Instituto Superior Miguel Torga Escola Superior de Altos Estudos Mestrado em Psicologia Clínica Terapias Cognitivo- Comportamentais

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Transcrição:

Instituto Superior Miguel Torga Escola Superior de Altos Estudos Mestrado em Psicologia Clínica Terapias Cognitivo- Comportamentais PROJETO DE INVESTIGAÇÃO Autora: Elizabeth Filomena Candeiro Francisco Lousa Orientação: Professora Doutora Margarida Pocinho BENEFÍCIOS DA ESTIMULAÇÃO COGNITIVA EM IDOSOS: UM ESTUDO DE CASO Quais os benefícios da estimulação cognitiva em idosos? Resumo: No âmbito da Dissertação da Tese de Mestrado em Psicologia Clínica no Ramo das Terapias Cognitivo-Comportamentais o presente Projeto de Investigação. Propõe o PLENAMENTE Programa para a Promoção de Competências Cognitivas, Emocionais, Interpessoais e Promoção do Ajustamento Psicológico no Idoso. Que será implementado na Estrutura Residencial para idosos, Centro de Dia e Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Cantanhede em dois grupos de idosos com e sem demências, dedicar-se-á ao uso de técnicas de estimulação cognitiva recorrendo a instrumentos de avaliação psicológica adequados e validos a população idosa. Palavras-chaves: Estimulação cognitiva; Envelhecimento. 1

1. Introdução 1. 1. Enquadramento Teórico O desenvolvimento humano é um processo que decorre desde a conceção até à morte do indivíduo, estando atualmente completamente ultrapassada a ideia de que a pessoa só se desenvolve até à adolescência e, a partir daí se inicia um processo de estagnação e progressivo declínio. Vários estudos se têm dedicado a perceber de que modo se concretizam os diversos percursos de envelhecimento e quais os fatores que influenciam a qualidade do processo de envelhecimento, tornando-o em apenas mais uma etapa da vida adulta da pessoa humana, com desafios e oportunidades desenvolvimentais, ou, por oposição, num processo patológico, com a degeneração de várias funções orgânicas e mentais. Tais estudos e investigações têm, assim, dado um contributo para desafiar e desmistificar vários estereótipos relacionados com o envelhecimento e a pessoa idosa. Por outro lado, identificar fatores de risco e fatores de proteção no processo de envelhecimento, tem ajudado a que se construam programas e se adotem novas práticas relativamente ao idoso, que se constituem como promotoras do ajustamento psicológico e possam ajudar a prevenir processos patológicos de declínio cognitivo. O envelhecimento populacional deve-se ao avanço da promoção de saúde nas últimas décadas, na qual se obtiveram o controlo das doenças infectocontagiosas e a diminuição da taxa de mortalidade infantil e da taxa de natalidade. Em decorrência disso, ocasionou-se uma mudança no perfil demográfico e epidemiológico. Com relação às habilidades cognitivas, Bee (1997) salienta que dos 65 anos aos 75 anos algumas das mudanças cognitivas são subtis ou até inexistentes como é o caso do conhecimento de vocabulário. Contudo, ocorre declínios importantes na medida que envolvem velocidade ou habilidades não exercitadas (Argimon, 2006). O envelhecimento é um processo do desenvolvimento normal, que envolve alterações neurobiológicas estruturais, funcionais e químicas. Incidem sobre o organismo fatores ambientais e socioculturais (qualidade e estilo de vida, dieta, sedentarismo e exercício) intimamente ligados ao envelhecimento sadio ou patológico. Contudo, na presença de disfunções cognitivas e outras, o diagnóstico e a intervenção precoce podem propiciar melhor qualidade de vida ao idoso e sua família/cuidadores (Santos, Andrade, e Bueno, 2009). Os défices físicos, cognitivos e comportamentais observados no envelhecimento, resultam de um conjunto de alterações biológicas que desencadeiam cascatas de eventos moleculares e celulares as quais geram apoptoses, radicais livres, mudanças proteicas e outros danos secundários (Santos et al., 2009). 2

