PROJETO VIVER A DOIS E A CONJUGALIDADE

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Transcrição:

ÁREA TEMÁTICA: DESENVOLVIMENTO TEÓRICO-PRÁTICO EM PSICOTERAPIAS PROJETO VIVER A DOIS E A CONJUGALIDADE SANTOS, Andressa Nascimento dos. 1 BRUM, Rayssa Reck 2 RODRIGUES, Tatiane Pinto 3 STRENZEL, Janaina 4 RESUMO O Projeto Viver a dois: Compartilhando esse desafio é uma iniciativa do Núcleo de Pesquisa Dinâmica das Relações Familiares, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em parceria com a FISMA busca através de um espaço reflexivo, interativo e informativo a melhoria das relações conjugais por meio de oficinas. Neste momento são tratados assuntos geralmente conflitantes entre os envolvidos, como: conjugalidade e à vida a dois, como os mitos e conflitos conjugais, sexualidade e lazer, buscando oportunizar melhores níveis de bem-estar e satisfação no relacionamento. Objetiva-se oferecer uma oportunidade de investir na qualidade da vida conjugal e aprender a encaminhar melhor os conflitos do dia a dia. Considera-se essa iniciativa, um passo importante, pois é possível que os casais aprendam a ter uma melhor qualidade em seus relacionamentos, desde que haja investimento no mesmo e, além disso, atenta para a necessidade do desenvolvimento de mais iniciativas e intervenções conjugais que possibilitem aos casais um espaço de aprendizagem e reflexão. Palavras-chave: Psicologia, Conjugalidade, Viver a dois. 1 INTRODUÇÃO As lembranças que os casais têm a respeito de como se conheceram, como o namoro iniciou, como foi o primeiro beijo e o porquê, dentre tantas outras pessoas, se escolheram para manter uma relação, ou seja, questões referentes à motivação para a conjugalidade, ficam guardadas em um espaço especial da memória. No entanto, para muitos casais, a disparidade entre tais lembranças e os momentos vivenciados na atualidade, na vida a dois, pode ser devastadora (WAGNER; MOSMANN, 2012). Ainda, para Wagner; Mosmann (2012), essa realidade faz parte da rotina de muitos casais, questão que pode ser observada a partir do grande número de divórcios que ocorrem no Brasil. Partindo do pressuposto de que todos os casais vivenciam conflitos em seu cotidiano, entende-se que a vida a dois é algo complexo e que exige investimento de ambas as partes. Entretanto, conforme Wagner; Mosmann (2012), a consciência das exigências do relacionamento não é algo comum entre os cônjuges, questão que, em partes, pode ser relacionada aos mitos que circundam o casamento. Assim, é no espaço entre o que é socialmente esperado a respeito do casamento, e os conflitos do dia-a-dia, que a frustração manifesta-se. Além disso, muitas vezes, mesmo havendo o desejo de solucionar os conflitos, os casais não conseguem lidar de formas efetivas com os 1 Acadêmica do curso de Psicologia; FISMA; andressa_nascimento_@hotmail.com 2 Acadêmica do curso de Psicologia; FISMA; rahrbm@gmail.com 3 Docente do curso de Psicologia; FISMA; tatiane.rodrigues@fisma.com.br 4 Docente do curso de Psicologia; FISMA; janaina.strenzel@fisma.com.br

