ROSALVO FLORENTINO E A EDUCAÇÃO PAULISTA. Francisco Glauco Gomes Bastos Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP/Marília DINTER UNESP/IFCE fcoglaucobastos@gmail.com; glauco.bastos@ifce.edu.br Eixo Temático: Teoria Histórico-Cultural e Educação RESUMO A educação, por ser a prática social em que o homem se encontra inserido de maneira mais constante, não só possui, mas também produz uma história, registrada ou não através da escrita. Há toda uma história que, amiúde, se mantém obscura. Ao se falar em História da Educação, devem-se considerar os atores que, de fato, se encontraram na linha de frente do ato pedagógico, a sala de aula, bem como os que se colocaram à frente das lutas que se deram no Brasil, no século XX, por uma educação pública, de qualidade e inclusiva. A imprensa torna-se instrumento de disseminação das ideologias que defendiam um ou outro modelo de educação para o país, estreitando-se a relação entre educação e imprensa. Rosalvo Florentino de Souza foi um ícone dessa relação, já que, além de professor no Colégio Santo Alberto e no Ateneu Brasil, exerceu função de Técnico de Educação junto à Superintendência de Ensino Profissional; no que tange à imprensa, atuou como jornalista junto a sindicatos. Tornou-se diretor do Sindicato dos Professores do Ensino Secundário. Foi redator da Revista de Educação, órgão oficial do Departamento de Educação de São Paulo, e redator responsável pelo setor de ensino do Jornal de São Paulo. Sua participação na imprensa estende-se, ainda, ao Jornal da Manhã, ao Jornal Trabalhista e ao jornal A Gazeta. Rosalvo Florentino foi colaborador na Revista Brasileira de Educação e Ensino Secundário (MEC). Pertenceu à diretoria do Centro do Professorado Paulista (CPP). Ocupou a cadeira nº20 da Academia Paulista de Educação. Os escritos por ele deixados, principalmente, do jornal A Gazeta são o objeto de estudo desta pesquisa que procura destacar a contribuição de Rosalvo Florentino de Souza para a educação paulista.
INTRODUÇÃO Durante as minhas pesquisas sobre Rosalvo Florentino, pretendo analisar seus textos publicados periodicamente em alguns jornais e revistas do estado de São Paulo. Por ser jornalista, torna-se importante buscar a relação existente entre Educação e Imprensa, no Brasil, durante o século XX. Roland Barthes afirma que não existe discurso neutro, nesse sentido, os artigos escritos por Rosalvo Florentino deverão servir como suporte para uma análise dos processos histórico-políticos que regeram as discussões sobre as políticas educacionais no Brasil, principalmente a partir de São Paulo, durante o século passado. Não podemos nos furtar de considerar as observações de Torres (1996) quando afirma que A pesquisa educativa chegou a um ponto crítico: não há resultados conclusivos para quase nenhum assunto. Em outras palavras, hoje em dia temos resultados de pesquisa para todos os gostos, para provar ou refutar quase qualquer tese. Isto, por sua vez, criou condições propícias para uma série de abusos da pesquisa e seus resultados: tornou-se norma legitimar posições e inclusive opiniões afirmando que se baseiam em estudos e pesquisas, sem se sentir obrigado a destinar quais são e qual o alcance que os referidos estudos têm, nem a mencionar a existência de estudos que tragam conclusões diferentes. Assim, cada qual lança mão dos estudos que apoiam seus argumentos, deixando de lado aqueles que não lhe convêm. Frequentemente, supergeneraliza-se a partir de uns poucos estudos, afirmando para o conjunto o que é verdadeiro para um grupo específico (e com frequência reduzido) de casos. (TORRES; 1196, 96). Esta pesquisa sobre Rosalvo Florentino, portanto, não tem a pretensão de apresentar um pensamento que se tenha tornado o único representante das discussões sobre Educação que permearam as páginas dos periódicos durante o século passado. É preciso considerar as contribuições diversas, ainda que contraditórias, já que não deixavam de passar por uma discussão dos interesses das distintas classes sociais, das teorias pedagógicas preponderantes na primeira metade do século XX, no Brasil. Os fatos históricos, por sua vez, não podem ser dissociados desta análise. A década de 1930 passa, então, a ter uma importância ímpar nesta análise aqui pretendida. Muitos fatos marcaram essa década e, no que concerne à Educação, o Manifesto dos Pioneiros de