1. 2. O Envelhecimento da Personalidade Segundo a teoria de Murray Brown, a personalidade refere-se a uma série de eventos que abrangem toda a vida do indivíduo, refletindo elementos duradouros e recorrentes do comportamento, bem como elementos novos e únicos. Entretanto, é o agente organizador ou governador do indivíduo. Vários estudos apontam sobre os aspetos de personalidade em idosos e sua relação com outras variáveis (sintomatologia depressiva). Tais estudos são sugeridos a fim de explorar a influência dos aspetos de personalidade sobre a qualidade de vida e depressão em idosos, bem como variáveis de impacto e interferência nesta associação (Irigaray e Schneider, 2009). 1. 3. Benefícios da Estimulação Cognitiva O recurso da estimulação cognitiva através da avaliação da memória, mais precisamente o efeito das chamadas oficinas de memória têm um desempenho mnemónico, através de testes de avaliação psicológica mais precisos e específicos para memória. Que quantificam e avaliam o grau de envolvimento das pessoas e especialmente nos idosos em atividades especificas, é indispensável o uso dos métodos terapêuticos e de importante valor para população mais idosa que se encontra em constante aumento considerável das implicações de défices de memória. O que, representam uma baixa qualidade de vida (Souza e Chaves, 2005). De acordo com Knapp et al. (2013) as funções executivas estão divididas em três grandes categorias de competências: Estimulação Cognitiva: tem a ver com as funções executivas são as habilidades cognitivas necessárias para controlar e regular nossos pensamentos, emoções e ações. Alguns estudiosos fazem uma distinção entre o componente "frio" das funções executivas, que envolve estritamente as habilidades cognitivas (por exemplo, a capacidade de fazer cálculos apenas com a mente), e o componente "quente", que reflete a capacidade de regular as emoções, por exemplo, a capacidade de controlar a raiva. O autocontrolo: é a capacidade de resistir à uma tentação para poder fazer aquilo que é certo. Essa capacidade ajuda a pessoa a prestar atenção, agir com menos impulsividade e a manter a concentração numa determinada tarefa. A memória de trabalho: é a capacidade de manter as informações na mente, onde elas podem ser manipuladas. Essa habilidade é necessária para realizar tarefas cognitivas, tais como estabelecer uma relação entre dois assuntos, fazer cálculos apenas com a mente e estabelecer uma ordem de prioridades entre várias tarefas. A flexibilidade cognitiva: é a capacidade de usar o pensamento criativo e ajustes flexíveis para se adaptar às mudanças. Essa habilidade auxilia as pessoas a utilizar sua imaginação e criatividade para resolver problemas. As habilidades associadas às funções executivas são extremamente importantes para o desenvolvimento tal como exemplificado pelo fato de que as diferenças iniciais nas funções 3