mesmos. Para Costa et al (2017), as estratégias utilizadas pelos parceiros para solucionar seus conflitos predizem se a conclusão do acontecimento será mais ou menos efetiva. Afirma, ainda, que é necessário que haja negociações entre os parceiros na busca por soluções para os conflitos (COSTA ET AL, 2017). Conforme Mosmann; Falcke (2011), a satisfação conjugal não está relacionada diretamente à ausência de conflitos, e sim, à forma com a qual os casais criam estratégias para lidar com os mesmos. As autoras afirmam, ainda, que pesquisas demonstram que a busca por ignorar os motivos de conflitos não os faz desaparecer, e sim, ocasionam o acúmulo de ressentimentos que pode acabar retornando mais forte a cada nova dificuldade. Nesse sentido, evidencia-se a importância de iniciativas que ampliem as possibilidades de estratégias no enfrentamento das conflitivas conjugais, otimizando os níveis de satisfação na relação e evitando a ruptura dos vínculos. Dessa forma, surge o Programa Psicoeducativo para casais Viver a dois: compartilhando este desafio. Trata-se de uma iniciativa do Núcleo de Pesquisa Dinâmica das Relações Familiares, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em parceria com a FISMA. O mesmo visa possibilitar a casais um espaço reflexivo, interativo e informativo em que a vida a dois possa ser cultivada, buscando promover nos mesmos estratégias de enfrentamento de conflitos cotidianos, em uma perspectiva de prevenção e promoção de saúde conjugal. Seu objetivo é oferecer uma oportunidade de investir na qualidade da vida conjugal e aprender a encaminhar melhor os conflitos do dia a dia. Assim, o presente trabalho visa apresentar o programa Viver a dois: compartilhando este desafio. 2 REVISÃO DE LITERATURA A conjugalidade vem sendo reconstruída a partir das constantes mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais existentes na contemporaneidade (TORRES, 2004). Zordan; Falcke; Wagner (2009) afirmam que a definição de casamento necessita a consideração das diversas conjugalidade existentes. Para os autores, diferentes modelos uniões entre casais se colocam para responder às demandas e exigências sociais e às transformações. Assim, observa-se a coexistência de modelos tradicionais de casamento e novas formas de amar e relacionar-se. A atualidade aborda todos os tipos de relações conjugais, como as homoafetivas, recasadas e tantas outras novas formas de configuração, assim tudo parece ser possível dentro de uma relação, mas não necessariamente aceito. É difícil traçar um perfil único, tanto no que se refere a sua estrutura quanto a configuração, pois há um aumento de casais com

dupla carreira, divórcios e recasamentos, maior participação da mulher financeiramente (WAGNER ET AL, 2011). Na Psicologia, considera-se o casamento importante para o bem-estar das pessoas, enfatizando-o com uma das tarefas da adultez. Ainda assim, Zordan; Falcke; Wagner (2009) ressaltam que o mesmo tem assumido uma posição diferente no ciclo de vida familiar, considerando que os homens e mulheres estão iniciando sua vida sexual mais cedo, bem como, casando-se mais tarde, muitas vezes permanecendo por um período maior na casa dos pais. Observa-se, a partir de Carter & McGoldrick (2001), que, atualmente, há um prolongamento da fase de adulto jovem, visto que no contexto sociocultural brasileiro, ocorre uma dificuldade de inserção no mercado de trabalho e de obtenção de salários satisfatórios, aspectos que, aliados ao conforto, segurança e pertencimento que a casa dos pais proporciona, resulta na saída tardia da casa dos mesmos. Carter & McGoldrick (2001), ao apresentarem os estágios do ciclo de vida familiar, afirmam que, no estágio de união das famílias no casamento, infere-se que haja o comprometimento com a formação do subsistema conjugal, que demanda o realinhamento do relacionamento com famílias ampliadas para a inclusão do cônjuge. Heckler; Mosmann (2014) entendem que o namoro, uma importante etapa a ser vivenciada previamente ao casamento, tem sido cada vez mais breve na contemporaneidade, fato que, segundo Carter & McGoldrick (2001), aumente a probabilidade de disfuncionalidade no casamento. 2.1 CONJUGALIDADE E CONFLITOS O número de uniões consensuais no Brasil vem aumentando significativamente, ao mesmo tempo que o crescimento de divórcios também se torna maior. As razões vistas como ideais na relação conjugal podem ser os mesmas que a dificultam, pois é comum repetir padrões relacionais reconhecidos e valorizados socialmente, os quais, muitas vezes são passados através da educação (WAGNER ET AL, 2011). O casamento, anteriormente, tinha por função ligar duas famílias, e permitir que elas se perpetuassem, muito mais do que satisfazer o amor de duas pessoas. Atualmente, quando duas pessoas resolvem ficar juntos, a escolha advém de uma vontade de ficar juntos, assim, cada casal cria seu próprio modelo de ser um casal, ou seja, duas identidades individuais que, na relação amorosa, convivem com uma conjugalidade, um desejo conjunto, uma história de vida conjugal, um projeto de vida de casal, uma identidade conjugal (CARNEIRO, 1998). Ainda

