Partilha de informação com as comunidades



Documentos relacionados
LEARNING MENTOR. Leonardo da Vinci DE/09/LLP-LdV/TOI/ Perfil do Learning Mentor. Módulos da acção de formação

AUTO-REGULAÇÃO - UMA DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS COMUNS E NORMAS DE BOAS PRATICAS DE ACTUAÇÃO

Avaliando o Cenário Político para Advocacia

Política de Responsabilidade Corporativa. Março 2013

Como elaborar um plano de divulgação para a expansão das abordagens de MIFS

NP EN ISO 9001:2000 LISTA DE COMPROVAÇÃO

Módulo 5 Representatividade

(2006/C 297/02) considerando o seguinte: constatando que:

Uma agenda para a mudança: conseguir acesso universal à água, ao saneamento e à higiene (WASH) até 2030.

1) Breve apresentação do AEV 2011

LIDERANÇA PARA A MUDANÇA

Mainstreaming Externo do HIV. Instrumento 2 e

ESPECIAL PMEs. Volume III Fundos europeus 2ª parte. um Guia de O Portal de Negócios. Março / Abril de 2011

Participação Critérios de participação - Elegibilidade Procedimento para participar da chamada: Número de propostas/aplicações

GUIA PARA A COOPERAÇÃO SUL-SUL E TRIANGULAR E O TRABALHO DECENTE

POLÍTICAS DE GESTÃO PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE

Teambuilding (Habitat for Humanity Portugal)

49 o CONSELHO DIRETOR 61 a SESSÃO DO COMITÊ REGIONAL

Empresas Responsáveis Questionário de Sensibilização

CMSC-FAC COMUNICAÇÃO. PARA A MUDANÇA SOCIAL E DE COMPORTAMENTO Ferramenta de Avaliação da Capacidade PARA USO COM ORGANIZAÇÕES

Sistema de Informação e Comunicação da Rede Social de Alcochete. Sistema de Informação e Comunicação - REDE SOCIAL DE ALCOCHETE

Marketing de Feiras e Eventos: Promoção para Visitantes, Expositores e Patrocinadores

Indicadores Gerais para a Avaliação Inclusiva

Indicadores Gerais para a Avaliação Inclusiva

geas

ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário. As Normas da família ISO As Normas da família ISO 9000

Comunicação para alterações sociais

SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO DE ENTIDADES FORMADORAS ASPECTOS PRINCIPAIS DA MUDANÇA

Skills Academy 2015 Christine Hofmann, OIT Cairo

DESCRIÇÃO DO TRABALHO. Directora Nacional, WWF Moçambique

Promover um ambiente de trabalho inclusivo que ofereça igualdade de oportunidades;

POLÍTICA DE AMBIENTE, QUALIDADE E SEGURANÇA

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 300 ÍNDICE

PHC dteamcontrol Interno

Introdução 02. CRER Metodologia Integrada de Apoio ao Empreendedor 04. Passos para criação do CRER Centro de Recursos e Experimentação 05

Resolução de Vilnius: melhores escolas, escolas mais saudáveis - 17 de Junho de 2009

ROCK IN RIO LISBOA Princípios de desenvolvimento sustentável Declaração de propósitos e valores Política de Sustentabilidade do evento

O VALOR DAS VERDADEIRAS PARCERIAS PARA O REFORÇO DAS CAPACIDADAES LOCAIS: A EXPERIÊNCIA DO FOJASSIDA. Pretoria Africa du Sul

ANÚNCIO Nº AfCHPR/07/2011

FORMAÇÃO SOBRE: GÉNERO E DESENVOLVIMENTO

DECLARAÇÃO DE POLÍTICA DE DIREITOS HUMANOS DA UNILEVER

MANIFESTO. A voz dos adultos aprendentes nas acções de alfabetização na Europa

Descrição de Tarefas para a Posição de Director de Programas, Políticas e Comunicação da AAMOZ

Programa de Apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social

Serviço a Pedido ( On Demand ) da CA - Termos e Política de Manutenção Em vigor a partir de 1 de Setembro de 2010

Soluções de análise preditiva para optimizar os processos de negócio. João Pequito. Director Geral da PSE

incorporação de um novo colaborador

Declaração de Odense. O ABC para a Equidade Educação e Saúde. 4.ª Conferência Europeia das Escolas Promotoras de Saúde:

