Fatores Psicossociais de Risco no Trabalho nos Fisioterapeutas Portugueses: Resultados da Validação Fatorial do Inquérito Saúde e Trabalho

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Transcrição:

Fatores Psicossociais de Risco no Trabalho nos Fisioterapeutas Portugueses: Resultados da Validação Fatorial do Inquérito Saúde e Trabalho L. Simões Costa a, M. Santos b a ESTESC-Coimbra Health School, IPC b Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, UP ICSLM Congress 24 de novembro, 2016, Covilhã, Portugal

Introdução Avaliar fatores ou circunstâncias psicossociais que podem interferir na saúde e segurança dos trabalhadores pode permitir evitar a materialização de danos, possibilitando uma intervenção a priori e contribuindo, ao mesmo tempo, para a transformação de condições e situações de trabalho. Aintervenção no domínio dos riscos psicossociais em particular, implica um agir sobre as causas e não sobre os sintomas ou consequências. A mera constatação ou descrição das consequências dos riscos psicossociais pode levar a que se legitimem os riscos associados a determinadas profissões, como sendo algo natural, sem que se procurem causas a montante desses riscos, que possam, essas sim, ser objeto de intervenção e prevenção.

Introdução Ofoco de avaliação/intervenção não deve ser o trabalhador isolado e as suas caraterísticas, mas situar-se ao nível da atividade de trabalho, ou seja, nas condições reais em que o trabalho é realizado, e da forma como ele vivencia essa atividade, num coletivo onde interage. O fisioterapeuta, enquanto profissional de saúde, está sujeito a riscos similares aos dos profissionais de saúde em geral, acrescidos de um conjunto de fatores peculiares derivados da sua atividade específica. A sua intervenção passa por uma multiplicidade de tarefas que vão desde o avaliar e planear até às diferentes modalidades de tratamento e processa-se, sempre, em contacto direto com os utentes (com as mais diversas limitações e necessidades) durantes largos períodos de tempo.

Objetivos e Instrumento Identificar fatores psicossociais de risco em fisioterapeutas através do INSAT2010. Oestudo dos fatores e riscos psicossociais pode ser feito através de instrumentos que avaliem condições de trabalho. INSAT-Inquérito Saúde e Trabalho (Barros-Duarte e Cunha, 2010): questiona condições e caraterísticas de trabalho a que os trabalhadores percecionam estar expostos, e no caso afirmativo, o grau de incómodo sentido (numa escala de 1 a 5).

Metodologia Amostra de 249 fisioterapeutas. Dados utilizados (obtidos através do INSAT 2010): respostas aos 52 itens relativos aos Constrangimentos Organizacionais e Relacionais (Ritmo de Trabalho e Autonomia), às Relações de Trabalho, ao Contacto com o Público, às Caraterísticas do Trabalho e às Condições de Vida Fora do Trabalho. Análise fatorial (AF) para determinação de uma estrutura de fatores. Análise da fiabilidade das soluções encontradas. Análise fatorial confirmatória (AFC) para testar o modelo resultante relativamente à sua dimensionalidade.

Resultados Análise Fatorial Exploratória e Fiabilidade Para a análise fatorial exploratória consideraram-se os itens como possíveis riscos psicossociais a fim de se verificar se poderiam ser associados em fatores similares aos teóricos, admitindo que esses fatores poderiam, ou não, corresponder a uma só classificação teórica. Após análises fatoriais retirando sucessivamente os itens com comunalidades mais baixas foi encontrada uma solução estatisticamente adequada. 18 itens, 5 fatores (58,6% da variância total); KMO=0,80 e teste de esfericidade de Bartlett: χ2 (153) = 236,649, p<,001 Consistência interna (>0,70)

