Mercados. informação de negócios. Brasil Oportunidades e Dificuldades do Mercado

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PÁGINA 05 PÁGINA 07 PÁGINA 09 PÁGINA 11 ÍNDICE

Transcrição:

Mercados informação de negócios Brasil Oportunidades e Dificuldades do Mercado JULHO 2017

Índice 1. Oportunidades 3 1.1. Comércio 3 1.1.1 Alimentar 3 1.1.2 Materiais de Construção 5 1.1.3 Máquinas e Equipamentos 5 1.1.4 Têxteis - Tecidos, Vestuário e Técnicos 6 1.1.5 Indústrias Criativas 6 1.2. Investimento 7 1.2.1 Infraestruturas 7 1.2.2 Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC s) 7 1.2.3 Energia 8 2. Dificuldades 8 3. Abordagem ao Mercado 9 2

1. Oportunidades Tal como os anos de 2015 e 2016, 2017 também não será um ano fácil para o Brasil. O quadro macroeconómico que o país vive, neste momento, é de incertezas. Um ambiente politico instável, provocado pelas investigações de corrupção entre grande parte da classe politica e grandes empresas brasileiras, que são diariamente noticiadas no contexto da Operação Lava Jato, afeta não só a governabilidade do país, como também a sua credibilidade externa e interna, retraindo o investimento público e privado no país. Apesar das incertezas quanto às perspetivas de crescimento da economia brasileira, continuam a existir oportunidades tanto em termos de comércio, como a nível de investimento, neste mercado de mais de 200 milhões de consumidores e de dimensão continental. 1.1. Comércio São várias as oportunidades do mercado em termos de importações de produtos. Abaixo destacamos os setores que consideramos mais significativos: 1.1.1 Alimentar Mudanças nos hábitos alimentares dos brasileiros, sobretudo, no que diz respeito à qualidade e praticidade, levaram a um aumento na procura por alimentos mais saudáveis, nutritivos, saborosos e de fácil preparação. Hoje, o espaço na prateleira dos supermercados para produtos alimentares refrigerados ou congelados aumentou consideravelmente. Esse crescimento é notado principalmente nos grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, entre outros, cuja população apresenta um ritmo de vida mais acelerado. Segundos dados publicados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em 2016, as importações de produtos hortícolas congelados atingiram os 22,6 milhões de USD (cerca de 20 milhões de EUROS), representando um crescimento de 8,34% face ao ano anterior. A França, Bélgica, Espanha e Portugal foram, em conjunto, responsáveis por 88% do total das exportações destes produtos para o Brasil. Relativamente a Portugal, em 2016, as importações provenientes do nosso país totalizaram o valor de 2 milhões de USD (aproximadamente 1,77 milhões de EUROS) e um crescimento de 56,25% face ao ano de 2015, ultrapassando a importações provenientes da China e assegurando, assim, o quarto lugar no ranking dos maiores exportadores deste produto para o mercado brasileiro. Existe, por isso, um grande potencial de crescimento, sobretudo no segmento de vegetais congelados. Outro produto de fácil preparo, que tem potencial de mercado, são as conservas de pescado. O Brasil é um grande produtor deste tipo de produto, contudo a sua qualidade é bastante inferior à dos produtos importados, devido, sobretudo, à qualidade da matéria-prima que é importada do Peru e Equador. 3

