoas cadastradas no Twitter. Desde sua criação, o microblogging passou por diversas alterações de layout e conceitos. Hoje, a ideia central do Twitter é compartilhar O que está acontecendo, interação que possibilita saber em tempo real quais são os principais acontecimentos ao redor do mundo. André Telles (2011, p. 60) acredita que o microblogging, Satisfaz a necessidade de um modo de comunicação ainda mais rápido. Encorajando posts menores, ele diminui o gasto de tempo e o pensamento investido para a geração de conteúdo. Além de gerar conteúdo, o usuário pode compartilhar links de vídeos ou de páginas da web que tenham conteúdo interessante e que o usuários acredite ser relevante para seus seguidores. Com este ideal, o Twitter possibilita a transformação do usuário em ator social, representado pelos nós, pessoas, entidades ou instituições que participam da rede. Visualiza-se uma estrutura social por meio das diversas interações e formação dos laços sociais. Raquel Recuero (2009, p. 25) explica que a relação destes atores se constitui de forma diferenciada em relação a outros sites na Internet pois, Por causa do distanciamento entre os envolvidos na interação social, principal característica da comunicação mediada por computador, os atores não são imediatamente discerníveis. Assim, neste caso, trabalha-se a representação de atores sociais, ou com construções identitárias do ciberespaço. Um ator, assim, pode ser representado por um weblog, por um fotolog, por um twitter ou mesmo por um perfil no Orkut. As interações em rede resultam nos laços sociais, que, por consequência, resultam nas conexões dos atores. Assim, a interação é matéria prima das relações e dos laços sociais (RECUERO, 2009, p. 30). É importante observar que o ciberespaço e as ferramentas de comunicação possuem suas particularidades no processo de interação, em que tudo é construído através da mediação do computador e também pela influência das ferramentas

utilizadas pelos autores em rede. Essas interações se dividem em três tipos diferentes: síncrona/assíncrona, mútua e reativa. A síncrona consiste na resposta imediata a um tweet postado em tempo real. Ou seja, os agentes envolvidos trocam informações diretamente por estarem conectados ao mesmo tempo. A assíncrona, ao contrário, implica no processo em que a resposta esperada de um post não é realizada imediatamente, mas que continua disponível até que o usuário envolvido retorne à demanda quando estiver conectado. A reativa está atrelada à relação direta do usuário a um outro que faz parte de sua rede de seguidores, em que há um interesse em saber o que o outro posta e replicar o assunto em questão aos seus amigos de rede. Ou seja, o usuário está envolvido diretamente com o outro ator. Seguir ou não seguir um usuário é uma escolha independente de amizade ou afinidade com ele. Porém, é assinar o canal personalizado de distribuição de informações. Da mesma maneira que se pode escolher alguém com que não se possui algum tipo de relação recíproca, mas apenas por querer saber o que aquela pessoas tem a dizer. A interação mútua está atrelada ao processo da troca de tweets com alguém com intuito de negociação ou outro tipo de relação caracterizada por relações interdependentes e processos de negociação, em que cada interagente participa da construção inventiva e cooperada da relação, afetando-se mutuamente (PRIMO, 2003, p. 62). Outra característica que pode ser observada em redes sociais é o capital social, constituído a partir destas interações. Recuero (2009, p.102 apud PUTNAM, 2000, p. 19) explica que o capital social refere-se às conexões entre indivíduos redes sociais e normas de reciprocidade e confiança que emergem dela. O capital social envolve os grupos sociais através da mediação do computador, responsável pela construção de um coletivo que se conectam através das redes de outros usuários do Twitter. O Twitter tem suas particularidades, como a interação direta com os seguidores, a escolha com quem compartilhar conteúdos, a construção de laços, dentre outras,que o diferenciam das outras redes sociais e que caracterizam uma nova etapa de evolução nos processos de inteligência coletiva. Uma parte importante desta rede social é que você pode seguir ou ser seguido por algumas poucas pessoas. Mesmo que apenas uma pessoa o siga, através de alguns poucos graus de separação você está conectado com os milhões de pessoas que tweettam em todo o mundo