Resultados Análise Fatorial Exploratória e Fiabilidade A análise da fiabilidade da estrutura fatorial através da análise da consistência interna recorrendo ao índice de Cronbach, mostrou: Tabela 1: INSAT-Riscos Psicossociais no Trabalho: Valores do Alpha de Cronbach e Correlações Item/Fator Fatores Correlação Item/Fator Alpha Fator 1,826 1. Ter que fazer várias coisas ao mesmo tempo,537 2. Ser frequentemente interrompido,663 3. Ter que me apressar,630 4. Ter que resolver situações ou problemas imprevistos sem ajuda,452 5. Ter que "saltar" ou encurtar uma refeição ou nem realizar pausa por causa do trabalho,697 6. Frequente a necessidade de ajuda dos colegas (trabalho em equipa), apesar de nem sempre existir,518 7. Com momentos de hipersolicitação,679 Fator 2,876 8. Suportar as exigências, queixas ou reclamações do público,768 9. Confrontar-me com situações de tensão nas relações com o público,853 10. Estar exposto ao risco de agressão verbal do público,678 Fator 3,715 11. Contacto direto com o público,437 12. Onde estou sempre na presença de outros,544 13. Onde sou obrigado a aprender sempre coisas novas,675 Os fatores apresentam bons níveis de consistência interna (acima de 0,70), com exceção do 5 que, no entanto apresenta valores aceitáveis. As correlações entre os itens e os respetivos fatores são, maioritariamente, moderadas existindo duas correlações elevadas. 14. Muito complexo,427 Fator 4,737 15. Que de forma geral está pouco organizado do ponto de vista ergonómico,584 16. Onde faltam equipamentos/instrumentos adequados,584 Fator 5,658 17. Que de forma geral, é pouco reconhecido pelas chefias,492 18. No qual, de forma geral, me sinto explorado,492

Resultados Análise Fatorial Exploratória e Fiabilidade A denominação dos fatores resultou da análise do conteúdo dos itens que cada um integra. Fatores Fator 1_ Intensidade, Ritmo e Sobrecarga de Trabalho 1. Ter que fazer várias coisas ao mesmo tempo 2. Ser frequentemente interrompido 3. Ter que me apressar 4. Ter que resolver situações ou problemas imprevistos sem ajuda 5. Ter que "saltar" ou encurtar uma refeição ou nem realizar pausa por causa do trabalho 6. Frequente a necessidade de ajuda dos colegas (trabalho em equipa), apesar de nem sempre existir 7. Com momentos de hipersolicitação Fator 2_ Exigências Emocionais 8. Suportar as exigências, queixas ou reclamações do público 9. Confrontar-me com situações de tensão nas relações com o público 10. Estar exposto ao risco de agressão verbal do público Fator 3_ Exigências Cognitivas e Dificuldade da Tarefa 11. Contacto direto com o público 12. Onde estou sempre na presença de outros 13. Onde sou obrigado a aprender sempre coisas novas 14. Muito complexo Fator 4_ Organização e Caraterísticas do Local de Trabalho 15. Que de forma geral está pouco organizado do ponto de vista ergonómico 16. Onde faltam equipamentos/instrumentos adequados Fator 5_ Relações Sociais e Interesse pelo Trabalhador 17. Que de forma geral, é pouco reconhecido pelas chefias 18. No qual, de forma geral, me sinto explorado

Resultados Análise da Estrutura Fatorial A solução encontrada foi testada relativamente à sua dimensionalidade recorrendo à análise fatorial confirmatória (AFC) Para o modelo foi especificada uma estrutura fatorial formada por seis fatores, cinco de primeira ordem, como sendo cinco tipos de fatores psicossociais de risco, correlacionados: Intensidade, Ritmo e Sobrecarga de Trabalho; Exigências Emocionais; Exigências Cognitivas e Dificuldade da Tarefa; Organização e Caraterísticas do Local de Trabalho Relações Sociais e Interesse pelo Trabalhador e um fator geral de segunda ordem (latente). Assumiu-se que os cinco fatores de primeira ordem são diferentes dimensões de um mesmo fator latente: Riscos Psicossociais no Trabalho.