Depois de um período de queda geral das importações de conservas de pescado por parte do Brasil, que atingiu o seu valor mínimo, em 2016, e que afetou particularmente Portugal, resultante de um embargo às exportações de conservas provenientes dos Açores, assistiu-se, no primeiro semestre de 2017, a um posicionamento de Portugal como o segundo maior exportador de conservas de atum e primeiro no ranking de exportadores de conservas de sardinha. Apesar da demora nos registros, por parte das autoridades brasileiras, este é um mercado com uma procura crescente e, como tal, com várias oportunidades, nomeadamente, no segmento gourmet. O azeite, tão presente na mesa dos brasileiros, continua a ser um produto de grande aposta neste mercado. O mercado do azeite no Brasil sofreu, durante anos, um grande problema com as fraudes no produto. Desde 2015, as autoridades brasileiras, em particular o Ministério da Agricultura (MAPA), têm vindo a desenvolver campanhas de fiscalização junto das empresas brasileiras que engarrafam o produto que chega a granel, obrigando essas empresas a pagarem avultadas multas e a retirarem o produto do mercado quando existem irregularidades no mesmo. Portugal é o maior exportador de azeites para o Brasil, sendo responsável por mais de 50% das importações brasileiras deste produto. Para além disso, o azeite português é reconhecido no mercado brasileiro pela sua qualidade e tradição. Existe, por isso, uma oportunidade para as empresas portuguesas produtoras de azeite de ocuparem um espaço no mercado, que está a ser deixado pelas empresas fraudulentas. O consumo de vinhos tem vindo a ganhar um espaço cada vez maior no hábito dos brasileiros, apesar do seu consumo per capita ainda ser muito baixo para o potencial do país. Apesar de se ter verificado uma ligeira queda de 3,1% no valor das importações em 2016, face ao ano de 2015, da qual Portugal não ficou de fora (o valor das importações portuguesas, em 2016, caiu 9,1% em relação a 2015), em 2017 esse cenário já está em mudança. Até ao mês de maio, o total das importações de vinho ascenderam a 111 milhões de USD (cerca de 98,23 milhões de EUROS), que corresponderam a um acréscimo de 23% face ao igual período de 2016. Portugal acompanhou essa tendência e já exportou para o Brasil 14,56 milhões de USD (cerca de 12,88 milhões de EUROS), desde o início de 2017, o que correspondeu a um aumento de 57% em relação ao mesmo período de 2016. Ao longo dos últimos anos, começou-se no Brasil a vulgarizar o consumo de vinho. Um produto que estava fortemente associado a datas especiais, comemorações e rituais de consumo, passou a ser um produto de consumo mais frequente para a maioria dos brasileiros. Para isso muito contribuiu um forte trabalho educacional, a par das ações promocionais de vinhos, realizados tanto pelas diferentes entidades do setor, a nível nacional e internacional, como pelas importadoras. Também o trabalho que as grandes superfícies têm vindo a fazer dando opção de vinhos com qualidade, a preços mais acessíveis para o consumidor e aconselhamento no momento da compra, facilitam a aquisição deste produto por parte do consumidor brasileiro. 1.1.2 Materiais de Construção Segundo dados de um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a Associação Brasileira de Materiais de Construção (ABRAMAT), em 2015, a fileira da construção representou 8,32% 4

do PIB brasileiro, representando uma queda de 6,8% em relação a 2014. A construção civil, que representa 66% do PIB de toda a fileira, registou uma queda de 6,1%. No entanto, o comércio de materiais de construção alcançou 129,6 mil milhões de Reais (cerca de 35 mil milhões de EUROS). Em comparação com os valores de 2014, registou-se uma ligeira queda de 2,4%. Em termos de procura, as construtoras absorveram cerca de 44% do comércio de materiais de construção e as famílias cerca de 40,5%. As importações de materiais de construção representaram 15% da oferta no mercado. Depois de anos de crescimento consecutivo das importações de materiais e equipamentos para a construção (que atingiu um crescimento de 124% entre 2010 e 2014), de 2014 para 2015 houve uma queda acentuada de 21%, passando de 7,7 mil milhões de EUROS em 2014, para 6,11 mil milhões de EUROS, em 2015. Para esta situação contribui a instabilidade política e económica que, entre outros aspetos, provocaram a quebra do investimento público e privado. Apesar de as expectativas de mercado sugerirem que a recuperação do sector será lenta, dada a incerteza política que o país atravessa, as perspetivas são de que o consumo das famílias, sobretudo daquelas com rendas mais elevadas, seja mais ágil na recuperação. 1.1.3 Máquinas e Equipamentos A indústria brasileira é afetada pela baixa produtividade, o que tem levado as empresas a um forte investimento nas suas estruturas produtivas. Cada vez mais, os produtores brasileiros estão cientes da importância em trocar as máquinas por modelos mais modernos e eficientes. Esta necessidade de melhoria do parque industrial, do Brasil, abre espaço não só à importação de máquinas e equipamentos, mas também a oportunidades de investimento estrangeiro para fazer face às várias carências do mercado. Uma das grandes oportunidades deste mercado passa pelo investimento em máquinas e equipamentos agrícolas. Este segmento atravessa um momento positivo e, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, as vendas internas de máquinas agrícolas cresceram, neste primeiro semestre, 21,8%, representando um aumento de cerca de 3,8 mil unidades em relação ao mesmo período do ano passado. A aposta de futuro na agricultura de precisão e em máquinas com sistema informatizado, a par do que já acontece com a Indústria têxtil, traz para as empresas portuguesas uma série de oportunidades no mercado brasileiro. 1.1.4. Têxteis - Tecidos, Vestuário e Técnicos O setor têxtil vem crescendo ao longo dos anos, não só no Brasil como no mundo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confeção (ABIT), este setor fatura cerca de 100 mil milhões de Reais (cerca de 28,6 mil milhões de EUROS), por ano, através de mais de 30 mil empresas. Após dois anos seguidos de recessão, a indústria têxtil começa, em 2017, a dar sinais de recuperação do setor. A perspetiva é de crescimento de 1% na produção de vestuário, contra a queda de 6,7% no 5