executivas prognosticam ao longo do tempo resultados significativos no desenvolvimento, incluindo o desempenho escolar, os comportamentos relativos à saúde e o ajustamento social (Knapp et al., 2013). 1. 4. Hipóteses H1: O programa Plenamente é eficaz ao nível da alteração e melhoria das relações interpessoais, da sintomatologia psicopatológica e dos sentimentos de solidão. H2: A aplicação do programa possibilita a conservação, recuperação e melhoria das capacidades cognitivas dos idosos. 2. O Programa Plenamente Programa para a Promoção de Competências Cognitivas, Emocionais, Interpessoais e Promoção do Ajustamento Psicológico no Idoso PLENAMENTE, que será implementado na Estrutura Residencial para Idosos e no Centro de Dia da Santa Casa da Misericórdia de Cantanhede, com dois grupos de idosos, para a promoção de competências cognitivas e interpessoais. Nesta perspetiva se enquadram algumas das atividades propostas aos idosos, direcionadas para a estimulação cognitiva, estimulação sensorial, a motricidade, a expressão corporal, a expressão de emoções e promoção do relacionamento interpessoal. As atividades foram executadas em grupo. Ao nível das necessidades interpessoais que o trabalho em grupo preenche, encontramos as necessidades de inclusão, de controlo e afetivas: As necessidades de inclusão compreendem o se sentir aceite e integrado pelos outros ou no grupo; As necessidades de controlo dizem respeito à necessidade sentida por cada pessoa de se sentir responsável por tudo que constitui o grupo (estrutura, atividades, objetivos, etc.); As necessidades de afetivas se prendem com o sentir-se insubstituível e aceite incondicionalmente, no seu todo. A terapia de grupo é muito vantajosa por oferecer muitos benefícios, é do nosso conhecimento que são inúmeras as vantagens das intervenções em grupos de idosos através de programas de estimulação cognitiva e ou de reabilitação neurocognitiva. Como tal, promovem a normalização/relativização das problemáticas; a estimulação das competências de comunicação; e o ajustamento da rede de suporte social (Lima e Oliveira, 2015). As principais razões, na perspetiva de Chiu (1999), prendem-se com o facto das intervenções em grupos revelar a eficácia e eficiência, a longo prazo no sentido de promover, mais facilmente, a adesão dos idosos institucionalizados, isso ajuda na construção de uma opção de tratamento mais viável 4

(dado o número crescente de pessoas idosas), apresenta menor custo e são necessários menos profissionais e menos tempo para intervir com o mesmo número de pessoas. Possibilita o desenho de planos de investigação experimental sobre a intervenção e acarreta nalguns casos, ganhos a nível emocional e cognitivos, superiores às intervenções de cariz individual (Lima e Oliveira, 2015). Na terapia ou intervenções em grupos também há desvantagens, podemos encontrar algumas dificuldades resultantes do curto tempo de foco da atenção, da persistência ideativa, das dificuldades de memória e dos estados confusionais de alguns idosos. Estes problemas têm sido contornados com algumas estratégias de motivação e persistência do terapeuta, com a introdução de algumas atividades mais intensas (sessões de grupo mais frequentes, coorientação para dar mais apoio e utilização das possibilidades transferenciais (Foster e Foster, 1989). Por outro lado, nem todos os pacientes estão à priori indicados para terapia de grupo a intervenção individual é recomendável quando temos pacientes com psicopatologias severas e perturbações cerebrais, pessoas agressivas em relação ao grupo ou ao terapeuta (Lima e Oliveira, 2015). Contudo, a aplicação do PLENAMENTE foi efetuado em dois momentos distintos com dois grupos de idosos com e sem demências. Para a promoção de competências cognitivas e interpessoais. 3. Objetivos do Plenamente 2. 1. Gerais Aplicação do programa PLENAMENTE, em dois momentos distintos, em dois grupos de dosos com e sem demência. 3. Específicos Após a aplicação do programa pretende-se verificar se existem alterações significativas ao nível: Das relações interpessoais; Da sintomatologia psicopatológica; Dos sentimentos de solidão. Verificar em que medida a aplicação do programa possibilita: A conservação das capacidades cognitivas dos idosos; A recuperação das capacidades cognitivas dos idosos; A melhoria das capacidades cognitivas dos idosos. 1. 4. Hipóteses H1: O programa Plenamente sé eficaz ao nível da alteração e melhoria das relações interpessoais, da sintomatologia psicopatológica e dos sentimentos de solidão. H2: A aplicação do programa possibilita a Conservação, recuperação e melhoria das capacidades cognitivas dos idosos. 5

