Construindo uma cultura de paz. Tornando-se política pública



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Transcrição:

Construindo uma cultura de paz Em 2000, no marco do Ano Internacional para uma cultura de paz, a Representação da UNESCO no Brasil lançou o Programa Abrindo Espaços: educação e cultura para a paz, uma iniciativa que abre escolas públicas nos fins de semana para oferecer aos jovens e sua comunidade atividades de esporte, arte, cultura, lazer e formação inicial para o trabalho. O Programa Abrindo Espaços baseia-se na cultura de paz e não-violência e na promoção da cidadania de adolescentes, jovens e da comunidade escolar. Trata-se de uma iniciativa que reúne várias áreas do mandato da UNESCO é uma ação de inclusão social que incentiva a melhoria da qualidade da escola, a participação cultural, a conscientização sobre a prevenção de DST Aids e o cuidado com o meio ambiente. Fotos: Mila Petrillo/UNESCO O Programa Abrindo Espaços no Ceará e no Rio de Janeiro. Além de promover o desenvolvimento humano, a cidadania e a inclusão social de jovens e suas comunidades, o Programa Abrindo Espaços favorece ainda a melhoria da qualidade da educação no país, ampliando oportunidades de acesso a atividades educativas, culturais, esportivas, de lazer e de geração de renda. As atividades são abertas a toda a comunidade também com o propósito de melhorar a qualidade da relação e da interação entre professores, alunos e familiares. Tornando-se política pública O Programa Abrindo Espaços é um projeto da UNESCO que se tornou política pública nacional e está presente nos níveis municipal, estadual e federal. Foi implantado inicialmente pela UNESCO, em cooperação com secretarias estaduais e municipais de educação, e desde 2004 sua metodologia é a base do Escola Aberta: educação, cultura, esporte e trabalho para a juventude, programa do Ministério da Educação em parceria com a UNESCO.

Fortalecendo a juventude O Programa Abrindo Espaços foi criado pela equipe do Setor de Ciências Humanas e Sociais da Representação da UNESCO no Brasil como uma resposta aos dados de pesquisas feitas pelo Escritório que apresentavam os jovens como um dos grupos sociais mais vulneráveis do país. A população jovem brasileira, um contingente de 35 milhões de pessoas (20% do total de brasileiros), apresenta elevadas taxas de evasão escolar em média essa população estuda apenas sete anos e o ciclo que se inicia com a baixa escolaridade resulta no subemprego ou no desemprego. A baixa escolaridade é uma realidade que atinge principalmente os Escola no Rio de Janeiro. Uma das principais características do Abrindo Espaços é a simplicidade com que pode ser replicado, até mesmo em outros países a Argentina foi o primeiro país a implantar um piloto do Programa. Na América Central, Honduras e El Salvador também estão começando a discutir sua implantação. O desenho do Programa Abrindo Espaços favorece a autonomia da gestão local, que pode adaptá-lo de acordo com o capital social existente nas comunidades e com os recursos financeiros disponíveis, assegurando sua sustentabilidade o custo médio mensal por aluno varia entre US$ 1,00 e US$ 2,00. A flexibilidade do Programa Abrindo Espaços possibilita uma operação em escala cada vez maior e permite à UNESCO exercer uma de suas funções: a transferência de conhecimento, que, neste caso, acontece principalmente pelo desenho da metodologia, por meio das capacitações e dos treinamentos feitos com os profissionais do Programa e no momento do planejamento do seu formato local. Atualmente, o Programa Abrindo Espaços e o Escola Aberta juntos abrem mais de 4.000 escolas públicas nos fins de semana em todas as regiões do país, beneficiando cerca de 4 milhões de pessoas. jovens em situação de vulnerabilidade social. Dados do Ministério do Desenvolvimento Social do Brasil revelam que 60% dos alunos filhos de famílias pobres começam a abandonar a escola entre os 15 e os 16 anos, enquanto 80% dos jovens de famílias mais ricas seguem na escola nessa idade. Os mais ricos só param de estudar entre os 24 e os 25 anos. Os jovens também são os principais protagonistas de mortes violentas são os que mais morrem e os que mais matam. Conforme demonstram pesquisas do Escritório da UNESCO no Brasil, nos fins de semana há incremento de 68,2% nos homicídios que envolvem a população jovem. Tanto a baixa escolaridade como os episódios de violência atingem mais especificamente os jovens brasileiros que vivem em situação de vulnerabilidade social e que compõem a maioria dos alunos das escolas públicas, onde é desenvolvido o Programa Abrindo Espaços. Ao enfocar o jovem, a escola e a comunidade, o Programa Abrindo Espaços tem conseguido pacificar o ambiente escolar e seu entorno e fortalecer a juventude. A abertura dos portões aos sábados e domingos muda o paradigma da escola tradicional, que passa a atender às demandas locais. O jovem, reconhecido como agente de transformação, sente-se valorizado. As oficinas de arte, cultura e esporte favorecem o surgimento de novas expressões e fortalecem identidades.

