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Transcrição:

- 1 - Pº C.P. 145/2009 SJC-CT- Inutilização da descrição sem inscrições em vigor( art. 87º, nº g) do C.R.P.) - Âmbito da previsão legal; Pedidos de registo pendentes; Pedido registo do prédio como omisso, encontrando-se o mesmo descrito, ainda que para efeito de anotação de recusa, nos termos da 1ª parte do nº 2 do art. 80º do C.R.P.. Inutilização de descrição entre o momento da apresentação e o da qualificação e pedido registo do prédio como descrito, verificando-se que a descrição já tinha sido inutilizada (antes da apresentação). DELIBERAÇÃO Relatório Por despacho de 7 de Outubro de 2009 - tendo por base proposta do SJC constante de informação cujo conteúdo se dá aqui por integralmente reproduzido, emitida na sequência de questão dirigida pela Conservatória do Registo Predial de ao Sector de Acção Administrativa e Disciplinar( SAID) 1 - foi este Conselho chamado a pronunciar-se sobre as seguintes questões: a) Identificado o prédio objecto mediato do pedido de registo como omisso, qual deve ser o sentido da qualificação no caso de o mesmo se mostrar descrito apenas nos termos e para efeito de anotação de recusa( 1ª parte do nº 2 do art. 80º do Código do Registo Predial 2 ), atenta a doutrina contida, entre outros, nos processos RP 15/2007 SJC-CT e RP 273/2007 SJC-CT? b) Identificado o prédio objecto mediato do pedido de registo como descrito sob determinado número, qual deve ser o sentido da qualificação se a descrição se mostrar inutilizada ao abrigo da alínea g) do nº 2 do art. 87º? Pronúncia 1 Foi apresentado online um pedido de registo sobre um prédio identificado como omisso, situado na freguesia de, concelho de, distribuído à Conservatória do Registo Predial de, a qual solicitou confirmação da dita omissão à conservatória da situação do prédio, tendo esta informado que o mesmo se encontrava descrito sob o número 801 daquela freguesia, aberta na Conservatória do Registo Predial de para anotação de recusa de registo de aquisição e faltando ainda decorrer( na data da apresentação) um dia do prazo para a impugnação da recusa, como foi verificado pela consulta da ficha respectiva. Tendo constatado que a Conservatória de decidira manter pendente a qualificação, a aguardar resposta à questão que formulara ao SAID, prática essa frontalmente censurada, o SJC, embora propondo a remessa da consulta ao Conselho Técnico, propôs também que a informação - na qual se elencaram e apreciaram, no campo das hipóteses, três modos de qualificação, às quais mais à frente nos referiremos. - fosse de imediato enviada à mesma conservatória. 2 Todas as disposições legais daqui em diante indicadas são do Código de Registo Predial.

- 2 - A posição deste Conselho vai expressa na seguinte Deliberação 1. Na previsão legal da alínea g) do nº 1 do art. 87 do C.R.P.- introduzida pelo D.L. 116/2008, de 4 de Julho cabem as descrições abertas para anotação de recusa nos termos da 1ª parte do nº 2 do art. 80º do mesmo Código, as abertas para lavrar qualquer registo provisório e aquelas sobre as quais incidiu registo definitivo 3. 3 O registo predial tem essencialmente por fim publicitar a situação jurídica dos prédios ( art.1º ), os quais são descritos na dependência de uma inscrição ou averbamento( art. 80º, nº1 ). Temos assim a) que a abertura da descrição não é em si mesma facto sujeito a registo e b) que ocorrendo, posteriormente à abertura de uma descrição, o fim da vigência da situação jurídica publicitada, a eventual manutenção dessa descrição é irrelevante para os fins pretendidos pelo registo. A simples retratação (identificação física, económica e fiscal art. 80º, nº 1) de um prédio nas tábuas não revela qualquer aspecto da sua situação jurídica. Além de que não é função do registo constituir-se, ab initio ou a posteriori, em mero cadastro ( album ) de prédios. Publicitar, por qualquer forma, que um prédio está descrito mas sem inscrição em vigor ou que o mesmo prédio está omisso é, na essência, a mesma coisa. Em ambos os casos o que está na disponibilidade do conhecimento de terceiros é a ausência de situação registral