para a autora, o casamento, na contemporaneidade, é marcado pela busca do espaço individual e pela conquista da autonomia. Ao mesmo tempo, na constituição do casal é necessário a criação de um lugar comum de interação, que possibilite o desenvolvimento dos cônjuges e a construção de projetos em comum. Para Heckler; Mosmann (2014), os anos iniciais do casamento, que abrangem a construção e desenvolvimento da conjugalidade, têm sido compreendidos como o período de maior satisfação conjugal. A tarefa de tornar-se casal é um estágio bastante complexo do ciclo de vida familiar, pois demanda reordenamentos individuais, visando a construção da identidade conjugal e a história de vida a dois, envolvendo, ainda, questões mais amplas, como o contexto em que o casal está inserido e interage (SCHMIDT ET AL, 2015). Na contemporaneidade, as idealizações do amor romântico, de que o casamento é único é eterno, inclinam-se à fragmentação, principalmente em razão da emancipação e da autonomia feminina. Nesse sentido, os cônjuges não consentem com um casamento que não corresponda a suas expectativas de felicidade, prazer, compreensão e companheirismo, sendo, por isso, o rompimento conjugal uma questão cada vez mais frequente (ZORDAN; FALCKE; WAGNER, 2009). O casamento possui diversos desafios, que se constituem, dentre outros fatores, a partir de expectativas dos cônjuges anteriores à relação, experiências familiares de cada um, comportamentos, princípios e valores próprios, bem como, conflitos mal resolvidos e frustrações (ALVES-SILVA ET AL, 2016). O desenvolvimento da consciência acerca das escolhas da vida conjugal, a formulação de estratégias, estabilidade e a construção em conjunto da relação favorecem a obtenção de satisfação nas relações, dada a importância de uma relação conjugal satisfatória para o desenvolvimento emocional do próprio casal e também dos filhos (WAGNER, 2015). Cabe salientar que uma relação saudável não é aquela que não possui conflitos, pois sabe-se que o conflito faz parte do cotidiano dos casais. Para Mosmann; Falcke (2011), a satisfação e a estabilidade das uniões não estão diretamente vinculadas à ausência de conflitos, devendo ser compreendidas de forma mais ampla, considerando a frequência de interações positivas e negativas que os casais vivenciam em seu cotidiano, o processo dinâmico do relacionamento e as estratégias utilizadas para resolução dos conflitos. Nesse sentido, Costa et al (2017) afirmam que há cerca de cinco décadas os conflitos conjugais vêm sendo investigados na literatura internacional, abrangendo os motivos, intensidade, frequência e forma de lidar com os mesmos. Conforme Turner; West (1998), o

