CompMAP: Uma Ferramenta para Mapeamento de Competências em Equipes de Projeto



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Transcrição:

CompMAP: Uma Ferramenta para Mapeamento de Competências em Equipes de Projeto Carol Passos 1, Manoel Mendonça 2, Celso A. Saibel Santos 2 1 Unitech Tecnologia de Informação Av. ACM, 2487, CEP: 40280-630, Salvador, BA Brasil carol@unitech.com.br 2 Universidade Salvador CEPERC Centro de Pesquisas Interdepartamental em Redes de Computadores Rua Ponciano de Oliveira, 126, CEP: 41950-275, Salvador, BA Brasil {mgmn, saibel}@unifacs.br Abstract. The incorporation of methods and tools for support to the creation and capture of knowledge during the accomplishment of the business processes of an organization still is a great challenge. The tools of aid to the knowledge management have the objective to support the processes of the cycle of life of the knowledge in an organization. This work describes the desired characteristics of a tool for knowledge mapping in project teams, its architecture and implementation, beyond a resume of results gotten in a study of case of its use. The work bases on the concepts related to the subject Knowledge Map and has as objective to show a visual form of representation of profiles of ability of the individuals and its relationships. From the definition of the elements that will go to compose the profiles and the importance of each one of them, the knowledge map of the project team is constructed. 1. Introdução Motivadas pelos avanços da tecnologia da informação e pelas constantes mudanças no mercado, as organizações têm dado maior ênfase à capitalização do crescente volume de conhecimento acumulado por seus indivíduos ao longo do tempo. A compreensão do papel do conhecimento na sobrevivência organizacional tem contribuído para o desenvolvimento de novos mecanismos para gerenciar esse precioso recurso. O conhecimento embutido em rotinas e práticas de uma organização se constitui num importante fator para o sucesso na produção e disponibilização de produtos e serviços. A pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços, que trazem algum diferencial competitivo, necessitam da integração e gerência de conhecimentos provenientes de diferentes grupos dentro da organização. A gerência do conhecimento de uma organização pode incrementar o seu poder competitivo apenas se houver uma integração de aspectos tecnológicos com aspectos humanos e organizacionais [1]. A incorporação de métodos e ferramentas para apoio à criação e captura de conhecimento durante a realização dos processos de negócio de uma organização ainda é um grande desafio. Apesar da tecnologia da informação ser um componente importante para a gerência de conhecimento, o maior diferencial está realmente no lado humano.

Um reflexo direto da especialização nas diversas áreas de conhecimento é a crescente necessidade de interação/cooperação entre profissionais de diferentes especialidades (ou mesmo, dentro de uma mesma especialidade). Os mapas de conhecimento surgem, então, como uma alternativa de suporte ao trabalho cooperativo que possibilita a troca de conhecimento (tácito-tácito) entre pessoas associadas a um determinado domínio de conhecimento. O mapa de conhecimento é um instrumento utilizado na gerência das habilidades e competências dentro da organização. Um dos objetivos do mapa de conhecimento é a descoberta de papéis, especialidades e competências dos indivíduos, criando oportunidades para o compartilhamento de conhecimento dentro da organização [2]. O objetivo da ferramenta descrita neste trabalho é apoiar a gerência do conhecimento organizacional através da construção e da representação gráfica de mapas das competências de equipes de projeto a partir de fontes de informação já existentes. A principal contribuição deste trabalho é oferecer um mecanismo para facilitar o processo de socialização do conhecimento, integrando pessoas, processos e projetos de uma organização. Este artigo apresenta uma abordagem para mapeamento de competências em equipes de projeto. A seção 2 aborda os conceitos de Conhecimento e Competência no contexto organizacional. A seção 3 apresenta os objetivos, características, elementos e estratégias de construção de mapas de conhecimento e competência e a seção 4 contextualiza o conceito de ontologia dentro da Plataforma Lattes (CNPq). Na seção 5 são discutidos alguns trabalhos relacionados. A seção 6 descreve a ferramenta CompMAP e seu modelo de implementação. E, finalmente, a seção 7 apresenta as conclusões do trabalho. 2. Conhecimento e Competência Conhecimento pode ser definido como o ato ou efeito de conhecer pelo discernimento, cognição, percepção, informação, saber, experiência de vida, habilidade prática, qualificação e competência. O conhecimento é o processo humano dinâmico de justificar a crença pessoal com relação à verdade [3]. O conhecimento tácito tem sido associado ao processo de inovação e à intuição que permite a tomada de decisões sem um motivo ou razão facilmente explicável. Na sociedade do conhecimento a posição de cada indivíduo depende do produto de conhecimento que ele tenha desenvolvido ao longo de sua vida, uma vez que o seu valor é criado pela produtividade e pela inovação, que são frutos da aplicação do conhecimento ao trabalho [4]. Os seres humanos não vivem todos as mesmas situações ao longo da vida. Portanto, eles desenvolvem competências adaptadas a seu mundo. O ser competente reflete uma capacidade de agir, bem como o ato de conhecer reflete uma capacidade de atribuir significado às percepções. Neste sentido, conhecimento e competência são dois lados de uma mesma moeda. A competência de um indivíduo está representada pela sua capacidade de criar, aprender e desenvolver novos conceitos, produtos e serviços baseados estritamente no conhecimento. A capacidade que uma pessoa tem de agir continuamente é criada por um processo de saber [5].