Espaço t Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária. Instituição Particular de Solidariedade Social

FACILIDADES DE COLABORAÇÃO

Enquadramento 02. Justificação 02. Metodologia de implementação 02. Destinatários 02. Sessões formativas 03

MÓDULO III HELP DESK PARA FORMAÇÃO ONLINE

WORKSHOP EQUALITY PAYS OFF (A Igualdade Compensa)

Sumário executivo. From: Aplicação da avaliação ambiental estratégica Guia de boas práticas na cooperação para o desenvolvimento

CAPÍTULO I- Recomendação da Comissão aos mediadores de seguros REQUISITOS PROFISSIONAIS E REGISTO DOS MEDIADORES DE SEGUROS

Território e Coesão Social

Sistema de Monitorização e Avaliação da Rede Social de Alcochete. Sistema de Monitorização e Avaliação - REDE SOCIAL DE ALCOCHETE

PUBLICAÇÕES:TECNOMETAL n.º 139 (Março/Abril de 2002) KÉRAMICA n.º 249 (Julho/Agosto de 2002)

1. Objectivos do Observatório da Inclusão Financeira

Lei n.º 133/99 de 28 de Agosto

ANEXO III REGULAMENTO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Linhas de Acção. 1. Planeamento Integrado. Acções a desenvolver: a) Plano de Desenvolvimento Social

O Que São os Serviços de Psicologia e Orientação (SPO)?

POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS ELETROBRAS. Política de Responsabilidade Social das Empresas Eletrobras

Programa de formação para voluntários no sistema de justiça criminal

Certificação da Qualidade dos Serviços Sociais. Procedimentos

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone 517 Fax:

CARTA DE AUDITORIA INTERNA GABINETE DE AUDITORIA INTERNA (GAI)

Gabinete de Apoio à Família

Soluções de Gestão Integradas SENDYS ERP. Otimize a Gestão do Seu Negócio!

INSPECÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO PROGRAMA AFERIÇÃO

COMISSÃO DA BACIA DO ZAMBEZE OPORTUNIDADES DE EMPREGO

ELABORAÇÃO DE UM GUIÃO DE PESQUISA DE INFORMAÇÃO

Tendências dos Contact Centers para de Abril Das 11h às 11:45h

DOCUMENTO DE CONSULTA PÚBLICA

Instrumento que cria uma Rede de Cooperação Jurídica e Judiciária Internacional dos Países de Língua Portuguesa

Como elaborar um Plano de Negócios de Sucesso

E- Marketing - Estratégia e Plano

Zero Parte 1. Licenciamento

Implementação e avaliação

Empreendedorismo De uma Boa Ideia a um Bom Negócio

em nada nem constitui um aviso de qualquer posição da Comissão sobre as questões em causa.

Consultoria Para Mapeamento os Actores e Serviços de Apoio as Mulheres Vitimas de Violência no País 60 dias

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE

UNICEF BRASIL Edital de Seleção de Consultor RH/2013/015

Transcrição:

Briefing da CAFOD sobre : Nível 1 (Básico) com as comunidades Este Briefing apresenta um guia básico passo-a-passo para os parceiros da CAFOD sobre a partilha de informação com as comunidades que apoiam através de projectos de desenvolvimento e/ou humanitários. Para informação mais detalhada e exemplos de boas práticas e lições aprendidas, ver por favor o Briefing do Nível 2 (Avançado). 1. Introdução Prestar contas às pessoas que apoiamos através de projectos de desenvolvimento e/ou humanitários, implica assegurar que as pessoas estão cientes dos seus direitos e têm acesso a informação relevante e adequada sobre o projecto de forma a assegurar a sua participação e feedback. Benefícios Os benefícios da partilha de informação com as comunidades que apoiamos incluem: Melhoria no impacto e eficácia dos projectos A eficaz prestação de informação pode fortalecer a confiança, construir a propriedade comunitária e encorajar feedback e participação. Tornar os indivíduos e as comunidades cientes do apoio que irão receber pode ajudá-los a planear a sua vida. Níveis reduzidos de corrupção e fraude, por exemplo, ao partilhar com as comunidades locais os critérios de selecção bem como as listas dos beneficiários, será claro quem é e quem não é elegível para pedir ajuda ou apoio. Similarmente, partilhar publicamente informação com as comunidades sobre os orçamentos dos projectos pode evitar a fraude. Uma abordagem faseada Em contextos onde estão disponíveis fundos limitados ou durante as etapas iniciais de uma resposta humanitária, é aconselhável adoptar uma abordagem faseada à partilha de informação. Pode ser introduzido um mecanismo básico no início que pode depois ser reforçado e alargado para incorporar boas práticas e abordagens. (ver Partilha de informação com as comunidades, Nível 2 (Avançado) em desenvolvimento). Mecanismo básico de partilha de informação A seguir apresenta-se um guia de prestação de informação mínima às comunidades. Todos os membros da comunidade devem ter pelo menos uma forma de aceder à informação do projecto. O Quadro 1 na secção seguinte apresenta exemplos de mecanismos de partilha de informação. Os canais verbais de comunicação serão mais adequados em contextos de baixos níveis de instrução. 2. Planear mecanismos de partilha de informação Apresenta-se a seguir uma estrutura para o planeamento da partilha de informação com as comunidades. 1

