Palavras-chave: Empreendedorismo; Universitários de Administração; Possibilidades.



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Área: Gestão Empresarial (GE) EMPREENDEDORISMO NA UNIVERSIDADE: UM ESTUDO DE CASO BASEADO NA PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR EM RECIFE-PE RESUMO O presente estudo teve como objetivo analisar os fatores que podem influenciar os universitários do Curso de Administração a empreender. Além disso, apresenta as sugestões desses alunos sobre como o empreendedorismo pode ser melhor vivenciado nas instituições de ensino superior. Trata-se de um estudo de caso, com pesquisas bibliográficas e de campo. Dentre os principais resultados, constatou-se que 57% dos respondentes desejam empreender em algum momento da vida; 78% possuem várias características empreendedoras; mais de 90% revelaram que ganhar mais dinheiro e atingir a independência financeira são os fatores que mais os motivam a empreender; e 92,7% disseram que a falta de recursos é o principal obstáculo para montarem seu próprio negócio. A pesquisa também revelou que 63% dos alunos afirmaram que a forma como o empreendedorismo é abordado nas instituições de ensino não é adequada e apresentaram sugestões para que o tema seja melhor vivenciado, destacando-se a realização de atividades mais práticas. Palavras-chave: Empreendedorismo; Universitários de Administração; Possibilidades. ABSTRACT The present study had the purpose analyze the factors that may influence students of business management to undertake. Moreover, this paper presents suggestions from these students about how entrepreneurship can be used in higher education institutions. This is a case study, with literature and field searches. Among the main results, it was found that 57% of the subjects want to undertake in life, 78% have several entrepreneurial characteristics, over 90% reported that gain more money " and " achieve financial independence " are their main reason to undertake, and 92,7% said that lack of resources is their main obstacle have their own business settled The survey also reported that 63% of students think that the way entrepreneurship is discussed at university is not adequate and they presented suggestions for the best experience of entrepreneurship, specially practical activities. Key-words: Entrepreneurship; Administration of Universities; Possibilities. 1

1. INTRODUÇÃO O desejo de conduzir um negócio próprio é bastante comum entre os brasileiros. A lucratividade, o status de possuir uma empresa e até mesmo a vontade de não ser subordinado a ninguém constituem alguns dos fatores que despertam o desejo de empreender. O Brasil tem cerca de 17,5% da população adulta dentro da faixa inicial de empreendedores e foi classificado como o terceiro maior país em número de empreendedores no mundo. De acordo com um estudo realizado pelo SEBRAE 1, em 2013, o índice de sobrevivência das Micro e Pequenas Empresas (MPE) ultrapassa os 70% (G1 ECONOMIA PME, 2013). Em um cenário de desenvolvimento favorável, parece atrativa a ideia de empreender, mas até onde essa expectativa é verdadeira? Muitos empreendedores não têm conhecimentos gerenciais e desconhecem os requisitos básicos e legais para abertura de um negócio. Além disso, a alta carga tributária, o tempo de retorno do investimento e a falta de planejamento são exemplos de alguns fatores que podem desencadear a mortalidade dos novos negócios. Tais desafios apontam a necessidade de buscar informações pois nem sempre o desejo de empreender é suficiente para o sucesso do negócio. Assim, supõe-se que aqueles que têm a oportunidade de ter acesso ao conhecimento e fazer parte do ambiente acadêmico teriam mais facilidade para montar o próprio negócio. Partindo dessas premissas, a questão-problema que norteou o desenvolvimento deste trabalho foi: quais fatores podem influenciar os universitários dos Cursos de Administração a empreender? Para esta análise foram traçados os seguintes objetivos específicos: a) Conhecer o perfil e as possíveis características empreendedoras dos estudantes que cursam Administração em uma instituição de ensino superior em Recife-PE; b) Identificar os aspectos considerados pelos sujeitos da pesquisa que podem motivar ou inibir o desejo de empreender; c) Apresentar sugestões que possam ser vivenciadas no ambiente acadêmico para estimular o espírito empreendedor dos universitários. A realização deste estudo justifica-se pela importância do