Raciocínio Diagnóstico em Neurologia



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Transcrição:

1 Raciocínio Diagnóstico em Neurologia Trato Piramidal Giro pré-central + córtex parietal centro semi-oval coroa radiada cápsula interna (braço posterior) base do pedúnculo cerebral protuberância pontina pirâmide bulbar decussação das pirâmides trato corticoespinal anterior + trato corticoespinal lateral (75 a 90%) motoneurônios. Trato corticoespinal anterior (25 a 10%) motricidade axial e proximal dos membros em ambos os lados do corpo. Trato corticoespinal lateral (75 a 90%) motricidade distal, responsável por movimentos finos e delicados. É inibidor do tônus muscular. Semiologia da Espasticidade Paralisia em flexão do MS e em extensão do MI. Marcha ceifante. Sinal do canivete. Hiper-reflexia. Clono (6Hz). Aumento de área reflexógena. Sinal de Babinski. Sinal de Hoffmann. Fisiopatologia da Espasticidade Trato retículo espinhal lateral facilitador sinais de liberação. Trato retículo espinhal ventral inibidor. Trato piramidal antagoniza o trato retículo espinhal ventral. Via vestibuloespinal + via reticuloespinal ativação dos motoneurônios γ estiram receptores anuloespirais ativam motoneurônios α contração muscular. Lobo anterior do cerebelo inibição do reflexo de estiramento. Síndrome do Neurônio Motor Superior - sinais deficitários Perda ou diminuição da motricidade, acometendo globalmente os membros. Diminuição ou abolição do reflexo cutâneo abdominal ou cremastérico. Atrofia muscular. Síndrome do Neurônio Motor Superior sinais de liberação Sincinesias Movimentos associados anormais evidenciados no membro deficitário quando o paciente executa um movimento com o membro sadio. Ex: a mão do lado hemiplégico se contrai quando o paciente fecha fortemente a mão do lado normal. Sinal de Babinski Extensão do hálux ao estímulo cutâneo plantar. Exagero do reflexo de automatismo ou de defesa Tríplice flexão do membro inferior ao estímulo nociceptivo. Hiper-reflexia profunda ou sinreflexia. Espasticidade Hipertonia elástica e seletiva.

2 Síndrome do Neurônio Motor Inferior Paralisias Segmentar, assimétrica, interessando o grupo muscular inervado pelos neurônios lesados. Hipotonia Aumento da passividade e da extensibilidade musculares. Arreflexia Superficial e profunda. Fasciculações Pela degeneração e regeneração simultâneas nos músculos comprometidos, com evolução crônica. Atrofia Ocorre na musculatura comprometida, com instalação mais ou menos precoce. As neuropatias periféricas 1. Mononeuropatia (envolvimento focal de tronco nervoso único, por trauma ou compressão; ex: neuropatia ulnar, do mediano). 2. Mononeuropatia Múltipla (envolvimento simultâneo ou seqüencial de troncos nervosos individuais e não contíguos). a) Axonal (ex: Vasculites) b) Desmielinizante com bloqueio de condução focal (ex: Diabetes) c) Mista 3. Polineuropatias: a) Axonal: 1. Aguda = Evolui em dias (ex: Porfiria, intoxicação por tálio) 2. Subaguda = Evolui em semanas a meses (ex: toxinas, doenças sistêmicas). 3. Crônica = Evolui em anos (rever a história familiar, examinar membros da família). b) Desmielinizante: 1. Lentificação uniforme e crônica = revisar história familiar, examinar membros da família. 2. Lentificação não uniforme e com bloqueio de condução = se agudo Polineuropatia Desmielinizante Inflamatória Aguda (Sd. de Guillain Barré); se crônico Polineuropatia Desmielinizante inflamatória Crônica. c) Mista Neuropatias periféricas com componente sensitivo em que predominam sintomas motores: Guillain-Barrè Polineuropatia Desmielinizante Inflamatória Crônica Paraproteinemias Neuropatia Motora Multifocal Porfiria HIV Polineuropatia do doente crítico Metais pesados (tálio, arsênico e chumbo)