a) Quem requer informação? É importante considerar a comunicação àqueles que estão envolvidos directamente com o projecto, bem como à comunidade em geral e a outros intervenientes que possam também querer saber o que a organização está a fazer na sua área. b) Que informação partilhar? A seguinte informação mínima deve ser apresentada na respectiva língua local: Nome e detalhes de contacto dos principais representantes do projecto. Resumo do projecto incluindo objectivos, actividades, calendário e beneficiários. Direitos dos beneficiários do projecto, por exemplo, direito a receber apoio em função das necessidades; direito a receber apoio livre de assédio incluindo tolerância zero com corrupção e assédio sexual; direito a expressar opiniões, dar feedback ou fazer uma reclamação. Data de realização da próxima reunião da organização / comunidade e sua agenda. O que fazer e quem contactar no caso de uma reclamação, incluindo a definição de uma reclamação. c) Que informação não partilhar? Dependendo do contexto, pode ser necessário manter confidenciais os seguintes tipos de informação: Nomes e detalhes dos apoiantes, doadores, parceiros ou pessoal; qualquer coisa que possa comprometer a protecção e segurança do pessoal do projecto e dos beneficiários; informação que possa danificar a reputação ou que possa ser utilizada de forma maliciosa contra a organização. Devem ser consideradas formas criativas de contornar estas restrições, por exemplo, usar um contacto genérico de e-mail para reclamações quando não for 2 aconselhável a publicação de detalhes de contactos individuais. d) Como partilhar informação? Há diversas maneiras de partilhar informação com as comunidades. O Quadro 1 abaixo apresenta uma série de exemplos que incluem as respectivas vantagens e desvantagens. Reuniões públicas Cartazes / panfletos Quadro informativo Discussões de grupo A utilização das reuniões comunitárias existentes pode ser uma forma efectiva de partilhar informação. Os grupos vulneráveis podem ser excluídos. A informação escrita pode melhorar a consistência das mensagens. É necessário voltar a escrever quando se actualiza a informação do projecto. Não adequado para níveis de instrução baixos. Fonte de informação única com um alcance potencialmente grande. A informação escrita pode melhorar a consistência das mensagens. Pode ser entregue à comunidade no fim do projecto. Tempo e esforço para manter a informação oportunas e relevantes. Não adequado para níveis de instrução baixos. Oportunidade de criar confiança especialmente com grupos vulneráveis. Potencial para debater e esclarecer a informação fornecida e receber feedback imediato. Requer um facilitador adequado, por exemplo um membro feminino do pessoal para um grupo de discussão de mulheres.

