EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO: NOS BASTIDORES DA ESCOLA



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Transcrição:

EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO: NOS BASTIDORES DA ESCOLA Fabiana Gomes do Nascimento Prof.ª Dr.ª Lívia Tenório Brasileiro Universidade Estadual da Paraíba UEPB Resumo: O presente estudo teve como objetivo verificar como acontece a inclusão de alunos Portadores de Deficiência (PD) nas aulas de Educação Física em três escolas situadas na cidade de Campina Grande PB, sendo elas uma pública municipal, uma pública estadual e uma da rede particular. A pesquisa apresentou caráter quali-quantitativo tendo como instrumentos questionários, onde os sujeitos, gestores, professores e alunos, respondiam a questões relacionadas à estrutura da escola, formação profissional dos gestores e professores, convívio entre os alunos não deficientes (ND) e os alunos Não Portadores de Deficiência (PD), bem como a participação destes alunos deficientes nas aulas de Educação Física. Também foram aplicados questionários com os pais dos alunos ND e com os pais dos alunos PDs para verificar como eles, os pais dos alunos ND e PD alunos enxergam a inclusão destes alunos deficientes nas escolas regulares. Os questionários aplicados foram respondidos por gestores, professores, alunos deficientes, alunos não deficientes e pais dos alunos deficientes e não deficientes das três escolas selecionadas. Como critério de inclusão e exclusão foi adotado que as escolas que fizessem parte da pesquisa tivessem regularmente matriculados alunos portadores de deficiência. A partir de nosso estudo constatamos a presença de um aluno com deficiência física do 7º ano na escola pública municipal, um aluno com deficiência auditiva do 9º ano na escola pública estadual e um aluno com Paralisia Cerebral (PC) do 5º ano na escola particular. Apenas uma, das três escolas, possui estrutura física que atenta às necessidades dos alunos PD, as outras estão em processo de adaptação. Dos três gestores, apenas um possui conhecimento especifico de como trabalhar com alunos PD em sala de aula. Todos os professores possuem graduação e especialização, no entanto o único conhecimento que adquiriram sobre o trato com alunos deficientes obtiveram na graduação, entretanto afirmam que é insuficiente para que se possa desenvolver um melhor trabalho com esses alunos. Os professores afirmam que conseguem inserir os alunos PD nas aulas de Educação Física. Todos os 3 pais de alunos PD afirmaram que não fazem nenhuma restrição aos seus filhos com relação as aulas de Educação Física, no entanto 2 pais apresentaram um certo receio de que seu filho seja vítima de bulling. Quanto aos 14 pais de alunos ND apenas 1 discordou da presença de alunos PD nas escolas regulares, alegando que tais alunos necessitam de escolas especializadas. Ao final de nosso trabalho, podemos verificar que a deficiência, de modo geral, pode e dever ser melhor tratada não apenas no ambiente escolar, mas também na sociedade de modo geral, de forma que o receio de bulling não sejam mais um motivo de medo por parte dos pais de alunos PD. Palavras-chave:Educação Física; Portador de Deficiência; Inclusão.

INTRODUÇÃO Ao longo de muito tempo na história da humanidade, a deficiência foi encarada como algo que deveria ser escondida, como algo repulsivo, e por conta desta visão colocada sobre a deficiência, o infanticídio foi adotado por muitas sociedades como forma de manter a comunidade forte, já em outras civilizações encaravam a deficiência como uma espécie de castigo imposto pela divindade por pecados cometidos pelo individuo ou por seus antepassados, de modo geral indivíduos portadores de deficiência foram excluídos de qualquer meio social (KANNER, 1964). A partir do final do século passado, segundo (PESSOTI, 1984), o discurso médico passa a ver que o individuo não é apenas a deficiência. É a partir deste novo olhar que é colocado pela medicina que a nomenclatura do portador de deficiência vai mudar, o portador de deficiência deixa de ser deficiente (SASSAKI, 2003; MAKHOUL, 2007). Tal mudança no âmbito social é muito relevante, pois como podemos observar na obra de Michel Foulcalt As Palavras e as Coisas (1966), o autor nos leva a pensar como o nome dado as coisas influencia diretamente em como a vemos e a tratamos. Tendo em vista essa questão, a mudança do termo usado com relação ao portador de deficiência influencia diretamente na questão de como o individuo passa a ser visto pela sociedade. A contemporaneidade esta repleta de discursos e percepções acerca do portador de deficiência, discursos estes que na sua maioria trazem a ideia da inclusão e estão presentes em varias vertentes como, por exemplo, no cinema. Se fizermos uma análise, podemos perceber que ao longo da própria história do cinema a deficiência sempre foi apagada ou vista como algo sombrio e feio, onde os vilões na maioria das vezes eram os indivíduos que possuíam algum tipo de deficiência, podemos perceber que há alguns anos o cinema passa a lançar um novo olhar sobre esses indivíduos em muitas produções. Porem, a sétima arte vem mudando tal discurso e de forma sutil tenta mostrar o belo, o ousado e a superação em suas produções. Os exemplos são muitos como, por exemplo, Procurando Nemo, onde o simpático peixinho tem uma das nadadeiras menor, em O demolidor o protagonista e cego e possui uma forte habilidade em lutas marciais, em X-men um grupo de adolescentes com super poderes é comandado pelo professor Xavier mesmo sendo cadeirante.