O ativo intangível de uma organização é composto pela competência dos seus funcionários; sua estrutura interna, incluindo gerência, estrutura legal, manuais, sistemas e procedimentos internos; e sua estrutura externa, que engloba sua imagem e relacionamento com clientes e fornecedores [5]. A gerência de competências deve então contribuir para a melhoria do desempenho dos processos organizacionais através da mobilização dos corretos conhecimentos e habilidades nos contextos apropriados. Assim sendo, através do gerenciamento adequado dos seus ativos intangíveis, uma organização pode se posicionar melhor no mercado em que atua. 3. Mapeamento de Competências As competências organizacionais referem-se às estratégias construídas e consolidadas a partir da análise do próprio ambiente organizacional, considerando-se o cenário competitivo e as novas demandas do mercado. Neste contexto, cada vez mais são criados modelos que monitoram o comportamento e o desenvolvimento técnico dos indivíduos. As organizações adotam modelos de gerência de competências em busca de aprimoramento, inovação e aprendizagem organizacional. Mapas de competências são exemplos destes modelos. Estes mapas apresentam informações a respeito dos papéis, das especialidades e das competências dos indivíduos e de suas relações com outros indivíduos sob a forma gráfica, facilitando a visualização das competências existentes na organização. Mapas (ou árvores) de conhecimento organizam os saberes a partir do currículo de aprendizado dos indivíduos da comunidade [6]. Desta forma, aplicações de mapeamento de competência fornecem o contexto para uma análise detalhada do conhecimento necessário para que cada indivíduo tenha um bom desempenho na realização de suas atividades. A gerência de competências está fundamentada no processo de avaliação de desempenho, em que se identificam as competências existentes e as que devem ser desenvolvidas ou adquiridas, definindo prioridades de treinamento e capacitação. Com isso, a organização obtém um mapeamento do perfil de competências de cada indivíduo. As estratégias de construção e visualização de mapas de conhecimento envolvem mecanismos tão diversos como a captura, registro e análise de documentos; categorização de documentos baseada em taxonomias dinâmicas; pesquisa básica e avançada em documentos; mapeamento das competências através da análise dos hábitos e dos perfis profissionais; visualização baseada em grafos e facilidades de navegação. Atualmente os perfis explícitos são construídos a partir da mineração de bases de dados da organização, de informações de autoria e conteúdo de artefatos, além de perguntas respondidas por indivíduos devidamente motivados. 3.1 Mineração de Dados na Construção de Mapas de Competências Mineração de Dados pode ser definida como o processo de extração de informação nova, não trivial, e útil de repositórios de dados [7]. Portanto, a mineração de dados está relacionada à análise de dados voltada à descoberta de conhecimento.