2. Material e Metodologia 3. 1. Local do Estudo Este estudo será realizado na Santa Casa da Misericórdia de Cantanhede, no distrito de Coimbra. 3.2. Instrumentos Serão utilizados quatro instrumentos/testes de avaliação psicológica com questões claras e sucintas (simplificadas), relacionadas ao tema apresentado. Com uma linguagem cuidada e adaptada a cada situação/pessoa. O Mini-mental State Examination (MMSE): é um instrumento extremamente útil na triagem cognitiva por ser simples e de fácil aplicação, com duração de 5 a 10 minutos É o teste mais amplamente utilizado para triagem inicial de pacientes com défices cognitivo, em especial nos idosos em follow-up de pacientes demenciados e supervisão da resposta terapêutica (Folstein, Folstein, e McHugh, 1975). O Teste das figuras: é um teste de aplicação rápida e interpretação simples e são de interesse em exames individual, mas são ainda mais importantes para estudos epidemiológicos de prevalência de demência, é folha de papel contendo 10 figuras e questiona-se ao paciente: que figuras são estas?. O teste de figura é também de simples aplicação e depende pouco do nível de escolaridade, são apresentadas 10 figuras e pergunte: Que figuras são estas? O score é dado pelo número de figuras corretamente identificadas mesmo que não tenham sido adequadamente nomeadas (Perceção visual e nomeação) se não tiver identificado alguma figura, explique o que representa (Nitrini et al., 2004) A Escala de Solidão UCLA-online: é uma escala de heteroadministração, constituída originalmente por 20 itens, todos elaboradas no sentido do constructo da solidão, com quatro alternativas de resposta, variando entre o nunca e frequentemente. Foi desenvolvida para avaliar os sentimentos subjetivos de solidão ou isolamento social. Os itens da versão original foram criados com frases utilizadas por indivíduos solitários para descrever sentimentos de solidão (Russel, Replau e Ferguson 1978). As questões estavam todas apresentadas na direção negativa ou dirigidas à solidão, às quais os indivíduos indicavam com que frequência tinham sentimentos de solidão, numa escala de medida que variava entre nunca (1) e o frequentemente (4). A versão portuguesa da escala UCLA com 16 itens; apresenta duas dimensões (isolamento social e afinidades); tem elevada consistência interna e uma pontuação global> 32 indicativa de sentimentos negativos de solidão (Pocinho, Farate, e Dias, 2010). Serão utilizados instrumentos com questões claras e sucintas (simplificadas) relacionadas ao tema apresentado. Com uma linguagem cuidada e adaptada a cada situação/pessoa. A Escala Geriátrica da Depressão (GDS-27): avalia a função psíquica busca, sobretudo, o diagnóstico de depressão, que representa uma importante causa de incapacidade no mundo e vem se 6

constituindo em verdadeira "epidemia silenciosa". A repercussão da depressão no bem-estar geral e no funcionamento global do paciente é equivalente ou maior àquele observado nas doenças físicas (Pocinho, Farate, Dias, Lee, e Yesavage, 2009). 4. Tipo de Estudos e População Alvo Estudo Quasi-Experimental para melhor compreensão das problemáticas da população-alvo, com idades superiores a 60 anos. Idosos com e sem autonomia. 5. Procedimentos Definição de um dia e horário fixo para a realização das sessões, que deverão ser semanais. Cada sessão tem a duração máxima de 1 hora, seguindo previamente uma planificação, com objetivos gerais e específicos, material necessário, atividades a realizar de forma a atingir os objetivos propostos, 14 sessões. 6. Cronograma das Sessões do PLENAMENTE Sessões Períodos Tema e Objetivos 1 Fevereiro Quem sou eu? Quem és tu? Objetivos: Promover o conhecimento interpessoal através do diálogo; Estimular a motricidade; Definir as regras básicas de funcionamento do grupo. 2 Fevereiro Memória Objetivos: Oferecer um racional sobre o funcionamento da memória; Estimular a memória de curto prazo. 3 Fevereiro Palavras contam histórias Objetivos: Treino de flexibilidade cognitiva; Estimular a criatividade; Estimular a atenção/concentração; Promover o bem-estar subjetivo e as relações interpessoais; Promover a autoestima. 4 Fevereiro Mímica Objetivos: Promoção do bem-estar subjetivo; Treino cognitivo; Treino da coordenação motora; Treino de concentração e observação. 5 Março Memória olfativa e tátil Objetivos: Desenvolvimento das relações interpessoais, através do convívio e de uma atividade divertida; Estimular a memória olfativa e táctil, bem como a motricidade fina, pelo contacto com vários cheiros e a manipulação de vários objetos de diferentes formas e texturas; Promover um sentimento de solidariedade e partilha. 6 Março Completa as frases Objetivos: Treinar a memória de longo prazo; Estimular a partilha de vivências e histórias de vida; Treino de memória; Partilha de vivências. 7 Março Completa as frases Objetivos: Treinar a memória de longo prazo; Estimular a partilha de vivências e histórias de vida; Treino de memória; Partilha de vivências. 8 Março O Presente Objetivos: Promoção do bem-estar subjetivo; Treino cognitivo; Consciencializar para a importância de viver o momento presente, usufruindo dele como fonte de bem-estar e integração; Treino de 7

