CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Junior (Aula 09/04/2018) Doação. Espécies. Doação pura não pede nenhuma coisa em troca. Doação remuneratória neste caso de doação tem por objetivo pagar um serviço prestado pelo donatário ao doador. Exemplo, médico que salvou a vida do filho o pai o remunera. A doação remuneratória não cabe revogação, ingratidão ou arrependimento, contudo, é anulável por vício. Art. 564. Não se revogam por ingratidão: I - as doações puramente remuneratórias; II - as oneradas com encargo já cumprido; III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural; IV - as feitas para determinado casamento. Doação com encargo é uma doação que suporta uma contra prestação por parte do donatário, que este deve cumprir em relação ao doador ou a terceiro, indicado por este. Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral. 1
Podemos ter uma doação com encargo com condição resolutiva, exemplo, doar um carro para o sobrinho desde que estude por dois anos para ingressar na faculdade de medicina da USP. Doação de pais a filho implica adiantamento da legitima. Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança. Metade da herança é parte legítima e deve ser guardada para os herdeiros legítimos, a outra metade faz o que quiser. Quando houver doação de pai para filho, deixar claro de qual parte está doando se da parte disponível ou da legítima. legitima. Se não constar na escritura que é da parte disponível, será da parte Restrições à liberdade de doar. Doação do cônjuge adúltero a seu cúmplice. Esta restrição buscar guarda a família e repudia o adúltero, não cabe quando os cônjuges estiverem em separados de fato. 2
Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. Pode ingressar com a ação os herdeiros necessários e o cônjuge traído, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal. O prazo posterior se dá porque, via de regra, só fica sabendo depois que terminou a relação matrimonial. No polo passivo será quem doou e quem recebeu a doação. Doação de todos os bens do doador. Princípio da auto preservação, se doar tudo como vai viver até morrer. Por isso os pais doam com usos e frutos para garantir a subsistência. A jurisprudência admite apenas a exceção de religiosos, contudo, a igreja precisa cuidar do doador até morrer. Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador. Doação da parte inoficiosa. Restringe a liberdade de doar à metade dos bens, pois, a outra metade constitui a legítima de seus descendentes, sendo que o propósito é assegurar a igualdade dos quinhões hereditários, conforme observa o artigo 1.846 CC: Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima. Revogação da doação. Por ingratidão do donatário. Ocorre a revogação por ingratidão quando o donatário comete contra o doador: homicídio; ofensa física; denigre a honra ou negar alimentos, é necessário ingressar com ação de revogação por ingratidão, as hipóteses estão elencadas no artigo 557 CC: 3
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações: I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II - se cometeu contra ele ofensa física; III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. Descumprimento do encargo, artigo 555. Por descumprimento de encargo, para interesse da sociedade, pode o ministério público propor a ação de revogação. Sobreviver ao donatário. Quando fizer doação pode inserir cláusula que se sobreviver ao donatário volta para o patrimônio do doador, principalmente se for personalíssimo. Pode se fazer doação com cláusula de reversão, exemplo, doa imóvel para a filha e se ela morrer volta para o pai, não compõe o patrimônio dos herdeiros da filha. Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário. Prestação de serviço. Conceito: é o contrato pelo qual o prestador de serviços desempenha uma atividade contratada pelo tomador, licita e possível, mediante remuneração durante determinado período. (trabalho). O maior risco da prestação de serviço é transformar em C.L.T 4
O maior perigo da prestação e serviços encontra-se na habilidade do advogado para elaborar o respectivo contrato, visando afastar todas as exigências da CLT para a laboral, a saber: habitualidade, onerosidade, pessoalidade e subordinação. Diferença da prestação de serviço com o contrato de trabalho. Habitualidade TRABALHO CIVIL É pessoal, contudo, não podendo comparecer, qualquer outro com igual qualidade técnica pode fazer. Pessoalidade O cronograma de trabalho será apresentado pelo prestador de serviço. Subordinação Onerosidade O profissional que decide como deve ser prestado o serviço apenas seguindo orientações do tomador. Fica o prestador livre para contratar com quem quiser. Diferença da prestação de serviço com o contrato de trabalho é que na prestação de serviço o tempo é determinado, no contrato de trabalho excluindo a experiência ele é sempre por prazo indeterminado. Além disso, na prestação de serviço não há subordinação, presente está no contrato de trabalho. Assim, na prestação não há dependência econômica, enquanto no contrato de trabalho sim. Na prestação de serviço, salvo a personalíssima o prestador de serviço pode ser substituído, no contrato de trabalho não. Prazo de vigência o contrato de prestação de serviço tem como prazo máximo o período de 4 anos de duração, ainda que os serviços não tenham sidos concluídos, conforme preceitua o artigo 598 do CC: 5
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, darse-á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra. Contrato de fiança. Conceito: é o contrato pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam perante o credo a cumprir a obrigação caso o devedor não venha cumpri-la. Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra. A fiança é utilizada em contratos, para títulos de crédito usamos o aval. Normalmente a fiança vem como cláusula, não propriamente em um contrato a parte. Toda via, ainda que venha como clausula é considerada um contrato, exemplo, contrato de locação de imóvel e outras avenças. A fiança surge no inadimplemento, se pagar em dia a fiança não será usada. Outorga conjugal o código civil determina a necessidade da concordância do outro cônjuge, manifestada pela assinatura (autorização) no ato. Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. 6
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada. (Grifo nosso). Os participantes da entidade conjugal não poderão, por força de lei, prestar fiança sem que o outro expressamente consinta. Limites da fiança. Total devedor. abrange a totalidade da dívida ou da obrigação contraída pelo Art. 822. Não sendo limitada, a fiança compreenderá todos os acessórios da dívida principal, inclusive as despesas judiciais, desde a citação do fiador. Fiador paga toda dívida do devedor, inclusive perícia, alcança a meação quando o conjugue assina. Limitada obrigação afiançada. quando o fiador estipular no contrato qual o seu limite da Art. 823. A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e contraída em condições menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada. Quando alguém pede para ser fiador é uma forma educada de se eximir desta obrigação limitando o valor da fiança, exemplo, dívida de R$ 50.000,00 concede fiança de R$ 5.000,00. A fiança assim como o seguro não admite interpretação extensiva, assim, se a fiança for do tipo limitada não poderá ser exigida além do limite estipulado. 7
Seguro fiança. O seguro fiança é um contrato híbrido, porquanto é convencionado com as características do contrato de seguro e as características do contrato de fiança. Para que possa ser fiador deste instrumento, a pessoa deve ter autorização do poder público para tal. Este tipo de contrato é uma importante alternativa para se evitar o constrangimento de quem pede e de quem oferece a fiança. Sendo uma entidade a garantir o negócio, haverá uma impessoalidade, sem constrangimentos, basta que o afiançado cumpra todas as exigências da instituição de seguro. É um produto caro, não acessível para uma boa parte dos brasileiros. Bons Estudos!!! Prof.ª. Adriana Aparecida Duarte. 8