O processo de mineração de dados compreende quatro etapas: seleção, préprocessamento, mineração e assimilação. Este processo se inicia pela seleção dos dados cuja inspeção seja requerida. Na segunda etapa, o pré-processamento, os dados podem sofrer processos de formatação, limpeza e adaptação, a fim de que possam ser trabalhados por um algoritmo de mineração. Na etapa seguinte, os dados passam pela mineração propriamente dita, permitindo que na etapa de assimilação estes dados sejam transformados em informações úteis e desconhecidas até o momento. A definição do problema é fundamental para o processo de mineração de dados. Essa definição requer que se entenda perfeitamente o problema existente e que se tenha um objetivo bem definido, ou seja, aquilo que se deseja conhecer ou extrair. Sendo assim, com o problema definido, pode-se fixar metas para os objetivos da tarefa de mineração [7]. Para o escopo do processo de comparação e combinação de perfis de competência, definido neste trabalho, o objetivo traçado foi a análise dos elementos dos perfis para a determinação da semelhança entre eles em relação a todos os seus atributos e características. Para tanto, foi escolhida a técnica de mineração de dados por aglomeração, a qual utiliza medidas de similaridade (por exemplo: distância Euclidiana), ou seja, medidas que determinam a distância entre objetos em um espaço multidimensional. 4. Trabalhos Relacionados Diversos trabalhos têm sido desenvolvidos para a classe de sistemas Localizadores de Peritos. Estes sistemas ajudam na descoberta de papéis, especialidades e competências dos indivíduos dentro da organização, através da exploração de evidências implícitas de conhecimento. No processo de construção de mapas de conhecimento, após a etapa de localização de competências de indivíduos, é necessária a aplicação de um mecanismo de fusão das informações relacionadas aos perfis de cada indivíduo, das informações de projetos desenvolvidos por eles e da ontologia das áreas de conhecimento presentes na organização. O ProPer [9] é um sistema que implementa a agregação e combinação de perfis de competência. Para o ProPer, o perfil de um indivíduo consiste de numerosos valores de diferentes habilidades e, portanto, pode ser representado como um vetor. Este sistema usa dois métodos para a avaliação dos perfis: compensatório e nãocompensatório. No método não-compensatório é utilizada o corte dos vetores de perfil para produção de uma decisão binária (sim/não). Neste caso, é necessário que todas as habilidades do indivíduo sejam iguais ou superiores às habilidades solicitadas na consulta. Já o método compensatório permite o balanceamento entre habilidades inferiores ou ausentes e boas habilidades presentes no perfil do indivíduo. Ao invés de uma decisão do tipo sim/não, este método produz um resultado da combinação que mostra o quanto o perfil do indivíduo combina com os critérios solicitados. Este resultado é conseguido através de cálculos percentuais e atribuição de pesos para os valores dos vetores de perfil e dá uma boa visão geral do potencial do indivíduo para uma determinada tarefa.

A ferramenta Business Intelligence Explorer [10] implementa um framework para a construção de mapas de conhecimento, visando a descoberta de inteligência de negócios no contexto Web. Nesta ferramenta, mapas de conhecimento são definidos como uma categorização de artefatos do conhecimento, caracterizada por uma representação hierárquica de conceitos. O mecanismo de navegação no mapa de conhecimento está baseado em um algoritmo escalar multidimensional (MDS) para posicionar cada site Web como um ponto do mapa. Esta abordagem pode ser aplicada para o mapeamento e visualização de relacionamentos entre objetos de diferentes domínios de conhecimento, incluindo os perfis de competência dos indivíduos em uma organização. Um estudo desenvolvido a partir da análise do problema e do domínio da localização de competências, realizado no Departamento de Ciência de Computação da Universidade da Califórnia [11] propõe um novo modelo de arquitetura denominado DEMOIR-Dynamic Expertise Modeling from Organizational Information Resources. Este modelo está baseado em um servidor centralizado de competências, porém também incorpora componentes para captura e extração de informações, propondo uma arquitetura híbrida composta por processos centralizados e descentralizados. A implementação do modelo DEMOIR está baseada em matrizes de representação dos relacionamentos entre especialistas e artefatos do conhecimento. A fusão destas matrizes, através da comparação e combinação de suas informações, gera o modelo de competências. Uma abordagem orientada a recursos humanos é proposta pela ferramenta SEE-K [12] da empresa Trivium. O objetivo desta ferramenta é fazer uma avaliação do capital intelectual da organização em tempo real. A ferramenta SEE-K faz a conexão entre as novas demandas e o suprimento de habilidades existente na organização, identificando as lacunas a serem preenchidas nas competências individuais e do grupo. Para tanto, ela utiliza métricas quantitativas e qualitativas, que são obtidas a partir da ordenação, agregação e combinação de dados estruturados e nãoestruturados. Através de uma metodologia própria, que utiliza algoritmos de aglomeração, os dados são contextualizados em uma interface de mapa de conhecimento, onde estão representados os relacionamentos entre os diversos perfis de competência da organização. SAPIENS [13] é uma ferramenta para a representação da estrutura organizacional com as competências requeridas ao longo dessa estrutura. Além de permitir a alocação de pessoal, incluindo as competências que cada profissional possui, contém, ainda, mecanismos para mapeamento e visualização dos perfis de competência. Dessa forma, possibilita-se a identificação e localização das competências existentes, o que levará a organização a se conhecer melhor e tirar maior proveito de seu potencial. 5. Ferramenta CompMAP A ferramenta CompMAP foi desenvolvida com o objetivo de oferecer uma forma de representação visual de perfis de competência e seus relacionamentos. A partir da determinação dos elementos que compõem estes perfis e da importância de cada um deles é exibido o mapa de conhecimento. Este mapa é composto por todos os