comportamento empreendedor nos diferentes tipos e portes de organizações. Seja como dono do seu próprio negócio ou como um funcionário empreendedor, é preciso desmistificar o assunto, identificar os fatores que podem fomentar ou inibir o empreendedorismo e refletir sobre as possibilidades de melhorar a gestão empresarial a partir de atitudes empreendedoras que sejam despertadas na universidade. De forma geral, toda a sociedade é beneficiada, pois além da geração de emprego e renda, muitas soluções inovadoras tendem a surgir de empreendedores que não têm o lucro como objetivo principal, podendo criar negócios sociais e sustentáveis. Diante desse contexto, o presente artigo está organizado em seis seções: esta primeira que mostra a relevância do tema, a questão-problema e os objetivos da pesquisa; a segunda parte contempla a fundamentação teórica com as contribuições de diferentes autores sobre empreendedorismo; a terceira seção traz os procedimentos metodológicos que nortearam a pesquisa; a quarta sistematiza os resultados do estudo; a quinta parte expõe as considerações finais e as respectivas contribuições do artigo; e na sexta seção são apresentadas as referências bibliográficas que fundamentaram o trabalho. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Esta seção contempla conceitos, tipos e mitos sobre Empreendedorismo. Além disso, também foram sistematizadas as principais características que compõem o perfil empreendedor e os fatores que podem motivar ou desestimular as pessoas a empreender. 1 Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 2

2.1 EMPREENDEDORISMO: UMA BREVE EXPLANAÇÃO DE CONCEITOS O conhecimento empírico norteou, por um longo tempo, a criação e a gestão de negócios. Muitas empresas familiares emergiam e permaneciam consolidadas por muitos anos, dentre as quais algumas persistem até os dias atuais. Com as constantes evoluções e mudanças no mercado, bem como suas influências diretas sobre o ambiente interno das organizações, as empresas perceberam a necessidade de profissionalizar seus procedimentos e técnicas empíricas, incorporando conhecimentos que possam promover um desenvolvimento mais sustentável. O cenário atual de ampla concorrência requer estudos de mercado, planejamentos e práticas inovadoras dos empreendedores. Dessa forma, não basta querer empreender, é preciso saber criar e gerir um negócio. O significado do termo Empreendedorismo é bastante amplo e vem sofrendo mudanças conceituais ao longo do tempo. Oliveira (2014) verificou que cada corrente teórica possui sua forma de conceituar o empreendedorismo: a visão econômica normalmente investiga a atividade empresarial e o seu entorno macro e microeconômico; a psicológica tem um foco maior na característica dos empreendedores, seus aspectos cognitivos e os fatores que explicam a conduta comportamental; a sociológica observa as influências do empreendedorismo na sociedade e suas consequências; e, por fim, a gerencial que analisa as habilidades e o conhecimento dos empreendedores. Essas premissas nortearam o desenvolvimento dessa pesquisa com foco nas abordagens gerencial e psicológica, objetivando traçar os perfis dos universitários dos Cursos de Administração e sua motivação para a criação de novos negócios. As definições encontradas no estudo de Oliveira (2014) elevam a percepção de que a visão dos negócios é adaptada de acordo com a perspectiva de cada área, permitindo uma abrangência maior sobre o conceito de empreendedorismo. Nesta análise conceitual, percebeu-se que Cromie (2000 apud OLIVEIRA, 2014) descreve a prática de empreender como criar novos negócios; enquanto Wood (2005 apud OLIVEIRA, 2014) apresenta uma definição mais completa, argumentando que empreender consiste em criar uma oportunidade não percebida anteriormente e, com isso, tomar as ações necessárias para aproveitá-la e tornála uma realidade. Apresenta-se, ainda, a definição de Dornelas (2008), que caracteriza empreendedorismo como o processo de criação de algo novo, conferindo dedicação, investimento e riscos para o empreendedor. O risco pode ser considerado um dos pontos principais a serem observados na construção do conceito, visto que ele é ressaltado por vários autores, entre eles, Hisrich, Peters e Shepherd (2009), que resumem a definição de Dornelas, conceituando empreendedor como aquele que assume riscos e inicia algo novo. Além dos conceitos supracitados, destaca-se o trabalho de Dantas (2008) que, por sua vez, cita o