Reduzindo a violência A escola reúne a comunidade Avaliações realizadas nos últimos seis anos pela Representação da UNESCO no Brasil e pelos parceiros do Programa Abrindo Espaços comprovam o seu êxito, principalmente em relação à redução dos índices de violência registrados na escola e no seu entorno. Os dados indicam redução nos crimes contra a pessoa como homicídios e lesões corporais e contra o patrimônio, que são os equipamentos escolares. As faltas disciplinares, aquelas que podem ser resolvidas no âmbito da escola, também apresentaram redução. Em São Paulo, onde o Programa Abrindo Espaços, localmente chamado de Escola da Família, foi implantado em 5.306 escolas entre 2003 e 2006, as faltas disciplinares foram reduzidas em 46,5% no período; as delituosas, em 45,5%. Pesquisa feita em 2001 com a comunidade escolar do Rio de Janeiro sobre o Programa Abrindo Espaços, chamado de Escolas de Paz, mostrou que 82% dos educadores e 70% dos alunos acreditavam que a abertura dos portões ajudou a pacificar a escola. A mesma pesquisa revelou que as primeiras escolas que aderiram ao Programa em 2000 apresentavam, um ano depois, índices de violência 31% inferiores aos das escolas que ainda não haviam sido abertas à comunidade. Em Recife, esse índice chegou a ser 54% inferior em uma comparação feita entre os anos de 2000 e 2002. A redução dos índices de violência mostra que o Programa Abrindo Espaços contribui para a pacificação do ambiente escolar. Ao estimular a convivência entre jovens de diferentes origens, o Programa ajuda a transformar as escolas em locais propícios para a construção da cidadania e da cultura de paz. O Programa Abrindo Espaços em Manaus (AM). Quem vive na periferia de São Paulo aprende a conviver, desde cedo, com a pobreza e a violência. A Brasilândia, onde está localizada a escola Professor Crispim de Oliveira, já foi o distrito vice-campeão de homicídios na capital. Até 2003, tiroteios nas ruas próximas à escola eram episódios corriqueiros e chegavam a ocorrer uma vez por semana. Criança que fica na rua só vê gente vendendo droga e mexendo com arma, diz uma das mães da comunidade. A escola passou quase 23 anos com os portões trancados com cadeado e correntes, durante o horário escolar. A idéia era proteger da violência do bairro os estudantes, professores e funcionários. A tensão estava incorporada à rotina. Era comum gangues andarem pelo telhado da escola no horário de aula. Quebravam telhas e faziam um barulhão, amedrontando professores e alunos, mas ninguém tinha coragem de reagir, relata Albino Sardinha, vice-diretor e responsável pela abertura dessa escola nos finais de semana. À noite, era a vez das invasões, furtos e depredações.

O início do ano letivo de 2004 foi uma espécie de marco: no primeiro dia de aula o portão amanheceu aberto. Dois anos antes a escola aderira ao programa estadual de abrir suas portas aos finais de semana. O bairro ainda segue hostil, mas a abertura dos portões mudou a relação entre a escola e a comunidade. Quando o governo de São Paulo decidiu abrir as escolas nos fins de semana, em parceria com a UNESCO, em agosto de 2003, muitos professores e diretores de escolas localizadas nas periferias da capital temeram pela integridade do prédio, dos equipamentos e, sobretudo, pela segurança dos que ficariam na escola aos sábados e domingos. Na Crispim não foi diferente. Os professores morriam de medo de que a escola fosse detonada logo na primeira tentativa, recorda Albino. O desafio enfrentado por essa escola foi firmar-se como uma espécie de centro cultural para a comunidade e um refúgio onde, em meio à violência, houvesse espaço para se falar um pouco de paz paz Escola em Manaus (AM). entre vizinhos, conhecidos e colegas. Grande parte dos homicídios registrados na cidade de São Paulo tem como protagonistas agressores e vítimas da mesma comunidade. Para facilitar a presença dos pais na escola, além de destrancar o portão, a direção ampliou o horário de funcionamento da secretaria (onde se podem obter informações sobre freqüência e notas) e passou a Escola em Manaus (AM). abrir também no horário de almoço. Em um bairro sem opções de lazer e com poucos locais públicos, como praças e quadras de esporte, a comunidade logo começou a usar a escola. O pátio já foi usado como altar de casamento, salão de cultos e aniversários coletivos. A única restrição é que bebidas alcoólicas não podem ser servidas. Escola que não conta com a presença dos pais e da comunidade é como festa vazia: sem graça e sem sentido, compara Eliane Ferreira, 34 anos, professora. * Trecho do livro Dias de Paz, editado pela Representação da UNESCO no Brasil em 2006. A publicação é um livro-reportagem que relata a aproximação de oito escolas públicas do estado de São Paulo com suas comunidades.

ABRIR ESCOLAS NOS FINS DE SEMANA É: Reunir a comunidade e seus jovens nos espaços da escola Construir espaços de diálogo e convivência Abrir a escola pública aos sábados e domingos Oferecer atividades de esporte, cultura, saúde, lazer e formação inicial para o trabalho Mapear os talentos existentes na comunidade Convidar esses talentos para coordenarem oficinas na escola Incentivar a transferência de conhecimentos existentes na comunidade Reduzir o ciclo de violência da comunidade Ampliar os horizontes da comunidade e de seus jovens Fortalecer a escola para que seja um centro aglutinador e difusor de conhecimento Construir uma cultura de paz