Substância neurotóxica? inibe ou altera gravemente as funções do sistema nervoso, provocando uma alteração química ou estrutural Neurotoxicidade? a capacidade de algumas substâncias de induzir efeitos adversos no SNC, SNP ou outros órgãos de sentidos
A determinação da agressão do sistema nervoso, dependerá da capacidade de penetração hematencefálica ou hematoneural pelos agentes neurotóxicos As diferentes respostas a esses agentes são influenciadas pelas propriedades típicas do tecido nervoso
danos ao sistema nervoso central, causando as encefalopatias danos ao sistema nervoso periférico, levando a neuropatias periféricas
LOCAL DE AÇÃO SISTEMA NERVOSO CENTRAL SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO SNC e SNP TIPO DE LESÕES CAUSADAS Efeitos tóxicos nos neurônios e interrupção dos neurotransmissores Desmielinização segmentar e degeneração axonal Efeitos combinados
Nível Efeitos Evidências 1 Sintomas subjetivos reversíveis Avaliação clínica 2 Sintomas subjetivos irreversíveis Avaliação clínica 3 Alterações bioquímicas Exames complementares 4 Alterações fisiológicas/comportamentais EEG / PE / Teste neuropsicológico 5 Alteração Exame clínico 6 Alteração Exames patológicos (biopsia) * Simonsen et al 1994 Reversíveis X Irreversíveis
Substâncias Arsênio Chumbo Cobre Fontes de exposição Pesticidas Pigmentos Solda / Fábricasde bateria Solda / Componentes eletrônicos Efeitos neurotóxicos Encefalopatia aguda / Neuropatia periférica Neuropatia periférica / distúrbios do equilíbrio / encefalopatia Agudo: Déficit de memória, convulsão, desorientação / Crônicos: encefalomielopatia Manganês Solda / Fabricação de baterias secas Encefalopatia / Parkinsonismo Mercúrio metálico Garimpo / Indústria de clorosoda Agudo: tremor, cefaleia Crônico: distúrbios cognitivos / Neuropatia periférica Agrotóxico organofosforado Saúde pública / Lavoura Agudo: Crise colinérgica Crônico: Ataxia / Neuropatia periférica Solvente (tolueno/xileno/estireno) Indústria de plástico Agudo: narcose Crônico:Encefalopatia/ Neuropatia periférica
3 tipos: metálico, inorgânico e orgânico Intoxicação aguda x crônica Clínica: cólica, náuseas, vômitos, diarréia, irritação vias aéreas superiores, hemorragia GI, EAP (2 a 8 horas de exposição) 24 horas:manifestações neurológicas Ultrapassa as barreiras hematoencefálica e placentária Excreção: urina Meia vida: 60 dias
Tropismo pelo córtex (lobo occipital, lobo temporal e substância negra) Clínica: distúrbios de comportamento e cognição (irritabilidade, insônia, pesadelos, labilidade emocional) neuropatias periféricas motora e sensitiva Doença de Minamata (metilmercúrio): ataxia, disartria, distúrbio da marcha, diminuição do campo visual, tremor além dos efeito intrauterinos com retardo mental
2 tipos: inorgânico e orgânico Intoxicação Fontes: ambiental e ocupacional Ambiental = (canos de água (FLINT-USA), tintas, brinquedos, cosméticos, piratas bebidas alcoólicas,cigarros ) Ocupacional = (reforma de baterias, manufatura de munição, equipamentos de proteção radiação, joalheria) Vias de absorção: Via digestiva Via inalatória (principal fonte ocupacional) Via dérmica
Os principais órgãos alvo são: cérebro, sistema hematopoiético, rins, e sistema nervoso periférico O órgão alvo crítico é o cérebro O órgão de depósito é o osso
Gerais cólica abdominal (não cede com antiespasmódicos) inapetência fadiga, mialgia generalizada (panturrilhas) perda de libido IARC 2B
Cérebro: cefaléia, perda de memória, perda da concentração e atenção em tarefas corriqueiras, insônia (ou sonolência excessiva) alteração da marcha e do equilíbrio alteração do nível de consciência (estupor ao coma) Psiquiátrico alterações de humor com irritabilidade, depressão paranóia, delírios e alucinações
Sistema nervoso periférico polineuropatia afetam mais MMSS do que MMII fundamentalmente motora (nervo radial punho caído C8 e D1) alterações ENMG (velocidade de condução das fibras lentas) sem repercussão clínica
Classificação quanto a sua ação e ao grupo químico ORGANISMO ALVO Inseticidas Fungicidas Herbicidas Raticidas GRUPO QUÍMICO Organoclorados Organofosforados Carbamatos Piretroides
Mecanismo de ação: fosforilação da enzima acetilcolinesterase nas terminações nervosas Ach nas sinapses colinérgicas no nível da membrana pós sináptica
A maioria dos organofosforados é rapidamente metabolizado e excretado, e não ocorre envenenamento subagudo ou crônico por acúmulo de compostos no organismo. Entretanto, pode ocorrer o acúmulo deste efeito, uma vez que vários organofosforados causam inibição irreversível da atividade da acetilcolinesterase