3 Neuropatias periféricas com disestesia, queimação e dor: Neuropatia relacionada ao álcool Neuropatia diabética Neuropatia urêmica Neuralgia do trigêmio Herpes zoster Amiloidose Neuropatia relacionada ao HIV Infiltração tumoral Vasculite Hipotireoidismo Arsênico e tálio Terapia com vincristina Neuropatias com disfunção autonômica significativa: Diabetes Neuropatia autonômica do HIV Guillain-Barré Amiloidose Porfiria Vincristina Pandisautonomia auguda Neuropatia autonômica paraneoplásica Síndrome Cerebelar Alteração dos movimentos ativos (ataxia): Dismetria Distúrbio na medida do movimento. Dis- ou adiadococinesia Dificuldade ou incapacidade em realizar movimentos rápidos e alternados. Tremor Reflete a descontinuidade na realização de um movimento, sendo então cinético. Dis- ou assinergia Dificuldade ou incapacidade para realizar um conjunto de movimentos que representam um determinado ato. Disartria Fala lenta, monótona e explosiva. Disgrafia Letras tornam-se maiores e irregulares. Disbasia Ebrioso, com ampliação da base de sustentação. Distúrbio dos movimentos oculares lentidão e descontinuidade dos movimentos, bem como instabilidade na fixação dos olhos. Alteração do tono (hipotonia): Aumento da passividade. Reflexo patelar e triciptal pendulares. Diminuição da consistência das massas musculares. Síndromes Medulares As principais síndromes são: Síndrome Medular Posterior. Síndrome Medular Central. Síndrome Medular Anterior. Síndrome de Brown-Sequard.

4 Síndrome Medular Posterior Disbasia ataxo-talonante. Aumento da base de sustentação. Prova de Romberg positiva. Ataxia sensitiva. Hipotonia bem evidente. Abolição dos reflexos profundos. Abolição da sensibilidade vibratória, cinético-postural e tátil-epicrítica. Causado por Tabes Dorsalis (neurolues), Ataxia de Friedreich e Degeneração Combinada Subaguda de Medula. Síndrome Medular Central Fraqueza de Neurônio Motor Inferior em braços. Fraqueza variável de membros inferiores e espasticidade. Dor severa e hiperpatia. Perda espinotalâmica em braços. Disfunção esfincteriana e retenção urinária. Causado por seringomielia, neoplasia medular, infarto medular hipotensivo e trauma raquimedular. Síndrome Medular Anterior Perda espinotalâmica bilateral. Sensibilidade em coluna posterior preservada. Lesão de neurônio motor superior abaixo do nível da lesão. Lesão de neurônio motor inferior ao nível da lesão. Disfunção esfincteriana. Causado por infarto de artéria espinal anterior. Síndrome de Brown-Sequard Do lado da lesão Síndrome Piramidal com Paralisia + Síndrome Cordonal Posterior. Do lado oposto da lesão Perda da sensibilidade térmico-dolorosa. As causas mais comuns são traumatismos de medula, neoplasias e lesões vasculares da medula. Síndromes de Placa Motora Miastenia Gravis Associado a anticorpo anti-receptor de acetilcolina. Os sintomas iniciam com fraqueza muscular com ou sem sensação subjetiva de fraqueza. A fraqueza muscular geralmente se inicia com distribuição oculobulbar cuja principal manifestação é ptose palpebral, que pode ser uni ou bilateral. A ptose palpebral habitualmente está associada à diplopia, em decorrência da fraqueza da musculatura extra-ocular. A fraqueza muscular bulbar se apresenta com disartria, disfagia, disfonia ou dificuldade para mastigar. O início da fraqueza acometendo musculatura apendicular é incomum.