que lhes seja oponível. A lei não só não condiciona a abertura da descrição à natureza definitiva do registo do qual depende podendo este ser provisório por dúvidas e/ou por natureza - como vai ao ponto de a admitir no caso de recusa do registo( art. 80º, nº 2, 1ª parte), fixando-lhe em ambos os casos e desde logo natureza definitiva. Convertido o registo provisório ou efectuado, na sequência de recurso julgado procedente, o que foi recusado, está legalmente assegurada a conservação da prioridade ( art. 6º, nºs 3 e 4). Tratando-se de pedido de registo cujo objecto mediato seja parte de prédio já descrito situação não abrangida no âmbito da presente consulta - a lei, tornando patente a impossibilidade da desanexação (acto que pela sua natureza só como definitivo pode lavrar-se cfr. art. 101º, nº 3) no caso em que o registo pedido seja recusado, não deixou de expressamente determinar a abertura da descrição, para nela anotar a recusa (2ª parte do nº 2 do art. 80º e 69º, nº 3), da qual não pode deixar de constar que ainda não está efectuada a desanexação( a desanexar ), anotando-se no prédio mãe o facto de se ter aberto essa descrição para esse efeito. Aqui, à não consumação da desanexação não podia a lei deixar de fazer corresponder o dever, não só de anotar esse facto ao prédio mãe, libertando-o da incerteza existente no plano descritivo, mas também de anotar à descrição aberta o efeito correspondente, a inutilização, conforme disposto no art.87º, nº 1 d), com a redacção que já vem do D.L. 224/84 de 6 de Julho(diploma que aprovou o Código de Registo Predial em vigor). Antes do aditamento da dita alínea g), não estava prevista no Código do Registo Predial, como causa de inutilização da descrição, o facto de sobre ela não existirem inscrições em vigor - mesmo no caso extremo de ter sido aberta para anotação de recusa e de esta decisão não ter sido impugnada ou, tendo-o sido, ter improcedido - com excepção do caso de a descrição ter correspondido ao objecto de concessão em bens do domínio público( cfr. alínea b) do nº 1 do art. 87º) e tendo presente que na situação contemplada na dita alínea d) a causa da inutilização é o facto de não terem sido removidos os motivos da recusa.

- 3-2. Deverá ser recusado nos termos do art. 69º, nº 2 do C.R.P. o registo sobre prédio identificado no pedido como não descrito, quando se verifique que, afinal, o mesmo prédio - ainda que para efeito de anotação de recusa nos termos da 1ª parte do nº 2 do art.80º do C.R.P. está descrito na conservatória, a não ser que no momento da qualificação se verifique que não existe qualquer inscrição em vigor sobre a descrição e que a mesma deve por esse facto ser inutilizada ou se constate que a descrição foi entretanto inutilizada 4. Qualquer que fosse a razão (caducidade ou cancelamento) do fim da vigência do registo, provisório ou definitivo, e qualquer que fosse a razão determinante da não feitura do registo recusado (ausência de impugnação ou sua improcedência) a lei não via que viesse mal ao mundo ( rectius à segurança do comércio jurídico imobiliário art. 1º) na sobrevivência da descrição. Em face da assinalada irrelevância, certamente que terá pesado para essa opção legal exclusivamente um argumento de economia processual, já que grande número dessas descrições poderia vir a ser aproveitada como suporte de novos registos. Como referimos já, o D.L. nº 116/2008 acrescentou a alínea g) ao nº 1 do art. 87º, para incluir no já previsto dever de inutilização as descrições sem inscrições em vigor, alteração legislativa essa que não decorreu de qualquer alteração ao nível da finalidade do registo predial ou no plano dos princípios. A lei terá considerado mais adequado valorizar a coerência do regime se não é possível abrir descrição sem publicitar algo da situação jurídica do prédio a que respeita, também não faz sentido manter uma descrição apenas formalmente viva, por ter deixado de revelar qualquer sinal de vida jurídica do prédio, devendo assim dar-se por morta - do que continuar a considerar determinante o dito interesse de economia processual, seja a natureza das tábuas física ou electrónica, dando