conflito é um processo no qual os membros da família vivenciam uma discordância a respeito de objetivos, regras, papéis, cultura ou padrões de comunicação. Mosmann; Falcke (2011) atentam para os principais motivos de conflitos conjugais, de acordo com a literatura, sendo eles o sexo, a infidelidade, os filhos, o dinheiro, entre outros. Para as autoras, casais têm mais conflitos em dias em que vivenciam mais problemas cotidianos, a saber: ocasiões de múltiplas e simultâneas demandas, problemas no âmbito do trabalho, financeiros e doença crônica. Ainda, salientam a importância de identificar os motivos de conflitos para que, dessa forma, os casais consigam estar atentos a suas motivações mais frequentes de desavenças (MOSMANN; FALCKE, 2011). Turner; West (1998) afirmam que os conflitos variam ao longo do tempo, conforme as famílias vivenciam as fases de seu desenvolvimento no ciclo de vida familiar. As estratégias usadas pelos cônjuges para solucionar seus conflitos predizem se o desfecho da circunstância será mais ou menos efetiva. Tais estratégias referem-se a comportamentos utilizados com o objetivo de buscar uma solução para a problemática, e pressupõem a indispensabilidade de negociação entre os parceiros, podendo ser consideradas construtivas ou destrutivas (COSTA ET AL, 2017). Ainda, para a autora, as estratégias construtivas envolvem comunicação respeitosa, percepção do conflito como oportunidade de melhorar o relacionamento, clareza sobre a corresponsabilidade dos cônjuges, autocontrole, flexibilidade, tolerância e a busca conjunta por uma solução satisfatória para o casal. As destrutivas, por sua vez, caracterizam-se pela identificação de culpados, foco demasiado no problema, racionalização, comportamentos de esquiva e de retraimento, hostilidade, reclamações, rigidez e negatividade (COSTA ET AL, p. 209). 2.2 MITOS CONJUGAIS Para Wagner; Mosmann (2012), dentre os motivos pelos quais existem tantas dificuldades no cotidiano dos casamentos, está o fato de que as pessoas são criadas e educadas em um contexto carregado de mitos sobre a conjugalidade, o que acaba por criar expectativas irreais a respeito da vida a dois. Os mitos são maneiras de interpretar a realidade, aprendidos nas famílias de origem e transmitidos transgeracionalmente. Os mesmos podem auxiliar a lidar com conflitivas da vida cotidiana, porém, alguns deles podem ser prejudiciais, podendo não coincidir com a realidade (WAGNER ET AL, 2015).

Quando há a percepção na prática sobre o distanciamento entre os mitos e a realidade, os casais tendem à decepção. Nesse sentido, Wagner; Mosmann (2012, p. 243) apresentam alguns mitos que acabam por prejudicar o relacionamento: Mito 1 Se há amor e compromisso suficientes, o casal é capaz de enfrentar todas as dificuldades na verdade, o amor é fundamental para a formação do casal, mas não é o suficiente para mantê-lo. Esse mito [..] faz com que os cônjuges sintam-se culpados por pensar que, se têm tantos conflitos e não conseguem resolvê-los, é porque provavelmente não se amam mais. Mito 2 Os problemas do início do casamento tendem a melhorar com o tempo na realidade, os problemas não resolvidos tendem a piorar com o passar do tempo. A estratégia de tentar ignorá-los acaba por incrementar os problemas conjugais [..]. Além disso, a não resolução gera um sentimento de frustração entre os cônjuges que se acumula com o passar do tempo. Esse acúmulo tende a criar um armazenamento de sentimentos negativos em relação ao casamento e ao parceiro. Mito 3 Com quem você se casa vai definir o quanto você será feliz no matrimônio a satisfação conjugal tem muito menos a ver com as características pessoais do parceiro do que com a maneira como os cônjuges lidam com os conflitos. Esse mito é perigoso porque encerra um caráter definitivo na escolha do parceiro: se você escolheu errado, é mais fácil trocar de parceiro do que tentar ser feliz com este que elegeu [..]. Mito 4 Homens e mulheres têm diferentes necessidades e formas de estabelecer intimidade de fato, homens e mulheres lidam com os problemas de maneiras distintas, e isso não se refere à sua capacidade de estabelecer intimidade. Esse mito tende a aprisionar os homens no papel de emocionalmente distantes e as mulheres no de extremamente sensíveis e incompreendidas por seus parceiros [..]. Dessa forma, as autoras afirmam que os mitos evidenciam o quanto as pessoas são socialmente induzidas a buscar relações baseadas em ideais distorcidos e inexistentes. Assim, demonstra-se a importância de estratégias e programas capazes de desconstruir esses mitos, possibilitando, assim, o estabelecimento de expectativas reais e baseadas nas possibilidades de cada cônjuge (WAGNER; MOSMANN, 2012). 3 MÉTODO As atividades do Viver a Dois têm início com a divulgação do programa, que ocorrerão através das redes sociais, cartazes de divulgação, e-mail para alunos dos cursos da FISMA e através da Clínica-Escola de Psicologia Maiêutica. Após a divulgação, são realizadas as inscrições dos casais que desejam participar do projeto, que ocorrem também na Clínica-Escola. Posterior às inscrições, é entrado em contato com os casais, afim de agendar uma triagem que, através de perguntas pré-definidas, visa definir se o mesmo se adequa aos pré-requisitos para participar do projeto, a saber: ambos os parceiros devem participar, possuir mais de seis meses de relacionamento e ter o desejo de permanecer juntos e investir em sua relação. Além disso,