concentração e relaxamento. 9 Abril Musicalidade e coordenação Objetivos: Treino de coordenação psicomotora; Memorizar sequências de palavras e gestos; Executar sequências de números associados a gestos; Estimular a criatividade; Estimular a atenção/concentração; Estimular a motricidade grossa. 10 Abril A Felicidade Objetivos: Promoção do bem-estar subjetivo; Treino cognitivo: raciocínio, memória; Consciencializar para a influência dos pensamentos sobre as emoções; Promover uma atitude proativa sobre o bemestar pessoal, através da utilização de pensamentos positivos e dos processos de atenção positiva. 11 Abril Detetives Objetivos: Treino de flexibilidade cognitiva; Incentivar os processos de raciocínio lógico, questionamento, colocação de hipóteses. 12 Abril Valores Objetivos: Refletir sobre os nossos valores e a sua coerência com os nossos objetivos e práticas; Desenvolvimento pessoal e interpessoal; Promover a introspeção e facilitar o autoconhecimento. 13 Maio Quem é quem? Objetivos: Treino de flexibilidade cognitiva 14 Maio Despedida Objetivos: Treino da memória de longo prazo; Reflexão sobre o grupo e as atividades; Análise de ganhos pessoais e interpessoais. 7. Estratégias de Análise de Dados As informações recolhidas serão analisadas através da interpretação e cotação de cada instrumento em seguida serão analisadas numa base de dados utilizando testes estatísticos, recorrendo ao programa SPSS. Para a análise das hipóteses, serão necessário fazer o emparelhamento das variáveis existentes, ter em conta o desvio poderão e verificar a existência de correlações, também ter em conta as diferentes perspetivas e experiências dos grupos. Com atenção as influências por diversos fatores, incontroláveis. Após a análise estatística serão elaborados gráficos e tabelas adequadas as hipóteses estudadas, para comparar de forma prática e visual as diferenças/semelhanças existente entre os grupos estudado, que possibilitarão verificar alterações significativas. 8. 1. Responsabilidades dos Investigadores A discente e orientadora, irá recolher os dados, analisar, tratar e discutir com a sua orientanda. Além disso, terá a responsabilidade do uso correto dos mesmos, respeitando sempre os direitos de todos os intervenientes. A docente irá coordenar, orientar e supervisionar todas as fases que dizem respeito à metodologia do projeto. Os procedimentos serão indispensável para a implementação e desenvolvimento do programa. A Orientanda terá a responsabilidade do uso correto de todos os dados recolhidos, sendo que, estes 8