1932 pode ser considerado um marco nas discussões sobre os destinos da Educação Brasileira. OBJETIVOS Identificar e analisar a participação de Rosalvo Florentino de Souza na educação paulista; Identificar, nos textos de Rosalvo Florentino, as tendências pedagógicas e as políticas educacionais por ele defendidas e/ou refutadas; Identificar sua contribuição prática à Educação Paulista. METODOLOGIA A metodologia utilizada nesta pesquisa é de Pesquisa Bibliográfica e Pesquisa Documental, destacando-se alguns procedimentos, tais quais: Coleta e fichamentos de dados e informações possíveis para a execução da pesquisa; Revisão da literatura sobre o tema em bibliotecas: de Universidades, Acervos Municipais, Estaduais e Particulares; Visita ao Centro do Professorado Paulista, onde se encontra o acervo a ser pesquisado; Reprodução de documentos quando permitidos; Fotografia de material encontrado com familiares e em acervo público e/ou particular. RESULTADO E DISCUSSÃO A presente pesquisa se encontra em sua fase inicial de desenvolvimento e os primeiros levantamentos a respeito da atuação de Rosalvo Florentino na educação paulista nos indica a existência de alguns recortes de jornais de textos escritos por ele. Como a preservação da memória ainda é colocada em nível secundário no Brasil, salvo os esforços pessoais de alguns abnegados, o corpus desta pesquisa deverá se apoiar de
forma mais contundente neste material que se encontra sob a guarda do INSTITUTO DE ESTUDOS EDUCACIONAIS SUD MENNUCCI SP. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTOS, Francisco Glauco Gomes. Graciliano Ramos: formação intelectual, literária e campo de conflito da escritura em S.Bernardo. Dissertação de Mestrado. UFC, 2012. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Introdução de Francisco C. Weffort. Rio de Janeiro,Paz e Terra, 1967.. Pedagogia da Autonomia. Prefácio de Edna Castro de Oliveira. Rio de Janeiro, Paz e Terra,1997.. Pedagogia do Oprimido (manuscrito em português de 1968). Publicado com prefácio de Ernani Maria Flori. Rio de Janeiro, paz e Terra, 1970, 218p. LE GOFF, Jacques. História e memória. 4ª ed. Campinas: UNICAMP, 1996. MACHADO, Charliton José dos Santos. O Barão e o Prisioneiro: biografia e histórias de vida em debate. Fortaleza: Edições UFC, 2011. MAGNANI, Maria do Rosário Mortatti. Educação em Cuba. Educação Municipal, São Paulo, v. 1, n.6, p. 85-90, 1990.. Leitura, literatura e escola: sobre a formação do gosto - 2a. ed.; 1a reimp.. São Paulo: Martins Fontes - Selo Martins, 2011. v. 1. 170p.. O "método João de Deus" para o ensino da leitura. Leitura. Teoria & Prática (Campinas), Porto alegre/rs - Campinas/SP, v. 27, p. 24-50, 1996. MAINGUENEAU, Dominique e CHARAUDEAU, Petrick. Dicionário de análise do discurso. Tradução de Fabiana Komesu. São Paulo: Contexto, 2004. MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Função social da escola: aspectos históricos e metodológicos da alfabetização. In: CHAVES, marta; SETOGUTI, Ruth Izumi;VOLSI, Maria Eunice França. (Org.). A função social da escola: das políticas públicas às práticas pedagógicas. A função social da escola: das políticas públicas às práticas pedagógicas. Maringá: EDUEM, 2011, v. 1, p. 35-60.. História dos métodos de alfabetização no Brasil (conferência de abertura -Seminário Alfabetização e Letramento em Debate
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