1 PROGRAMA DE AUDITORIA DE SEGURANÇA Introdução: Todas as Empresas que lidam de certa forma com a atividade aérea, seja ela no segmento táxi aéreo, transporte executivo ou regular, devem possuir um conjunto de ações e responsabilidades definidas e dirigidas para a segurança da atividade aérea conforme previsto no Plano de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (PPAA). Por sua vez este plano é baseado em uma série de documentos tais como: 1. Código Brasileiro de Aeronáutica ( Lei 7565 ) 2. Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos e a NSMA 3-3. 3. IAC 2401 4. Anexo 6 da OACI (Operação de Aeronaves) 5. Documento 9422 NA/923 da OACI (Manual de Prevenção de Acidentes) Como parte integrante deste Programa, estão previstos sub rotinas do mesmo, dentre as quais ressaltamos a que aborda especificamente o Programa e Auditoria de Segurança. Particularmente, sua finalidade é fornecer à Alta Administração das Empresas uma análise detalhada das condições e/ou situações insatisfatórias ou mesmo dos potenciais fatores de risco e de perigo que possam contribuir decisivamente afetando a Segurança, para que se possam adotar medidas corretivas e/ou preventivas adequadas, oportunas e em tempo de se impedir um acidente. A principal característica dessas auditorias é que as mesmas não se referem exclusivamente à monitoração ao cumprimento de normas e diretrizes, mas fundamentalmente, se elas são aceitáveis e exeqüíveis dentro dos diversos processos operacionais da Empresa. Com o advento da globalização e constante foco na redução de custos, estabeleceu-se na década de 90 um grande número de acordos do tipo Code Share entre as grandes Empresas do mundo.
2 O Departamento de Defesa e o Departamento de Transporte Americanos, evocando a necessidade de resguardar a segurança de seus cidadãos quando e viagem por outras Empresas que não de sua bandeira, estabeleceu diretrizes para que as Empresas Americanas pudessem estabelecer acordos de compartilhização de rotas, sendo necessário uma análise do nível de segurança das outras empresas estrangeiras, através de um programa de auditorias de segurança, que deveriam ocorrer previamente ao início do acordo operacional e se processar periodicamente enquanto perdurar o acordo. Este novo fato propiciou uma certa padronização em alguns processos operacionais, agregando qualidade aos serviços prestados, além de ressaltar os aspectos críticos quanto a segurança de vôo mesmo entre culturas corporativas diferentes, trazendo uma melhora sensível ao nível de segurança entre as empresas. Já no final da década de 90 começaram a surgir as primeiras Alianças globais entre as Empresas, fruto da sinergia alcançada através do sucesso comercial do Code Share e também através do novo cenário desafiador que ora se descortinava, exigindo uma maior participação em alguns nichos de mercado sem no entanto agregar os elevados custos de novas rotas ou aumento de frota. Mais precisamente podemos citar o trabalho estabelecido na Star Alliance à partir de 2000, quando seu Comitê da Segurança criou o Safety Review Team;equipe multifuncional de especialistas, com a finalidade de realizar auditorias nas Empresas participantes da Aliança. Cabe ressaltar que independentemente dos requisitos legais e auditorias estabelecidas e impostas pelas Autoridades Aeronáuticas de cada país, adicionalmente, as Empresas da Aliança passam necessariamente pelas auditorias particulares do grupo, com um nível de exigência igual ou em alguns casos maior que do próprio órgão regulador local. Este aspecto único nos processos operacionais das Empresas propiciou uma elevada troca de experiência, e um grande benchmark de segurança, propiciando ganhos de escala significativos, entre os quais podemos ressaltar, a redução de prêmios de seguro e a busca por um elevado padrão de segurança operacional.
3 Por outro lado desde 1999, IATA criou um grupo de Trabalho, visando integrar os diversos requisitos para as auditorias internacionais, utilizando-se para tal dos requisitos contidos nos FAR, JAR-OPS, QSR e demais regulamentos existentes, visando obter uma certa padronização para as auditorias, mantendo seus objetivos, preservando os diferentes critérios onde existirem, obtendo-se uma redução de custos através da diminuição no número de auditorias. Conhecido como IOSA (IATA Operational Safety Audit), estas deverão ser iniciadas agora em julho de 2003, e deverão a partir desta data serem aceitas internacionalmente para a celebração de novos acordos e também manutenção dos já existentes. Este aspecto, porém não garante que Empresas ou grupos deixem de fazer seus próprios programas de auditoria. Concluindo, podemos atestar o grande potencial intrínseco deste programa no que diz respeito ao nível de segurança operacional, além de se constituir também como investimento corporativo na qualidade de seus serviços. Elaboração do Programa e do Processo de Trabalho: O trabalho de auditoria baseia-se fundamentalmente na elaboração de listas de cheques por áreas operacionais. A elaboração dos checklists é feita baseando-se nos requerimentos dos Anexos à Convenção da OACI (Anexos 6, 6E e 18), dos Quality Safety Requiremets do DOD, além de procedimentos definidos como Best Practice (BP) que se constituem em políticas de Segurança que o Comitê de auditoria entende devam ser seguidas pelas Empresas, visando um aumento do nível de segurança. Deverão ser estudados previamente importantes aspectos operacionais e culturais da Empresa a ser auditada através da análise de seu MGO e/ou questionários previamente enviados, visando obter um instantâneo do seu status operacional.