após o processo de triagem, é agendada com os casais uma reunião de cunho informativo, que tem por objetivo esclarecer sobre o funcionamento e a proposta do programa. O programa, em si, é composto por seis oficinas, com periodicidade semanal, sendo que cada uma tem a duração de 1 hora e 30 minutos. As oficinas abordam temas referentes à conjugalidade e à vida a dois, como os mitos e conflitos conjugais, sexualidade e lazer, buscando oportunizar melhores níveis de bem-estar e satisfação no relacionamento. As mesmas serão realizadas na Unidade 1 da FISMA, em sala a definir, nas sextas-feiras à tarde, das 17h30 às 19h. O horário foi pensado de forma a não coincidir com o horário comercial, para que, dessa forma, um público maior seja atingido. As oficinas são realizadas a partir de slides interativos (cedidos pelo Núcleo de Pesquisa Dinâmica das Relações Familiares, da UFRGS), atividades lúdicas e tarefas práticas que visam reforçar o que foi discutido, bem como proporcionar momentos de reflexão, interação e investimento na conjugalidade. A primeira oficina trata da história do casal, o resgate da história do enamoramento, o significado do casamento e os mitos conjugais. A mesma visa fazer com que os casais retomem lembranças que por vezes ficam esquecidas na vida a dois, bem como, desconstruir os mitos que se constroem socialmente a respeito do casamento. Já a segunda oficina trabalha os temas de conflito, a intensidade das emoções e a tolerância frente aos conflitos, buscando enfocar que o conflito é inerente aos relacionamentos, sendo que o que determina a qualidade do relacionamento são as estratégias de cada um dos membros do casal e pelo casal conjuntamente para resolver suas divergências. A terceira oficina refere-se às estratégias de resolução de conflitos, à empatia e ao conteúdo e emoções provocados pelos conflitos, visando que os cônjuges percebam os afetos suscitados no outro durante o conflito, dando ênfase ao afeto. Além disso, visa que os casais identifiquem os padrões que existem no enfrentamento de seus conflitos, para assim conseguirem aprimorar e diversificar as estratégias de resolução. A quarta, por sua vez, trata da importância de conhecer o outro, a raiva e as possíveis estratégias de enfrentamento, como comunicar-se quando há um conflito e estratégias de negociação. Seu objetivo é atentar para a importância das habilidades emocionais e de comunicação, bem como, sobre a importância do controle de emoções. A quinta oficina enfoca a sexualidade, trabalhando as crenças e mitos sobre a sexualidade, o sexo e a intimidade do casal e o falar sobre a sexualidade, visando propor discussões e um diálogo maior entre o casal sobre esse assunto que, muitas vezes, é percebido como um tabu dentro dos relacionamentos.