economista irlandês Richard Cantillon, acrescentando os significados de entrepreneur 2 (aquele que por necessidade, vocação ou oportunidade, entra no mercado a partir da criação de uma nova empresa e manutenção de sua gerência) e intrapreneur 3 (aquele que empreende na empresa que trabalha, ou seja, é o funcionário que tem características empreendedoras). Segundo Pinchot (1985 apud DANTAS, 2008), o intraempreendedorismo incentiva as pessoas a terem ideias e oferece oportunidades para que sejam realizadas nas empresas que trabalham. Tais práticas empresariais servem como fatores de crescimento motivacional, visto que atualmente o ambiente empresarial é instável, dinâmico e concorrido. Assim, toda informação privilegiada ou ideia inovadora podem tornar-se uma vantagem competitiva. 2 Tradução - Empreendedor 3 Traduação - Intraempreendedor 3

Na seção subsequente são apresentadas as principais características que compõem o perfil do empreendedor, seja ele o dono do negócio ou um funcionário. 2.2 PERFIL EMPREENDEDOR Diferentes autores apresentam várias atitudes que um empreendedor deve ter ou precisa desenvolver para alcançar o sucesso do negócio. O Quadro 01 sistematiza as dez principais características que compõem o perfil do empreendedor: VISÃO DE AUTORES E INTITUIÇÕES QUE SÃO REFERÊNCIA EM EMPREENDEDORISMO DOLABELA (2006) DORNELAS (2008) ENDEAVOR (2013) SEBRAE (2014) Assumir Riscos Assumir Riscos Assumir Riscos Assumir Riscos Enérgico Ser Visionário Lutador Visionários Possui Iniciativa Saber Tomar Decisões Desbravador Possuem Iniciativa Autônomo Explorador Oportunidades Empolgado Persistente Autoconfiante Ser Determinado Provedor Autoconfiante Otimista Ser Otimista Apaixonado Persuasivo Necessidade de Realização Ser Dedicado Antenado Comprometido Perseverante Ser Independente Independente Independente Tenaz Ser Dinâmico Arrojado Exigente (Qualidade/ Eficiência) Líder Ser Líder Pragmático Buscador De Informações Quadro 01. As dez principais características empreendedoras Fonte: Elaborado pelos autores com base nas diferentes fontes de pesquisa citadas no quadro (2014) É preciso destacar que as dez características sistematizadas no Quadro 01 não foram colocadas em uma ordem de prioridade. Dessa forma, a primeira atitude (assumir riscos) não é preponderante sobre ser líder, característica que consta na última linha. Entretanto, é válido ressaltar que determinados comportamentos foram citados por todos ou quase todos os autores e instituições pesquisadas. Assim, a coragem para assumir riscos constitui um comportamento inerente ao perfil empreendedor. Porém não se trata de correr riscos de forma irresponsável. O empreendedor precisa conhecer e buscar informações sobre o cenário de atuação, calcular e avaliar os resultados, bem como as possíveis consequências dos riscos para, só então, decidir com planejamento a melhor estratégia de assumi-los. Muitas pessoas acham que não podem empreender porque não apresentam essas características. Entretanto, é possível desenvolvê-las, pois é mito considerar que o empreendedor já nasce com esse perfil. A seguir são apresentados outros mitos que inibem o surgimento de novos empreendedores. 2.3 MITOS SOBRE EMPREENDEDORISMO O tema empreendedorismo é rodeado de mitos e alguns receios. Vários deles frutos de experiências de insucesso e frustração de expectativas decorrentes da falta de planejamento 4

dos novos empreendedores. De acordo com a Revista Exame (2000) existem vários mitos sobre este assunto, por exemplo, acreditar que os empreendedores nascem prontos e com características perfeitas são suposições que permeiam a mente de muitas pessoas. Apesar de comprovado que apenas algumas características de personalidade podem influenciar no ato de empreender (energia, disposição e criatividade), não se pode descartar as habilidades e experiências adquiridas ao longo do tempo que, muitas vezes, são determinantes e auxiliam na criação dos novos empreendimentos. Aqueles que desejam montar o seu próprio negócio (entrepreneur) ou o empresário que queira ter um time de funcionários empreendedores (intrapreneurs) precisam conhecer o seu perfil, analisando seus pontos fortes e traçando estratégias para aprimorar as características que podem ser desenvolvidas. Também é mito acreditar que existe uma faixa etária ideal para empreender, capacidade esta atribuída especialmente a jovens. Essa suposição também pode ser descartada, devido ao grande volume de empresas no mercado