Tecidos nervosos e receptores afetados Fibras nervosas pós ganglionares parassimpáticas (receptores muscarínicos) Locais afetados Glândulas exócrinas Olhos TGI Trato respiratório Sistema cardiovascular manifestações Sialorreia, lacrimejamento, sudorese Miose, ptose Náuseas, vômitos, diarréia Broncorreia, broncoespasmo Bradicardia, hipotensão Fibras pré ganglionares simpáticas e parassimpáticas (receptores nicotínicos I) Bexiga Sistema cardiovascular Incotinência Taquicardia, hipertensão Nervos motores somáticos (receptores nicotínicos II) Músculos esqueléticos Fasciculações, caimbras, diminuição de reflexos tendinosos, paralisia Cérebro (receptores de acetilcolina) SNC Sonolência, letargia, labilidade emocional, cefaleia, ataxia, tremores
Nível de Gravidade Escala de Goldfrank (1994) Escala de Eillenhorn (1997) Sem sintomas refere apenas exposição (oral, dérmica, inhalatória) refere apenas exposição (oral, dérmica, inhalatória) Leve Moderada cefaléia, enjôo, náusea, miose, broncoespasmo leve, tosse, fraqueza, dor abdominal sem diarréia tremor, lassidão, bradicardia, taquicardia,dispnéia, estridor, hipoxemia, bradipnéia, confusão, agitação, ansiedade, letargia, salivação, micção, defecação, lacrimejamento cefaléia, sialorreia, enjôo, náusea, miose, tosse, broncoespasmoleve, fraqueza, dor abdominal, vômitos, vertigem tremor, fasciculações, bradicardia, taquicardia, dispnéia, estridor, hipoxemia, bradipnéia, confusão, agitação, ansiedade, broncorréia, extrassístoles Grave Cianose, dispnéia grave, fraqueza, miofasciculações, coma, paralisia, convulsão, disfunção autonômica Cianose, dispnéiagrave, fraqueza, coma, miofasciculações, paralisia, convulsão, disfunção autonômica, arreflexia, edema pulmonar, arritmias
A clínica nos casos de intoxicações por estes agrotóxicos pode ocorrer em três estágios clínicos: Crise Colinérgica Aguda, Síndrome Intermediária e Neuropatia Tardia
Crise colinérgica aguda Início: poucas horas após exposição Duração: 1 a 4 dias Clínica: miose, lacrimejamento, salivação, fasciculação e fraqueza muscular, alteração da acuidade visual, letargia, ataxia, hipertermia e coma IBE: percentual de inibição da acetilcolinesterase eritrocitária melhor que a colinesterase plasmática Apesar da dificuldade em diferenciar o quadro colinérgico agudo, em relação à classe do agente etiológico, suspeita-se de intoxicação por organofosforado quando o paciente é oriundo de área rural, tem exposição ocupacional, ou quando apresenta sintomatologia importante de acometimento do SNC (convulsões), ou quando a atropinização é feita corretamente, sem melhora da sintomatologia muscarínica
Percentual de inibição da colinesterase eritrocitária Exposição AChE Principais efeitos Curta 92 paralisia flácida 54 vertigem, náuseas, cólicas 43 miose 34 sialorreia, náuseas, vômitos 16 mal estar
Síndrome intermediária Início: 24 a 96 horas após a crise colinérgica aguda Hiperestimulação colinérgica dos músculos cervicais, pares cranianos e da respiração Clínica: diarreia, diminuição da força de músculos proximais principalmente da cintura escapular
Neuropatia tardia ou polineuropatia retardada (OPIDN) Mecanismo: inibição da enzima esterase alvo neuropática (NTE neuropathy target esterase) Indução: alguns OF (mipafós, leptofós, merfós, metamidofós, triclorvon, clorpirifós e acefato) Início: 10-15 dias até 4 semanas Clínica: neuropatia sensitivo-motora de modo ascendente nas extremidades dos membros (luvas e botas) ENMG tem valor diagnóstico e prognóstico
Síndrome Guillain Barré atípica Intermediária Neuropatia tardia Agente Zika vírus, campilobacter OF Alguns OF Latência 24-72 h 48-96 h / 01 a 08 dias 10-15 dias até 4 semanas Clínica Paralisia simétrica de MMII e/ou MMSS, queimação, flacidez muscular, lombalgia, reflexos tendinosos (-), Apnéia ou Dispnéia Paralisia de nervos motores cranianos. Apnéia súbita; Paralisia musc. Respiratórios e do Pescoço Paralisia extremidades; Queimação; Flacidez Muscular MMSS e MMII progredindo para Paralisia Espástica; Ataxia Exames ENMG / Punção liquórica ENMG / AcetilChase ENMG / Punção liquórica /NTE TTO Plasmaférese Atropina Plasmaférese
Tratamento: Medidas Gerais manter a permeabilidade das vias aéreas; oxigenoterapia, se necessário; hidratação venosa; lavagem corporal exaustiva, em casos de contaminação dérmica; esvaziamento gástrico; carvão ativado; uso de catártico. Medidas Específicas Atropinização -solução injetável de sulfato de atropina a 0,25 mg (1 ml); 0,50 mg (1 ml) e 1,0 mg (1 ml). Posologia: crianças: 0,015 a 0,050 mg/kg corporal/dose, de 10/10 min ou 15/15 min adultos: 1 a 2 mg/dose, de 10/10 min ou 15/15 min MANTER OBSERVAÇÃO POR 72 HORAS, COM MONITORIZAÇÃO CARDÍACA
Intoxicações exógenas agudas por carbamatos, organofosforados, compostos bipridilicos e piretroides. Dr Luiz Querino de Araujo Caldas. http://www.bvsde.paho.org/tutorial2/fulltex/intoxicacoes.pdf. Acesso em 16.dez.2015 Epidemiologia das substâncias químicas neurotóxicas Heloísa Pacheco-Ferreira. http://www.iesc.ufrj.br/cursos/saudetrab/artigo%201.pdf. Acesso em 16.dec.2015 Ministério da Saúde. Doenças Relacionadas ao Trabalho. Capítulo 13.