TÍTULO: REFLEXÕES SOBRE A POESIA E A FUGA AO DIDATISMO CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PEDAGOGIA INSTITUIÇÃO: UNIÃO DAS FACULDADES DOS GRANDES LAGOS AUTOR(ES): STELA FERNANDES ONISHI GOES ORIENTADOR(ES): DENISE FRAGA
Resumo Este trabalho pretende estudar a poesia como gênero literário, para compreender suas estruturas formais e simbólicas. Em seguida, nosso interesse volta-se ao estudo das poesias infantis a fim de comprovar o valor artístico desses textos, relacionando-os à sala de aula como um espaço significativo para o contato com esta manifestação textual, esquecida em meio ao trabalho ostensivo com conteúdos pedagógicos tão somente. Nosso intuito é observar e comprovar os benefícios que o contato com a poesia promove nos leitores infantis, já que desenvolve sua sensibilidade, criatividade e senso estético, além de expandir suas redes cognitivas dado o caráter metafórico de seu discurso e composição. Introdução O estudo que segue levanta as principais características de um gênero literário cuja utilização voltada às crianças está escassa e por vezes equivocada: a poesia. Esse tipo de texto utiliza, em sua composição, uma linguagem simbólica e imagética e se caracteriza pela composição em versos. Assim, a poesia consiste em textos cujas palavras são trabalhadas artisticamente e ganham uma pluralidade de significados, e quem os escreve utiliza-as como ferramentas para compreendermos ou revermos, ao ler, os nossos sentimentos, questões da realidade que passam despercebidas aos nossos olhos ou até o sentido lúdico do tema referido. Os textos literários cumprem um papel de organização de ideias e conhecimento de mundo por meio do prazer da leitura fictícia, porém na poesia encontramos um encantamento e uma linguagem diferentes da referencial. Conforme Valéry, a poesia é uma arte da linguagem; certas combinações de palavras podem produzir uma emoção que outras não produzem e que denominamos poética. (1999, p.197). Portanto, a poesia é uma atividade especial da linguagem verbal, ou seja, valoriza o texto na sua elaboração, mostrando ao leitor que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor e do leitor. Essa produção está de certo modo afastada do publico infantil, e é pensando nessa problemática que escolhemos refletir e discutir como e por que apresentar a poesia para os leitores iniciantes. Por acreditarmos que a poesia deve ser
trabalhada para despertar nas crianças habilidades como imaginação, criatividade, sensibilidade e senso estético é que desejamos estudar as produções relativas a este gênero literário, assim como refletir sobre meios de trabalhá-las de maneira adequada em situações de aprendizagem. Considerando que a leitura desse tipo de texto consegue transcender o imaginário adulto, o que dizer então dos benefícios para as crianças que têm o mundo imaginário paralelo a elas? Oferecer poesia aos leitores infantis sem a preocupação de verificar nela termos gramaticais seria iniciar os pequenos no prazer pela leitura; porém, não basta somente apresentá-los a esse gênero, pois se a escolha, a seleção do texto a ser trabalhado em sala de aula não seguir alguns critérios estaremos cometendo equívocos irreparáveis no sentido de provocar no leitor uma aversão a esse tipo de leitura. OBJETIVOS Geral Conhecer os principais constituintes da linguagem poética para melhor trabalhá-la em sala de aula e os equívocos que o professor pode cometer ao apresentar esse tipo de texto para a criança. Específicos Estudar: a) as características da linguagem literária; b) a composição dos poemas em termos de verso, rima, ritmo, figuras de linguagem e demais expedientes que os compoem; c) a relação da criança com a poesia e os textos a elas destinados. METODOLOGIA O trabalho terá início com a leitura e análise dos textos teóricos, seguida da redação de resumos e fichamentos das obras que contenham os principais conceitos para o desenvolvimento do trabalho. Este primeiro passo será acompanhado por pesquisas bibliográficas, a fim de expandir as referências sobre o tema a ser estudado e de melhor contextualizá-lo. Em seguida, será realizado o estudo das obras poéticas destinadas à infância, a fim de conhecer as produções e autores brasileiros significativos para a produção literária. Por fim, será redigido um relatório, no qual serão discutidos os resultados obtidos pela pesquisa. Todos os
procedimentos serão acompanhados e direcionados pela orientadora em encontros quinzenais. Desenvolvimento Para desenvolver os conceitos que buscamos conhecer, estudamos obras como a de Abramovich (2004), Literatura Infantil: gostosuras e bobices; Cunha (1991), Literatura infantil: teoria e prática; Moisés (1973), em A criação Literária: Introdução à problemática da Literatura; Cortez (2003) Operadores de leitura da poesia; Candido (1998) Estudo analítico do poema. Nessas obras, encontramos definições de poesia, as estruturas que a compõem, além de reflexões que unem o mundo do poético ao universo da infância. Resultados preliminares A partir da leitura, análise e reflexão a partir dos materiais teóricos e de discussões com a orientadora, desvelamos o conceito de poesia como pertencente ao gênero lírico, cuja poesia nasce da necessidade de expressão individual. O gênero lírico seria o poema enunciado em primeira pessoa ou primeira voz, caracterizado como eu lírico, ou seja, o sujeito que pertence ao imaginário e ao inconsciente do autor, responsável pela voz identificada nos textos; sua preocupação seria transmitir ao leitor uma visão singular do real, de seus estados de alma. Também estudamos a poesia em sua constituição formal, como métrica, rimas e ritmo (nas construções tradicionais) e a liberdade formal da poesia moderna. Iniciamos o estudo das poesias destinadas às crianças, suas possibilidades, essência e construção. FONTES CONSULTADAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 5. ed. São Paulo: Scipione, 2004. BOSI, Augusto. O Ser e o Tempo na Poesia. São Paulo: Cultrix, 1983. BOSI, V.et al. O Poema: leitores e leituras. São Paulo: Ateliê Editorial. 2001. CANDIDO, Antonio. Na sala de aula: Caderno de análise literária. São Paulo: Editora Ática, 1998.. Estudo analítico do poema. 4. ed. São Paulo: Humanitas, 1997.
CARA, Salete de Almeida. A poesia lírica. São Paulo: Editora Ática, 1985. CORTEZ, Clarice Zamonaro; RODRIGUES, Milton Hermes. Operadores de leitura da poesia. In: BONNICI, Thomas; Zolin, Lúcia Osana. Teoria da literatura: abordagens críticas. Maringá: Eduem, 2003. p. 59-92 CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: teoria e prática. 11. ed. São Paulo: Ática, 1991. JAKOBSON, Roman. O que fazem os poetas com as palavras. Colóquio Letras, n.12, março de 1973. MICHELETTI, Guaraciaba et. al. Construção, desconstrução e reconstrução na busca de significados no/ do poema. In: MICHELETTI, G. (Coord.). Leitura e construção do real: o lugar da poesia e da ficção. São Paulo: Cortez, 2000. p. 21-31 (Coleção aprender e ensinar com texto; v. 4). MOISÉS, Massaud. A criação literária: introdução à problemática da literatura. São Paulo: Melhoramentos, 1973. VALÉRY, Paul. Variedades. São Paulo: Iluminuras, 1999.