ALTERAÇÕES POSTURAIS DE CICLISTAS DURANTE EXERCÍCIO PROLONGADO 1

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO ELETROMIOGRÁFICA DA MUSCULATURA DE CICLISTAS DURANTE EXERCÍCIO PROLONGADO 1

~ 5 ~ A EFETIVIDADE DAS TÉCNICAS DE ISOSTRETCHING E ALOGAMENTO ESTÁTICO NA LOMBALGIA

Os benefícios do método Pilates em indivíduos saudáveis: uma revisão de literatura.

Dicas de prevenção para Hérnia de Disco

TREINAMENTO FUNCIONAL NA PREVENÇÃO DE QUEDAS EM IDOSOS 1

INCIDÊNCIA DE DOR EM TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM SANTA MARIA, RIO GRANDE DO SUL 1

Bem estar e produtividade no trabalho

XII ENCONTRO DE EXTENSÃO, DOCÊNCIA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA (EEDIC)

FISIOTERAPIA NA ESCOLA: ALTERAÇÃO POSTURAL DA COLUNA VERTEBRAL EM ESCOLARES

TÍTULO: ESTUDO ERGONÔMICO DA POSTURA SENTADA EM COLABORADORAS DE UMA INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO.

APTIDÃO FÍSICA DE IDOSAS PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA

ANÁLISE POSTURAL EM UNIVERSITÁRIOS

Testes Metabólicos. Avaliação do componente Cardiorrespiratório

Melhorando o Desempenho na Pedalada por Claudia Franco 07/06/2016

TÍTULO: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM CORREDORES DOS 10 KM TRIBUNA FM-UNILUS

AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR FORÇA MUSCULAR 13/06/2017. Disciplina Medidas e Avaliação da Atividade Motora 2017 AGILIDADE POTÊNCIA MUSCULAR

O que você precisa saber antes de treinar seu novo cliente. P r o f ª M s. A n a C a r i n a N a l d i n o C a s s o u

12. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL DE ALUNOS DO PROJETO ESCOLA DA BOLA COM BASE NOS TESTES DA PROESP-BR

Avaliação do VO²máx. Teste de Esforço Cardiorrespiratório. Avaliação da Função Cardíaca; Avaliação do Consumo Máximo de O²;

TÍTULO: EFEITO DA REDUÇÃO DA FREQUÊNCIA SEMANAL NO TREINAMENTO DE FORÇA NO DESEMPENHO DA POTÊNCIA

Prevalência de Dor Lombar em Ciclistas Praticantes em Goiás, Amadores das Modalidades: Mountain Bike, Time Trial e Road.

AVALIAÇÃO POSTURAL O QUE É UMA AVALIAÇÃO POSTURAL? 16/09/2014

TÍTULO: ANÁLISE ANTROPOMÉTRICA DE SACROS DO SEXO MASCULINO E FEMININO DO ESTADO DE SÃO PAULO

BIOMECÂNICA DA AÇÃO MUSCULAR EXCÊNTRICA NO ESPORTE. Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

Métodos treinamento das valências físicas relacionadas à Saúde. Prof Paulo Fernando Mesquita Junior

Efeito das variações de técnicas no agachamento e no leg press na biomecânica do joelho Escamilla et al. (2000)

Resistência Muscular. Prof. Dr. Carlos Ovalle

Código: 6 Dados do trabalho:

EFEITO DA PRÁTICA DE JIU-JITSU NA DENSIDADE ÓSSEA DO SEGUNDO METACARPO

O uso excessivo de tecnologias pode causar doenças

Ergonomia Fisiologia do Trabalho. Fisiologia do Trabalho. Coração. Módulo: Fisiologia do trabalho. Sistema circulatório > 03 componentes

Princípios Científicos do TREINAMENTO DESPORTIVO AULA 5

TIPOS DE LESÕES. Adaptado de CHAFFIN e ANDERSON (1991) TIPO DE TRAUMA

Por que devemos avaliar a força muscular?

A IMPORTÂNCIA DA FLEXIBILIDADE NO TAEKWONDO

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

1 INTRODUÇÃO. Ergonomia aplicada ao Design de produtos: Um estudo de caso sobre o Design de bicicletas 1 INTRODUÇÃO

INSTITUIÇÃO DE CIENCIAS DA SAÚDE ICS FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS FUNORTE LIGA ACADEMICA DE FISIOTERAPIA DESPORTIVA - LAFE

BIOMECÂNICA DA MARCHA E DA POSTURA COM CALÇADO DE SALTO ALTO (Biomechanics of the gait and the posture with high heel s shoe) RESUMO

Avaliação Física. Avaliação Física. wwww.sanny.com.br.

