Teorias do Consumo. Marcelo Eduardo A. Silva. March 9, 2018 PIMES/UFPE 1 / 46

Documentos relacionados
1. CONSUMO E ESCOLHAS INTERTEMPORAIS; 2. CONSUMO E RENDIMENTO PERMANENTE 3. TEORIA DO CICLO DE VIDA- RENDA PERMANENTE

4. A procura do setor privado

4. A procura do sector privado. 4. A procura do sector privado 4.1. Consumo 4.2. Investimento. Burda & Wyplosz, 5ª Edição, Capítulo 8

UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

Expectativas: ferramentas básicas

Avaliação Distribuída 1º Mini-Teste (2 de Abril de h00) Os telemóveis deverão ser desligados e guardados antes do início do teste.

INSTITUTO INSPER SÃO PAULO. Programa de Mestrado Profissional em Economia. Marianna de Oliveira Costa

2. Discussão geral da disciplina Tópicos Especiais de Macro

2. Discussão geral da disciplina Tópicos Especiais de Macro

MOEDA E INFLAÇÃO Macro VI

Curso de Teoria Monetária

Universidade Federal de Pelotas Disciplina de Microeconomia 1 Professor Rodrigo Nobre Fernandez Lista 3 - Soluções. x 2 5 = 40 x.

Política monetária: Inflação e o regime de metas

Teoria Econômica II: Macroeconomia. Economia Fechada. Além, A.C., Macroeconomia, SP: Elsevier, 2010 Capítulos 3 e 7

4. A procura do sector privado. 4. A procura do sector privado 4.1. Consumo 4.2. Investimento. Burda & Wyplosz, 5ª Edição, Capítulo 8

Função consumo e investimento

Macroeconomia. 5. O Mercado de Bens e Serviços. Francisco Lima. 2º ano 1º semestre 2012/2013 Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

MACROECONOMIA I 1E201 Licenciatura em Economia 2010/11

PESQUISA EM MERCADO DE CAPITAIS. Prof. Patricia Maria Bortolon, D. Sc.

Macroeconomia. 5. O Mercado de Bens e Serviços. Francisco Lima. 2º ano 1º semestre 2013/2014 Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

IGEPP GESTOR Prof. Eliezer Lopes

Consumo. Revisão e Modelo Ciclo de Vida. Wilson Correa. April 26, 2016

Universidade de São Paulo - USP Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto Departamento de Economia LISTA 1

(aulas teóricas 18 e 24 Nov)

Notas de Aula do Curso de Análise Macroeconômica VI - Ibmec. Professor Christiano Arrigoni Coelho

Consumo 1. Alexandre Rands Barros Introdução

12 Flutuações de Curto Prazo

Modelos de Regressão Linear Simples - parte I

Macroeconomia Alex Mendes

Os resultados obtidos nos permitem algumas conclusões:

8. Política Monetária no Modelo Novo-Clássico 8.1. Expectativas racionais, curva de oferta de Lucas e a curva de Phillips vertical

Aula 3 - Modelo Keynesiano Simples

5. Política Monetária Novo-Clássica 5.1. Expectativas racionais, curva de oferta de Lucas e a curva de Phillips vertical

Parte 2 Fundamentos macroeconômicos Sessão 2

UMA REVISÃO SOBRE A TEORIA DA FUNÇÃO CONSUMO E SUA APLICAÇÃO EMPÍRICA AO CASO BRASILEIRO*

Macroeconomia. Universidade Federal do Rio de Janeiro Flávio Combat.

Modelos de Regressão Linear Simples parte I

INSS Economia Macroeconomia Keynesiana Fábio Lobo

AULA 1 - Modelos determinísticos vs Probabiĺısticos

Estrutura Ótima de Capital

Lista de Exercícios 2

Econometria - Lista 6

Avaliação Distribuída 1º Mini-Teste (2 de Abril de h30) Os telemóveis deverão ser desligados e guardados antes do início do teste.

Expectativas, produto e política econômica

ECONOMIA. Macroeconomia. Teoria Keynesiana Parte 02. Prof. Alex Mendes

Economia Monetária Regras x Discricionariedade

Macroeconomia II Gabarito Lista II - Parte 2

AULA 30 16/06/2009 Econometria. Bibliografia:Introdução do livro: GUJARATI, D. Econometria Básica. São Paulo: Makron Books, 2000.

