TÍTULO: ESCOLA INDÍGENA E ALFABETIZAÇÃO: COMUNICAÇÃO OU INVASÃO CULTURAL?

Documentos relacionados
PROGRAMA DE DISCIPLINA

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Conteúdos e Metodologia de Língua Portuguesa. Carga Horária Semestral: 80 Semestre do Curso: 6º

TÍTULO: POSSIBILIDADES DAS VIVÊNCIAS LÚDICAS NO TEMPO ÓCIO VIVIDO PELAS CRIANÇAS NO RECREIO

O PIBID COMO DIVISOR DE ÁGUAS PARA UMA PEDAGOGIA LIVRE E CRIATIVA

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Conteúdos e Metodologia de Alfabetização. Carga Horária Semestral: 80 horas Semestre do Curso: 5º

ENSINANDO UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA PARA ALUNOS SURDOS: SABERES E PRÁTICAS

PROJETO DE EXTENSÃO ALFABETIZAÇÃO EM FOCO NO PERCURSO FORMATIVO DE ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA

LDB Lei de Diretrizes e Bases

PROJETO LER E ESCREVER: A FORMAÇÃO DO ALUNO PESQUISADOR

A ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL CONGÊNITA E ADQUIRIDA ATRAVÉS DE JOGOS PEDAGÓGICOS.

PLANO DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO (PAE) ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

PROGRAMA DE DISCIPLINA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB RECONHECIDA PELA PORTARIA MINISTERIAL Nº 909 DE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO/CAMPUS II ALAGOINHAS

ANEXO 01 LICENCIATURA EM PEDAGOGIA UENF SELEÇÃO DE DOCENTES DISCIPLINAS / FUNÇÕES - PROGRAMAS / ATIVIDADES - PERFIS DOS CANDIDATOS - NÚMEROS DE VAGAS

VI Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola /II Seminário Institucional do PIBID-UNIUBE TITULO O FOLCLORE BRASILEIRO DENTRO DA EDUCAÇÃO

CRONOGRAMA CARGOS, VAGAS E FUNÇÕES. MONTES CLAROS

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO E PESQUISA RESOLUÇÃO N.º 3.588, DE 04 DE SETEMBRO DE 2007

Índice. 1. O Alfabetizador Ao Desenhar, A Criança Escreve?...5

LETRAMENTO E RESGATE CULTURAL: RELATÓRIO DE APLICAÇÃO DE UM PROJETO DE LETRAMENTO

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO. Licenciatura EM educação básica intercultural TÍTULO I DA CARACTERIZAÇÃO

A PRÁTICA CURRICULAR E AS TECNOLOGIAS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS E ESTADUAIS: desafios e possibilidades

CURSO: PEDAGOGIA - PERÍODO: 5º - 1º semestre 2016 DISCIPLINA: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA

LDB Lei de Diretrizes e Bases

HIPÓTESES DE ESCRITA: ATIVIDADES QUE DÃO CERTO E POTENCIALIZAM O APRENDIZADO DAS CRIANÇAS NA ALFABETIZAÇÃO.

TÍTULO: UTILIZAÇÃO CRIATIVA DA LITERATURA INFANTIL NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS EM ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Resolução 032/94 - CONSEPE

RELATO DE EXPERIENCIA DO ESTAGIO SUPERVISIONADO EM EDUCAÇÃO INFANTIL

Unidade Universitária: CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE. Disciplina: Projetos Educacionais para o Ensino de Biologia

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG SECRETARIA EXECUTIVA DOS CONSELHOS

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Projeto de curso: Elaboração de Multimeios

Curso: PEDAGOGIA Curriculo: 0004-L DISCIPLINAS EM OFERTA 2º Semestre de NOT

Educador A PROFISSÃO DE TODOS OS FUTUROS. Uma instituição do grupo

FLUXOGRAMA CURRICULAR PEDAGOGIA LICENCIATURA PLENA

TÍTULO: UM RELATO DA INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM SINDROME DE DAWN NA REDE REGULAR DE ENSINO CORAÇÃO DE JESUS: DESAFIOS E POSSIBILIDADES.

