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P.º n.º R.P. 82/2011 SJC-CT Pedido de rectificação de registo. Falta de pagamento da quantia emolumentar. Anotação da apresentação no Diário. Recusa da apreciação do pedido por falta de pagamento das quantias consideradas devidas. Interposição de recurso hierárquico. DELIBERAÇÃO 1 A coberto da ap...., de... de... de 2011, a ora recorrente apresentou na Conservatória do Registo Predial de... o pedido de rectificação da descrição predial n.º... da freguesia de...,, ao abrigo do disposto nos artigos 18.º e 120.º e segs. do Código do Registo Predial. Vem salientar que a descrição foi aberta com base em escritura de justificação da qual constava que o prédio urbano em causa não estava licenciado e se encontrava em condições muito deficientes de habitabilidade, e que o mesmo foi construído em 1972 não estando, consequentemente, sujeito à obrigatoriedade de possuir licença de utilização, como consta da certidão passada pelo Município de... que ficou arquivada. Contudo, na referida descrição não foi inserida a menção de tais factos pelo que o registo enferma de inexactidão, visto que foi efectuado em desconformidade com o título respectivo. 2 Tendo o aludido pedido de rectificação do registo sido anotado no Diário desacompanhado de qualquer quantitativo emolumentar, a senhora conservadora solicitou, no âmbito do suprimento de deficiências do procedimento registral, o envio de 50 em face do disposto na verba n.º 3.1 do artigo 21.º do RERN conjugada com a verba n.º 5.5 do mesmo preceito legal. Da notificação feita à interessada consta a informação de que a falta de pagamento da quantia emolumentar devida é causa de rejeição da apresentação nos termos da alínea e) do n.º 1 do artigo 66.º do CRP, mas como tal não aconteceu no momento próprio (11 de Fevereiro de 2011), concede-lhe ainda o prazo de cinco dias para regularizar a situação sob pena de o registo ser recusado em conformidade com o disposto no n.º 2 do artigo 73.º do citado Código. 1

2.1 A senhora notária vem refutar a exigência de tal pagamento já que se trata de um pedido de rectificação de um registo inexacto por ter sido efectuado em desconformidade com o título que lhe serviu de base e que, portanto, se enquadra no preceituado na alínea a) do n.º 2 do artigo 14.º do RERN, vale por dizer, o acto de registo, além de oficioso, deve ser efectuado gratuitamente. 3 Como a situação descrita não foi resolvida nos termos apontados pela senhora conservadora, nem esta subscreveu o entendimento perfilhado pela senhora notária, exarou despacho de «recusa» da qualificação com fundamento na falta de pagamento das quantias devidas uma vez que, em bom rigor, tal já importava ab initio a rejeição da apresentação, como decorre da análise conjugada do disposto nos artigos 73.º, n.º 2, e 66.º, n.º 1, alínea e), ambos do CRP. É certo que, no caso configurado nos autos, tal não aconteceu no momento mais adequado, mas poderá ainda sê-lo sempre que, após notificação do interessado para colmatar tal falta, não sejam satisfeitas as quantias devidas dentro do prazo estipulado. Ora, considerando que a omissão em causa não foi colmatada, procede à «recusa» do pedido mas por razões exclusivamente atinentes à falta de pagamento do emolumento, não ocorrendo, portanto, qualquer qualificação de índole substantiva referente ao acto peticionado. Apoia-se, de direito, no disposto no artigo 151.º do CRP, no artigo 6.º, n.º 4, da Portaria n.º 621/2008, de 18 de Julho, e no artigo 21.º, n.º 3, do RERN. 4 Inconformada com a sorte que coube ao pedido de rectificação, a interessada vem, ao abrigo do disposto nos artigos 140.º e segs. do Código do Registo Predial e nos artigos 166.º e segs. do Código do Procedimento Administrativo, interpor recurso hierárquico contra o aludido despacho de recusa baseado na «falta de pagamento da quantia devida pelo acto solicitado» nos termos e com os fundamentos que aqui damos por integralmente reproduzidos, e dos quais se destacam, sumariamente, os seguintes: 4.1 A rectificação do registo em causa deveria ter sido efectuada oficiosamente, ao abrigo do n.º 1 do artigo 121.º do CRP, logo que a recorrente 2

