ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL Paula Freire 2015
ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL Os estados, em meio de uma grave crise econômica, com um número cada vez maior de pessoas atingindo os níveis da pobreza e da indigência. Como respostas à crise foram postas em prática as ideias econômicas de John Maynard Keynes, que defendia um papel mais interventor do Estado na economia de forma a estimular a demanda e, por consequência, o crescimento econômico.
BEM-ESTAR SOCIAL Welfare state NewDeal Desenvolvimentismo Auge: da década de 40 à de 70.
TEXTO EMBLEMÁTICO Independentemente de sua renda, todos os cidadãos, como tais, têm direito de ser protegidos com pagamento em dinheiro ou com serviços contra situações de dependência de longa duração (velhice, invalidez) ou de curta (doença, desemprego, maternidade).
QUESTÕES 1. (ESAF/STN/2005) O princípio fundamental do Estado de Bem-Estar Social é o da proteção universal, ou seja, independentemente da renda, todos os cidadãos, como tais, têm o direito de ser protegidos contra situações de dependência ou vulnerabilidade de curta ou longa duração. 2. (ESAF/APO-MPOG/2001) Independentemente de sua renda, todos os cidadãos têm o direito de serem protegidos contra situações de dependência de longa e de curta duração.
GABARITO: As duas questões são CORRETAS. Assim, o princípio básico do estado do bem-estar social é que TODO cidadão (rico ou pobre) tem direito a um conjunto de bens e serviços que deveriam ter seu fornecimento garantido diretamente pelo Estado. São direitos UNIVERSAIS a educação em todos os níveis, a assistência médica gratuita, o auxílio ao desempregado, a garantia de uma renda mínima, recursos adicionais para a criação dos filhos, etc. O Estado deve garantir condições mínimas de subsistência e conferindo direitos sociais a todas as pessoas.
E NO BRASIL? Há duas linhas de pensamento: 1) Contrária: Pode-se dizer que na história brasileira não se constituiu um sistema de seguridade social próximo do modelo que ficou conhecido como welfare state. Talvez seja mais coerente considerar que no Brasil, tenha-se implementado apenas algumas políticas de bemestar social. (Gomes) 2) Favorável: Entre os anos 30 e 60, construiu-se e consolidou-se institucionalmente, no Brasil, o Estado social (Welfare State), uma particular forma de regulação social que se dá pela transformação das relações entre o Estado e a Economia, entre o Estado e a Sociedade. (Draibe)
QUESTÃO (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) O Brasil se tornou um Estado de Bem-Estar ao inserir direitos sociais na Constituição de 1988. Resposta: o gabarito da Esaf deu como ERRADA. É provável que a ESAF siga a primeira linha. Por que?...
COMENTÁRIOS AO GABARITO No Brasil e nos países latino-americanos da periferia do mundo capitalista, a dimensão social não foi aplicada da mesma forma que nos países desenvolvidos. O Estado nacional-desenvolvimentista, característico desse grupo, preocupava-se em promover a industrialização, criando as estatais. O objetivo era a industrialização, ficando em segundo plano a instituição de condições de subsistência mínimas para a população.
E AS POLÍTICAS SOCIAIS E TRABALHISTAS DA ERA VARGAS? Getúlio Vargas ampliou sensivelmente os direitos sociais, mas não de modo universal. Assim, apenas trabalhadores urbanos tinham acesso às políticas sociais. Ademais, reduziram-se os direitos civis e políticos, em razão do regime ditatorial do Estado Novo. A Constituição de 1988 até tentou implantar no Brasil uma modelo de seguridade social próximo ao Welfare State, entretanto, a crise econômica e a reforma do Estado, caminharam no sentido contrário, num viés mais neoliberal.
QUESTÃO: (ESAF/EPPGG/2002) O crescimento do Estado de Bem-Estar leva a um aumento da autonomia do Estado em relação às diversas forças políticas e atores sociais internos. GABARITO: A questão é errada. Na medida em que cresce o Estado de Bem-estar Social, mais o poder público se compromete em oferecer benefícios sociais para a população. Assim, crescem as exigências da sociedade por mais políticas sociais. Logo, não há uma maior autonomia. Ao contrário, o Estado se vê mais pressionado.
CRISE DO WELFARE STATE A década de 1970 foi marcada por duas crises do petróleo (uma em 73 e outra em 79). Essas crises fizeram com que as taxas de juros dos financiamentos externos subissem para a estratosfera, interrompendo o desenvolvimento econômico dos países, que entraram em crise fiscal.
CRISE DO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL Houve também, de um lado, o crescimento das demandas da sociedade por mais políticas sociais. De outro, reduziam os recursos disponíveis para que tais políticas fossem implementadas. Desse modo o Estado perdeu governança, pois não podia gerenciar suas políticas. O resultado foi uma crise de governabilidade.
