ALESSANDRA BARONI RODRIGUES NEVES* 1 ; JOÃO VITOR FRANÇA PIROLA 1 ; CELSO TADAO MIASAKI 1 ; PAULO RENATO MATOS LOPES 1.

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Transcrição:

Potencial de implantação de um projeto de educação ambiental na UNESP/Dracena baseado em compostagem doméstica Development potential of an environmental education project in UNESP/Dracena based on home composting ALESSANDRA BARONI RODRIGUES NEVES* 1 ; JOÃO VITOR FRANÇA PIROLA 1 ; CELSO TADAO MIASAKI 1 ; PAULO RENATO MATOS LOPES 1. 1 Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas, UNESP - Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Dracena. Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, km 651, CEP 17900-000, Dracena, Brasil. *alee_rodrigues06@hotmail.com RESUMO As altas taxas de consumo e a crescente geração de resíduos estão entre os maiores problemas ambientais enfrentados atualmente. Neste sentido, a gestão correta destes materiais vem promovendo uma crescente preocupação, favorecendo o desenvolvimento de consciência ecológica. Como estratégia para esta problemática está a conscientização da população com o desenvolvimento de atividades de educação ambiental. Neste sentido, o trabalho visou diagnosticar o potencial de um projeto de educação ambiental na UNESP/Dracena baseado em compostagem doméstica. Foi realizada uma pesquisa exploratória e descritiva com 137 pessoas da comunidade acadêmica. Os resultados revelaram que há uma parcela significativa que desconhece a possibilidade de reaproveitar resíduos orgânicos e o processo de vermicompostagem. Contudo, a maioria demonstrou-se demonstraram grande comprometimento com o meio ambiente e disposta em participar de um projeto de educação ambiental. Além disso, foi possível notar que um ponto a ser destacado no desenvolvimento desta atividade é a capacitação das pessoas acerca da manutenção da composteira doméstica. INTRODUÇÃO No século XXI, um dos grandes problemas enfrentado no planeta é a gestão correta dos resíduos. A discussão conjunta torna-se urgente e inevitável a fim de conquistar um modelo de desenvolvimento sustentável (NUNESMAIA, 2002). A necessidade de mudanças comportamentais associa-se a uma construção social que vem encontrando dificuldades ao longo do tempo. Discursos acerca da crise ambiental 538

tiveram transições periódicas sobre o foco desta problemática. Até a década de 1970, o vilão era o crescimento populacional e, posteriormente, o foco voltou-se ao impacto da produção. A partir da década de 1990, os problemas ambientais são então devido ao impacto do consumo (PORTILHO, 2004). Neste sentido, muitos autores destacam que a matriz deste problema está no modelo de desenvolvimento adotado, cujo padrão de consumo exagerado produz uma quantidade de resíduos maior que a capacidade da natureza em absorver ou processar estes materiais (BRINGHENTI, 2004). Além disso, a degradação ambiental se junta aos prejuízos na saúde pública quando o destino final dos resíduos são estruturas inadequadas, como lixões a céu aberto. Estudos revelaram alguns problemas de saúde sofridos pelos catadores de lixos como hepatite, parasitoses e doenças de pele e respiratórias (SCHMITT; ESTEVES, 2011). Logo, a educação ambiental surge como uma saída para a mudança de panorama social, destacando como estratégia a segregação dos diferentes tipos de resíduos e sua correta destinação (SOARES; SANTOS, 2014). Os resíduos sólidos domésticos podem ser separados em três tipos: orgânicos, recicláveis e rejeitos. Tendo em vista as possibilidades de reciclagem e de reaproveitamento do material orgânico, a redução na geração de lixo nas residências revela-se com elevado potencial ecológico. Consequentemente, tem-se a importância da separação destes resíduos, que proporciona menor impacto ambiental e melhor qualidade de vida para os cidadãos. (GARCEZ; GARCEZ, 2010). Uma alternativa à disposição e ao reaproveitamento de resíduos sólidos orgânicos é a compostagem. Este processo controlado realiza a decomposição aeróbia do material orgânico pela ação de micro-organismos (GUNTHËR; BESEN, 2010). Neste contexto, há também a vermicompostagem que se fundamenta na degradação de resíduos orgânicos por minhocas com a produção de composto orgânico, denominado vermicomposto. (CETESB, 1987). O processo de vermicompostagem possui diversas vantagens em relação à compostagem, tais como: menor tempo na produção do composto humificado; ausência de revolvimento do material; continuidade do processo; e geração de mais de três produtos comerciais - húmus, composto líquido e minhocas (LANDGRAF et al., 2005). Portanto, a vermicompostagem doméstica é uma modalidade interessante do ponto de vista ambiental. Esse método possibilita a realização do tratamento dos resíduos orgânicos 539

