1 CARREIRAS JURÍDICAS - INTENSIVO I Material de Apoio - Direito Tributário Eduardo Sabbag Causas de exclusão do crédito tributário MATERIAL DO PROFESSOR I- ANOTAÇÕES DE AULA II- QUESTÕES DE CONCURSO I- ANOTAÇÕES CAUSAS DE EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Art. 176 a 179 do CTN Anistia: arts. 180 a 182, CTN Isenção tributo Anistia multa Tributo é diferente de multa (art. 3º, CTN) Gafe: anistiar IPTU Isenção e anistia atingem obrigação principal (as obrigações acessórias permanecem imexíveis ou incólumes) art. 175, parágrafo único, CTN. Ex: circulação de mercadoria isenta sem ICMS/obrigação principal, mas com nota fiscal/obrigação acessória. Isenção e anistia são atos que dependem de LEI. Segurança jurídica. O poder de isentar é correlato ao poder de criar. Lei específica art. 150, 6º, CF
2 Os benefícios fiscais (ver rol) dependem de lei específica aquela que trata exclusivamente do tributo ou exclusivamente do benefício. Lei geral, não (evitando-se os favoritismos fiscais). A ressalva é para os benefícios fiscais no ICMS, os quais dependerão de um convênio, celebrado no âmbito do CONFAZ (Conselho de Política Fazendária) tais convênios deverão ser ratificados por um decreto legislativo. Na prática, isso não ocorre. A ratificação se dá por meio de decreto do próprio Poder Executivo, levando a doutrina a criticar veementemente o expediente. Lei para exclusão do CT: art. 97, VI, CTN. ISENÇAÕ E ANISTIA E A INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Art. 111, I e II, CTN - As causas de exclusão avocam uma interpretação literal. Isso significa que o intérprete deverá se ater ao enunciado isentante/anistiador com fidelidade textual. A lógica está no fato de que a isenção e a anistia são institutos de exceção à regra da incidência, razão pela qual a interpretação mais ampla ou mesmo a analogia (método de integração da norma) não são recomendáveis. Ex: Sindicato dos perueiros consulta sobre a extensão da isenção de IPI dos taxistas para a categoria. Análise: trata-se de analogia, e o CTN, impondo interpretação literal para a isenção, rechaça tal método de integração da norma. Como causas excludentes do crédito tributário, a isenção e a anistia não se confundem com a remissão (art. 156, IV, CTN c/c art. 172, CTN). Esta é uma causa que extingue o CT e, naturalmente, pressupõe a existência do lançamento. Desse modo, memorize: - dispensa legal de tributo ainda não lançado: ISENÇÃO - dispensa legal de multa ainda não lançada: ANISTIA - dispensa legal de tributo/multa já lançados: REMISSÃO ESTUDO DA ISENÇÃO Conceito: o conceito de isenção é polêmico entre os estudiosos. Há o conceito clássico (adotado pelo STF) e o conceito moderno (muitos adeptos na doutrina). Para o STF, a isenção é uma dispensa legal do tributo. Isso significa que, quando há isenção, já ocorreu o fenômeno da incidência, a ocorrência do FG, o nascimento da OT, todavia, não ocorrerá o lançamento. Portanto, o STF situa a isenção no campo da incidência tributária, como um instituto inibitório de lançamento. Por outro lado, a doutrina moderna vem ofertando um outro conceito para isenção, situando-a no campo da não incidência. Isso significa que a norma isentante incidirá pa-
3 ra que a norma da tributação não incida. Desse modo, a isenção retira do plano da tributação aquela situação protegida do tributo, não se cogitando de um prévio nascimento de obrigação tributária. Ex: à luz do conceito do STF: 1. HI ser proprietário de bem imóvel 2. FG João é proprietário de bem imóvel 3. OT - João é sujeito passivo, devendo pagar o IPTU (ob. principal) 4. LANÇAMENTO? Situação: lei de isenção de IPTU, a qual beneficia o João. Gabarito: para o STF, ocorrem 1, 2 e 3. O lançamento é obstado pela isenção (questão TJ/SP setembro/2014 magistratura). Dica final: a depender da linha conceitual adotada, teremos impactos diversos diante da revogação de isenção. Pela linha do STF, haverá automática retomada da exigibilidade, significando uma pronta incidência da lei revogadora. Pela linha conceitual moderna, a revogação se equipara à instituição do tributo, avocando o princípio da anterioridade tributária art. 150, III, b e c, CF. Art. 176, CTN Isenção decorre de lei, ainda que seja inicialmente construída em ajustes contratuais. Isenção geográfica: aquela que pode ser veiculada como um benefício fiscal para determinada região. Ela deve respeitar o art. 151, I, parte final da CF, ocorrendo apenas no caso de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio entre as diferentes regiões do país. Art. 177, CTN a regra é a isenção para impostos não alcançando nem taxas nem contribuições de melhoria. Tais tributos são bilaterais, e a isenção perde o sentido no âmbito contraprestacional de tais gravames. Todavia, pode haver isenção para ambos (salvo disposição de lei em contrário) art. 177, I, CTN. Não se admitem as isenções em branco, ou seja, aquelas para tributos cuja competência tributária não foi exercida. Ex: Imposto sobre grandes fortunas. Art. 178, CTN a regra é a revogabilidade das isenções (prefira anulação). Entretanto, um tipo de isenção é irrevogável, materializando um direito adquirido: a isenção temporal E condicional (aquela concedida por prazo certo e sob determinadas condições). Ex: isenção de ISS por 05 anos para empresas que cumprirem determinadas condições. Trata-se de isenção irrevogável.