GOVERNABILIDADE E GOVERNANÇA: Governabilidade: capacidade de governar, no aspecto político. Ex: um governo tem governabilidade se consegue aprovar suas leis no Legislativo; se a sociedade aceita ser governada por ele, ou seja, ele possui legitimidade, etc. Por outro lado, lhe faltaria governabilidade se há constantes tentativas de golpe de Estado, ou seja, há instabilidade política; se está sob constante pressão. E a governança?
GOVERNANÇA Governança é a capacidade gerencial e financeira de implementar políticas públicas, ou seja, está mais relacionada com a gestão. Um governo que consegue oferecer políticas de qualidade e com eficiência, gerando resultados para a sociedade, é um governo que possui governança.
CRISE DA BUROCRACIA E DO WELFARE STATE O Estado entra em crise fiscal e não consegue atender as demandas crescentes da população, colocando em xeque a autoridade estatal (crise de governabilidade). Para oferecer as políticas que a sociedade exigia, com poucos recursos, a administração pública precisava ser eficiente. Porém o modelo de gestão da época era o burocrático, disfuncional, o contrário de eficiente. Logo, a crise do Welfare State vai está diretamente relacionada à crise da burocracia.
SINTETIZANDO... Fim do desenvolvimentismo pós-guerra, crises do petróleo, instabilidade do mercado financeiro internacional (competitividade da globalização), etc.; Crise do Welfare State keynesiano, devido às disfunções e às desvantagens da intervenção estatal, para garantir o bem-estar e a estabilidade econômica; Disfunções burocráticas ou a crise do modo de implementação estatal de serviços públicos; e Ingovernabilidade: sobrecarga fiscal, excesso de demandas e crise de legitimidade.
NASCEDOURO DO GERENCIALISMO Com toda a insatisfação da sociedade em relação ao modelo burocrático, começam a surgir as teorias em busca de uma administração gerencial. Ao mesmo tempo, a crise fiscal demonstra que o Estado de bem-estar social era inviável, o que provocou o aparecimento das teorias neoliberais.
GERENCIALISMO E NEOLIBERALISMO Segundo Bresser Pereira: A administração pública gerencial é frequentemente identificada com as ideias neoliberais por outra razão. As técnicas de gerenciamento são quase sempre introduzidas ao mesmo tempo em que se implantam programas de ajuste estrutural que visam enfrentar a crise fiscal do Estado.
10 REGRAS BÁSICAS DO CONSENSO DE WASHINGTON Disciplina fiscal Redução dos gastos públicos Reforma tributária Juros de mercado Câmbio de mercado Abertura comercial Investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições Privatização das estatais Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas) Direito à propriedade intelectual
NEOINSTITUCIONALISMO ECONÔMICO O neoinstitucionalismo econômico sustenta que as instituições são importantes (institutions matter) em dois principais sentidos: São vitais para a produção de resultados, mas são uma escolha de segunda ordem (second best), um mal necessário, uma vez que o mercado por si só não pode assegurar as transações sem estruturas ou organizações formais; As organizações não são instâncias tão racionais assim; a racionalidade (da eficiência econômica) é limitada, sujeita a uma série de interferências e constrangimentos decorrentes da sua natureza multifacetada (política, humana, cultural etc.).
ESTADO NEOLIBERAL? A partir desses fundamentos, o Estado passa a ser considerado como um problema logo, a solução seria haver menos Estado, e mais mercado e sociedade civil. O Estado havia, segundo essa ótica, atingido um ponto de estrangulamento e ingovernabilidade. À sociedade civil caberia resgatar sua determinação e suas capacidades próprias, depender menos do Estado (afinal, haveria no limiar do século XXI condições tecnológicas para isso) e controlá-lo mais. O Estado deveria restringir-se a suas funções mínimas (defesa, arrecadação, diplomacia e polícia).
QUESTÃO (ESAF/TCU/2002) Teorias no âmbito do neoinstitucionalismo econômico, entre as quais a teoria da agência e a teoria da escolha pública, formam, juntamente com abordagens contemporâneas de gestão, a base conceitual do New Public Managment.
GABARITO Esta questão é certa. O New Public Managment (Nova Administração Pública), é uma forma de se referir à administração gerencial. A Teoria da Escolha Pública (TEP) é o estudo dos processos de decisão política numa democracia, utilizando o instrumental analítico da economia, os conceitos de comportamento. Diferentemente das escolhas privadas feitas pelos indivíduos sobre bens e serviços de uso privado, a Escolha Pública refere-se às decisões coletivas sobre bens públicos. Todavia, essas decisões coletivas são tomadas por indivíduos, que afetam a toda coletividade.