na sua origem, utilizando-se de técnicas e equipamentos simplificados, operados pelo próprio gerador dos resíduos (LOPES et al., 2015). O presente trabalho analisou, por meio de uma pesquisa exploratória e descritiva, o potencial para desenvolver um projeto de educação ambiental junto à comunidade acadêmica da FCAT (Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológica)/UNESP, câmpus de Dracena. Foi avaliado o conhecimento sobre o reaproveitamento dos resíduos orgânicos e a possibilidade de realização da vermicompostagem doméstica. Assim, foi estabelecida uma relação entre os assuntos, além de demonstrar os motivos mais relevantes pelos quais as pessoas adquiriam ou não uma composteira em sua residência. MATERIAL E MÉTODOS No mês de agosto de 2016, foi aplicado um questionário com 18 questões para toda a comunidade acadêmica da Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas, Universidade Estadual Paulista, câmpus de Dracena, abrangendo estudantes de graduação e de pósgraduação, servidores técnico-administrativos e docentes. Participaram da pesquisa 137 pessoas, sendo 50 do sexo feminino e 87 do sexo masculino. Posteriormente, foi realizada a análise das respostas. Para este trabalho foram consideradas as questões 6, 13, 14, 15, 16 e 17 apresentadas abaixo: 6. Atividade na UNESP/Dracena ( ) Estudante de graduação ( ) Professor ( ) Servidor técnico-administrativo 13. Você sabia que, além dos materiais recicláveis, muitos resíduos orgânicos podem ser reaproveitados em sua casa? ( ) Sim ( ) Não 14. Qual seu interesse em participação de um projeto de educação ambiental sobre reaproveitamento de resíduos domésticos? ( ) Muito ( ) Pouco ( ) Não me interesso 15. Qual seu nível de conhecimento a respeito de vermicompostagem? ( ) Muito e com experiência ( ) Pouco, mas sem experiência ( ) Muito, mas sem experiência ( ) Nenhum ( ) Pouco e com experiência 16. Qual o grau de importância destes fatores que te levaria a adquirir uma composteira doméstica em sua casa? 540

*responder os itens de A a E de acordo com a escala: Sem importância (Muito fraco), Pouca importância (Fraco), Neutra (Médio), Importante (Forte) e Muito importante (Muito forte). A. Comprometimento com o meio ambiente B. Criação de consciência ambiental entres os moradores da residência C. Influência da mídia (TV, internet, jornais, etc.) D. Redução na geração de lixo E. Geração de subprodutos úteis 17. Qual o grau de importância destes fatores que NÃO te levaria a adquirir uma composteira doméstica? *responder os itens de A a E de acordo com a escala: Sem importância (Muito fraco), Pouca importância (Fraco), Neutra (Médio), Importante (Forte) e Muito importante (Muito forte). A. Desconhecimento sobre a manutenção B. Desinteresse próprio C. Desorganização entre os moradores da residência D. Recurso financeiro E. Tempo disponível Os resultados foram expressos em tabela e gráficos revelando o grau de importância que levaria ou não o entrevistado a adquirir uma composteira em sua residência. (Questões 16 e 17, respectivamente). Além disso, foi possível estabelecer relação entre o reaproveitamento dos resíduos orgânicos e a possibilidade de realização da vermicompostagem doméstica de acordo com o nível de conhecimento das pessoas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir dos resultados apresentados na Figura 1 e na Tabela 1, foi possível determinar que a maior parte da comunidade acadêmica (90,5%) tem ciência da possibilidade de reaproveitamento dos resíduos orgânicos gerados em suas residências, sendo que somente 9,5% alegaram desconhecer tal fato (Questão 13). No entanto, destacou-se a inexperiência das pessoas em relação à alternativa da vermicompostagem como método de reaproveitar estes materiais. Nota-se que os maiores percentuais dentre os entrevistados foram nos grupos pouco e sem experiência, muito e sem experiência e nenhum com 42,3%, 24,8% e 15,3%, respectivamente. Quando correlacionados esses dados com o nível de conhecimento sobre a vermicompostagem (Questões 13 e 15), observou-se novamente que a maioria possui pouco conhecimento e nenhuma experiência com o processo. Ainda, foi revelado que aqueles que não sabiam do reaproveitamento da matéria orgânica tinham menor contato com a 541