Política Monetária Inflação, Desinflação e Deflação No equilíbrio de médio prazo a inflação é igual a meta se o banco central estabiliza o desemprego

Finanças Comportamentais

AULA 07 Economia Intertemporal. Equivalência ricardiana.

Políticas Sociais Mobilidade

Mestrado em Finanças e Economia Empresarial Microeconomia - 2a Lista de Exercícios Prof.: Carlos Eugênio da Costa Monitor: Talita Silva

Teoria da Escolha do Consumidor

1 Introdução Considerações Iniciais

Consumo das Famílias e Investimento

Capítulo 3. O Modelo de Regressão Linear Simples: Especificação e Estimação

DEMANDA POR MOEDA FNC-IE-UNICAMP

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO PROFESSOR JOSÉ LUIS OREIRO

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO PROFESSOR JOSÉ LUIS OREIRO

Data de realização: 13 de Junho de 2005 Duração da prova: 2 horas e 15 minutos

MICROECONOMIA PA R T E I I. Demanda Individual e de Mercado Slutsky (Efeito Renda e Substituição) Escolha Intertemporal Elasticidades Incerteza

Avaliação Distribuída 1º Mini-Teste (2 de Abril de h30) Os telemóveis deverão ser desligados e guardados antes do início do teste.

Capital in the twenty-first century (Piketty, 2014)

Níveis de preço e a taxa de câmbio no longo prazo

DIZ-ME PORQUE POUPAS, DIR-TE-EI COMO TE COMPORTAS

3/12/2012. Modelos estáticos e modelos dinâmicos de oferta de trabalho. Oferta de Trabalho Ciclo de Vida e Aplicações empíricas

Flutuações Econômicas no Curto Prazo OA e DA CAPÍTULO 33

Universidade Federal de Pelotas Disciplina de Microeconomia 1 Professor Rodrigo Nobre Fernandez Lista 1 - Soluções

Aula 07 Modelo IS-LM Parte I

2. Em um modelo Keynesiano observa-se um aumento exógeno da produtividade do trabalho. Essa mudança apresenta o seguinte corolário:

A Política Monetária de Milton Friedman

Expectativas Racionais

Demanda por moeda e preferência pela liquidez

NÍVEIS DE PREÇO E A TAXA DE CÂMBIO NO LONGO PRAZO

Falso. Sendo i a elasticidade-renda do bem i e $ i a participação deste bem na renda do indivíduo, sabemos, pela agregação de Engel que: i $ i = 1

CINCO DEBATES SOBRE POLÍTICA MACROECONÔMICA

Teoria Macroeconómica - Aula 7

Evolução do consumo no Brasil: da teoria à evidência empírica

Lista 2 de MicroeconomiaI

MACROECONOMIA I - 1E201 Licenciatura em Economia 2011/2012. Normas e indicações: 1E201, 2º Teste 15 Novembro 2011, 15h00. 2º Teste - 15 Novembro 2011

MACROECONOMIA I - 1E201 Licenciatura em Economia 2011/2012. Normas e indicações: 1E201, 2º Teste 15 Novembro 2011, 15h00. 2º Teste - 15 Novembro 2011

DIVIDENDOS E OUTROS PAYOUTS ESTV-IPV

Teoria do Consumidor: Equilíbrio do Consumidor

4. Modelo Monetarista 4.1. Demanda por moeda em Friedman: o restabelecimento da TQM

Curso de Teoria Monetária

Escolha Intertemporal do Consumidor

Conteúdo Programático

Influência das políticas monetária e fiscal sobre a demanda agregada.

Macroeconomia. 5. O Mercado de Bens e Serviços. Francisco Lima. 2º ano 1º semestre 2014/2015 Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

Modelos de crescimento liderado pela demanda: a abordagem Kaleckiana e o fechamento alternativo provido pelo modelo do Supermultiplicador

Adendo Economia para Concursos Luis Vivanco

1E207 - MACROECONOMIA II

RI Análise Macroeconômica

Health and the evolution of welfare across brazilian municipalities

Introdução à Macroeconomia

TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217. Aula 9 Tema: Nova Macroeconomia DF cap 12 01/04/2008. Professores: Marcio Garcia e Marcio Janot

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DISCIPLINA: ECONOMIA ALUNOS: LEANDRO SUARES, LUIS FELIPE FRANÇA E ULISSES

