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Transcrição:

Seminário 1 Livro: De Tramas e Fios Um ensaio sobre música e educação Autor: Marisa Trench de Oliveira Fonterrada Capítulo 1: Educação musical: tecendo a linha do tempo. Páginas 25 a 40.

Antiguidade Grega e Romana Grécia: A música influencia no humor e no espírito do homem. Em Platão, como na filosofia grega de modo geral, a música ocupa uma posição de liderança em relação às outras artes. Acredita-se que seja possível estabelecer estreitas analogias entre movimentos da alma e as progressões musicais. Assim, o propósito da música não poderia ser apenas a diversão, mas a educação harmoniosa, a perfeição da alma e o aquietamento das paixões (Lang, 1941, p.13). (Fonterrada, p.26). O papel da música era pedagógico, pois visava fornecer ao cidadão ética e estética, que eram elementos importantes para a construção do caráter e da moral.

Grécia Acreditava-se na estreita correspondência entre sons e fenômenos cósmicos, relacionando a música com a magia. De acordo com Fonterrada: A origem da música, compartilhada com a da dança, está presente nos antigos mitos e rituais de encantamento. Originária do Oriente, migrou para a Europa e atingiu sua culminância na doutrina grega do éthos, que explica a influência da música na formação do caráter humano, bem como o papel dominante que lhe é conferido no sistema educacional e politico. (Fonterrada, p.28). Para a educação grega era importante desenvolver três fatores: o corpo (ginastica), a mente (retórica) e a alma (artes). Dentre as artes a música era tida como a principal pois ela significava a mais imediata expressão de eros, sendo uma ponte entre ideia e fenômeno.

Grécia Para Aristóteles a música influencia o comportamento humano, pois, para ele, a música imita as paixões e os estados da alma. Segundo Fonterrada, a concepção musical para os gregos é: A doutrina deriva-se do pensamento de Pitágoras, que concebe a música como um sistema de sons e ritmos regidos pelas mesmas leis matemáticas que operam na criação. Infelizmente, mantiveram-se os textos a respeito, mas não a música. No entanto, apesar dessa lacuna, é possível afirmar que, entre os gregos, a música é vista sobretudo de duas maneiras, uma que a concebe como regida por leis matemáticas universais e outra que acredita que seu poder emana da relação estreita entre ela e os sentimentos éthos.

Roma Não existem muitos relatos ou documentos, que descrevam como era tida a música em Roma. Podemos portanto, fazer as seguintes afirmações: Em um primeiro momento, ocorre uma hibridação cultural, onde a música grega é tida como principal influencia para a música romana, bem como os seus conceitos. Em um segundo momento, ocorre uma valorização do virtuosismo musical, referindo-se a performance. Em terceiro momento, ocorre um apego a teorias neoplatônicas e neopitagóricas, ou seja, o retorno das especulações teóricos matemáticos da música.

Idade Média A Idade Média foi marcada pedo desenvolvimento do cristianismo e suas doutrinas. Podemos afirmar que a idade média em sua totalidade é Cristã, ou pelo menos, privilegiou a questões do cristianismo. Os conceitos neoplatônicas e neopitagóricas adentram o início da idade média, sendo muito presente, na filosofia de pensadores medievais, como: Agostinho, Boécio, Abelardo, Tomás de Aquino, entre outros: Teóricos como Boécio e Cassiodoro, fornecem a base do pensamento musical da época, ainda extremamente influenciada pelos pensamentos gregos. O simbolismo numérico dos neopitagóricos continuou nos escritores cristãos, e a música desempenhava importante papel nas explicações alegóricas. (Fonterrada. p.31).

Idade Média Surge a necessidade de incorporar a cultura grega na cultura cristã, logo, a música é tida como um elemento fundamental ao culto religioso, significando aproximação ou afastamento de Deus. A especulação teórica da música renova o seu valor no quadrivium, que representa a mais alta divisão das sete artes liberais, compartilhando o seu espaço com a aritmética, a geometria e a astronomia. No quadrivium a música é tida como objeto cientifico.

Idade Média Boécio não estava interessado na percepção dos sons pelo ouvido nem nos efeitos emocionais que provoca no ser humano, mas no fenômeno físico, nas proporções numéricas como base da compreensão musical; nesse sentido, é um clássico. Para ele, as proporções numéricas são compreendidas pela razão e não pela escuta, que, frequentemente, induz a erros; o poder analítico da mente é considerado superior à faculdade de discernimento do sentido da audição, o que faz que os teóricos sejam considerados superiores aos músicos práticos. Boécio mantém ligação direta com Pitágoras que vê a música como ciência, não como arte. (Fonterrada, p.34).

Final do período gótico O final do período gótico foi marcado pelo desenvolvimento da polifonia, que ocasionou em novas possibilidades de escuta musical. Agora era necessário identificar as características horizontais das vozes, ou linhas melódicas participantes da construção de uma música de caráter polifônico. O estudo de uma nova performance era necessário, bem como uma estruturação mais coesa de escrita musical. Teóricos buscam balancear teoria e pratica musical.

Final do período gótico A tarefa das teorias dos séculos XI e XII tinha sido clarear doutrinas e regras da ciência para aplicá-las à música. Já nos séculos XIII a XIV, seu propósito era classificar e organizar as regras da música mensurata, e seu maior interesse consistia em conhecer a natureza da música e sua classificação, num espaço situado entre as artes e as ciências. (Fonterrada, p.35)

Música e educação na época medieval A educação musical tinha como objetivo formar meninos cantores para servir no ofício religioso, ou seja, a educação musical medieval é caraterizada por ser tecnicista, no sentido de ensinar para um objetivo único e claro: Servir ao culto religioso. A educação musical era ministrada por monges. Os estudantes eram meninos (crianças) pobres. Guido D'Arezzo procura desenvolver um método que garante a formação rápida do cantor. Neste momento a prática ganha um importante espaço no pensamento musical, ocorrendo um distanciamento dos preceito defendidos por Boécio.