Muito e com experiencia Muito e sem experiência Pouco e com experiência Pouco e sem experiência Nenhum Muito e com experiencia Muito e sem experiência Pouco e com experiência Pouco e sem experiência Nenhum 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas vermicompostagem, uma vez que o grupo demonstra-se concentrado em pouco e nenhum conhecimento e inexperientes (Figura 1). Portanto, sabendo da necessidade de mudanças no comportamento e nos hábitos da sociedade moderna, os desafios da construção social e discussão conjunta desta problemática criam um campo fértil para o desenvolvimento de ações de educação ambiental. Logo, estes resultados possibilitam a realização de um planejamento detalhado com diretrizes focadas no público-alvo. Número de pessoas 60 50 40 30 20 10 0 17 33 6 53 15 1 1 0 5 6 Sim Não Figura 1. Relação entre o reaproveitamento de resíduos orgânicos e o nível de conhecimento e experiência em vermicompostagem. Tabela 1. Percentuais da relação entre o reaproveitamento de resíduos orgânicos e o nível de conhecimento e experiência em vermicompostagem. Nível de conhecimento Reaproveitamento de resíduos orgânicos sobre vermicompostagem Sim Não TOTAL Muito e com experiência 94,4% 5,6% 13,1% Muito e sem experiência 97,1% 2,9% 24,8% Pouco e com experiência 100,0% 0,0% 4,4% Pouco e sem experiência 91,4% 8,6% 42,3% Nenhum 71,4% 28,6% 15,3% TOTAL 90,5% 9,5% 100,0% Neste contexto, o estudo propôs também avaliar a possibilidade dos entrevistados em adquirir uma composteira doméstica. Foi avaliado o nível de relevância de diferentes motivos quanto à aquisição ou não desta ferramenta. Na Figura 2 abaixo, apresentam-se os resultados 542

obtidos pela Questão 16 relacionados aos motivos que levaria a pessoa adquirir uma composteira em sua casa. Figura 2. Grau de importância dos motivos que levaria o entrevistado a adquirir uma composteira doméstica. (A) comprometimento com o meio ambiente; (B) criação de consciência ambiental entres os moradores da residência; (C) influência da mídia (TV, internet, jornais, etc.); (D) redução na geração de lixo; (E) geração de subprodutos úteis. Constatou-se que dentre os motivos para sua aquisição, a influência da mídia representou menor relevância, pois 40% consideraram pouco ou sem importância, além de 39% dos entrevistados alegarem esse fator ser neutro (Figura 2C). 543

No entanto, todos os outros motivos foram considerados majoritariamente como importantes ou muito importantes. Assim, foram considerados como importantes ou muito importantes os seguintes motivos: a geração de subprodutos úteis (80%, Figura 2E), o comprometimento com o meio ambiente (80%, Figura 2A) e a criação de consciência ambiental entre os moradores (74%, Figura 2B). Visto que a quantidade de resíduos produzida dentro da residência pode representar um gargalo para os entrevistados, a redução na sua geração foi o principal motivo para a instalação de uma composteira doméstica. Observando a Figura 2D, 88% dos entrevistados consideraram esse item como importante ou muito importante. Por outro lado, foram avaliados os principais pontos negativos que levariam à não instalação de um composteira nos domicílios. De forma semelhante à Figura 2, estão apresentadas na Figura 3 as respostas quanto ao grau de relevância de alguns motivos para não adquirirem a composteira (Questão 17). O tópico que teve maior divergência entre as respostas foi a desorganização entre os moradores da residência, representado na Figura 3C. Para 42%, este fator é importante ou muito importante para instalação da composteira e para outros 42% o mesmo motivo é tido como pouco ou sem importância. O tempo disponível também se revelou de forma heterogênea e bem distribuído nos critérios de relevância. Nota-se, na Figura 3E, que sua importância ou não para as pessoas apresentaram percentuais próximos (38% e 34%, respectivamente). Em relação ao recurso financeiro (Figura 3D) e desinteresse próprio (Figura 3E), foi demonstrado que os entrevistados estão dispostos a gastar na aquisição de uma composteira doméstica e que possuem muito interesse pela atividade. Tais conclusões se devem ao fato destas razões serem consideradas de pouca ou sem importância para a maioria dos entrevistados: 46% para finanças e 64% para desinteresse. O motivo mais limitante à aquisição de uma composteira doméstica foi o desconhecimento sobre a manutenção, representado por 46% de respostas como importante ou muito importante (Figura 3A). Sendo assim, apesar do conhecimento sobre o baixo custo, falta a capacitação e a criação de uma rede de compartilhamento de experiências para esclarecer que sua manutenção é muito fácil e pouco onerosa. Portanto, este resultado ressalta novamente o potencial existente na comunidade acadêmica para o desenvolvimento de um projeto de educação ambiental. 544

Figura 3. Grau de importância dos motivos que levaria o entrevistado a não adquirir uma composteira doméstica. (A) desconhecimento sobre a manutenção; (B) desinteresse próprio; (C) desorganização entre os moradores da residência; (D) recurso financeiro; (E) tempo disponível. Com o intuito de detalhar os interessados em participar de um projeto de educação ambiental com compostagem doméstica, este resultado foi relacionado com a atividade do entrevistado na UNESP/Dracena (Questões 6 e 14). Na Figura 4 e na Tabela 2 estão demonstradas as pessoas com muito, pouco ou nenhum interesse de acordo com sua atividade. 545