(ISRAEL, 2010. p. 02). Por tanto, dependendo a estratégia de cada usuário, um laço que existe dentro da plataforma não é confirmado dentro dela. Através dos laços construídos entre usuários da rede uma interação mútua é criada e conteúdos são produzidos. Desta forma é necessário que haja um filtro na emissão e consumo de informações compartilhadas caracterizadas como infollow e outfollow. Cabe avaliar, porém, o compartilhamento das informações via usuários. A credibilidade atrelada ao conteúdo informado requer um mapeamento e atenção dos consumidores desta informação. Para avaliar as informações espalhadas pela rede, é necessário que os usuários tenham uma habilidade cognitiva de atenção denominada infoatenção. Renata Lemos e Lucia Santaella (2010, p. 84) que este tipo de atenção necessário para o gerenciamento bem-sucedido dos fluxos informacionais no período atual de evolução da internet requer habilidades cognitivas híbridas, que conectam inteligências humanas a artificiais. É preciso saber encontrar o equilíbrio entre as muitas demandas que competem pela nossa atenção. O aumento do volume de informação disponível, que pode trazer a clássica sensação de informationoverload (sobrecarga de informação), não apenas gera redundâncias como também um aumento no número de informações erradas ou falsas. Para estabelecer critérios apropriados de verificação da correção de uma fonte de informação digital, a orientação é que sempre busque fontes confiáveis, de boa reputação e conhecidas do meio que tenham alta credibilidade no ciberespaço. Estar alerta para os conteúdos publicados é policiar o que também se compartilha, pois, se há o consumo de notícias erradas, o repasse também será equivocado, provocando um desconforto e descrédito para o próprio perfil. A rede tem foco na interação social que está nos contatos pessoais entre usuários. No Twitter o foco encontra-se na qualidade e no tipo de conteúdo veiculado por um usuário. A dinâmica consiste na veiculação de ideias fazendo com que cada fluxo se torne um fluxo de dimensões cognitivas que ativam tramas complexas de redes neurais digitais que integram impulsos maquínicos a consequências. No Twitter, a inteligência não é apenas a matéria viva que compõe a própria trama cognitiva global dessa mídia social (SANTAELLA; LEMOS, 2010, p. 66). A inteligência nesta rede social é uma característica obrigatória na integração do usuário com as redes que o interessam. Aqueles que não possuem interesse aprofundado e um grande nível de inserção social nesta plataforma estão sujeitos a não conhecer bem os fluxos mais profundos da comunicação e as dinâmicas de conversações mais interessantes que acontecem.

4. METODOLOGIA Para reforçar a ideia defendida no presente trabalho, uma pesquisa, de caráter qualitativo, foi realizada com dezesseis profissionais, graduados, pós-graduados e mestres em jornalismo, com idade entre 23 a 50 anos. O pré requisito era que todos os entrevistados fossem formados e atuantes na área jornalística, além de serem usuários do Twitter, que possuíssem uma assiduidade mínima de pelo menos um acesso ao mês. Os jornalistas atuam em diversas áreas como assessoria de comunicação, home officer, redação de televisão e jornal, portais, além de professores no segmento. Todos os entrevistados atuam no Espírito Santo, estado onde são distribuídas as notícias por eles produzidas. A amostra foi aleatória, com participação de indivíduos do sexo masculino e feminino, feita por livre escolha da pesquisadora e também por indicação por parte de profissionais. Os sujeitos não foram identificados por uma questão de privacidade e liberdade de expressão. As respostas foram dadas de maneira livre, sem limitação de tempo. Caso não se sentissem à vontade, os participantes poderiam não responder. Vinte foi o número total de respondentes. Destes, quatro não responderam todas as questões. Como os questionários incompletos não foram utilizados para esta análise, a quantidade de entrevistados válidos foi dezesseis. Os contatos foram realizados através do próprio Twitter, pessoalmente ou e-mail. A maioria dos questionários foi respondida pela rede social em tempo real. As demais foram enviadas vai e-mail, assim como solicitado pelos entrevistados, com a alegação principal da falta de tempopara o encontro. A coleta de dados foi realizada através de um questionário com treze questões relativas ao uso do Twitter associado à prática do jornalismo. As entrevistas foram realizadas com questionário comum a todos os envolvidos. Durante o processo, os entrevistados ficaram a vontade para apontar qualquer outra questão ou ponto de vista favorável ou desfavorável ao tema defendido.