5 A fraqueza muscular é flutuante, piorando com exercício e melhorando com repouso. Uma vez instalado, o acometimento apendicular tende a ser proximal e assimétrico. Em 15% dos pacientes a fraqueza permanece localizada somente na musculatura extra-ocular e em pálpebras. Em 85% dos casos a fraqueza se torna generalizada, acometendo membros, diafragma e musculatura extensora do pescoço. Síndrome Miastênica de Eaton-Lambert Associado a anticorpos anti canal de cálcio. Fraqueza tende a ser mais proximal (cintura pélvica e escapular). Pode ocorrer parestesia. Reflexos tendíneos diminuídos ou ausentes. A força muscular tende a melhorar logo após exercício (facilitação pós exercício). Musculatura bulbar e extraocular habitualmente poupada, embora possa ocorrer ptose palpebral. Xerostomia pode estar associado ao quadro, devido a disfunção autonômica. 50 a 66% dos casos associados à carcinoma de pequenas células de pulmão, caracterizando um síndrome paraneoplásico. Síndromes Extrapiramidais Síndrome Hipertônico-Hipocinético: Redução da atividade espontânea e dos movimentos associados. Aumento do tônus muscular e dos movimentos involuntários. Sítio da lesão globo pálido e substância negra. Ex Síndrome Parkinsoniano. Síndrome Hipotônica-Hipercinética: Movimentos irregulares e involuntários de localização variável. Intervalo reduzido de tônus muscular de repouso. Sítio da lesão putâmen e núcleo caudado. Ex coréia, atetose, balismo e distonias. 1. Síndrome Parkinsoniano = Doença neurodegenerativa progressiva e crônica que se manifesta pela tétrade bradicinesia, regidez, tremor de repouso e instabilidade postural, cujo principal exemplo é a Doença de Parkinson (DP). A) Epidemiologia: Idade média de início = 55 anos. 1% da população com mais de 60 anos apresenta a doença. Homens são mais afetados do que as mulheres (3:2). Pacientes sem tratamento morrem em 8 a 10 anos, tendo a sua expectativa de vida aumentada em 15 anos após o diagnóstico quando tratados.

6 B) Sinais e sintomas precoces: O tremor de repouso, característico da DP (4-5 ciclos/segundo), ocorre em 70% dos pacientes. Sensações vagas e inespecíficas de fraqueza, amortecimento ou dor. Fadiga é uma queixa comum, associada muitas vezes a depressão. Perda inexplicável de peso pode ser proeminente. O paciente pisco menos (5-10 piscamentos/minuto; normal = 20 piscamentos/minuto). Aumento da fenda palpebral. Outros sinais e sintomas: A marcha é lenta e se processa através de pequenos passos (petit pas). A marcha se acelera e só um obstáculo é capaz de interrompê-la (festinação). A mímica facial é pobre (fascies marmórea). A fala é monótona e sem modulação (fala monocórdica). No fim de uma frase o paciente pode repetir palavras ou sílabas (palilalia). O talhe da escrita se torna pequeno (micrografia). O paciente quando dirige os olhos para um determinado lado não acompanha com a cabeça o movimento (dissenergia oculocefálica). A regidez muscular é global e pástica, permanecendo os membros nas atitudes que lhes são impostas (regidez cérea). A hipertonia dos membros tende a causar, quando da sua movimentação passiva, resistência intermitente (Sinal da roda denteada e Sinal do cano de chumbo). O tremor de repouso com 4-5 ciclos/segundo cessa durante o sono. Exagero dos reflexos axiais da face (particularmente o reflexo glabelar). Diciculdade em deglutir devido a bradicinesia (sialorréia). Hipersecreção sebácea (fácies empomadada do parkinsoniano). Inquietação muscular (acatisia). Edema de membros inferiores. 2. Distonias É uma síndrome de contrações musculares lentas e mantidas, frequentemente causando movimentos repetitivos ou de torção, ou posturas anormais. A principal característica da distonia é a ocorrência de contrações musculares prolongadas que frequentemente deslocam e distorcem segmentos do corpo produzindo posturas anormais. Os espasmos musculares podem ser contínuos (resultando em postura fixa) ou intermitentes (contrações repetitivas, muitas vezes rítmicas). Diferencia-se dos tremores, mioclonias e coréias pelo seu caráter repetitivo e previsível associado ao componente de torção sendo mais apropriadamente considerados como parte integrante da distonia. Acomete mais a musculatura axial do que apendicular. Possui cinco formas clínicas: a) Focal = Acometimento de grupo muscular restrito. Ex: torcicolo espasmódico, blefaroespasmo, disfonia espasmódica, câimbra do escrivão. b) Segmentar = Movimentos distônicos em regiões contíguas do corpo. Ex: Distonia cranial (blefaroespasmo + distonia oromandibular = Sd. de Meige); Distonia crânio-cervical (distonia cranial + distonia cervical); Distonia braquial (um ou ambos membros superiores, podendo haver envolvimento axial); Distonia crural (ambos os membros inferiores ou um membro inferior