4 Os principais checklists a serem utilizados serão: 1. OPERAÇÕES de VÔO 2. SEGURANÇA de VÔO 3. SERVIÇOS de BORDO 4. DESPACHO de VÔOS 5. MANUTENÇÃO 6. SEGURANÇA em SOLO 7. CARGAS PERIGOSAS 8. OPERAÇÔES de RAMPA 9. SECURANÇA PATRIMONIAL (Security) O Comitê de auditoria deve ser constituído por profissionais da área operacional específica de elevada capacitação para o desempenho da função e com conhecimento do processo de auditoria. Inicialmente participa das primeiras auditorias como facilitadores de um auditor experiente, sendo ao longo do trabalho avaliado pelo auditor, para sua homologação final como titular do Comitê. O Comitê ao final de cada etapa da auditoria se reúne para a elaboração da pauta de recomendações por área, fazendo desta forma uma análise ampla de todos os possíveis riscos na cadeia operacional da Empresa.
5 A.S.A.S (AIR SAFETY AUDIT SYSTEM) Conceituação: A partir da conceituação do Programa de Segurança surgido entre as empresas de bandeira e sob a tutela da IATA, vislumbrou-se a aplicabilidade de seus conceitos básicos na construção de um sistema que possa garantir que a estrutura organizacional de operações da empresa, através de seus processos e procedimentos, garantam uma contínua qualidade nos aspectos da segurança operacional. A adoção do sistema ASAS estabelece um novo patamar para a empresa que é a de obter seu perfil operacional através de três princípios básicos. Primeiro a implantação de um processo contínuo de auditorias internas com o intuito de aferir a adequabilidade de seus processos e controles operacionais. Segundo, a identificação das possíveis deficiências ou falhas, e o desenvolvimento de planos de ação corretiva para saná-las e promover um processo de revisão contínua dos procedimentos operacionais. E por último, o comprometimento da organização e de sua administração com a implantação e implementação de todo o processo. Vantagens Operacionais: O principal aspecto positivo para a Empresa é inegavelmente o salto de qualidade na sua política de segurança operacional, ao longo da adoção do sistema, forjando o comprometimento e a responsabilidade da organização com seus processos e procedimentos operacionais. Este novo patamar de alto regulação, também demonstra ao agente regulador externo (ex: D.A.C.) a determinação em manter-se em conformidade com todos os requisitos oficiais. Vantagens Comerciais: Inegavelmente, quando uma organização se dispõe a assumir um novo perfil de qualidade, novas vantagens e oportunidades comerciais podem ser desenvolvidas. Na atividade aérea, o fator segurança apesar de ser considerado fator intrínseco, pode e deve ser utilizado como fator diferenciador na busca de novos contratos com seus clientes e parceiros, ressaltando nesta
6 ponta, seus fornecedores de equipamentos e suas seguradoras. Neste aspecto, podemos citar o que já ocorre na Europa e nos E.U. A, onde mesmo pequenas empresas de táxi aéreo, passaram a ser considerada como preferenciais transportadoras de executivos em função de seu perfil operacional, além de obter vantagens significativas na negociação de suas apólices de seguro. Portanto, podemos dizer que o Sistema pode e deve ser utilizada em ambas a extremidade, isto é nas empresas Aéreas, bem como pelas suas Seguradoras. Operacionalidade: O sistema A.S.A.S, quando aplicado na Empresa, estabelece inicialmente um índice de segurança operacional (I.S.O.), através de um programa de auditorias, onde são levantados os parâmetros que identificam o perfil operacional do binômio piloto/empresa. Ao longo das auditorias, a análise dos dados operacionais, identificam as ações necessárias para melhorar processos e procedimentos visando a elevação do patamar de Índice de Segurança Operacional (ISO). Na outra ponta do processo, isto é na adoção do A.S.A.S pelas Seguradoras, o processo de auditorias elabora na realidade o perfil operacional da Empresa, estabelecendo a Taxa de Risco Operacional, ou seja, a T.R.O, que ao ser utilizada pela seguradora, recomenda ações para a diminuição deste índice que de certa forma ao longo do tempo redesenha o perfil da Empresa cliente. O ponto comum, é sem dúvida a redução de custos através de um Sistema que agrega nas duas pontas uma mudança positiva no perfil operacional da Empresa que a torna mais competitiva e mais atrativa pelo seu perfil de segurança.