indivíduos que, de alguma forma, se encaixam nos requisitos definidos na consulta. Os relacionamentos entre os indivíduos mapeados são identificados através da combinação entre os elementos dos seus perfis de competência. Durante o planejamento de um projeto, são definidas as competências necessárias à execução de suas atividades, visando o processo de seleção dos profissionais mais adequados. Neste planejamento são definidos os elementos que devem compor cada perfil de competência necessário ao projeto e qual a importância que cada elemento deve ter dentro do contexto. O próximo passo após esta definição, é a escolha dos indivíduos que melhor atendem aos requisitos estabelecidos e que estão disponíveis para o projeto. Neste cenário, a ferramenta CompMAP é especialmente útil no processo de composição de times de projeto, uma vez que automatiza as tarefas de análise dos perfis de competência, seleção dos indivíduos mais adequados aos requisitos requeridos e combinação destes indivíduos a partir de suas características similares. O fluxo de atividades ilustrado na Figura 1 descreve as atividades a serem desempenhadas para a composição do time de trabalho durante o planejamento de um projeto. As atividades 6, 7, 8 e 9 são executadas pela ferramenta CompMAP, enquanto que as demais atividades dependem do usuário e do seu conhecimento sobre o projeto. Fig. 1. Diagrama de atividades para composição de time de projeto

5.1 Manutenção dos Perfis de Competência A funcionalidade responsável pela manutenção das informações de perfis de competência engloba o processo de carga automática de informações provenientes das bases de dados já existentes na organização para a base de dados local da ferramenta CompMAP. A idéia é deixar o aplicativo totalmente independente da estrutura de dados definida em cada organização. Usando esta abordagem foram criados alguns componentes para leitura de dados em formatos diversos. A estrutura da base de dados local da ferramenta CompMAP foi definida com base nas informações que compõem a Plataforma Lattes [8] e nas necessidades de informação identificadas durante o desenvolvimento do estudo de caso. O estudo de caso em questão envolveu uma empresa de software, a UNITECH Tecnologia de Informação, que se caracteriza pelo desenvolvimento de projetos tecnológicos. Esta estrutura foi montada para atender aos requisitos estabelecidos pelos processos de busca e comparação de perfis de competência definidos neste trabalho, os quais são implementados pela ferramenta CompMAP. 5.2 Ontologia de Área de Conhecimento Utilizada O uso de ontologias neste trabalho tem por objetivos principais facilitar o entendimento e uso da informação no contexto organizacional e auxiliar os processos de busca, seleção e combinação de perfis de competência. Para tanto, foi selecionada a ontologia de áreas de conhecimento da Plataforma Lattes. Esta Plataforma corresponde a um conjunto de sistemas de informação que facilitam e integram as atividades de fomento, gestão e planejamento em ciência e tecnologia no Brasil. A hierarquia de conceitos definida para uma ontologia depende dos possíveis usos desta ontologia, incluindo o nível de detalhe necessário para cada aplicação e os requisitos de compatibilidade com outras ontologias. Vale ressaltar que, a ontologia de áreas de conhecimento da Plataforma Lattes não possui a descrição detalhada dos conceitos nela definidos, nem sinônimos ou qualquer estrutura de tradução para outras ontologias. Esta ontologia contém apenas a estrutura básica ou esqueleto sobre o qual as áreas de conhecimento devem ser especificadas (com propriedades e restrições) de acordo com as necessidades de cada organização. Desta forma, a ontologia de áreas de conhecimento se mostrou adequada ao escopo deste trabalho por permitir uma fácil adaptação da sua estrutura para atender aos domínios de conhecimento do estudo de caso realizado. 5.3 Busca e Comparação de Perfis de Competência O processo de busca e seleção de perfis de competência definido no escopo deste trabalho, envolve a atribuição de pesos aos atributos e características que compõem os elementos do perfil de competência dos indivíduos. As escalas de peso são definidas de acordo com o grau de importância que cada atributo deve possuir. Dentro deste processo, é feita uma avaliação dos perfis de competência, visando determinar se estes atendem aos critérios estabelecidos e, portanto, devem ser

