ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA DE UM PROJETO DE ABATEDOURO DE RÃS Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição: CUSTÓDIO, Tiago Vega; WACHHOLZ, Michele Becker; ROSSO, Lucimara Mohnsam; LUZ, Maria Laura Gomes Silva; LUZ, Carlos Alberto Silveira; RAMIREZ, Orlando Pereira; GOMES, Mario Conill Tiago Vega Custódio Maria Laura Gomes Silva da Luz Carlos Antonio da Costa Tillmann Wolmer Brod Peres UFPel ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA DE UM PROJETO DE ABATEDOURO DE RÃS 1 Custódio, T.V.; 2 Wachholz, M.B.; Rosso, L.M. 2 ; 3 Luz, M.L.G.S.; 3 Luz, C.A.S; 3 Pereira-Ramirez, O., 4 Gomes, M.C. 1 Acadêmico Engenharia Agrícola FEA/UFPel; 2 Engenheira Agrícola; 3 Professor FEA/UFPel; 4 Professor FAEM/UFPEL 1. INTRODUÇÃO A criação de rãs em cativeiro vem se desenvolvendo em todo o mundo, em especial no Brasil, devido às condições favoráveis (edafo-climáticas) e de disponibilidade de recursos hídricos. Certamente, a ranicultura ainda tem muito a evoluir, mas hoe á é possível obter uma produtividade viável economicamente com a tecnologia existente. A grande dificuldade da criação está no fato de a rã ser um animal em fase de domesticação e exigir uma constante observação por parte do criador, a fim de atender às necessidades dos animais. A carne (carcaça e coxas) de rã apresenta grande versatilidade quanto ao seu uso em culinária, podendo ser empregada numa grande variedade de pratos, sendo um alimento de sabor agradável, com excelente potencial de aceitação e muito apreciado. Do ponto de vista mercadológico, este proeto pode proporcionar ao consumidor um produto de boa qualidade, produzido por técnicas sanitárias adequadas. Além disso, poderá fornecer carne (carcaça e coxas), e agregar valor aos seus subprodutos. O principal obetivo do trabalho é avaliar a viabilidade econômica de um proeto para abate de rãs, visando atender a forte demanda do produto de boa qualidade e condições sanitárias adequadas.
2. MATERIAL E MÉTODOS Neste estudo utilizou-se como base uma pesquisa mercadológica a fim de, avaliar o preço pago pelo quilo da carne (carcaça e coxas), pele verde e reeitos da rã, com os possíveis mercados compradores e os parâmetros exigidos por estes mercados, como: qualidade, oferta e garantia de preço. A propriedade fica localizada em São Paulo-SP, próximo a Jundiaí. No local existe rede de abastecimento de água para abastecer o abatedouro, rede elétrica, boas vias de acesso e um ranário; além de ser perto do principal mercado consumidor. Para o estudo foi considerado o abate de 1.500 animais/dia, da espécie rãtouro, Rana catesbiana, com peso de 180 250 gramas. O estudo econômico foi baseado nos cálculos do valor presente líquido (VPL) e da taxa interna de retorno (TIR), conforme equações descritas abaixo: n X VPL = = 0 ( 1 + i) (1) VPL n = X ( 1+ TIR) = 0 = 0 (2) onde: VPL é o valor presente líquido, em R$; TIR é a taxa interna de retorno; X é a receita líquida do período, em R$; i é a taxa mínima de atratividade (TMA); n é o horizonte de planeamento. Foram calculados o investimento necessário, os custos operacionais, as receitas e o payback. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme mostra a figura 1, o fluxograma foi feito conforme os processos no abatedouro, chegando à recepção 322,5 kg de animal vivo, passando pela lavagem, em seguida a insensibilização, depois a sangria onde perde 1% (3,23 kg) de sangue destinado aos reeitos, restando 99%. 2
Figura 1. Fluxograma do processo e balanço de massa. Estes 99% (319,77 kg) seguem para o colarinho, após a retirada da pele onde saem 11% (35,17 kg) de pele verde (esta pele é destinada a um curtume), restando 88% (284,60 kg) que segue para evisceração (retirada do fígado, do oviduto e dos ovários, que somam 5,3% ou 16,22 kg) e os reeitos (cabeça, pontas das patas e vísceras brancas, que significam 22,7% ou 64,60 kg). Então, seguem para a etapa do toalete onde são lavadas e seguem para a mesa onde são feitos os cortes (60%, 203,78 kg). Destes 60% que restaram, 10% são coxas (20,37 kg) e o restante (183,41 kg) são carcaça. Então é feita a pesagem, são embaladas, resfriadas e expedidas. O investimento necessário para a implantação do proeto compreende a aquisição de equipamentos: esteira, mesas, utensílios