Prof. Giácomo Balbinotto Neto 1

Determinaçaõ da taxa de juros

Transcrição:

Teorias do Consumo Marcelo Eduardo A. Silva PIMES/UFPE March 9, 2018 1 / 46

Keynes (1936) argued that "the amount of aggregate consumption mainly depends on the amount of aggregate income," and that this relationship "is a fairly stable function." He claimed further that "it is also obvious that a higher absolute level of income... will lead, as a rule, to a greater proportion of income being saved" (Keynes, 1936). David Romer (2011) - Advanced Macroeconomics. 2 / 46

Relembre a evidência: 1. Estudos em domicílio (cross-section) 1.1 Domicílios com renda mais alta consumiam mais PMeC > 0. 1.2 Domicílios com renda mais alta poupavam mais 0 < PMgC < 1. 1.3 Quanto maior a renda + poupança PMeC cai à medida que a renda. 2. Dados agregados (time series). 2.1 Anos de renda baixa C t e S t baixos. 2.2 Correlação entre Y t e C t alta. 3. Kuznets: proporção C t Y t PMeC estável ao longo do tempo. Portanto, não é verdade que PMeC. 3 / 46

HIPÓTESE DO CICLO DE VIDA 4 / 46

Hipótese do Ciclo de Vida 1950 s: Franco Modigliani, Albert Ando, Richard Brumberg. Objetivo era solucionar os enigmas do consumo surgidos quando a versão keynesiana da f. consumo foi confrontada com os dados; Basearam-se no modelo de Fisher de escolha intertemporal; Modelo microfundamentado consistência interna. 5 / 46

Hipótese do Ciclo de Vida "O desafio...foi construir a partir da teoria da escolha intertemporal do consumidos à la Fisher e de um conjunto de postulados plausíveis, um modelo unificado de comportamento do consumo e poupança capaz de integrar toda a evidência macro e micro recente e ainda levar a novos testes empíricos" 6 / 46

A hipótese Consumo é proporcional aos recursos de uma pessoa ao logo de sua vida ou à sua renda média ao longo da vida. Modigliani: renda varia sistematicamente ao longo da vida de uma pessoa! Poupança permite transferência de recursos quando a renda é alta para momentos quando a renda é baixa. Vejamos uma versão simplificada. 7 / 46

Versão Simplificada Indivíduo vive (ou espera viver) por T períodos; Tem riqueza W (ativos); Espera receber Y até se aposentar daqui a R anos; 8 / 46

Pergunta Que patamar de consumo será escolhido se o indivíduo deseja manter um nível estável de consumo ao longo do tempo? 9 / 46

Versão Simplificada Suponha por simplicidade que r = 0; Recursos vitalícios = W + R.Y Portanto: C = W + RY T Onde C consumo em cada período. ou ainda C = ( 1 T ) W + ( R }{{} T ) Y }{{} α β Se todos os indivíduos tomam decisões semelhantes: C = αw + βy 10 / 46

Figure: Mankiw, 8 a edição, Cap. 16 11 / 46

Implicações 1. Intercepto não é constante, depende da riqueza W. PMeC relativamente constante! Como W e Y caminham juntos em períodos longo do tempo: PMeC = C Y = α(w Y ) + β }{{} estável! 2. No entanto, no curto prazo, W é constante e ainda Y muda com frequência. Portanto, quando Y sobe, no curto prazo, PMeC C Y = α( W Y ) +β Portanto, a hipótese do ciclo de vida solucionaria o enigma do consumo como observado por Kuznets! 12 / 46

Implicações (continuação) 1. Poupança varia ao longo do ciclo de vida Objetivo: manter o consumo estável "jovens poupam, velhos despoupam". Jovens acumulam ativos ao longo da vida de trabalho; Velhos queimam os ativos ao final da vida. 13 / 46

R$ Riqueza Renda Poupança Consumo Despoupança Aposentadoria começa Fim da vida CHAPTER 16 Consumption slide 32 14 / 46

Dificuldades da Hipótese do Ciclo de Vida 1. Consumo e Poupança dos idosos Dados sugerem que os idosos não exaurem suas riquezas tão rapidamente quanto se poderia esperar pela teoria; Muitos idosos, na verdade, parecem poupar parte de suas rendas. 15 / 46