selecionados. Esta avaliação se baseia em um método compensatório, o qual permite o balanceamento entre atributos inferiores ou ausentes e atributos que atendem completamente ou superam as expectativas. Ao invés de uma decisão do tipo sim/não, este método produz um valor percentual (entre 0 e 1) que mostra o quanto o perfil do indivíduo tem afinidade com o perfil solicitado, conforme mostrado no Quadro 1. %Afinidade (P E,P S ) = PE * PS * Peso 2 P * Peso S, onde: P E representa o Perfil Existente. P S representa o Perfil Solicitado. Quadro 1. Fórmula de cálculo do percentual de afinidade para seleção de perfis O processo de comparação e combinação dos perfis de competência de indivíduos já pré-selecionados está baseado no cálculo da distância Euclidiana entre estes indivíduos (Quadro 2). A distância Euclidiana é uma medida de similaridade utilizada na técnica de mineração de dados denominada aglomeração ou clustering [14]. Esta técnica consiste em segmentar um conjunto de dados heterogêneo em subgrupos homogêneos de entidades [7]. 2 Distância Euclidiana (P E,P S ) = i a ( P ) a ( P )), onde: ( i E i S a i representa os atributos. P E representa o Perfil Existente. P S representa o Perfil Solicitado. Quadro 2. Fórmula de cálculo da distância Euclidiana Diversas medidas de distância podem ser utilizadas para aglomerar entidades em um espaço multidimensional, como: Euclidiana, Manhattan, Chebychev, Discordância, entre outras [7]. A escolha da medida ideal vai depender da análise dos requisitos e características de cada caso. Esta análise envolve um estudo dos tipos e escalas dos atributos de cada entidade. Desta forma, o método de cálculo da distância Euclidiana foi selecionado para determinar o fator de similaridade entre os perfis de competência de indivíduos no processo de comparação e combinação.

5.4 Representação e Visualização do Mapa de Competências A visualização baseada em grafos [15] parte do princípio que seres humanos não são eficientes para interpretar grandes volumes de dados em forma numérica ou textual, mas têm uma boa percepção quando esses dados são apresentados de forma gráfica. Esta técnica de visualização mostra-se adequada ao processo de representação de mapas de conhecimento, devido à sua natureza combinatória e geométrica para a representação de informações. Nesta técnica, cada indivíduo pode ser representado como um vértice do grafo (ou árvore) e seus relacionamentos como arestas. Os atributos visuais de cor, tamanho, forma e etiquetagem podem ser utilizados para a criação de uma cena visual. Desta forma, o mapa de conhecimento pode ser representado visualmente, permitindo busca, navegação e mergulho nas informações. A ferramenta CompMAP utiliza a estrutura de árvore hiperbólica [16] para a representação visual do mapa de competências. Esta estrutura possibilita a visão geral da hierarquia ao mesmo tempo em que permite o foco em um nó particular. O contexto do mapa de conhecimento inclui várias gerações de nós pais, filhos e irmãos, desta forma, a adoção da metáfora de árvore hiperbólica permite ao usuário do mapa fazer a exploração de toda a hierarquia, enquanto navega ou mergulha nos detalhes de um nó específico. Na Figura 2, o nó raiz central do grafo representa o time de projeto que está sendo mapeado a partir dos elementos dos perfis de competência definidos na consulta. Os nós do grafo que estão diretamente relacionados ao nó raiz representam os perfis de competência definidos pelo usuário, a partir dos seus respectivos elementos. Estes nós possuem uma etiqueta com o nome do perfil e a quantidade de indivíduos a serem selecionados para ele. Os nós do grafo ligados ao nó perfil representam os indivíduos centróides (aqueles que possuem a menor distância em relação ao perfil), com seus respectivos relacionamentos. Estes nós possuem uma cor diferente dos demais e uma etiqueta com o nome do indivíduo. O nome do perfil, definido pelo líder do projeto no momento da consulta, bem como o fator de similaridade do processo de seleção dos nós centróides são exibidos em forma de atributo textual associado ao retângulo na parte inferior de cada nó centróide. Para cada nó que representa um indivíduo no mapa de competências existe a funcionalidade de exibição dos detalhes dos elementos que compõem o perfil de competência deste indivíduo. Estes detalhes são exibidos em uma janela contendo com as informações existentes na base de dados local da ferramenta e relacionadas aos elementos do perfil de competência do indivíduo, conforme pode ser visto na Figura 2. Esta funcionalidade é bastante útil para a identificação dos pontos de afinidade entre os indivíduos relacionados. O diferencial da ferramenta desenvolvida no presente trabalho reside no fato desta realizar a seleção e combinação dos perfis de competência de maneira automática, através de estratégias que envolvem medidas de similaridade, sugerindo contatos entre indivíduos para que eles possam compartilhar seus conhecimentos e competências, trocando experiências e lições aprendidas. Além disso, a ferramenta CompMAP disponibiliza uma interface gráfica e navegacional na qual o usuário pode extrair informações e transformá-las em conhecimento útil sobre o capital intelectual da organização.