para abate, câmara frigorífica, moto bombas, reservatório d água, equipamentos de segurança, licenças, etc, veículos de distribuição e carga, construção civil, capital de giro, e outros custos, totalizando a quantia de R$ 201.530,28 com horizonte de planeamento de 10 anos. O custo operacional compreende gastos com mão-de-obra, matérias-primas, energia, água, embalagens, materiais auxiliares e impostos sobre a produção, totalizando o valor anual de R$ 933.063,38. As receitas referem-se à venda de 183,41 kg de carne/dia (carcaça), 20,37 kg de coxas/dia, 64,60 kg de vísceras/dia, 1.500 unidades de pele verde/dia, a um preço de R$ 23,40/kg, R$ 37,60/kg, R$ 0,30/kg e R$ 0,30 a unidade de 16 cm de largura, respectivamente, totalizando R$1.326.461,20 ao ano. A receita líquida do 1 o (primeiro) e 2 o (segundo) ano, demonstrada na tabela 1, é menor devido às ineficiências inerentes aos novos empreendimentos, quer sea no sentido mercadológico (vendas abaixo do esperado), quer no sentido produtivo (desperdícios, quebras de produção, etc.). Do 3 o (terceiro) ao 9 o (nono) ano a receita líquida é maior devido estar a plena produção. Por fim, no 10 o (décimo) ano a receita é maior por ser este o ano de liquidação do proeto, gerando um contingente maior de receitas indiretas. Tabela 1. Fluxo de caixa do proeto, em R$(reais). Descrição 3
0 1 2 3 4 a 9 10 Investimento 201.530,28 - - - - - Receita Bruta - 1.061.168,96 1.193.815,08 1.326.461,20 1.326.461,20 1.326.461,20 Fluxo do empreendimento - 120.389,41 141.500,44 162.611,47 162.611,47 197.549,47 A partir dos dados da tabela 1, e utilizando TMA de 12 % (para um período de um ano), calculou-se o VPL e a taxa interna de retorno TIR. Neste caso, o investimento será aprovado se o VPL for positivo, indicando que o retorno é superior ao mínimo deseado (TMA). No caso de valores de VPL negativos, o proeto torna-se inviável economicamente e, VPL=0, indica que o retorno do investimento é igual a TMA, indicando que tanto faz investir na implementação do proeto, quanto em uma aplicação financeira. Se a TIR apresentar resultado superior à taxa mínima atrativa de retorno previamente definida, o investimento é aprovado; caso contrário, é reeitado. O valor presente líquido (VPL), conforme tabela 2, deste proeto resultou em R$ 574.725,69, o que mostra que para o horizonte de planeamento estipulado de 10 anos os investimentos são recuperados. A taxa interna de retorno (TIR) de 59,99% é superior a taxa mínima de atratividade estipulada de 12%. Isto significa que a rentabilidade do proeto é superior à rentabilidade da aplicação financeira de segurança (aplicação bancária). Este não seria um bom proeto se a rentabilidade financeira de segurança fosse superior à taxa interna de retorno. Tabela 2. Resultados demonstrando os indicadores econômicos, num horizonte de planeamento de 10 anos. Itens VPL TIR TMA Horizonte de planeamento Valores R$ 574.725,69 59,99% 12% 10 anos Além disso, devido à falta de oferta do produto, à localização, boas vias de acesso e com o começo das exportações de carne (carcaça e coxas) há uma boa perspectiva de expansão no mercado. Com relação ao alto valor de VPL, associa-se aos altos preços pagos pelos produtos, devido à falta de oferta do produto no mercado consumidor e também por ser uma carne exótica. 4. CONCLUSÃO Diante dos resultados apresentados, conclui-se que, com o horizonte de planeamento de 10 (dez) anos, o proeto é economicamente viável, comparando com a TMA (12%), pois apresentou uma TIR 59,99%, payback de 2 (dois) anos e VPL de R$ 574.725,69. 5. REFERÊNCIAS BUARQUE, C. Avaliação econômica de proetos. 6.ed., Campus: Brasília. 4
LIMA, S.L.; AGOSTINHO, C.A. A tecnologia de criação de rãs. Imprensa Universitária/UFV, 1992. 168p.:il. ANUALPEC/00. Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio. 2000, 392p. BRAGA, L. G. T.; LIMA, S. L.; CASTRO, J. C. Influência da temperatura no desempenho da rã touro (Rana catesbiana) no sistema anfigrana de criação. Viçosa, UFV, MG. 1994. DE STÉFANI, M. V. Alimentação e nutrição. I Ciclo de Palestras sobre Ranicultura do Instituto de Pesca. Boletim Técnico do Instituto de Pesca. São Paulo, 2001, 31, 49 p. ABDALLAH, P. R. Atividade pesqueira no Brasil: política e evolução. 137p. Tese (Doutorado) - ESALQ/USP, 1998. 5