deu conhecimento à conservatória da existência da desconformidade do registo com o título que lhe serviu de base. Por conseguinte, foi devido à recusa verbal da senhora conservadora tomar a iniciativa de promover oficiosamente a rectificação, como lhe competia, que resultou a necessidade de formular o pedido por escrito. Com efeito, constando da escritura pública (bem como do documento matricial), que titulou o registo de aquisição e deu origem à abertura da descrição predial, que o prédio não está licenciado e se encontra em condições muito deficientes de habitabilidade tais menções deveriam ter sido inseridas na descrição em causa, donde resulta que a mesma foi aberta em desconformidade com o título que lhe deu origem. Ora, sendo assim, o registo encontra-se ferido do vício de inexactidão previsto no artigo 18.º do CRP devendo ser rectificado nos termos dos artigos 120.º e segs. do mesmo Código, com benefício de gratuitidade visto colher enquadramento no disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 14.º do RERN. 4.2 Sem proceder à devida distinção entre a figura da «recusa» da apreciação do pedido e a do indeferimento da própria rectificação, a recorrente solicita, a finalizar, que seja ordenada a rectificação da inexactidão do registo efectuado a coberto da ap...., quanto à composição do prédio, nos termos requeridos, ou seja, em conformidade com o título subjacente ao registo. 5 A Senhora Conservadora profere despacho de sustentação da «recusa» da qualificação do pedido nos termos e com os fundamentos que aqui damos, de igual modo, por integralmente reproduzidos. No entanto, induzida talvez pelas alegações produzidas pela recorrente, aproveitou esta peça processual para se pronunciar sobre o âmago da questão esclarecendo nos números 7 e seguintes que a menção de que se trata de «prédio não licenciado e em condições muito deficientes de habitabilidade» não são menções gerais nem especiais da descrição, pelo que a descrição predial se encontra correctamente efectuada de harmonia com o prescrito nos artigos 79.º e 82.º do CRP. Consequentemente, visto que não houve qualquer erro na abertura da descrição predial, inexiste fundamento para se proceder à rectificação peticionada pelo que indefere o requerido. 3

Por último, esclarece ainda que a anotação à descrição, contrariamente ao que defende a recorrente, não resultou de qualquer convolação do pedido tratando-se, antes, da forma de publicitar a recusa de actos respeitantes à descrição 1. 6 Descrita a factualidade dos autos e a controvérsia que divide recorrente e recorrida e considerando que o meio utilizado é o próprio, como se verá a seguir, as partes têm legitimidade e o recurso é tempestivo, e inexistindo questões prévias ou prejudiciais que obstem à apreciação do mérito da causa, importa sobre a mesma emitir pronúncia. II Questão prévia O objecto do presente recurso cinge-se exclusivamente à «recusa» da apreciação do pedido de rectificação, que teve como causa única a falta de pagamento da quantia emolumentar considerada devida, não obstante a recorrida peça, a final, que se ordene a rectificação do registo e a senhora conservadora responda a tal pedido referindo expressamente no despacho de sustentação que emite agora decisão sobre o mesmo. O pedido formulado é, como se sabe, o da rectificação do registo. Independentemente da bondade dos argumentos esgrimidos na decisão de indeferimento do pedido de rectificação esta não pode ser tida em consideração na apreciação que daquele recurso se fizer devido à incompetência material da entidade ad quem. Mas ainda que não fosse este o caso, mesmo assim, tal decisão tinha de ser desconsiderada porque não foi proferida em sede própria, 1 Salientamos, desde já, que a rectificação que não seja efectuada nos termos dos artigos 124.º e 125.º do Código do Registo Predial, é averbada ao registo respectivo a pendência da rectificação nos termos prescritos no n.º 1 do artigo 126.º do citado Código. Afigura-se assim claro que, em face do preceito legal citado, a forma de publicitar a existência de um pedido de rectificação de registo sobre determinada descrição predial é mediante averbamento de pendência dessa mesma rectificação. Contudo, tendo em consideração a especificidade própria do caso vertido nos autos, o que será de anotar é a «recusa» da apreciação do pedido de rectificação. 4