Resultados Análise da Estrutura Fatorial Modelo 1: Cinco fatores correlacionados Modelo 2: Um fator geral de segunda ordem com base no Modelo 1 Tabela 2: Índices de Ajustamento Obtidos na Análise Fatorial Confirmatória do INSAT-Riscos Psicossociais no Trabalho χ 2 gl χ 2 /gl CFI NFI TLI RMSEA IC (90%) Modelo 1 Modelo 2 185,697* 192, 996* 125 130 1,486 1,485 0,941 0,939 0,841 0,839 0,919 0,919 0,04 0,04 0,03-0,05 0,03-0,05

Resultados Asolução fatorial de 5 fatores é aceitável, bem como a solução constituída por 1 fator geral de segunda ordem Estes 5 fatores são diferentes dimensões de um mesmo fator latente. Ou seja os 5 fatores encontrados são dimensões de riscos psicossociais no trabalho. Para os riscos psicossociais no trabalho contribuem de forma elevada o fator 1, o 2 e o 5; de forma moderada o 4 e de forma baixa o 3. Ou seja, as exigências cognitivas são menos bem explicadas por estes riscos do que as outras dimensões, cuja explicação é elevada ou moderada.

Discussão e Conclusões Os resultados obtidos a partir desta estrutura fatorial mostram que todos os itens que os constituem são situações onde a exposição dos fisioterapeutas é elevada. Em todas as situações (com exceção da pouca organização ergonómica e do sentimento de exploração) mais de metade dos fisioterapeutas reconhece a sua presença no que diz respeito ao trabalho que realizam. Os maiores valores de exposição são para as situações relacionadas com as exigências relativamente ao contacto com as pessoas e com a intensidade, ritmo e carga de trabalho.

Discussão e Conclusões Contudo, as situações nas quais há uma maior exposição, não são necessariamente aquelas que os fisioterapeutas apontam como causando mais incómodo. Dos três fatores onde os valores de exposição são maiores, um deles, o das Exigências Cognitivas e Dificuldade da Tarefa apresenta para todos os itens incómodo muito baixo. A questão que incomoda mais fisioterapeutas é o terem de se apressar para realizarem o seu trabalho.

Discussão e Conclusões Os fatores psicossociais que mais contribuem para riscos nos fisioterapeutas são: Relações Sociais e Interesse pelo Trabalhador; Organização e Caraterísticas do Local de Trabalho; Exigências Emocionaise Intensidade, Ritmo e Sobrecarga de Trabalho. As situações de potencial risco psicossocial, mais evidentes, são: A falta de reconhecimento do trabalho pelas chefias, A falta de equipamentos ou instrumentos para trabalhar, O confronto com tensões nas relações com os utentes ou familiares, A necessidade de trabalhar de forma apressada, bem como a existência de hipersolicitações. Ofator Exigências Cognitivas e Dificuldade da Tarefa não parece ser um fator de risco, mas sim um fator de alguma proteção para a grande maioria dos fisioterapeutas.

Discussão e Conclusões Face a um trabalho exigente do ponto de vista da sua intensidade, com falhas na organização e equipamentos para o realizar, que não é reconhecido pelas hierarquias, onde a relação entre o que se dá e o que se obtém é pouco justa e que exige do trabalhador a sua mobilização física e emocional, aquilo que ele exige cognitivamente, e o que o torna mais difícil, acaba por ser positivo. Ou seja, estar sempre rodeado de pessoas, contactar com elas e com a sua diversidade pode ser uma forma de relativizar o que, emocional e fisicamente, o trabalho comporta. Por outro lado, a necessidade constante de aprender e a complexidade do trabalho podem significar a não monotonia do mesmo e o estímulo para não rotinizar a sua atividade.

Discussão e Conclusões Demonstra-se, então, que os fatores psicossociais podem ser na sua essência, não somente, uma fonte potencial de risco. Isto é, podendo ser fatores de risco podem constituir-se como fatores de proteção, pois a interação do trabalho com as pessoas pode ter resultados positivos se os indivíduos tiverem oportunidades para desenvolver as suas capacidades (Gollac & Bodier, 2011; Bilbao & Cuixart, 2012). Tal implica que a intervenção deve ser pautada por análises que vão além do óbvio, pois o que deve ser modificado pode não ser exatamente o que aparece como mais evidente, porquanto com essa modificação, podendo retirar-se sofrimento, se retirará, também, as razões para trabalhar.

AGRADEÇO A VOSSA ATENÇÃO