Dificuldades da Hipótese do Ciclo de Vida Duas explicações possíveis: 1. Importância da poupança preventiva (precaucional). Proteção contra "viver" mais do que o esperado (i.e. Georginho Guinle) Proteção contra eventos inesperados (enfermidades e despesas médicas). Problema com estas explicações: Planos de aposentadoria "proteção" contra viver mais. Planos de saúde "proteção" contra despesas médicas. 2. Motivo herança. 16 / 46

Dificuldades da Hipótese do Ciclo de Vida Pesquisas recentes mostram que, na verdade, o consumo das famílias seguem o comportamento da renda das famílias de perto. Isto é o oposto do que mostra o modelo do ciclo de vida. Como se comporta o consumo das famílias ao longo do ciclo de vida? Vejamos resultados recentes. 17 / 46

Figure: Fonte: Attanasio (1999) 18 / 46

O quê explica o comportamento do consumo? A relação acima é entre consumo total (duráveis e não-duráveis) e a renda. Despesas com não-duráveis deveriam ser mais "flat". Já despesas com duráveis, deveriam de fato parecer com um "sino". A probabilidade de alguém comprar um carro ou uma casa quando mais velhos é menor! 19 / 46

Figure: Fonte: Villaverde & Krueger (2007) - Consumption Over the Life Cycle: Facts from Consumer Expenditure Survey Data. The Review of Economics and Statistics, 89(3) 20 / 46

Figure: Villaverde & Krueger (2007) 21 / 46

Figure: Villaverde & Krueger (2007) 22 / 46

O quê explica o comportamento do consumo? Villaverde & Krueger (2007) argumentam que metade do comportamento do consumo ao longo do ciclo de vida é explicado pela variação no tamanho da família. Dados são médias de consumo contra a idade do chefe da família. No entanto, mesmo controlando para o tamanho da família, o padrão "hump shaped" (sino) aparece nos dados. 23 / 46

HIPÓTESE DA RENDA PERMANENTE 24 / 46

Hipótese da Renda Permanente 1957: Milton Friedman. Também baseada na Teoria do Consumidor de Fisher (escolha intertemporal); Consumo não deve depender exclusivamente da renda atual; Diferença para a Hip. do Ciclo de Vida: renda não segue um padrão regular (alta quando jovem e baixa quando velho); Renda flutua em torno de uma "média" de maneira aleatória e temporária. Consumo dependerá da Renda Permanente. 25 / 46

Hipótese da Renda Permanente Imagine que um HH se defronte com o problema de maximizar: U = T u(c t ), u ( ) > 0, u ( ) > 0 t=1 Suponha taxa de juros, r = 0 ROI é dada por: T C t A 0 + Onde Y t renda no período t. T t=1 t=1 Y t 26 / 46

Hipótese da Renda Permanente Lagrangiano: L = ( ) T T T u(c t ) + λ A 0 + Y t C t t=1 t=1 t=1 F.O.C u (C t ) = λ Se λ constante, então C 1 = C 2 =... = C T então na ROI temos: ( C t = 1 A 0 + T ) T Y t t t=1 27 / 46

Hipótese da Renda Permanente HH gasta sua riqueza vitalícia igualmente ao longo da vida em consumo. Consumo dependeria não da renda corrente, mas da renda permanente. Como explicar o comportamento do consumo? No CP, consumo flutua menos que a renda. No LP, consumo caminha junto com a renda. 28 / 46

Hipótese da Renda Permanente Friedman assumia que a renda atual Y t era composta por: Y t = Y p t + YT t Y p t Y T t renda permanente. renda transitória. 29 / 46

Hipótese da Renda Permanente Friedman sugeriu que as pessoas deveriam se comportar de maneira diferente se mudanças na renda fossem transitórias ou permanentes. Faz sentido? Qual deveria ser maior? Em resumo: C t = κy p t Consumo seria proporcional à renda permanente, com κ > 0. Vejamos as implicações. 30 / 46

Implicações Dividindo ambos os lados da função consumo por Y t : PMeC C t Y t = κ Yp t Y t Portanto, H.R.P. PMeC depende da relação entre Y p t e Y t. 31 / 46

Implicações(cont) No C.P., Y t é governado por mudanças em Y T t Y T t Y t Yp t Y t PMeC De acordo com a evidência de pesquisa em domicílios (PMeC quando Y t ). Consumo cresce com a renda, mas menos do que proporcionalmente. No L.P., Y t é governado por mudanças em Y p t Y p t Y t Yp t Y t estável PMeC estável Em acordo com a evidência de séries temporais de Kuznets! 32 / 46