ANÁLISE DA FORÇA DO ASSOALHO PÉLVICO NOS PERÍODOS DO PRÉ E PÓS-PARTO

TÍTULO: LESÕES CEREBRAIS NO ESPORTE: EPIDEMIOLOGIA DE CONCUSSÕES CEREBRAIS NO MMA

Declaração de Consentimento Informado

PADRÃO NÍVEL DE ACTIVAÇÃO MUSCULAR NUM NOVO CICLOERGÓMETRO

ANÁLISE DA FORÇA RÁPIDA E FORÇA EXPLOSIVA DE ATLETAS DE HANDEBOL FEMININO UNIVERSITÁRIO

Intervenção fisioterapêutica no tratamento da lombalgia em ciclistas. Revisão de literatura

Disciplina a Especialidade Profissional de Fisioterapia Esportiva e dá outras providências.

Adaptações Metabólicas do Treinamento. Capítulo 6 Wilmore & Costill Fisiologia do Exercício e do Esporte

Efeitos do programa da pliometria de contraste sobre os valores de impulsão horizontal nos jogadores de tênis de campo

Fisioterapeuta Priscila Souza

Palavras-chave: Ergonomia, Segurança do trabalhador, Análise de tarefas. INTRODUÇÃO

Dor Lombar. Controle Motor Coluna Lombar. O que é estabilidade segmentar? Sistema Global: Sistema Local:

Indústria de Bicicletas. Catálogo

TERMO ADITIVO DO NÚMERO DE VAGAS REFERENTE AO EDITAL

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Coluna Vertebral. Coluna Vertebral Cinesiologia. Renato Almeida

Estudo dirigido Corridas e Marcha (Responda apenas nos espaços indicados)

BIKE FIT. Ajuste preciso garante aumento de até 20% na performance do ciclista Texto: Marcos Adami

LERIANE BRAGANHOLO DA SILVA

Prof. Ms. Sandro de Souza

ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DE LESÕES ARTICULARES EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO DAS CIDADES DE PITANGUEIRAS E GUAÍRA-SP

EFEITO DOS EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA ABERTA E FECHADA EM ATLETAS DE BEISEBOL DA CIDADE DE MARINGÁ

Lombalgia Posição do problema Fernando Gonçalves Amaral

Universidade Estadual do Norte do Paraná UENP

5 Métodos e técnicas de pesquisa

ANÁLISE DA DOR E QUALIDADE DE VIDA (QV) EM COSTUREIRAS DE CONFECÇOES DE PEQUENO PORTE NA CIDADE DE ERVÁLIA,

IMC DOS ALUNOS DO 4º PERÍODO DO CURSO TÉCNICO EM ALIMENTOS DO INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS CAMPI/INHUMAS.

COLÉGIO SALESIANO DOM BOSCO DISCIPLINA: EDUCAÇÃO FÍSICA PROFESSOR : THIAGO FERNANDES SÉRIE: 2º ANO

A EFICÁCIA DO MÉTODO PILATES NO TRATAMENTO DA LOMBALGIA

PROGRAMA DE GINÁSTICA FUNCIONAL SALAS DE CONTROLE. Bianca Vilela, Fisiologista do Exercício

INTERAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, COM FLEXIBILIDADE E FLEXÕES ABDOMINAIS EM ALUNOS DO CESUMAR

Monday, August 26, 13

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso

RESUMO O Fisiologista do exercício e o controle da carga

FORÇA TIPOS DE FORÇA. Fatores que influenciam a FORÇA. Fatores que influenciam a FORÇA. Fatores que influenciam a FORÇA 25/02/2014

Instituto de Cultura Física

COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM INDIVÍDUOS PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO E SEDENTÁRIOS ATRAVÉS DO QUESTIONÁRIO SF-36 RESUMO

Prevalência de lesões em praticantes de ciclismo indoor

Manual de instruções. Bicicleta de exercício

ANÁLISE DA EFICACIA DO USO DA CINESIOTERAPIA NO TRATAMENTO PÓS OPERATÓRIO DE LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR ESTUDO DE CASO

DP de Estudos Disciplinares Treinamento Personalizado e Musculação

Educação para a Saúde

Agrupamento Escolas de Figueiró dos Vinhos

TEMA Tecnologia Assistiva. Facilitadores convidados Cristina Fank Terapeuta Ocupacional Regis Severo - Fisioterapeuta. 30 de abril de 2015

Evaluation of a protocol exercises for musicians with musculoskeletal problems

ANTROPOMETRIA, FLEXIBILIDADE E DESEMPENHO MOTOR EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE FUTSAL.