tendo sido indevidamente enxertada no despacho de sustentação, e sobre ela não foi concedida à recorrente qualquer possibilidade de emitir pronúncia 2. Com efeito, tal equivale à ampliação, rectius, à modificação da natureza (uma vez que apreciou o mérito e indeferiu o pedido, sendo que sobre este indeferimento apenas os tribunais comuns têm competência para se pronunciarem artigos 127.º, 131.º e 140.º, n.º 2, do citado Código) do despacho inicialmente emitido que mais não era que um mero sucedâneo da decisão de rejeição que não houve a montante, e devia ter havido, daí que à respectiva impugnação se aplique o regime da impugnação da rejeição da apresentação, tendo em conta as especificidades próprias daquela situação concreta. III Pronúncia Tendo em conta a situação descrita, a posição deste Conselho vai expressa na seguinte Deliberação 1 O processo de rectificação de registos encontra-se previsto e regulado nos artigos 120.º e seguintes do Código do Registo Predial. 2 É doutrina desde há muito firmada neste Conselho que não é lícito ao conservador, na fase recursiva, alterar ou ampliar os motivos aduzidos na decisão impugnada veja-se, entre muitos outros, o parecer proferido no proc.º n.º 107/96R.P.4., publicado no BRN n.º 7/97, II caderno, pág. 36 e segs. Cremos que o aludido entendimento será aplicável, com as necessárias adaptações, às decisões proferidas no âmbito dos processos de rectificação, por identidade de razão. Segundo ensina BAPTISTA MACHADO, in Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador, 2008, pág. 186, onde a razão de decidir seja a mesma, a mesma deve ser a decisão. A ampliação constante de despacho de sustentação revestirá ainda maior melindre nas situações em que, além de se sustentar a decisão inicialmente prolatada que admite reapreciação hierárquica, se englobe uma nova decisão, que verse sobre o mérito do pedido de rectificação e procede ao indeferimento do requerido, a qual só pode ser impugnada judicialmente. 5

2 A matéria da rectificação dos registos é da competência do conservador e, quando este indefira o pedido, a sua decisão só pode ser impugnada para os tribunais comuns, como decorre do prescrito nos artigos 127.º, n.º 2, 131.º, n.º 1, e 140.º, n.º 2, todos do citado Código 3. 3 Como é sabido, a recusa de rectificação de registos só pode ser apreciada no processo próprio regulado no Código do Registo Predial por força do prescrito no n.º 2 do artigo 140.º do mesmo Código. No caso configurado nos autos não foi proferida (em sede própria) qualquer decisão de índole substantiva, i.e., sobre o pedido de rectificação da descrição predial não foi proferida qualquer decisão versando o mérito, antes se ateve na verificação dos requisitos legais para o ingresso do pedido no registo, vale por dizer, a «recusa» da qualificação do acto peticionado radica apenas na falta de pagamento do emolumento devido o que constitui, per si, a preterição de um dos requisitos viabilizadores da qualificação. Ora, o preceito supra mencionado é claro no sentido de que é a decisão de recusa da rectificação que pode ser impugnada para os tribunais comuns. Seguramente que, in casu, não nos deparamos com uma decisão de recusa da rectificação, que verse sobre a apreciação do mérito do pedido, mas com uma decisão de «recusa» de qualificação baseada na falta de pagamento das quantias emolumentares consideradas devidas. É visível assim que temos, em suma, que atentar na natureza das decisões proferidas, sendo prioritário e pertinente estabelecer a distinção entre elas uma vez que daí decorre o apuramento da competência do tribunal ou da entidade hierárquica. No primeiro caso é indiscutível que o tribunal competente é o tribunal comum, por força do prescrito nos artigos 127.º, n.º 2, 131.º, n.º 1, e 140.º, n.º 2, do CRP; no segundo, ou seja, no vertido nos autos, o interessado tanto pode recorrer hierarquicamente (via que a senhora notária utilizou) como impugnar judicialmente a decisão, tendo em conta o que prescreve o n.º 3 do artigo 66.º do CRP. Sublinhamos ainda que quando se trate de impugnação da conta dos actos (que não é o caso configurado nos autos), se deve observar o prescrito no artigo 147.º-C do CRP, que faculta aos interessados o direito de recorrer hierarquicamente ou de impugnar judicialmente, por erro, a liquidação da conta ou a aplicação do regulamento emolumentar, sendo que, in casu, os tribunais competentes são os tributários. Com efeito, a conta dos actos de registo reveste natureza jurídico-administrativa sendo a impugnação judicial da competência dos tribunais tributários por força do prescrito na alínea a) do n.º 1 do artigo 49.º do Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais, aprovado pela Lei n.º 13/2002, de 19 de Fevereiro. A propósito da distinção entre os diversos actos praticados pelo conservador e dos seus reflexos a nível impugnatório, veja-se o parecer do CT proferido no proc.º n.º58/93 6