A partir das histórias dos filmes podemos perceber como o discurso cinematográfico tenta inserir na mentalidade dos indivíduos o novo olhar com relação ao portador e à deficiência, para tal devemos levar em consideração que o cinema é uma produção humana e logo é dotada de intencionalidade e possui uma grande carga discursiva que é direcionada a um público especifico. No âmbito escolar crianças com deficiência começam a ser inseridas nas escolas com o pensamento de acabar com as desigualdades e diferenças para uma educação de acesso a todos, derrubando a prática da exclusão. A atenção formal às pessoas com deficiência iniciou-se com a criação de internatos, ainda no século XVII, uma ideia importada da Europa no período imperial. O primeiro internato no Brasil foi o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atual Instituto Benjamin Constant - IBC. Este foi criado no Rio de Janeiro, pelo Imperador D. Pedro II, através do Decreto Imperial n 1.428, de 12/09/1854. O segundo foi o Instituto dos Surdos Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES, também criado no Rio de Janeiro e oficialmente instalado em 26/09/1857. Porém, com o passar dos anos, a possibilidade de que essas instituições não promoveria a inclusão escolar propriamente dita, também começou a ser discutida, visto que tais instituições eram apenas para indivíduos portadores de deficiência e não promoveria o convívio de indivíduos portadores de deficiência com as demais pessoas da sociedade, o que hoje é conhecido como processo de inclusão social nas escolas, empresas e nos demais setores sociais (BUENO, 1993; JANUZZI, 1985; PESSOTTI, 1984). E assegurado por meio de leis como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e a Lei da Salamanca (1994) alunos portadores de deficiência devem ser inseridos no cotidiano escolar, para que os mesmos tenham a oportunidade de vivenciar experiências nos diversos aspectos de cada componente curricular. Sendo assim, não podemos excluir o componente curricular de Educação Física, que como o próprio nome sugere, trabalha com o conhecimento do corpo (físico) e sua funcionalidade, como afirma Betti (1991). Para que haja esse conhecimento proposto por Betti, faz-se necessário a participação de tais alunos nas aulas regulares de Educação Física, sendo elas teóricas e/ou práticas, para que desse modo o aluno tenha oportunidade de autoconhecimento físico e de como o mesmo pode ser trabalhado nas aulas dentro dos limites de cada aluno. É levando em consideração os pontos anteriormente citados, em relação ao

trato com os portadores de deficiência, que o estudo em questão veio problematizar a inserção de alunos portadores de deficiência física nas escolas regulares e em especial nas aulas de Educação Física, como acontece o dia-a-dia das mesmas em relação à escola, na relação professor-aluno, na relação aluno-aluno, a visão dos pais dos alunos sobre os processos de inclusão e adequação dessas crianças no meio escolar. OBJETIVOS O presente estudo teve como objetivo principal analisar como acontece a participação de alunos portadores nas aulas de Educação Física, através de um mapeamento e seleção de 03 escolas do município de Campina Grande PB, sendo elas uma pública municipal, uma pública estadual e uma particular. METODOLOGIA A pesquisa caracterizou-se como descritiva com analise quali-quantitativa dos dados e como critério de inclusão e exclusão foi adotado que as escolas que fizessem parte da pesquisa tivessem alunos portadores de deficiência regularmente matriculados. Foram aplicados seis instrumentos para coletas de dados, sendo todos questionários onde os mesmos foram diferenciados entre gestores, professores, pais de alunos portadores e não portadores de deficiência e alunos portadores e não portadores de deficiência, para que assim pudéssemos fazer uma analise de como aconteceu a chegada de tais alunos nas escolas, sua recepção, dificuldades e seu convívio escolar com professores e companheiros de sala de aula. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante a análise dos dados foi constatado a presença de um aluno com deficiência física do 7º ano na escola municipal, um aluno com deficiência auditiva do 9º ano na escola estadual e um aluno com Paralisia Cerebral (PC) do 5º ano na escola particular. No decorrer da pesquisa foi constatado que apenas uma das 3 escolas está adaptada para receber alunos portadores de deficiência, as demais estão em processo de adaptação. Dos 3 gestores pesquisados apenas um tem conhecimentos específicos fornecidos por instituições que trabalham especificamente com