por certo que continuará a ser possível aceder à história desse prédio que esteve representado na descrição inutilizada. Isto não significa que a descrição sem inscrições em vigor que, em resultado de incumprimento do dever legal, não tenha sido inutilizada, não continue a ser instrumento da publicitação do prédio. A causa da inutilização pode ter acontecido, mas só produz efeitos na data da feitura do registo (anotação). Importa agora procurar assentar o sentido da expressão legal sem inscrições em vigor, atendendo à diversidade de situações que, como vimos já, podem conduzir a esse resultado. Ora, imperioso se torna ter presente que a data dos registos é data da apresentação ( art. 77º, nº 1) e não aquela em que são efectuados, o que obviamente significa que não pode ser inutilizada uma descrição em relação à qual se encontre pendente um pedido de registo, seja essa pendência apurada a) no momento em que se verifica a caducidade de um registo( provisório ou definitivo), b) no momento em que se verifica que decorreu o prazo para a impugnação da recusa cuja anotação determinou a abertura da descrição ou é anotada a improcedência da impugnação dessa recusa ou c) na data em que é cancelada a última inscrição em vigor, já que a data da anotação é aquela em que é efectuada e não a data da apresentação do pedido de registo que determinou o cancelamento( a pedido ou oficiosamente). Assim sendo, se em qualquer nessas situações tiver sido indevidamente inutilizada a descrição, deve a correspondente anotação ser dada sem efeito, para que sobre essa descrição se efectue a qualificação do registo pedido. 4 No regime anterior, se o prédio fosse indicado como omisso e afinal estivesse descrito, entendia-se - como era o caso deste Conselho ( Cfr. entre outros, os processos incluídos supra no enunciado da 1ª questão) - que o registo devia ser recusado nos termos do nº 2 do art.69º, com o argumento de que se fosse possível

- 4-3. Identificado o prédio como descrito e verificando-se que a descrição já estava inutilizada (ao abrigo da indicada alínea g)) à data da apresentação, esse facto efectuar o registo na descrição já existente criar-se-ia um enorme estado de incerteza, potenciador de graves prejuízos para terceiros. Estes nunca poderiam saber, ao certo, se sobre determinado prédio descrito estava ou não apresentado o pedido de registo de qualquer facto - Cfr. Pº R.P. 21/97 DSJ-CT, in BRN º 10/97( II). A questão que então se poderia colocar era a de saber se, para efeitos da qualificação de um pedido assim efectuado, haveria razão para distinguir prédio descrito com inscrição em vigor de prédio sem inscrição em vigor, questão que nunca foi, que saibamos, apreciada por este Conselho. Não descortinamos razão para distinguir. Também no caso de não haver inscrição em vigor se disponibiliza a informação sobre a situação registral através da descrição. O conteúdo é que é exclusivamente negativo. Quanto à hipótese de ser indicada uma descrição posteriormente inutilizada por falta de inscrição em vigor, ela não podia obviamente verificar-se (salvo no caso da alínea b) do nº 1 do art. 87º, supra referida). Como já vimos supra, se uma descrição tiver sido aberta para anotar a recusa nos termos da 1ª parte do nº 2 do art. 87º e se, antes de a recusa se ter tornado definitiva, for apresentado outro pedido de registo que tenha essa descrição por objecto mediato, não decorre da definitividade da recusa que passemos a ter uma descrição sem inscrições em vigor, não podendo assim ser inutilizada. E se o prédio for indicado como omisso? Quid iuris? O facto de uma descrição poder vir a ser inutilizada não afasta a aplicação da doutrina supra indicada. O fundamento da recusa não reside na existência ou não de registo em vigor e não tem a ver com a natureza desse registo (Cfr. Pº R.P. 21/97 DSJ-CT já indicado e Pº R.P. 85/2003 DSJ-CT, in BRN nº 2/2004(II). Questão diferente é a que se coloca nos casos em que no momento da qualificação ou já não exista a descrição impedimento - por ter sido entretanto inutilizada - ou se apure que deva nessa data deixar de existir( por definitividade da decisão