4 Art. 179, CTN a isenção em caráter individual será veiculada por um despacho administrativo, mas será a lei um instrumento legítimo e originário da norma comentada. O despacho apenas concretiza o que a lei previu abstratamente. Por fim, recorde-se que a isenção em caráter individual não gera direito adquirido. ESTUDO DA ANISTIA O tema é menos solicitado em concursos do que a isenção. Conceito: a anistia é o instituto jurídico que, retrospectivamente, afastará a penalidade imposta ao infrator inadimplente. Vale dizer que a anistia, olhando para trás, retirará o rótulo de impontual do inadimplente, afastando-o da multa. Ex: contribuinte não entrega a declaração de IRPF em abril. A qualquer momento pode ser multado. Alguns meses depois, sobrevém uma lei que afasta a multa ainda não lançada. Nome do favor fiscal = anistia. Art. 180, caput, CTN anistia ligada a infrações; anistia com vigência retrospectiva de lei (o que é natural). É normal acreditar que não poderá ocorrer anistia nos casos tipificados como crimes ou contravenções. Além disso, naqueles casos afetos ao dolo, fraude ou simulação. CUIDADO com o conluio: a anistia pode ocorrer ou não (salvo disposição de lei em contrário). Art. 181, CTN a anistia pode ser concedida em caráter geral ou em caráter limitado (tipo de infração; volume das penalidades; por regiões; e sob condição de pagamento de tributo) Art. 182, CTN a anistia, à semelhança da isenção, será veiculada por um despacho, quando vier em caráter individual. Recorde-se que é a lei que a prevê. Tal despacho não gera direito adquirido.
5 Revogação de Isenção de Anistia (de moratória/de remissão) Revogação Cobrança de tributo e dos juros Cobrança de tributo e dos juros COM multa SEM multa COM dolo SEM dolo II. QUESTÃO DE CONCURSO TESTES INTENSIVO II PROF. EDUARDO SABBAG FCC - 2014 - TJ-AP - Juiz Com relação ao crédito tributário e de acordo com o Código Tributário Nacional, traz SOMENTE uma modalidade de suspensão, uma de extinção e uma de exclusão: a) consignação em pagamento, nos termos do disposto no parágrafo segundo do artigo 164 do CTN, conversão de depósito em renda e anistia. b) isenção, remissão e decadência. c) anistia, pagamento e compensação. d) transação, moratória e anistia. e) depósito do montante integral, concessão de tutela antecipada e isenção. Gabarito: E (teste passível de anulação)
6 Cartórios/SE (CESPE/UNB) 20-07-2014 Considera-se causa de exclusão do crédito tributário a a) anistia. b) compensação. c) transação. d) prescrição. e) conversão do depósito em renda. Gabarito: A XV CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGOS DE JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO DA 2ª REGIÃO - 03-08-2014 O Código Tributário prevê que se interprete literalmente a legislação tributária que disponha sobre: a) Pagamento do crédito tributário. b) Outorga de isenção. c) Cumprimento de obrigações tributárias acessórias. d) Capitulação do fato gerador e) As penas cominadas, em caso de dúvida. Gabarito: B TRF 1 R 2004 A isenção tributária: a) está adstrita ao campo da discricionariedade do ato administrativo. b) depende sempre de condições a serem impostas pelo Decreto que regulamentar a lei. c) está sujeita ao princípio da reserva legal. d) submete-se ao critério da conveniência do administrador tributário. Gabarito: C
7 PGE/PI 20-07-2014 1. A isenção, norma tributária que dispensa o pagamento de determinado tributo, deve estar prevista em lei específica e ser interpretada restritivamente, inviabilizando-se a utilização de métodos integrativos da legislação tributária, como a analogia. CORRETO 2. A anistia consiste na liberação graciosa, por expressa autorização legal, da obrigação tributária principal surgida com a realização do fato gerador pelo contribuinte. INCORRETO FGV Projetos, para o cargo de Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro, em 01/02-08-2009 A respeito da norma concessiva de isenção de ICMS expressa, unilateralmente, na Constituição do Estado, é possível afirmar que não é válida, pois a concessão e revogação de isenções, incentivos e benefícios fiscais do ICMS decorrem obrigatoriamente de deliberação dos Estados e do Distrito Federal. CORRETO