Prof. Ms. José Góes Colaboração Geovane Filho

A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO FAMILIAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA Aneline Maria Ruedell 1 Márcia da Silva Magalhães 2 Nubia Broetto Cunha 3

Bioenergética. Trabalho Biológico. Bioenergetica. Definição. Nutrição no Esporte. 1

A MOTIVAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

TÍTULO: AUTORES: INSTITUIÇÃO: ÁREA TEMÁTICA Objetivo Geral Objetivos Específicos Metodologia: tratamento individualizado

Esportes de Interação com a Natureza

COMPARAÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM ACADÊMICOS DO CURSO DE FISIOTERAPIA ANTES E APÓS ATIVIDADE FÍSICA

Cassio Nobre - Personal trainner e Consultori

Tipos de Treino de Força

PESO CORPORAL E MATERIAL ESCOLAR DE ESCOLARES NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL.

MODELO FORMATIVO. DATA DE INíCIO / FIM /

Sistema muscular Resistência Muscular Localizada Flexibilidade Osteoporose Esteróides Anabolizantes

Transcrição:

ALTERAÇÕES POSTURAIS DE CICLISTAS DURANTE EXERCÍCIO PROLONGADO 1 Derliane Glonvezynski Dos Santos Beck 2, Charles Jarrel De Oliveira Borges 3, Matheus Glonvezynski Beck 4, Daniele Schiwe 5. 1 Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA) 2 Mestre em Ciências Biológicas - Fisiologia (UFRGS). Orientadora. Professora do Curso de Fisioterapia. degbeck@gmail.com 3 Fisioterapeuta. Insituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA). 4 Acadêmicos do Curso de Educação Física da Universidade Regional Inegrada (URI) de Santo Ângelo. 5 Acadêmica do 8º período do Curso de Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA). INTRODUÇÃO O ciclismo é um esporte de exercício que pode ocorrer em curto período denominado de circuito ou ocorre de modo prolongado chamado de ciclismo de estrada em que é exigido um alto rendimento do atleta e consequentemente alto capacidade muscular durante a pedalada. Por isso, são utilizados programas de treinamento adaptando a intensidade, a carga, o tempo de duração e recuperação. Para que isso ocorra normalmente se faz necessário um treinamento de força muscular, onde há uma força máxima da musculatura que é gerada por contrações isométricas em que se faz uso de uma grande quantidade de unidades motoras (WILMORE; COSTILL, 2001). Para que tudo isso ocorra de forma normal sem que haja o desenvolvimento de uma possível lesão no atleta, este deve ter consciência de como o seu corpo reage ao período de exercícios e as adaptações que ocorrem na musculatura durante períodos repetitivos de exercício (WILMORE; COSTILL, 2001). Kawakami (2005) (apud LANFERDINI, 2011) diz que o treinamento constante pode adaptar a musculatura e a sua necessidade de oxigênio para um maior desempenho esportivo, estimulando mudanças morfológicas que ocorrem na arquitetura muscular, pelo aumento na área de secção transversa alterando assim a capacidade na produção de força de 5% para 20% a mais da musculatura do atleta. Várias alterações musculares decorrem do treinamento, sendo favoráveis à melhora do desempenho dos atletas. Portanto, o presente estudo tem como objetivo verificar as alterações musculares durante exercício na musculatura de atletas amadores de ciclismo praticantes de exercício prolongado. MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa se caracterizou como um estudo descritivo observacional analítico transversal, onde foi avaliada a postura pré e pós-teste de 5 ciclistas amadores, que concordaram em participar do estudo mediante a assinatura do termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A coleta de dados foi realizada na Clínica Escola de Fisioterapia do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo. Antecipadamente à coleta de dados foi realizada uma avaliação do atleta através de um questionário contendo informações como dados pessoais, história familiar, prática de exercício físico, história de doença, uso de medicação, hábitos de vida (etilismo, tabagismo, etc.). Posteriormente os atletas foram submetidos à avaliação postural, teste cicloergométrico e eletromiografia. A avaliação postural foi realizada através de fotografias dos atletas, no início e término do teste de avaliação e posteriormente calculou-se as angulações da postura dos atletas através do programa Corel Draw. O teste cicloergométrico foi realizado utilizando uma bicicleta do tipo Speed adaptada a um rolo de treinamento (marca Trans-X). O teste foi executado até o ponto de exaustão do ciclista, sendo determinado por este o término do mesmo. A exaustão foi considerada quando o atleta atingisse a escala de número 10 na escala de esforço de Borg, que vai de 0, que caracteriza nenhuma intensidade, até 10 que refere-se ao esforço máximo suportado pelo atleta. O teste de exaustão máxima foi realizado utilizado uma cadência de 90 rpm, considerada ideal (BURKE,1995; VAN SOEST, 2000 citado por MELLO et al., 2003) controlados pelo cadenciador de marca Garmin Edge 1000 Bundle, e uma relação de marcha 53/34 considerada como constante pelos atletas e previamente testada por um estudo piloto. Nenhum ciclista foi excluído inicialmente do estudo, pois nenhum deles apresentou dores, lesões ou doenças que serviram como critérios de exclusão desses ciclistas do estudo. Posteriormente, um ciclista foi excluído, pois não conseguiu executar o teste cicloergométrico. Para análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva através do programa Microsoft Excel 2010. RESULTADOS E DISCUSSÃO No presente estudo foram inicialmente avaliados 5 ciclistas amadores do gênero masculino, com idade média de 32 ± 5,19 anos, média de peso corporal de 73,2 ± 9,6 kg e média de altura de 1,78 ± 0,04 metros. Os ciclistas foram submetidos à avaliação postural pré-teste e pós-teste, sendo posicionados sobre a bicicleta, antes do início do teste. O registro fotográfico foi realizado imediatamente antes do início do teste e imediatamente após seu término. Para identificação das alterações posturais foram utilizados os seguintes pontos anatômicos: acrômio e crista ilíaca. Foram avaliados os ângulos formados entre estes pontos e comparados os valores pré e pós-teste para identificar as alterações (Tabela 1). A análise foi feita através dos registros fotográficos no programa Corel Draw. Tabela 1 Avaliação postural dos atletas pré e pós-teste em cicloergômetro.