3 Contudo, no caso em apreço nos autos, do que se recorre é da «recusa» da apreciação do pedido de rectificação baseada na falta do pagamento das quantias devidas em face do disposto nos artigos 151.º, n.º 1, e 66.º, n.º 1, alínea e), aplicáveis por força do preceituado no artigo 123.º, n.º 3, todos do Código do Registo Predial. 4 Ora, a «recusa» da apreciação do pedido, fundada na falta de pagamento das quantias consideradas devidas, traduz-se num mero sucedâneo da decisão de rejeição da apresentação que deveria ter ocorrido ab initio, não desencadeando sequer o começo da fase de apreciação do pedido que cumpre efectivar nos termos prescritos nos artigos 127.º e seguintes do Código do Registo Predial 4. 5 À impugnação da aludida «recusa» de apreciação do pedido é, então, aplicável, com as devidas adaptações, o regime da impugnação da rejeição da apresentação consignado no n.º 3 do artigo 66.º do Código do Registo Predial aplicável ex vi do artigo 123.º, n.º 3, do mesmo Código 5. 6 A entidade ad quem é, portanto, competente para decidir os recursos hierárquicos interpostos contra a rejeição da apresentação do pedido, ainda que o acto peticionado vise a rectificação de registos, por R.P.4, publicado na Regesta, 1994, 2.º semestre, pág. 75 e segs., no qual se salienta a natureza administrativa das contas emolumentares. 4 Decorrentemente, ainda que o recurso hierárquico fosse julgado procedente não tinha aptidão bastante para satisfazer a pretensão da recorrente, já que não determinava a imediata rectificação do registo antes desencadeava a fase de apreciação do respectivo pedido de rectificação. Veja-se, adrede, a doutrina do Conselho Técnico constante do proc.º n.º R.P.57/2009 SJC-CT, disponível na Intranet, aplicável, a pari, aos pedidos de rectificação de registos. 5 Cfr., na parte pertinente e com as necessárias adaptações tendo também em consideração a especialidade da «recusa» fundada na falta de pagamento das quantias reputadas como devidas, o parecer do Conselho proferido nos proc.ºs R.Co.22/2008 SJC e C.P.73/2008 SJC-CT, também disponível na Intranet. 7

força do prescrito no n.º 3 do artigo 66.º do CRP que expressamente remete para o disposto nos artigos 140.º e seguintes do citado Código 6. 7 Pela rectificação de registos são devidos os emolumentos previstos no n.º 5 do artigo 21.º do Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado (RERN) a pagar, em regra, em simultâneo com o pedido, sendo devolvida a quantia cobrada se houver indeferimento liminar do pedido, com salvaguarda de valor igual ao da recusa 7. 8 Constituindo o pagamento do emolumento exigido pela conservatória, ao abrigo do prescrito na verba 5.5 do citado artigo 21.º do RERN, o preenchimento de um dos pressupostos indispensáveis à viabilização da apreciação do pedido de rectificação, e não tendo o mesmo sido tempestivamente satisfeito, impõe-se a «recusa» da apreciação do aludido pedido. indeferido. Nestes termos, entendemos que o presente recurso hierárquico deve ser 2011. Deliberação aprovada em sessão do Conselho Técnico de 19 de Outubro de 6 Entendemos igualmente que, em face do disposto no artigo 147.º-C do CRP, o interessado tem direito de recorrer hierarquicamente ou de impugnar judicialmente o erro na liquidação da conta dos actos ou na aplicação do regulamento emolumentar, ainda que respeitem à rectificação de registos, sendo que os tribunais competentes para apreciar esta matéria não são os tribunais comuns, cuja competência respeita apenas à decisão que, apreciando o mérito, recuse a rectificação, mas os tributários. 7 Como se salientou na deliberação proferida no processo identificado na nota 4, só temos conta acabada após a decisão sobre o pedido no sentido da feitura ou não do registo (ou da sua rectificação, neste caso), pois é também esse o momento em que o serviço profere a sua última palavra sobre o montante exacto a cobrar. A senhora conservadora, muito acertadamente, procurou logo enquadrar emolumentarmente o pedido na verba que, na eventualidade de procedência do mesmo, seria a que corresponderia ao caso. 8

04.11.2011. Isabel Ferreira Quelhas Geraldes, relatora. Esta deliberação foi homologada pelo Exmo. Senhor Presidente em 9

FICHA Proc.º n.º R.P. 82/2011 SJC-CT Súmula das questões abordadas Rectificação de registos artigos 120.º e segs. do CRP. Competência exclusiva do conservador e, em caso de indeferimento do pedido, dos tribunais comuns artigos 127.º e 131.º do CRP. A «recusa» da apreciação de pedido que vise a rectificação de registos é impugnável nos termos dos artigos 140.º e segs. do CRP. A impugnação da conta dos actos pode ser feita judicialmente, sendo da competência dos tribunais tributários, ou mediante a interposição de recurso hierárquico de conta artigo 147-C do CRP, 49.º, n.º1, alínea a) do ETAF, aprovado pela Lei n.º 13/2002, de 19 de Fevereiro. ***** 10