cujos donos têm idade mais avançada e permanecem com energia para condução de um negócio. Com o aumento da expectativa de vida, muitas pessoas que se aposentam podem tornar-se empreendedores de sucesso (JORNAL DO EMPREENDEDOR, 2012). Algumas especulações surgem, do mesmo modo, relativas ao comportamento dos donos de empresas: que alguns trabalham exacerbadamente, outros menos que o esperado, muitos têm liberdade total para agir da maneira que quiserem ou ainda que sofrem de estresse devido às atividades realizadas. Nenhuma dessas suposições é confirmada e constituem outros mitos relacionados a quem empreende. Tais comportamentos podem variar de acordo com a personalidade do ser humano, com a sua tendência a patologias ou o seu grau de responsabilidade. Porém, tais fatores podem incidir sobre todas as pessoas, independente de serem empreendedoras ou não. Outro mito, bastante popular sobre empreendedorismo, refere-se ao fato de que é preciso ter muito dinheiro para montar um negócio. De fato, o capital financeiro é importante, mas deve ser tratado como um facilitador e não como um entrave. Aquele que quer empreender busca informações sobre como conseguir recursos, desenvolve um bom plano de negócios, estrutura parcerias viabilizada por boas redes de contatos e pode até conseguir o investimento necessário em bancos ou editais de diferentes instituições que apoiam o empreendedorismo. De acordo com Sá (2013), programas de incubadoras, anjos investidores e até aceleradoras do Governo Federal, a exemplo do Programa STARTUP Brasil, são alternativas para obter recursos para quem deseja empreender. É necessário desmistificar essas ideias para que o desejo de empreender prevaleça sobre as limitações. A busca de informações é essencial para transformar o que parece ser uma dificuldade em uma excelente oportunidade de negócios. Esta seção apresentou alguns dos principais mitos que podem inibir o empreendedorismo. Na sequência, são evidenciados os fatores que motivam as pessoas a empreender, bem como alguns aspectos (mitos ou não) que podem desestimular um potencial empreendedor. 2.4 FATORES QUE PODEM (DES)ESTIMULAR O DESEJO DE EMPREENDER Dantas (2008) destaca a importância do empreendedorismo apontando os seguintes benefícios: desenvolvimento de novos mercados; maior oferta de bens e serviços para a sociedade; redução da informalidade; geração de emprego e renda; aumento do crescimento econômico, dentre outros. No entanto, o autor ressalta que essas vantagens não são absolutas e que nem sempre são possíveis de serem alcançadas. Mesmo assim, os benefícios são visíveis e motivam muitas pessoas a empreender. A busca por maior flexibilidade de horários, a inexistência de subordinação, a possibilidade de ter uma melhor remuneração, liberdade, qualidade de vida e status 5

constituem alguns dos fatores que aumentam o desejo de empreender. Esses benefícios surgem a partir de observações de casos bem sucedidos de empreendedores que se destacam no mercado. Além disso, Ruivo (2011) cita 20 razões que estimulam o desejo de uma pessoa a empreender: 01. Criar o seu próprio emprego; 02. Fazer o que mais gosta e ganhar dinheiro ao mesmo tempo; 03. Aumentar a sua rede de contatos; 04. Construir a sua própria empresa; 05. Ajudar os outros; 06. Poder trabalhar em casa; 07. Ter uma vida com menos estresse e pressão diária; 08. Desenvolver as suas capacidades e competências; 09. Seguir as suas próprias regras de trabalho; 10. Ser mais recompensado pelo seu trabalho; 11. Trabalhar em equipe com as pessoas que escolher; 12. Competir mais e vencer novos desafios; 13. Ter mais tempo para si e para a sua família; 14. Trabalhar sem hierarquias organizacionais; 15. Estimular a sua mente a novas ideias, com mais criatividade; 16. Atingir a independência financeira; 17. Ter motivação extra todos os dias; 18. Ser mais feliz do que seria como empregado; 19. Criar a sua própria rotina e os seus próprios horários; 20. Ser mais ativo na sociedade. Por outro lado, muitas pessoas têm medo de empreender, seja por causa dos mitos apresentados ou por causa dos obstáculos que, porventura, possam enfrentar. Dentre os principais aspectos que podem desestimular o desejo de empreender, destacam-se: * Questões Administrativas Pouco conhecimento e experiência para gerir a empresa, elaborar o plano de negócios, desenvolver pesquisas e utilizar ferramentas gerenciais; * Questões Financeiras Falta de recursos próprios para investir na ideia e