ano anterior. Ao nível das importações e exportações também se aponta para um crescimento de 10% e 5%, respetivamente. Relativamente aos postos de trabalho, após a perda de 125 mil empregos nos últimos dois anos, prevê-se que, para este ano, sejam criados cerca de 10 mil novos postos de trabalho. Este sector existe há, aproximadamente 200 anos, no Brasil, tratando-se de um mercado sólido e de grande influência para o país. Autossuficiente na produção de algodão, o Brasil é também referência mundial em design e produção de moda de praia, jeanswear e homewear. Uma das grandes oportunidades para novos negócios e novas empresas está nos têxteis técnicos. Devido à crescente procura por este tipo de produtos, este setor investiu, nos últimos dois anos, mais de 42 milhões de EUROS em atualização tecnológica, gerando, atualmente, aproximadamente 22 mil empregos diretos. 1.1.5 Indústrias Criativas As indústrias criativas conjugam criação, produção e comercialização de conteúdos intangíveis e culturais por natureza, podendo assumir a forma de produtos e serviços, protegidos pela legislação de propriedade intelectual. Este setor mostrou-se menos impactado perante o cenário económico adverso do período 2013-2015, quando comparado à totalidade da economia nacional: a participação do PIB Criativo, estimado no PIB, cresceu de 2,56% para 2,64%. Como resultado, a área criativa gerou uma riqueza de 155,6 mil milhões de Reais (cerca de 45 mil milhões de EUROS) para a economia brasileira, em 2015, valor equivalente à soma dos valores de mercado das marcas Facebook, Zara e L'Oréal reunidas. Entre os diferentes Estados brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro sobressaem-se no mercado de trabalho criativo: são 328 mil trabalhadores paulistas e 99 mil trabalhadores fluminenses. Esses são, ainda, os dois estados que mais se destacam em termos de participação: 2,4% de todos os trabalhadores formais de São Paulo e 2,2% dos do Rio de Janeiro têm como principal ferramenta de trabalho a criatividade. 1.2. Investimento Alguns dos setores com potencial, no Brasil, exigem investimento direto das empresas no mercado, de modo a que a sua atuação seja competitiva. Entres esses setores destacam-se os abaixo indicados: 1.2.1. Infraestruturas Um dos setores mais afetados pela crise politica e económica que o Brasil vive neste momento, é o setor das infraestruturas, uma vez que os investimentos, sobretudo os públicos, caíram consideravelmente. No entanto, um dos obstáculos ao crescimento sustentado do Brasil é a precariedade das suas infraestruturas e logística, sobretudo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Uma das 6

soluções passa pelas concessões, Parcerias Público-Privada (PPP) e Privatizações e, nesse sentido, o Governo brasileiro criou o Programa de Parceria de Investimento (PPI) com o intuito de reforçar a coordenação das políticas de investimentos em infraestrutura por meio de parcerias com o setor privado. Este Programa está em articulação com três Ministérios, seis Agências Reguladoras e tem o apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 1.2.2. Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC`s) Na área das tecnologias da informação e comunicação, o Brasil tem vindo a consolidar a sua aposta. Segundo dados da consultora IDC, o Brasil surge como o maior mercado de TIC s da América Latina, com uma quota de mercado de 36%. Em 2016, o setor das TIC s em conjunto com o setor das telecomunicações, movimentou, no Brasil, cerca de 438 mil milhões de Reais (aproximadamente 125 mil milhões de EUROS), valor que representou 7% do PIB do país. Se considerarmos o período entre 2010 e 2016, o setor das TIC s registou um crescimento de 5,1% ao ano, com destaque para as categorias de software (14,1% ao ano) e Business Process Outsourcing (10,2% ao ano). Em virtude destes números, as perspetivas e oportunidades para o setor são bastante promissoras por via da intensificação do uso de tecnologia, nas mais diversas áreas da economia. Surgem grandes oportunidades ao nível de tecnologia da informação e segurança devido ao aparecimento de serviços baseados na nuvem, datacenters e software. As TIC s são, assim, um setor com grande potencial de crescimento e muitas oportunidades para as empresas estrangeiras, uma vez que ainda existem muitas carências no mercado, nomeadamente escassez de mão-de-obra especializada e necessidade de investimento em capacitação e formação. Além disso, as empresas nacionais sentem, cada vez mais, a necessidade de acompanhar as novas formas de abordagem ao mercado que a internet oferece. 1.2.3. Energia O Brasil tem o terceiro maior potencial hidroelétrico do mundo, condições climáticas extremamente favoráveis para o desenvolvimento da geração eólica e é um dos líderes globais na produção de eletricidade com base em biomassa. Conta com a sexta maior reserva de urânio do planeta, possui das maiores reservas de carvão e é o segundo maior produtor de etanol e biodiesel. É também um dos principais mercados na produção de energias renováveis. Em 2015, as fontes renováveis, no Brasil, totalizaram a participação de 41,2% na matriz energética, indicador quase três vezes superior ao indicador mundial, que é 13,8%. O país também se destaca na matriz de geração elétrica com 74% de renováveis (79,3% em 2013), enquanto a referência mundial corresponde a 23,8%. Até 2020, será investido 1 trilião de Reais (cerca de 285,71 mil milhões de EUROS) no setor, sendo mais de metade desse valor em petróleo e gás. 7