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS A rede social Twitter auxilia no trabalho de jornalistas para a construção de pautas. É o que os dados revelam na pesquisa realizada com 16 profissionais usuários da rede, com idades entre 23 e 50 anos. A entrevista mostrou que todos acreditam que o microblogging serve de estímulo para a formação de pautas e levantamento de informações para compor uma matéria de interesse público. Em uma época de tanta informação,a ferramenta foi considerada um filtro e um descobridor de assuntos. A maioria dos jornalistas demonstrou o interesse na divulgação de informações do trabalho, discussão de assuntos que mexem com o cotidiano do público abrangendo áreas culturais, tecnológicas, de esportes, dentre outras. Além disso, por ser utilizado por um grande número de pessoas e de forma livre, a pesquisa mapeou que é possível conseguir no Twitter um conteúdo que em muitos casos é de difícil acesso apenas atuando de dentro da redação, ou até mesmo fazendo rondas com fontes oficiais. Entrevistado 1 Utilizo, na maioria das vezes, para chamar atenção das pessoas para alguma produção pessoal ou profissional, como matérias, vídeos, atualizações de blogs e sites. Para compartilhar conteúdos e produzir pautas, sigo perfis de pessoas e instituições de minhas áreas de interesse como organizações da área de comunicação e jornalismo, cultura, arte, música e pessoas com influências e que auxiliam o processo de formação da opinião. Entrevistado 2 Uso o Twitter para trabalho (busca de fontes), como medidor de audiência de assuntos e para intercâmbio de informações. A pesquisa mostrou também que a utilidade do microblogging está atrelada à exploração das ferramentas e ao monitoramento das informações expressas e consumidas em apenas 140

caracteres. A maioria aproveita a rede, pois perceberam que ali se concentravam grandes fontes de informação.reforçando esta ideia, Coelho, Sousa e Berti (2010) defendem que as redes sociais são uma das ferramentas mais exploradas pelos profissionais. Antes da revolução das mídias, a rotina do jornalista se restringia às reuniões de pauta e escolha de informações e notícias por um conselho. Hoje, é condicionada às inovações tecnológicas, sobretudo no âmbito das comunicações (COELHO, SOUSA, BERTI, 2010, p. 03). Os entrevistados mostraram que o interesse em utilizar o Twitter está voltado para o consumo de informação exclusivo com a credibilidade atribuída aos perfis escolhidos para seguir. De acordo com Lévy (2007, p.113), os indivíduosbuscam mecanismos de interação de forma que haja um interesse envolvido no processo de comunicação, ficando a critério deescolha dos emissores/receptores. Blogs de jornalistas, como Ricardo Noblat, Luiz Nassif, Xico Sá; portais de notícias como Estadão e Valor Econômico; revistas econômicas, jornalísticas e culturais, foram alguns dos perfis citados como fonte de credibilidade para o consumo de notícia. Entrevistado 3 Uso para facilitar que as informações cheguem até a mim, principalmente. Reportagens nas áreas de interesse e comportamento, relações humanas. Política também, pois apesar de tudo, interfere diretamente em nossas vidas. Lazer, cultura, grandes escritores. Temas de grandes jornais, em especial Estadão. E também Revista Simples da Abril, perfeita. Entrevistado 4 Utilizo o Twitter principalmente para obter informações referentes a acidentes de trânsito. Sigo, especialmente, o Twitter oficial da PRF no Estado @prh191 e o não oficial @transitovv. Ao longo dos anos, em decorrência das constantes mudanças e avanços tecnológicos, as atividades jornalísticas passaram por grandes adaptações. O profissional atuante na área de redação, por exemplo, hoje não se restringe apenas às reuniões de pautas para a produção de

notícia.as redes sociais são ferramentas usadas cada vez mais para a consulta e produção de conteúdo nos veículos de comunicação. Há quem acredite que essas ferramentas não são importantes para o desenvolvimento do trabalho, pois, antes, nunca foi utilizado. Além disso, creem que a atividade jornalística continua sendo a mesma, sem a necessidade de consultar qualquer comunidade na internet. Entrevistado 5 Não utilizo o Twitter no meu trabalho, mas acredito que influencia indiretamente. O jornalismo antigo nunca precisou de redes que auxiliassem na construção de uma notícia. Ainda sim, vejo que muitos colegas são adeptos e desta forma, isso influencia indiretamente na minha atuação. Apesar de não usar o Twitter como ferramenta de trabalho, na área de comunicação é preciso estar bem informado, portanto, a consulta ainda vale. Atrelado ao interesse da busca por conteúdos, os usuários apresentaram a rede social como fonte de pesquisa para assuntos específicos e essenciais em seu âmbito profissional. O compartilhamento e links e o uso das listas foram considerados atributos fundamentais para contribuir com os que utilizam a rede para trabalhar. Alguns entrevistados apontaram que o entretenimento é a única forma de aproveitamento do Twitter, em que utilizam a timeline como forma de diversão através das postagens de perfis falsos e tweets da vida cotidiana das celebridades. Indicaram ainda que utilizavam a ferramenta para relacionamento com outros usuários e seu uso não interfere na disseminação de outros assuntos nos demais meios de comunicação. Mesmo defendendo esta linha, um entrevistado acredita que a rede social auxilia na construção de pautas. Entrevistado 6 Costumava usar a rede social por diversão mesmo. Costumava postar coisas relacionadas aos meus amigos e nunca a utilizei como ferramenta de trabalho, mas acredito que o Twitter auxilia na construção de pauta.