Tabela 1 Avaliação postural dos atletas pré e pós-teste em cicloergômetro. Figura 1: Teste em cicloergômetro com avaliação postural - Atleta 1 O atleta 1 apresentou redução de 16 graus do ângulo avaliado, sendo o que mais apresentou alteração. Realizou o teste com duração de 18 minutos, chegando à exaustão e relatou que treina de 3 a 4 vezes por semana, porém com tempo diário reduzido, em torno de 1 hora e meia/dia.

Figura 2: Teste em cicloergômetro com avaliação postural Atleta 2 O atleta 2 apresentou redução de 4 graus do ângulo avaliado, sendo o que menos apresentou alteração postural entre início e fim do teste, chegando à exaustão em 40 minutos, sendo o mais bem condicionado e que mais suportou o teste, uma vez que estava treinando 4 a 5 vezes por semana, em torno de 14 horas semanais. Figura 3: Teste em cicloergômetro com avaliação postural Atleta 3

O atleta 3 apresentou redução de 8 graus do ângulo avaliado e chegou à exaustão em 14 minutos. O atleta relatou que realiza treinamento de 2 vezes por semana, porém pequenas distâncias e tempo reduzido. Figura 4: Teste em cicloergômetro com avaliação postural Atleta 4 O atleta 4 apresentou redução de 13 graus do ângulo avaliado e chegou à exaustão em 10 minuto. Relatou que realiza treinamento no rolo duas vezes na semana de intensidade baixa e uma vez em intensidade alta. Figura 5: Teste em cicloergômetro com avaliação postural Atleta 5