desconhecimento de linhas de crédito que possam ser utilizadas para empreender. * Questões Burocráticas Dúvidas para registrar o negócio, elevada carga tributária e possíveis necessidades de certificação e licenças para funcionamento; De acordo com pesquisa realizada pela Regus, empresa que oferece espaços alternativos de trabalho, no Brasil, a burocracia é o principal obstáculo (93%) enfrentado por quem quer abrir o próprio negócio. Em seguida estão a falta de apoio do governo (76%), a dificuldade de acesso ao crédito (75%), o predomínio de companhias de grande porte no mercado (49%) e a situação econômica atual (43%). Embora também seja apontada como a principal dificuldade para empreendedores de outros países emergentes, como Índia (70%), México (80%) e África do Sul (82%), a burocracia se mostra bem mais predominante no Brasil (FONSECA, 2013). Uma enquete realizada pelo Portal da Administração (2013) revelou que falta de dinheiro, falta de pessoas qualificadas para integrar a equipe, instabilidade política/legal/tributária, falta de informações sobre o mercado e insegurança (medo de estragar a carreira e não poder contar com um salário fixo) constituem as principais dificuldades para empreender. Em relação a este último aspecto, percebe-se que muitos universitários tentem a se preparar para fazer um concurso público visando à estabilidade profissional. Além disso, o tempo de retorno do investimento, a dificuldade para identificar uma boa oportunidade de negócio, o medo e os mitos para empreender são fatores que podem 6

desmotivar um potencial empreendedor. Entretanto, determinado aspecto pode ser considerado um obstáculo para uma pessoa e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para quem tem vontade de empreender. Dessa forma, o acesso às informações é essencial para esclarecer, desmistificar e orientar as pessoas sobre empreendedorismo. E, neste sentido, a universidade apresenta um papel fundamental para disseminar tais conhecimentos em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Portanto, a seguir são apresentados os procedimentos metodológicos que nortearam o desenvolvimento desta pesquisa com os universitários dos Cursos de Administração. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Segundo Lakatos & Marconi (2010, p. 65), a metodologia científica compreende um conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros - traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do pesquisador". Diante disso, esta seção detalha todos os procedimentos metodológicos utilizados para responder a questão-problema da pesquisa e alcançar os objetivos propostos. Para fins de classificação da pesquisa, utilizou-se a taxionomia proposta por Vergara (2013). Quanto aos fins, foi desenvolvida uma pesquisa descritiva e explicativa: - A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza; - A investigação explicativa tem como principal objetivo tornar algo inteligível, justificar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno. Por exemplo: as razões do sucesso de determinado empreendimento. Pressupõe pesquisa descritiva como base para suas explicações (VERGARA, 2013, p. 45). Quanto aos meios, a pesquisa classifica-se como bibliográfica, de campo e estudo de caso, conforme detalhado abaixo: - Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral; - Pesquisa de campo é a investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação participante ou não; - O estudo de caso está circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como pessoa, família, produto, empresa, órgão público, comunidade ou mesmo país. Tem caráter de profundidade e detalhamento (VERGARA, 2013, p. 46). O universo da pesquisa foi constituído por universitários do Curso de Administração de uma instituição de ensino superior em Recife-PE, que possui cerca de 270 alunos matriculados. Desse total, conseguiu-se coletar dados com 82 alunos, obtendo uma amostra significativa de 30% do universo da pesquisa. A amostra caracteriza-se como nãoprobabilística, uma vez que os sujeitos da pesquisa foram consultados por acessibilidade. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário contendo 10 perguntas divididas em duas seções: a primeira referia-se à obtenção de informações acerca do perfil dos respondentes e a segunda parte abordava questionamentos sobre empreendedorismo. A pesquisa foi realizada nos dias 03 a 06 de fevereiro de 2013 com alunos do Curso de Administração matriculados nos turnos da manhã e da noite na instituição pesquisada. Utilizou-se a estatística descritiva para fazer o tratamento dos dados e a apresentação dos resultados. Apesar de prevalecer o método quantitativo neste estudo, segundo Vergara (2013) 7