Apesar de reforçar laços sociais, a comunicação entre amigos e o imediatismo foram pontos pouco abordados pelos usuários da pesquisa. Em um universo de 16 entrevistados, apenas duas pessoas utilizam a rede como forma de contato com indivíduos cativos distantes, atitude mais notada atualmente no Facebook. Outras quatro pessoas também alegaram não utilizar a rede como ferramenta de trabalho. Nota-se ainda que uma boa parte dos sujeitos explora os recursos do Twitter no celular para se manter conectado a todo momento, reforçando a ideia de monitoramento das notícias na rede e a ideia base da rede em responder O que está acontecendo e do imediatismo atrelado a este propósito. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo teve como objetivo abordar a influência do Twitter na construção de informação tendo como foco a atuação dos jornalistas. Realizada com profissionais da área de jornalismo, a pesquisa mapeou principalmente o comportamento dos usuários, atrelando ao processo de transformação da construção de notícias, relacionando-o com o consumo e emissão de informação. Para sustentar este embasamento, dados foram levantados através de estudos fundamentados nos perfis entrevistados e em pesquisa bibliográfica com referências em redes sociais e webjornalismo. A análise busca compreender os hábitos e observar qual o perfil dos emissores de opinião. Outro ponto importante é notar se houve alguma mudança de comportamento por parte dos jornalistas, se houve ou não influência externa na produção de notícias. A amostra levantou dados de jornalistas usuários do Twitter da Grande Vitória de faixa etária de 23 à 50 anos, atuando profissionalmente. O processo de transformação dos meios comunicacionais on-line tem influenciado diretamente na comunicação social e no comportamento de jornalistas. A troca de informações e consumo de conteúdo on-line cresce consideravelmente, influenciando o

conteúdo divulgado nos veículos de comunicação. Este comportamento vem revolucionando a comunicação e a maneira como os leitores/autores disseminam e consomem o conteúdo de forma rápida e dinâmica. Com a criação do microblogging Twitter, os atores agem para moldar a estrutura social através da interação e constituição dos laços sociais, uma vez que as interações passam a ser constante através das relações em rede, sejam elas pessoais ou não. Além disso, os consumidores de informação passam a colaborar com notícias relevantes que corroboram com a disseminação rápida de conteúdo. Os jornalistas aproveitam-se desta interação para atentar sobre quais são os assuntos mais procurados e questionados pelo público na mídia social. Desta forma, a rede é utilizada não só para relacionamento, mas sim como uma ferramenta profissional. As informações são utilizadas para disseminar o conteúdo em veículos noticiosos como jornais, portais on-line e televisão. Observa-se que a credibilidade atribuída à rede é muito forte, considerada um meio de comunicação onde as pessoas buscam a informação sempre e em primeira mão. Utilizado como fonte de pesquisa e compartilhamento de assuntos coorporativos, o Twitter abre uma porta de grandes oportunidades para profissionais, tendo em vista a circulação diária de assuntos diversos. Com a força desta ferramenta pode-se afirmar que a tendência é de tudo se espalhar rapidamente e atingir o maior número de leitores, creditando a notícia a um autor denominado apenas com uma menção @ e seu nome fictício ou não. REFERÊNCIAS BARBOSA, Suzana. Basesde dados e Webjornalismo: em busca de novos conceitos. In: Mesa Novas Tecnologias/Novas Linguagens do 4º Congresso da Sopcom. Universidade de Aveiro, Santiago PT. 20 e 21 de Outubro de 2005. BERTI, Orlando Maurício, COELHO, Tamires Ferreira SOUSA, Elinara Soares. Twitter: Como uma nova mídia modificou a rotina produtiva de jornalistas em Teresina. http://www.ipea.gov.br/panam/pdf/gt6_trab3_orlando.pdf. Acesso em 10 nov 2012.

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