O atleta 5 apresentou redução de 10º do ângulo avaliado e chegou à exaustão em 5 minutos, sendo o que menos suportou o teste e apresentava muito pouco condicionamento, uma vez que não estava treinando atualmente. Portanto não apresentou muito tempo de teste que pudesse apresentar maiores alterações. O ciclista possui pré-disposições a alterações posturais, devido à flexão excessiva em decorrência do posicionamento do atleta na bicicleta. Por isso, é de suma importância uma avaliação postural, pois alterações podem levar ao desenvolvimento de hérnias de disco, principalmente na região lombar (DI ALENCAR; MATIAS, 2009). No presente estudo, ao término do teste os atletas apresentaram diversas alterações posturais em decorrência da exaustão, levando a diferenças significativas na postura quando avaliado antes e após o término do teste. Kronisch (1998) e Trombley (2005) (apud Di ALENCAR et al., 2011) ressaltam a importância de que o ciclista utilize a bicicleta de acordo com seus padrões anatômicos prevenindo assim lesões em decorrência do mau posicionamento durante o ato de pedalar. É fundamental a interação entre a pelve, as mãos e os pés do atleta com, respectivamente o selim, guidão e sapatilha/pedal. Vale ressaltar, que no presente estudo, a altura do selim foi ajustada de acordo com a altura de cada atleta, através da medição do cavalo utilizando uma fita métrica. Em relação à sapatilha e o pedal que foram utilizados no teste, cada atleta fez uso de seu próprio material, sendo os mesmos utilizados durante seus treinamentos diários. A postura dos atletas é desfavorável por si só em decorrência de ser diferente da posição ereta. As alterações posturais encontradas no teste foram em decorrência da exaustão do atleta frente ao exercício, ou seja, quando o atleta inicia o seu treinamento com todos os ajustes necessários, ele está adequado ao posicionamento na bicicleta, entretanto com o passar do tempo e intensidade do treinamento vai ocorrendo uma flexão excessiva do tronco para que se mantenha o mesmo desempenho do início da atividade. Candotti et al. (2012) ressalta que a flexão do tronco é realizada para diminuição da resistência imposta pelo contato do corpo do atleta com o ar, o que melhora o seu desempenho. Outro fator que contribui para a ocorrência do mau posicionamento é a manutenção dessa mesma postura por um longo período de tempo. A permanência desta postura adotada pelos atletas por longos períodos pode levar ao desenvolvimento de possíveis dores lombares. Segundo estudos epidemiológicos realizados por Wilber et al. (1995), Callaghan e Jarvis (1996), Clarsen, Krosshaug e Bahr (2010), todos citados por Di Alencar (2011), a queixa mais comum dos atletas de ciclismo é a lombalgia, acometendo de 30 a 60% dos atletas da categoria. Além disso, os mesmos autores relacionam o desenvolvimento da dor ao grande volume e também grande intensidade associadas ao desiquilíbrio da musculatura durante os treinamentos que são desenvolvidos pelos atletas. Como os atletas que participaram deste estudo são considerados amadores, ou seja, não são atletas de elite de caráter profissional, eles não realizam treinamentos de grande intensidade diariamente, se comparado aos atletas de elite e, portanto, os mesmos ainda não apresentaram queixas de dor lombar durante a prática do ciclismo. CONCLUSÃO

Verificaram-se diferenças significativas em relação à postura dos atletas quando comparados ao inicio e final do teste onde todos eles apresentaram alterações de angulação devido ao seu posicionamento na bicicleta. REFERÊNCIAS CANDOTTI, C. T.; SCHAURICH, R. F.; LA TORRE, M.; NOLL, M.; PASINI, M.; LOS, J. F. Atividade Elétrica e força muscular dos extensores cervicais durante o ciclismo. Rev. Cinergis. v.13, n. 1, p. 40-50 Jan/Mar, 2012. DI ALENCAR, T. A. M.; MATIAS, K. F. S. Importância da Avaliação Musculoesquelética e biomecânica para o bike fit. Revista Movimenta, v.2, n.3, p.84-92, 2009. DI ALENCAR, T. A. M.; MATIAS, K. F. S; BINI, R. R.; CARPES, F. P. Revisão etiológica da lombalgia em ciclistas. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, Florianópolis, v.33, n. 2, p. 507-528, abr./jun. 2011. LANFERDINI, F. J. Características musculares e neurais de ciclistas e triatletas durante o ciclo de pedalada. 2011. Trabalho de conclusão de curso Pós-Graduação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. MELLO, Danielle Braga de; DANTAS, Estélio Henrique Martin; NOVAES, Jefferson da Silva; ALBERGARIA, Márcia Borges de. Alterações fi siológicas no ciclismo indoor. Fitness & Performance Journal, v.2, n.1, p. 30-40, 2003. WILMORE,J.H; COSTILL,D.L. Fisiologia do Esporte e do Exercício.2.ed.Barueri: Manole Ltda, 2001.