de recusa ou por caducidade/cancelamento de registo). Na informação do SJC - prestada no contexto de situação em que a apresentação foi efectuada no último dia do prazo para a impugnação da recusa - constam relacionadas três possíveis soluções: a) abertura de nova descrição para anotar a recusa efectuada nos termos do art. 69º, nº 2; b) abertura de nova descrição, lavrando o registo provisoriamente por natureza nos termos da alínea d) do nº 2 do art. 92º do C.R.P., a ser convertido em definitivo logo que inutilizada a descrição, adaptando o disposto no art. 149º, nº 2 do C.R.P.; e c) inutilizar a descrição, desde que, naquela situação concreta, fosse possível dar por certo, no momento da qualificação, que não fora apresentada impugnação da recusa no dia da apresentação. Se é verdade que, por princípio, a qualificação deve reportar-se à data da apresentação - donde resultaria a impossibilidade de ser levada em conta uma inutilização da descrição entretanto efectuada ou a verificação do pressuposto da inutilização entretanto ocorrido - entendemos que, atenta a natureza do fundamento da recusa, deve o mesmo dar-se por afastado no caso de no momento da qualificação já não existir aquele obstáculo, ou porque já efectuada a inutilização ou porque deva ser efectuada nessa data. A necessidade de acautelar a certeza e evitar prejuízos para terceiros não deve ser levada tão longe que provoque um resultado absurdo: recusar um registo com fundamento na existência de uma descrição, quando é desde logo certo que nunca o pedido pode vir a ser repetido indicando essa descrição como objecto mediato. Assim, inutiliza-se a anterior descrição e abre-se uma nova, não já para recusar o registo, mas para o lavrar (favoravelmente, se outro motivo não existir). Nem é lavrado qualquer registo na anterior descrição, nem há duplicação de descrições.

- 5 - não impede que se considere o prédio como omisso e se abra nova descrição para lavrar o registo pedido 5. 4. O entendimento anteriormente defendido, em resposta às questões suscitadas na consulta, não prejudica a pertinência, nem o interesse numa mais aprofundada reflexão, em face da aplicação prática das disposições legais em tabela. Deliberação aprovada em sessão do Conselho Técnico de 25 de Fevereiro de 2010. Luís Manuel Nunes Martins, relator. Esta deliberação foi homologada pelo Exmo. Senhor Presidente em 11.03.2010 5 Há desde logo que tornar presente que, com a inutilização, o prédio fica omisso no registo - sem embargo do interesse que possa ter a história registral anterior à inutilização - o que significa que o registo que tenha essa descrição por objecto mediato não pode nela ser lavrado. Mas justificar-se-á aqui a recusa, com o mesmo fundamento supra referido para a situação inversa, considerando que ao apresentante competia ter averiguado da situação do prédio à data da apresentação, maxime no caso em que à data do título apresentado o prédio ainda estava descrito? Inclinamo-nos para defender que não. De facto, afigura-se-nos que não sendo encontrado o prédio descrito sob outro número nas buscas que se impõem, pois pode ter sido aberta nova descrição entre a data da inutilização e a data da apresentação do pedido - a circunstância de ter estado descrito sob a descrição inutilizada não constitui aqui fundamento de qualificação desfavorável, independentemente da circunstância motivadora da indicação dessa descrição( v.g. o facto de o título ter data anterior à inutilização e não ter sido efectuada qualquer averiguação acerca da situação da descrição à data do pedido). A abertura de nova descrição na dependência do registo pedido, para nela lavrar o registo, não contribui aqui para a incerteza da informação registral. Se o terceiro tivesse procurado saber da situação registral do prédio o sistema estava em condições de incluir na informação que prestasse o facto de existir apresentado um registo ainda não efectuado, quer o ponto de partida tivesse sido a descrição quer não, já que da inutilização das descrições não decorre que os elementos delas constantes deixem de estar disponíveis para a pesquisa de prédios( verbetes reais).