ETNOMATEMÁTICA E LETRAMENTO: UM OLHAR SOBRE O CONHECIMENTO MATEMÁTICO EM UMA FEIRA LIVRE

TÍTULO: FAMÍLIA E ESCOLA: PARCERIA E ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PEDAGOGIA

Educação básica na LDB Lei Federal nº 9.394, de 20/12/96 Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

A ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM: PORTFÓLIO REFLEXIVO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

PROGRAMA DE DISCIPLINA

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Planejamento e Avaliação Educacional. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 6º

REGULAMENTO DA BRINQUETOTECA

OBJETIVOS DE ENSINO- APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA. Docente: Dra. Eduarda Maria Schneider

Após um dia longo no trabalho, os pais ainda se veem diante de mais um compromisso: apoiar os filhos na realização da lição de casa. E o cansaço que s

APRESENTAÇÃO DA CERTIFICAÇÃO OCUPACIONAL

LER E ESCREVER SÃO COISAS DE CRIANÇAS?

PROJETO DE REFORÇO ESCOLAR:

E.E.F. Alberto Pretti Portfólio do mês de Agosto

CARGA HORÁRIA SEMANAL: 04 CRÉDITO: 04 CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 60 NOME DA DISCIPLINA: FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA HISTÓRIA

ALFABETIZAR PARA E PELA EDUCAÇÃO DO CAMPO: UM DESAFIO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

TÍTULO: DIDÁTICA EM AÇÃO: ADAPTAÇÃO DOS CONTOS INFANTIS NAS AULAS DE YOGA PARA CRIANÇAS

PIBID UMA BREVE REFLEXÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA DOCENTE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS JAGUARÃO CURSO DE PEDAGOGIA

Palavras-chave: Formação do professor. Prática pedagógica pré-profissional Conhecimento didático dos conteúdos.

NORMAL MÉDIO. Parte Diversificada. Tópicos Educacionais

CURSOS / OFICINAS DE ENSINO 1º SEMESTRE 2017 (2016.2)

PNAIC Uma síntese Nilcéa Lemos Pelandré Coordenadora Geral PNAIC/UFSC Portaria No.816/GR/UFSC/2016

TÍTULO: OS DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DA REGIÃO MÉDIO PARAÍBA

REUNIÃO COM OS EDUCADORES DO 2º SEGMENTO

Curso Técnico Subsequente em Materiais Didáticos Bilíngue (Libras/Português) MATRIZ CURRICULAR. Móduloe 1 Carga horária total: 400h

Programa Ler e Escrever/Bolsa Alfabetização. Dúvidas Frequentes

Filme: Negócio Fechado

O que é O Líder em Mim?

CONFERÊNCIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA MG/ES PROGRAMAÇÃO DO EVENTO. 29 de Junho de 2009 TARDE

FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES

LEITURA E ESCRITA COM ÊNFASE NA PRODUÇÃO DE CORDEL DO REGIMENTO INTERNO DA ESCOLA ESTADUAL JOÃO TOMÁS NETO

SUMÁRIO. Língua Portuguesa

PLANO DE CURSO DISCIPLINA:História ÁREA DE ENSINO: Fundamental I SÉRIE/ANO: 3 ANO DESCRITORES CONTEÚDOS SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

CONEXÃO FAMETRO: ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE XII SEMANA ACADÊMICA ISSN:

Plano de Ensino Docente

161-1 LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA Regime Regular NÚMERO MÍNIMO DE PERÍODOS 1 DISCIPLINA CARGA HORÁRIA TIPO

PLANO DE CURSO DISCIPLINA:História ÁREA DE ENSINO: Fundamental I SÉRIE/ANO: 2 ANO DESCRITORES CONTEÚDOS SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

LIVROS DIDÁTICOS DE ALFABETIZAÇÃO: FORMAS E POSSIBILIDADES DE USO

A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NA PRÁTICA: TRABALHANDO COM PEÇAS TEATRAIS

Plano de ensino: CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

PROJETO: MINHA CIDADE TEM HISTÓRIA

UNIDADE DE ESTUDO - 3ª ETAPA

Aula 1 O processo educativo: a Escola, a Educação e a Didática. Profª. M.e Cláudia Benedetti

TÍTULO: 11 ANOS DA LEI 10639/2003 E O ENSINO DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE SÃO PAULO

CONHECIMENTOS COMPLEMENTARES Julgue os itens que se seguem, tendo como referência os documentos legais que regulamentam a educação.