A sexta e última oficina trata sobre a importância do lazer para a saúde do casal, bem como, sobre a avaliação e planejamento do tempo livre, buscando enfatizar a necessidade do investimento no relacionamento e na importância de atividades de lazer a dois. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A partir do entendimento de que o conflito é inerente às relações humanas, mas que é possível aprender a lidar de forma mais efetiva com as discordâncias da vida a dois, o Programa Psicoeducativo Viver a Dois: Compartilhando esse desafio propõe estratégias que facilitam os casais na ampliação do leque de estratégias a serem usadas no enfrentamento de suas conflitivas, sendo esse o principal propósito do programa (WAGNER ET AL, 2015). O Viver a Dois foi elaborado por pesquisadores e terapeutas de casais e famílias que se dedicam a fazer chegar à comunidade o conhecimento construído dentro da Universidade. Nesse sentido, o programa foi baseado em uma pesquisa chamada Mapeamento e Intervenção nas Relações Conjugais no RS: Questões de Gênero, Resolução de Conflitos e Violência, coordenado pelo Núcleo de Pesquisa Dinâmica das Relações Familiares, da UFRGS e contou com o apoio e participação de mais cinco universidades gaúchas (WAGNER ET AL, 2015). Mosmann; Falcke (2011) atentam para o fato de que o desafio das intervenções voltadas para a conjugalidade está no desenvolvimento de modelos de intervenção que abarquem a complexidade envolvida nas relações. As diferentes dimensões que compõem a qualidade conjugal são complexas e subjetivos. Nesse sentido, para a elaboração do projeto, foi realizada uma pesquisa com 750 casais gaúchos, de diferentes níveis socioeconômicos e culturais, visando investigar as estratégias que eles utilizavam para solucionar suas conflitivas conjugais no cotidiano. Nessa pesquisa, foi constatada uma variedade de estratégias utilizadas pelos casais, sendo algumas construtivas (como a negociação e o acordo), e outras destrutivas (como agressões verbais, insultos, evitação e demais comportamentos pouco eficazes na resolução dos conflitos) (WAGNER ET AL, 2015). A partir disso, entende-se que o que mais influencia a qualidade conjugal não é a quantidade de discordâncias que os cônjuges enfrentam no dia a dia, mas sim, a forma como buscam solucioná-las. Sendo assim, o programa Viver a Dois foi pensado de forma a ser utilizada com grupos de casais, em uma perspectiva preventiva e de promoção de saúde (WAGNER ET AL, 2015).

4 CONCLUSÕES Entende-se que projetos como o Viver a dois: compartilhando este desafio são uma importante alternativa de trabalho com casais, que enfoca fatores de proteção da conjugalidade, buscando promover melhores níveis de bem-estar no relacionamento. Nesse sentido, se constitui como um projeto de grande relevância acadêmica e social, pois possibilita um grande aprendizado aos alunos envolvidos no mesmo, e, ao mesmo tempo, possui relevância social, na medida em que o trabalho ocorre através de uma perspectiva preventiva e de promoção de saúde conjugal. O mesmo demonstra que é possível que os casais aprendam a ter uma melhor qualidade em seus relacionamentos, desde que haja investimento no mesmo e, além disso, atenta para a necessidade do desenvolvimento de mais iniciativas e intervenções conjugais que possibilitem aos casais um espaço de aprendizagem e reflexão. O Viver a dois: compartilhando esse desafio é uma iniciativa de grande importância para ajudar a manutenção da vida conjugal, diminuir os custos materiais e emocionais dos problemas gerados na relação, afim de proporcionar questionamentos e espaços para reflexão das relações bastante complexas. Nesse sentido, se faz necessário ampliar espaços para as discussões sobre o tema, enfrentando a complexidade e diversidade da atualidade REFERÊNCIAS ALVES-SILVA, J. D., ET AL. Conjugalidade e casamentos de longa duração na literatura científica. Contextos Clínicos, v. 9, n. 1, p. 32-50, 2016. CARNEIRO, T. F. Casamento contemporâneo: o difícil convívio da individualidade com a conjugalidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 11, n. 2, 1998. Carter, B. & McGoldrick, M. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. Porto Alegre: Artmed, 2001. COSTA, C. B. et al. Terapia de Casal e Estratégias de Resolução de Conflito: Uma Revisão Sistemática. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 37, n. 1, p. 208-223, 2017. HECKLER, V. I.; MOSMANN, C. Casais de dupla carreira nos anos iniciais do casamento: Compreendendo a formação do casal, papéis, trabalho e projetos de vida. Barbarói, v. 41, p. 119-147, 2014. MOSMANN, C.; FALCKE, D. Conflitos conjugais: motivos e frequência. Revista da SPAGESP Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo, v. 12, n. 2, p. 5-16, 2011.

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