nunca serão utilizados para prejudicar ou lesar alguém. 9. 2. Questões Éticas Ao longo da implementação do programa todas as fases éticas serão cumpridas, os autores serão devidamente citados. Serão efetuados os procedimentos necessários para cumprir os pedidos de autorização para aplicação dos instrumentos de avaliação psicológica. O respetivo Programa será devidamente explicado a todos os participantes, através dos instrumentos utilizados e estarão devidamente acompanhados com os seus anexos (carta de Consentimento Informado e Esclarecido, Termo de Responsabilidade). Seguindo todas as regras dos direitos humanos da não invasão da privacidade do outro. Ou seja, as questões aplicadas aos instrumentos de avaliação psicológica seguem regras que respeitam a lei e os direitos da pessoa e estão devidamente validados. Todas as informações recolhida no âmbito desta investigação será anónima e confidencial, sendo apenas usada para fins da investigação. Em nenhum momento a identificação dos participantes serão revelados para outras finalidades. 10. Cronograma do Projeto Atividades de Campo Outu b Apresentação do projeto X X Nov Dez Jan Fev Mar Abri l Revisão Bibliográfica X X X X X X X X X X Autorizações 1ª Aplicação dos Instrumentos X X X X 2ª Aplicação dos Instrumentos X X X X Inserção e análise de dados X X X X Entrega da 1ª versão da dissertação Entrega da dissertação para defesa X Mai o Jun ho X julho X 9

11. Referências Bibliográficas Argimon, I. I. D. L. (2006). Aspetos Cognitivos em Idosos. Avaliação Psicológica, pp. 243 245. Rio Grande do Sul - Barasil. Retrieved from http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v5n2/v5n2a15.pdf Folstein, M. F., Folstein, S. E., & McHugh, P. R. (1975). Mini-mental state. A practical method for grading the cognitive state of patients for the clinician. Journal of Psychiatric Research, 12(3), 189 98. http://doi.org/0022-3956(75)90026-6 Irigaray, T. Q., & Schneider, R. H. (2009). Dimensões de personalidade, qualidade de vida e depressão em idosas. Psicologia Em Estudo, pp. 759 766. http://doi.org/10.1590/s1413-73722009000400016 Knapp, K., Morton, J. B., Munakata, Y., Michaelson, L., Barker, J., Chevalier, N., Blair, C. (2013, January). Estimulação cognitiva ( funções executivas ) Síntese. Retrieved from http://www.enciclopedia-crianca.com/pages/pdf/estimulacao-cognitiva-funcoesexecutivas.pdf Nitrini, R., Caramelli, P., Herrera Júnior, E., Porto, C. S., Charchat-Fichman, H., Carthery, M. T., Lima, E. P. (2004). Performance of illiterate and literate nondemented elderly subjects in two tests of long-term memory. Journal of the International Neuropsychological Society : JINS, 10(4), 634 638. http://doi.org/10.1017/s1355617704104062 Pocinho, M., Farate, C., & Dias, C. (2010). Validação Psicométrica da Escala UCLA-Loneliness para Idosos Portugueses. Interações: Sociedade e Novas Modernidades, 18, 65 77. Retrieved from http://www.interacoes-ismt.com/index.php/revista/article/viewarticle/304 Pocinho, M., Farate, C., Dias, C. A., Lee, T. T., & Yesavage, J. A. (2009). Clinical and Psychometric Validation of the Geriatric Depression Scale (GDS) for Portuguese Elders. Clinical Gerontologist, 32(2), 223 236. http://doi.org/10.1080/07317110802678680 Pocinho, M., & Pereira, F. (2015). Manual do Psicólogo Margarida Pocinho e Fernando Pereira. Coimbra. Santos, F. H., Andrade, V. M., & Bueno, O. F. A. (2009). Envelhecimento: Um processo multifatorial. Psicologia Em Estudo, pp. 3 10. http://doi.org/10.1590/s1413-73722009000100002 Souza, J., & Chaves, E. (2005). O efeito do exercício de estimulação da memória em idosos saudáveis. Rev Esc Enferm USP, 39(1), 13 19. http://doi.org/10.1590/s0080-6234200500010 10

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