Também em 2015, o governo brasileiro lançou o Programa de Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), com um investimento de 100 mil milhões de Reais (cerca de 28,57 mil milhões de EUROS) e com o objetivo de estimular a geração de energia pelos próprios consumidores (residencial, comercial, industrial e rural) com base em fontes renováveis, em especial a fotovoltaica. Desta forma, dadas as condições naturais favoráveis que possui, percebe-se que o Brasil pretende investir mais na energia solar e estima-se que, em 2018, esteja entre os 20 países com maior geração deste tipo de energia, considerando-se a potência já contratada (2,6 GW) e a escala da expansão dos demais países. Há potencial para a instalação de 23,5 GW até 2030. 2. Dificuldades Apesar do grande potencial, tanto a nível de comércio como de investimento, o Brasil é um mercado complexo e, por vezes, de difícil acesso. Abaixo são indicadas as principais dificuldades e os desafios do mercado: Mercado extremamente protecionista, sobretudo nos setores onde a indústria brasileira é forte; Sistema fiscal complexo, com impostos à importação calculados em cascata; Registo de produtos e habilitação para exportação para o Brasil de estabelecimentos estrangeiros junto das autoridades brasileiras competentes, moroso e complexo; Elevada carga tributária à importação; Elevados custos operacionais e de logística; Taxas de juro elevadas; Complexidade do sistema jurídico e tributário; Forte burocracia; Mercado laboral com custos consideráveis, complexo e rígido, com elevada rotatividade; Escassez de mão-de-obra técnica e qualificada; Baixa produtividade; Infraestruturas precárias e deficitárias, em alguns Estados do país, sobretudo nos Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste; Custo de vida muito elevado. 3. Abordagem ao Mercado O mercado brasileiro, para além da sua dimensão continental, é sofisticado e exigente e, como tal, obriga a uma preparação constante em termos de estratégia e abordagem do mercado. É importante estudar muito bem o mercado em que pretende atuar, antes de tomar qualquer decisão, analisando e identificando a região mais adequada ao negócio. Ter em atenção a diversidade jurídica, 8

legislativa, fiscal, logística e cultural entre os vários Estados. Planear, com rigor, o negócio e identificar bem o segmento-alvo. Outro aspeto importante consiste em obter o máximo de informações sobre os potenciais parceiros de negócios e ter presença constante, acompanhando de perto as operações. É difícil trabalhar o mercado brasileiro à distância. Ter presente que, apesar da proximidade cultural e da língua, o mundo dos negócios é diferente de Portugal. Existe uma certa informalidade no clima de negócios, até alguma familiaridade, mas não em demasia. O ritmo e a dinâmica de mercado nos negócios no Brasil são diferentes, mesmo entre Estados. Em suma, refletir sobre as seguintes questões: O meu produto é vendável? Tenho preço? Existe produção local? Quem são os países concorrentes? Quais são as marcas/empresas concorrentes? Qual o valor das taxas aduaneiras? Quais os registos necessários junto das autoridades brasileiras para exportar o meu produto? Quem são os potenciais parceiros? Quais os impostos ao consumo? Quais as principais feiras de promoção do produto? Quais os principais importadores e distribuidores? Deve ser criada uma empresa local? Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, E.P.E. Avenida 5 de Outubro 101 1050-051 LISBOA Tel. Lisboa: + 351 217 909 500 Contact Centre: 808 214 214 aicep@portugalglobal.pt www.portugalglobal.pt Capital Social 114 927 980,00 Euros Matrícula CRC Porto Nº 1 NIPC 506 320 120 9