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Programa de Estágio Supervisionado Obrigatório

ATIVIDADES ACADÊMICO-CIENTÍFICO-CULTURAIS (AACC) EM FISIOTERAPIA

RESOLUÇÃO NORMATIVA N.º 22/CUn/2012, DE 29 DE JUNHO DE 2012

Mostra de Projetos Capoeira - menino Pé no Chão

Base Nacional Comum. ANDIFES Brasília, abril de 2016 José Fernandes de Lima Conselheiro do CNE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO DEPARTAMENTOS DE PEDAGOGIAA PLANO DE ENSINO DE MATEMÁTICA 2017

FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE RIBEIRÃO DAS NEVES

Avaliação Nacional da Alfabetização ANA

O ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA

Atividades de orientação em docência: desafios e oportunidades

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO RESOLUÇÃO N , DE 22 DE JANEIRO DE 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO SELEÇÃO 2017 RESULTADO PRELIMINAR FINAL DA SELEÇÃO DE MESTRADO E DOUTORADO 2017

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA TITULO I DO ESTÁGIO E SEUS OBJETIVOS

O ENSINO NA CONSTRUÇÃO DE COMPETÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

EFETIVIDADE DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO DO CAMPO. Eixo Temático: Política Pública da Educação e da Criança e do Adolescente.

NÚCLEO TEMÁTICO I CONCEPÇÃO E METODOLOGIA DE ESTUDOS EM EaD

FACULDADE SUMARÉ COORDENAÇÃO DE PESQUISA PROGRAMA DE PESQUISA - INICIAÇÃO CIENTÍFICA EDITAL DE INSCRIÇÃO Nº 01/2017

Transcrição:

Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904 TÍTULO: ESCOLA INDÍGENA E ALFABETIZAÇÃO: COMUNICAÇÃO OU INVASÃO CULTURAL? CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PEDAGOGIA INSTITUIÇÃO: FACULDADE DE SÃO VICENTE AUTOR(ES): GILVAN DOS SANTOS RAMOS ORIENTADOR(ES): SOLANGE PADILHA OLIVEIRA GUIMARÃES

1. RESUMO Este trabalho apresenta resultados parciais de um estudo sobre como acontece a alfabetização das crianças indígenas, em escolas que estão integradas ao sistema público estadual de educação paulista, na cidade de Praia Grande, Litoral. A discussão perpassa sobre os modos de ensinar a ler e escrever e se desdobra numa polêmica sobre: Como alfabetizar as crianças indígenas, sem intervenção cultural? O pano de fundo é a formação docente do futuro professor alfabetizador, que se concretiza na práxis da extensão universitária. O campo da pesquisa é uma escola estadual, E. E. I. ALDEIA TEKOÁ MIRIM, numa classe multisseriada. A observação do processo de alfabetização dos curumins se confronta com as políticas públicas de educação para esses representantes do povo brasileiro. Susana Martelletti Grillo Guimarães fundamenta o conhecimento sobre a educação indígena e Emília Ferreiro possibilita a compreensão do desenvolvimento cognitivo da leitura e escrita. A metodologia utilizada é a pesquisa didática baseada no pensamento de Délia Lerner e o método da pesquisa de campo que atende à rigorosidade do estudo. Os resultados parciais mostram que o processo de alfabetização das crianças indígenas perpassam pelas questões da invasão cultural versus inclusão social. Palavras chave: Processo de alfabetização. Escolas indígenas. Extensão universitária. Formação docente. 2. INTRODUÇÃO Iniciei os trabalhos de pesquisa no dia 04 de abril de 2013, na Aldeia Tekoá Mirim de etnia Guarani Mybiá em Praia Grande, onde fui muito bem recebido pelo Cacique Edmilson e professores Valdecir e Felipe. Trata-se de uma aldeia recente (cerca de três anos) composta por índios remanescentes de aldeias da região de Peruíbe SP, e que segundo o Cacique Edmilson ali se instalaram em busca de ocupar a terra reconhecida como área indígena pela FUNAI, mas ainda não oficializada pelo governo federal, e preservar as tradições indígenas mantendo uma certa distância da cultura do não índio. As instalações da escola são bem simples, de acordo com a cultura indígena, trata-se de uma sala multisseriada, com 17 alunos no período da tarde onde seis deles estão em processo de alfabetização, sob a regência de um professor índio daquela etnia, como manda a lei 1. A falta de um projeto pedagógico próprio para a cultura indígena, permite a utilização de material didático enviado pela Diretoria de Ensino de São Vicente, destinado às 1 As políticas educacionais voltadas para a educação indígena têm sua expressão na Constituição Federativa do Brasil de 1988, especificamente, no Capítulo III, Artigo 210 que assegura aos índios a formação básica comum e o respeito aos seus valores culturais e artísticos. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de 1996, fica assegurado, às comunidades indígenas, o direito â educação escolar, cujo objetivo é fortalecer as práticas culturais e a língua materna. ( EDUCAÇÃO INDÍGENA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES Irene Jeanete Lemos Gilberto UNISANTOS Agência Financiadora: UNISANTOS ) 1