HIPÓTESE DO PASSEIO ALEATÓRIO 33 / 46

Hipótese do Passeio Aleatório 1978: Robert Hall. Associou a HRP com expectativas racionais. HRP decisões de consumo se baseiam em Y p t, que depende essencialmente das expectativas. Há incertezas quanto as rendas futuras. Daí a importância de formar expectativas quanto ao futuro. Numa versão estocástica e com r 0: Y p t E t [Y t+j ] (1 + r) j + A 0 j=0 A questão é: quem é E t [Y t+j ] j 0? 34 / 46

Hipótese do Passeio Aleatório Expectativas racionais: E t [Y t+j ] = E t [Y t+j Ω t ] Et [Y t+j ] = melhor previsão possível para y t+j dado Ω t. Ωt conj. de informações disponível até t. Consumo será baseado na melhor previsão possível das famílias sobre a renda permanente. Qual a implicação disso? C refletem "surpresas" na renda permanente consumo segue um passeio aleatório. Por quê "passeio aleatório"? 35 / 46

Hipótese do Passeio Aleatório Vamos usar nosso modelo de antes. Hall (1978) usa um modelo semelhante. Relembre a condição de otimalidade na escolha intertemporal: U 1 (C 1, C 2 ) = (1 + r)βu 2(C 1, C 2 ) Se (1 + r)β = 1 U 1 (C 1, C 2 ) = U 2(C 1, C 2 ) Portanto, HH escolhe c 1 e c 2 tal que ele iguala as utilidades marginais do consumo nos dois períodos. Alternativamente: U 1 (C 1, C 2 ) U 2 (C 1, C 2 ) = 1 36 / 46

Hipótese do Passeio Aleatório Exemplo: Suponha: U(C 1, C 2 ) = ln C 1 + ln C 2 Neste caso: U 1 (C 1, C 2 ) = 1/C 1 e U 2(C 1, C 2 ) = 1/C 2 Ou seja C 1 = C 2 Portanto, com esta forma funcional, e com o objetivo de igualar as UMgC, um consumidor racional escolhe C t+1 = C t t 37 / 46

Hipótese do Passeio Aleatório Portanto, variações no consumo só ocorreriam em função de surpresas. C t+1 = C t + ɛ t+1 Onde ɛ t+1 iid(0, σ 2 ) é o componente surpresa. Note que, na média, C t+1 = C t ou E t [C t+1 ] = C t. Erro de previsão= C t+1 E t [C t+1 ] = ɛ t+1. 38 / 46

Hipótese do Passeio Aleatório: Implicação Mudanças políticas mudanças em Ω t e, portanto, das expectativas e no consumo. 39 / 46

Gratificação Imediata David Laibson (1997) Decisões de consumo são tomadas por agentes não racionais. Economia comportamental. 40 / 46

Gratificação Imediata: Evidência para os EUA Muitos consumidores se consideram tomadores imperfeitos de decisão. Pesquisa: 76% da população americana afirmaram que não poupavam o suficiente para a aposentadoria. Pressão pela gratificação imediata: começar a dieta na segunda-feira. No curto prazo, pessoas se comportariam como se "segunda" sempre fosse na próxima semana poupança seria reduzida. 41 / 46

Exemplo 1. O que você preferiria? A. Uma barra de chocolate agora, ou B. Duas barras de chocolate amanhã? 2. O que você preferiria? A. Uma barra de chocolate em 100 dias, ou B. Duas barras de chocolate em 101 dias? 42 / 46

Exemplo de Inconsistência Temporal Nos estudos, a maior parte das pessoas responde A na questão 1, e B na questão 2. Um pessoa confrontada com a questão 2 provavelmente escolheria B na questão 2. Daqui a 100 dias, quando ela é confrontada com a questão 1, o desejo de "gratificação imediata" poderia induzi-lo a mudar a escolha. A escolha foi inconsistente intertemporalmente. 43 / 46

O que você escolheria? Uma barra de chocolate ou uma maçã agora? 44 / 46

45 / 46

E se a escolha fosse entre uma barra de chocolate ou uma maçã daqui a 100 dias, o que você escolheria? Laibson presentations 46 / 46