7 associado a comprometimento do tronco); Distonia axial (músculos cervicais e do tronco). c) Generalizada = Várias partes do corpo são acometidas, sempre com a presença de envolvimento segmentar crural. d) Multifocal = Duas ou mais regiões não contíguas estão envolvidas. Ex: blefaroespasmo + distonia de um membro inferior. e) Hemidistonia = Acometimento de apenas um lado do corpo, geralmente associado a lesões estruturais em putâmen contralateral. 3. Coréia (gr. Koreía: dança) Movimentos breves, involuntários, bruscos, arrítmicos, irregulares, desordenados e predominam na face e membros em sua porção distal. Pode estar associado a movimentos atetóides (Coreoatetose). O tônus muscular está severamente reduzido. O estudo do reflexo patelar, após a sua percussão, demonstra um relaxamento anormalmente prolongado que segue-se à contração (Fenômeno de Gordon). Ocorre por disfunção dos corpos estriados. Os principais tipos de coréia são os seguintes: a) Coréia de Sydenham (1686): Acomete principalmente crianças em idade escolar (6-13 anos), sendo raramente vista em adultos com mais de 40 anos, estando associado com a moléstia reumática, porém ocorrendo até 6 meses após a estreptococcia. Acompanha-se de fraqueza, labilidade emocional e alteração de personalidade. A língua, quando protusa, lembra um saco de vermes, indo para dentro e para fora. O paciente é incapaz de manter contração tetânica, o que se evidencia pedindo para o paciente prender as mãos do examinador (Sinal da Ordenha). Quando o paciente tenta erguer os braços sobre a cabeça ocorre a pronação dos mesmos (Sinal do Pronador) Normalmente o quadro se resolve em semanas ou alguns meses. A coréia pode durar de 1 semana a 2 anos, desaparecendo em média em torno de 15 semanas. b) Coréia gravídica: Ocorre tipicamente no 2 mês de gestação de primigestas. 1/3 dos pacientes possue antecedente de Moléstia Reumática e 2/3 tiveram surtos coréicos na infância. c) Coréia de Huntington (1872): Coréia crônica e progressiva, autossômica dominante. O início ocorre entre os 30 e 50 anos. Normalmente associam-se movimentos atetóides. A marcha é acentuadamente anormal e bizarra. Alterações psiquiátricas são habituais. Evolui com demência. 4. Atetose Movimentos lentos, amplos, arrítmicos e irregulares, predominando na porção distal dos membros. Apresenta postura exagerada dos membros (Dança das Havaianas). A causa mais frequente é a paralisia cerebral na sua forma extrapiramidal, podendo ocorrer tambêm no Kernicterus. Outras doenças mais raras que cursam com atetose são a Dça. de Hallevorden-Spatz e a Panencefalite Esclerosante Subaguda (abalos mioclônicos + coréia e atetose + deterioração mental). A fisiopatologia está relacionada com lesões do estriado. 5. Balismo Movimentos amplos, bruscos, rápidos e ritmados, predominando na raiz dos membros. Normalmente acometem somente metade do corpo (Hemibalismo). Ocorre por lesão do núcleo subtalâmico de Luys, ou de suas conexões aferentes e eferentes, geralmente por acidente vascular encefálico.

8 6. Tremores Movimento involuntário, rítmico, produzido por contrações alternadas ou seqüenciais de músculos agonistas e antagonistas de um segmento corporal. Existem dois tipos de tremor: a) Tremor de repouso do Sd. Parkinsoniano (4 a 6 c/s) b) Tremor de ação (8 a 13 c/s) que pode ser familiar e essencial, e que se manifesta primeiro em uma mão passando posteriormente para a outra. Discinesia Movimentos involuntários extrapiramidais. Quando são rápidos, sem contração muscular prolongada e excessiva, temos discinesias do tipo coréico, coreoatetósico ou balístico. Quando a movimentação é lenta, com contrações musculares exuberantes e associadas ou não a posturas anormais fixas, temos discinesias do tipo distônico. Síndrome de Hipertensão Intracraniana Cefaléia piora progressiva. Vômitos pela manhã e sem náusea, por irritação dos centros eméticos bulbares. Vertigens em neoplasias de fossa posterior. Edema de papila. Paralisia do VI par. Distúrbios psíquicos apatia, irritabilidade. Bradicardia, hipertensão arterial, insuficiência respiratória. Síndrome Meníngea HIC ou Sd. Radicular fotofobia, postura antálgica em decúbito lateral e com os membros inferiores semifletidos, regidez de nuca, provas de Kernig, Brudzinski e Lasègue presentes. Sd. Infecciosa febre, prostração, astenia, anorexia.