crianças não índio. O despreparo do docente com esse material é visivel. As atividades escolares não acontecem regularmente devido às condições climáticas e falta de conservação do espaço físico da sala de aula. Algumas atividades também são mescladas com as aulas, como por exemplo, danças e cantigas típicas da cultura guarany. As crianças, em processo de alfabetização, estão em estágios variados do processo, apresentando dificuldades em reconhecer algumas letras e seus sons, pois praticam muito pouco a língua portuguesa. Primeiro paradoxo: a alfabetização deve ser realizada na lingua portuguesa para alunos indígenas, que utilizam o guarani para se comunicar, inclusive com o professor. O estudo visa entender quais as possibilidades de uma alfabetização interétnica, para o povo indígena, sem destruir a sua cultura, ou seja, como as duas culturas, do índio e do não índio, podem se complementar sem a dominação de um sobre o outro. 3. OBJETIVOS Os objetivos da pesquisa são: Compreender o processo de aquisição da escrita e da leitura em contexto interétnico; Compreender a organização da educação escolar indígena; Discutir invasão cultural 4. METODOLOGIA A metodologia utilizada no entendimento do processo de ensino-aprendizagem da alfabetização é a pesquisa didática que, segundo Délia Lerner: El propósito de la investigación didáctica es producir conocimiento acerca de las relaciones entre la enseñanza y el aprendizaje de contenidos específicos, en aprendizaje de contenidos específicos (Lerner, 2010). Utilizamos, ainda, o método da pesquisa de campo, para tecermos a compreensão dos conceitos de invasão cultural e educação interétnica, na observação direta do fenômeno. 5. DESENVOLVIMENTO O primeiro passo foi identificar em qual estágio do processo de alfabetização se encontra cada aluno. Trabalhamos com pequenos textos, alguns tirados das apostilas enviadas pela Secretaria de Educação, outros criados com a participação 2

dos alunos (trabalhando a criatividade) usando como referência a cultura guarany e a própria aldeia, criando, assim, uma rotina didática. As práticas de intervenção do pesquisador, no processo de ensino-aprendizado da alfabetização, na escola indígena, são auxiiadas pelo material didático desenvolvido e distribuído pelo FDE, para os bolsistas do Projeto Bolsa Universidade Alfabetização. A cada palavra trabalhada, pergunto aos alunos a tradução em guarany, pois a intenção é trabalhar a língua portuguesa como segundo idioma e não substituir a língua nativa, respeitando a diversidade cultural. Uma outra ferramenta que tem dado bons resultados é o uso de músicas infantis, já que a música é tão presente na cultura indígena, utilizando as que eles já conhecem. A participação dos alunos na confecção do material didático colabora com o desenvolvimento do processo de alfabetização. Todos os movimentos são registrados no diário de bordo para análises junto à orientadora da pesquisa. 6. RESULTADOS PRELIMINARES Nas minhas interferências, aplicando atividades de leitura e de construção textual, sempre usando como tema a própria cultura Guarany, com os alunos, neste momento da pesquisa, percebo que essas atividades renderam bons resultados, tendo em vista que, no início das pesquisas, os alunos tinham muitas dificuldades para reconhecer palavras e dificuldades de pronuncia. Atribuo essas dificuldades ao fato de que a língua portuguesa não é usada entre os índios, por isso a minha presença diária, falando em português, também contribui para o processo. Vale resaltar que tudo isso feito com a autorização do Cacique e do professor regente. O contato indescritível com a cultura Guarany, permite ao pesquisador educador contribuir com as questões da educação indígena, de um modo geral. 7. FONTES CONSULTADAS FERREIRO, Emília. O Ingresso na escrita e nas Culturas do Escrito. Seleção de textos de pesquisa.tradução de Rosana Malerba. São Paulo: Cortez, 2013 GUIMARÃES, Susana Martelletti Grillo. A aquisição da escrita e diversidade cultural: a prática de professores Xerente. Brasília: FUNAI/DEDOC, 2002. LERNER, Délia. Ler e escrever na escola: O real, o possivel, o necessário. São Paulo: Artmed, 2002. 3

4