Número de pessoas 1º Encontro Internacional de Ciências Agrárias e Tecnológicas Os resultados demonstraram que 64% têm muito interesse no projeto, 35% pouco e apenas 2% demonstraram-se desinteressados. Neste sentido, todos os professores e 86% dos servidores apresentaram-se dispostos em participar. Dentre os estudantes de graduação, a maioria (56%) apresentou muito interesse no projeto. No entanto, há uma parcela de 42% com pouco interesse e apenas 2 dos entrevistados desinteressados. Sendo assim, a aceitação e disposição da comunidade acadêmica da UNESP/Dracena tornam possível a implantação de um projeto de educação baseado em reaproveitamento de resíduos orgânicos com compostagem doméstica. 70 60 59 50 44 40 30 20 10 0 Muito Pouco Não me interesso 2 Estudante de graduação 12 Figura 4. Relação entre a atividade na UNESP e o interesse em participar do projeto de educação ambiental com compostagem doméstica. Tabela 2. Percentuais da relação entre a atividade na UNESP e o interesse em participar do projeto de educação ambiental com compostagem doméstica. Atividade Interesse em projeto de educação ambiental Muito Pouco Nenhum TOTAL Estudante de graduação 56% 42% 2% 80% Servidor técnico-administrativo 86% 14% 0% 11% Professor 100% 0% 0% 10% TOTAL 64% 35% 2% 100% CONCLUSÃO Dentre os entrevistados da FCAT/UNESP, há uma grande parcela que possui o conhecimento sobre o reaproveitamento de resíduos orgânicos. Além disso, o conhecimento e a experiência de técnicas de reaproveitamento, como a vermicompostagem, são restritos. 2 Muito Pouco Não me interesso Servidor técnicoadministrativo 0 13 0 0 Muito Pouco Não me interesso Professor 546

Foi observado que os entrevistados têm grande comprometimento com o meio ambiente e são conscientes que o reaproveitamento pode reduzir a quantidade de resíduos gerados e produzir subprodutos úteis para a residência. No entanto, é necessário capacitar essas pessoas sobre a manutenção da composteira doméstica. Por fim, concluiu-se que é totalmente possível a realização de um projeto de educação ambiental com vermicompostagem na comunidade acadêmica, visto que as pessoas demonstraram muito dispostas em participar desta atividade. REFERÊNCIAS BRINGHENTI, J. Coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos: aspectos operacionais e da participação da população. 316 f. Tese (Doutorado em Saúde Ambiental) - Faculdade de São Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo-SP, 2004. CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Utilização de minhocas na produção de composto orgânico. São Paulo: CETESB, 1987. GARCEZ, L.; GARCEZ, C. Lixo - Planeta Sustentável.1ª ed., São Paulo: Callis, 2010. GUNTHËR, W. M. R.; BESEN, G. R. Caminhos da Faculdade de Saúde Pública Sustentável. Faculdade de Saúde Pública. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010. LANDGRAF, M. V.; MESSIAS, R. A.; REZENDE, M. O. O. A importância ambiental da vermicompostagem: Vantagens e aplicações. São Carlos: RIMA, 2005. 106 p. LOPES, P. R. M.; NEVES, A. B. R. ; DIAS, A. L. P. ; LOPES, G. R. ; SILVA, G. C. ; HEROLD, G. ; PIROLA, J. V. F. ; SOUSA, M. W. S. ; KASSIM, M. J. N. ; TAKE, W. M. Compostagem doméstica: alternativa prática, simples e sustentável no reaproveitamento dos resíduos orgânicos. Anais do 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 2015. NUNESMAIA, M. F. A gestão de resíduos urbanos e suas limitações. TECBAHIA - Revista Baiana de Tecnologia, v. 17, n. 1, p. 120-129, 2012. PORTILHO, F. Limites e possibilidades do consumo sustentável. Programa de Comunicação ambiental da Companhia Siderúrgica de Tubarão, Vitória-ES, Brasil. 2004. SCHMITT, J. M., ESTEVES, A. B. As condições de trabalho dos catadores de materiais recicláveis do lixão na capital do brasil. Acesso em 07 de setembro de 2016. Disponível em <http://www.cobrape.com.br/home/biblioteca/mapas/catadores.pdf>. 2011. SOARES, C. F.; SANTOS, R. R. Exercitando a educação ambiental através da coleta seletiva de lixo nas escolas. 43 f. Trabalho de conclusão do curso (Especialização em Educação na Diversidade e Cidadania, com Ênfase em EJA) - Universidade de Brasília, Brasília-DF, 2014. 547