indivíduos Portadores de Deficiência - PD, no que diz respeito à presença de alunos PD em sala de aula. Os três professores pesquisados, possuem graduação e especialização sendo 1 em psicologia da aprendizagem, 1 em treinamento desportivo e 1 em Educação Física escolar (em andamento). Todos afirmaram ter conhecimento a respeito de Educação Física Adaptada obtido no curso de graduação e relatam ser insuficiente e que no decorrer das aulas inclui seus alunos deficientes nas aulas pois acreditam que todos temos limites Os professores alegam não sentirem dificuldade no processo de inclusão com exceção do professor do aluno surdo, visto que nem ele nem o aluno possui conhecimento da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), porém ele utiliza os objetos específicos tais como bolas, arcos, cones, etc. nas aulas fazendo demonstrações a serem repetidas pelo aluno. Constatamos também que os três pais dos alunos PD não fizeram qualquer restrição quanto aos seus filhos estudarem numa escola regular, mas 2 apresentaram um certo receio de que seus filhos sejam vítimas de bulling, todos os pais apoiam a participação de seus filhos nas aulas de Educação Física e todos ressaltaram a importância da socialização e do aperfeiçoamento motor e psíquico e da importância da prática de exercícios físicos. Dos 14 pais de alunos ND que contribuíram com a pesquisa, apenas um deles afirmou não aprovar a presença de alunos PD em escolas regulares, visto os mesmos necessitarem de escolas específicas e que esses alunos poderiam se machucar durante as aulas de Educação Física e até mesmo atrapalhar o bom andamento das aulas por não acompanhar os demais alunos. Quanto aos 14 alunos ND da pesquisa, verificamos que todos acham válida a participação de alunos portadores de deficiência nas aulas de Educação Física, alguns relataram o medo de que tais alunos viessem a se machucar durante as aulas e 1 ressaltou que todos estão propensos a se machucarem. No que diz respeito ao aluno com deficiência auditiva foi relatado que ele se destaca nas modalidades de futsal e vôlei, já o aluno com deficiência física relatou antes não conseguir praticar as aulas e agora participa sempre, o aluno acometido de PC participa de todas as aulas e inclusive de competições internas da escola. CONCLUSÃO Ao término da pesquisa em questão reforçamos a ideia de que as aulas de

Educação Física contribuem para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento do processo motor de crianças e adolescentes que apresentam ou não alguma deficiência. A partir do momento que a escola proporciona um ambiente com vivências múltiplas tendo com o objetivo estimular os domínios cognitivo, afetivo e motor do aluno através das práticas corporais escolares, vimos que o espaço entre preconceito e limitação é reduzido através da conscientização concreta de que todos temos limites e que na escola não devemos formar atletas, mas cidadãos críticos que participem de forma efetiva da sociedade da qual o aluno faz parte, seja ele deficiente ou não. O debate em torno da inclusão de alunos portadores de deficiência ainda necessita de uma maior ampliação em todos os seus âmbitos com o objetivo de aprimorar sua concretização diminuindo assim o espaço entre o falar e o executar. REFERÊNCIAS ADORO CINEMA. Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/filmes-15941/. Acessado em: 10 de marco de 2012 BATTIST, Cleusa Molinali. Inclusão: história e legislação. `Agora Revista eletrônica. Cerro Grande, p. 131-134, 2007. BETTI, Mauro. Ensino de primeiro e segundo grau: educação física pra que? Revista do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte, v.13, n.2, p.282-287,1992. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Brasília,1996. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Declaração da Salamanca. Disponível em: www.mec.gov.br/seesp?arquivos?pdf?salamanca. Acessado em: 10 de janeiro de 2012. BRASIL. Diretrizes nacionais para educação especial na educação básica. Brasília: Secretaria de Educação Especial-MEC;SEESPS, 2001. FOUCALT, Michael. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Tradução Salma Tanns Muchail. 8 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.. Vigiar e punir: historia da violência da prisão. Tradução Ligia M. Ponde Vassallo.10 ed. Rio de Janeiro, 1987. MAKHOUL, C. S. Inclusão dos considerados deficientes. In: ALMEIDA, D. B. Educação: diversidade e inclusão em debate. Goiânia: Descubra, 2007.

MARQUES, Urbano Moreno; CASTRO, Jose Alberto Moura; SILVA, Maria Adília. Atividade Física Adaptada: uma visão critica. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, p. 73-79, 2001. SASSAKI, Romeu K. Inclusão. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro, 1997.