Tempo reservado na sede do projecto para visita de membros da comunidade Pessoal disponível durante as visitas de campo para responder a questões e receber feedback Rádio Jornal Uso do teatro / outras formas de comunicação Possibilidade dos membros da comunidade lançarem discretamente preocupações num ambiente seguro. Pode ser conveniente para o pessoal do programa. Requer que o escritório seja de fácil acesso à comunidade. Informal - pode encorajar a interacção de grupos vulneráveis ou dos menos susceptíveis de participar em grupo. Pode afectar a capacidade do pessoal do programa exercer eficazmente as actividades do programa. Pode alcançar amplas audiências com um gasto mínimo per capita. Pode ser oportuno uma forma rápida de divulgar mensagens. Pode apenas alcançar algumas audiências e não as mais vulneráveis. Requer acesso à estação de rádio governamental ou privada, ou conhecimentos e recursos técnicos adequados. Pode alcançar amplas audiências com um gasto mínimo per capita. Pode ser oportuno uma forma rápida de divulgar mensagens. Não adequado para níveis baixos de instrução. Pode assegurar um elevado nível de propriedade comunitária. Requer um facilitador apropriado. Quadro 1: e desvantagens dos mecanismos de partilha de informação quais a informação é partilhada entre os membros da comunidade (ex: reuniões comunitárias) serão um canal adequado de partilha de informação. e) Que recursos são necessários? A implementação de mecanismos básicos de partilha de informação exigirá o seguinte: Sensibilização e formação do pessoal sobre que informação partilhar e como. Recursos financeiros que cubram o custo de materiais de comunicação, actividades e tempo do pessoal, conforme o caso. f) Como monitorizar se a prestação de informação é eficaz? Falar com os membros da comunidade sabem informação sobre o projecto incluindo detalhes sobre a que têm direito? Os membros da comunidade sentem que têm a informação necessária para participar activamente no projecto? Observar o local do projecto que mecanismos foram postos em prática? A informação está actualizada e cobre a informação mínima identificada no ponto b) acima? A informação do projecto parece estar acessível a todos os membros da comunidade? Falar com o pessoal do projecto que informação foi fornecida E quais são as barreiras e restrições? O Apêndice 1 apresenta um caso de estudo de partilha de informação em projectos financiados pela CAFOD em Aceh, na Indonésia. É importante seleccionar mecanismos que sejam facilmente acessíveis a todos os beneficiários do projecto, incluindo os mais vulneráveis. Como primeiro passo, verificar se as formas existentes pelas 3

Informação Adicional: HAP Recursos de Transparência http://www.hapinternational.org/projec ts/field/case-studies/aspx#transparency Autores: CAFOD, Romero House, 55 Westminster Bridge Road, London, SE1 7JB. Louise Boughen, Responsável do Desenvolvimento de, CAFOD Robert Sweatman, Gestor de Mudança e Sistemas Internacionais, CAFOD Este briefing foi produzido pela Unidade de Eficácia de Programas da CAFOD para apoiar os parceiros na criação e implementação de actividades de apoio a uma melhor prestação de contas descendente dentro dos programas financiados pela CAFOD e de outros parceiros. Todos os direitos reservados. Este material está protegido por direitos de autor mas pode ser reproduzido por qualquer meio e sem custo para fins educativos, mas não para revenda. Não é exigida permissão formal para tais usos, contudo, a CAFOD deve ser informada dessas reproduções. Para copiar noutras circunstâncias ou para reutilização noutras publicações, ou para tradução ou adaptação, deve ser obtida uma permissão escrita prévia do proprietário dos direitos de autor. Copyright CAFOD 2010 E-mail: accountability@cafod.org.uk Primeira edição, Outubro 2010. 4

Apêndice 1: Caso de estudo partilha de informação em projectos financiados pela CAFOD em Aceh, na Indonésia. Exemplos de formas em que os parceiros da CAFOD em West Aceh partilham informação do projecto com a comunidade: Um programa de educação numa estação de rádio local que convida os ouvintes a dar a sua opinião sobre projectos locais de educação, incluindo projectos financiados pela CAFOD, encorajando um diálogo com os intervenientes da comunidade. O pessoal do projecto envolve-se com os membros da comunidade fazendo um passeio pelas novas instalações de abrigo juntamente com a prestação de brochuras com representações pictóricas básicas sobre como manter eficazmente as instalações. Através de uma partilha de informações eficaz, a equipe do projecto está a encorajar a participação dos membros da comunidade no projecto com o objectivo da sustentabilidade das instalações a longo prazo. Os membros da equipe do projecto usam t-shirts que apresentam o manifesto do projecto no sentido de sensibilizar os membros da comunidade. Os websites dos parceiros estão bem desenvolvidos para facilitar comunicações interactivas com os membros da comunidade, por exemplo, através do fornecimento dos detalhes do perfil e contactos do pessoal, incluindo contactos de SMS, do fornecimento dos detalhes sobre direitos, da colocação no website das contribuições dos membros da comunidade e encorajando interacção através de páginas do projecto em sites de redes sociais. 5