Fig 2. Mapa de competências exibindo detalhes de um indivíduo 6. Conclusões Os mapas de conhecimento, ao serem aplicados em uma iniciativa de gestão do competências, podem ajudar na descoberta de comunidades que praticam o aprendizado; acelerar o processo de tomada de decisão e a resolução de problemas, bem como auxiliar no processo de inventário do capital intelectual da organização. Além disso, as organizações podem conseguir o seu aprimoramento global pela verificação de pontos fracos e intervalos que podem ser trabalhados para atingir os padrões desejados. As organizações mais competitivas são aquelas que possuem redes de relacionamentos de pessoas de qualidade. Seguindo este paradigma, a proposta deste trabalho é a disponibilização de uma ferramenta que apóie o processo de formação de

equipes de projeto, através da representação visual dos relacionamentos entre os indivíduos. Estes relacionamentos são construídos a partir da seleção e combinação dos elementos dos perfis de competência dos indivíduos que poderão compor a equipe. Neste artigo foram apresentados os conceitos relacionados ao mapeamento de competências, a ontologia de áreas de conhecimento da Plataforma Lattes, alguns dos principais trabalhos relacionados à área de interesse e a descrição do trabalho desenvolvido, com exemplos de uso do estudo de caso realizado com a ferramenta CompMAP. Os trabalhos futuros relacionados à evolução da ferramenta CompMAP estão descritos a seguir: Inclusão de novos recursos de visualização para possibilitar uma melhor interação do usuário com o mapa de conhecimento, permitindo inclusive a alteração dos atributos visuais do mapa. Inclusão da persistência e recuperação dos perfis de competência definidos nas consultas ao mapa de conhecimento. Esta funcionalidade possibilitará que o usuário crie novos perfis e/ou utilize perfis prédefinidos em uma mesma consulta ao mapa de competências. Inclusão de uma funcionalidade que permita o refinamento das informações representadas no mapa de conhecimento, de forma que o usuário possa alterar a posição de indivíduos no mapa ou até excluí-los. Possibilidade de estabelecer fatores eliminatórios para qualificação do perfil de competência durante a consulta ao mapa. Referências [1] CARVALHO, R.; FERREIRA, M. Acelerando a Espiral do Conhecimento com a Tecnologia da Informação. Departamento de Ciência da Computação, UFMG Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, Belo Horizonte, 10p. 2000. [2] CARVALHO, R.; FERREIRA, M. Using Information Technology to Support Knowledge Conversion Process. Information Research, 2001. Disponível em: http://informationr.net/ir/7-1/paper118.html. Acesso em: Março de 2003. [3] NONAKA, I., TAKEUCHI, H. Criação de Conhecimento na Empresa. 10 ed, RJ: Campus, 1997. [4] TERRA, J. C. Gestão do Conhecimento: O Grande Desafio Empresarial. 2 ed, SP: Negócio, 2001. [5] SVEIBY, K. E. A Nova Riqueza das Organizações. 6 ed, RJ: Campus, 1998. [6] LÉVY, P., AUTHIER, M. As Árvores de Conhecimentos. SP: Escuta, 1995. [7] MENDONÇA, M. Mineração de Dados. In: Anais da VI Escola Regional de Informática de São Paulo. São Carlos: ICMC - Universidade de São Paulo, Vol.1, pp.189-218, 2001. [8] Plataforma LATTES Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Disponível em: http://lattes.cnpq.br/. Acesso em Junho de 2003.

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