é possível fazer a complementação de uma análise incluindo considerações qualitativas. Dessa forma, algumas respostas do questionário foram agrupadas e comentadas à luz das considerações dos vários autores que fundamentaram esta pesquisa. Tendo como base os objetivos delineados no artigo, a próxima seção sistematiza os resultados obtidos em campo. 4. RESULTADOS 4.1 PERFIL E CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS DOS RESPONDENTES Em relação ao perfil dos respondentes, constatou-se que 34% são do gênero masculino e 66% são do gênero feminino, com idade média de 25 anos porém a faixa etária variou de 18 a 58 anos. Do total de respondentes, 52% disseram que trabalham, porém 26% desse grupo revelaram que não estão satisfeitos profissionalmente. Também é pertinente destacar que das 82 pessoas pesquisadas, apenas 05 possuem um negócio próprio, ou seja, esse quantitativo não representa nem 1% do universo estudado. Entretanto, 57% revelaram que desejam empreender em algum momento da sua vida. O Gráfico 01 ilustra, sinteticamente, as principais respostas do perfil dos respondentes: Gráfico 01. Visão Geral do Perfil dos Respondentes Fonte: Dados da Pesquisa (2014) Para identificar se a amostra pesquisada apresenta traços e atributos considerados essenciais ao empreendedor, foi utilizado o teste desenvolvido por Dornelas (2003), no qual os respondentes atribuíram notas de 1 a 5 de acordo com o grau de presença de determinada característica pessoal. Para melhor entendimento do instrumento utilizado, o teste encontra-se no anexo deste trabalho. A autoavaliação contempla a análise de 30 itens subdivididos em 05 blocos de características: 1) Comprometimento e determinação (questões 01 a 06); 2) Obsessão pelas oportunidades (questões 07 a 09); 3) Tolerância ao risco, ambiguidade e incertezas (questões 10 a 14); 4) Criatividade, autoconfiança e habilidade de adaptação (questões 15 a 19); e 5) Motivação e superação (questões 20 a 30). Do total de pesquisados, constatou-se que: 8

17% obtiveram de 120 a 150 pontos e, de acordo com o teste de Dornelas (2003), esse grupo possui as características comuns aos empreendedores e tem tudo para se diferenciar em sua organização; 78% somaram de 90 a 119 pontos, ou seja, são pessoas que possuem muitas características empreendedoras e às vezes se comportam como um, porém pode melhorar ainda mais se equilibrar os pontos ainda fracos com os pontos já fortes; 5% tiveram entre 60 a 89 pontos. Segundo o autor do teste, esse grupo ainda não é muito empreendedor e, provavelmente, se comporta, na maior parte do tempo, como um administrador tradicional e não um fazedor. Dornelas sugere que para se diferenciar e começar a praticar atitudes empreendedoras é preciso analisar os seus principais pontos fracos e definir estratégias pessoais para eliminá-los. Ninguém na pesquisa obteve menos de 60 pontos e, segundo o autor, seriam aquelas pessoas que ainda não possuem características empreendedoras. É imprescindível ressaltar que o teste não tem como objetivo rotular ninguém. Trata-se de um instrumento de reflexão para que os respondentes possam conhecer melhor o seu perfil e buscar desenvolver as características que receberam uma pontuação baixa. 4.2 ASPECTOS QUE PODEM MOTIVAR OU INIBIR O DESEJO DE EMPREENDER Dentre os fatores considerados mais relevantes que estimulam os alunos de Administração a empreender, destacaram-se: Tabela 01. Grau de importância dos fatores que motivam a empreender MOTIVOS PARA EMPREENDER? EXTREMAMENTE NEUTRO TANTO FAZ NÃO É TÃO NADA Ser meu próprio patrão 35,4% 50,0% 12,2% 1,2% 1,2% 100% Ajudar aos outros 12,2% 46,3% 29,3% 9,8% 2,4% 100% Poder trabalhar em casa 15,9% 40,2% 20,7% 17,1% 6,1% 100% Seguir as próprias regras de trabalho 24,4% 45,1% 18,3% 7,3% 4,9% 100% Reconhecimento do meu trabalho 50,0% 35,4% 13,4% 1,2% 0,0% 100% Ter mais tempo para minha família 40,2% 43,9% 8,5% 4,9% 2,4% 100% Ter uma vida com menos estresse 26,8% 36,6% 18,3% 6,1% 12,2% 100% Status de ter um negócio próprio 7,3% 20,7% 48,8% 9,8% 13,4% 100% Atingir independência financeira 59,8% 32,9% 1,2% 2,4% 3,7% 100% Estimular a criatividade 32,9% 40,2% 19,5% 6,1% 1,2% 100% Flexibilidade de horários 36,6% 47,6% 12,2% 1,2% 2,4% 100% Ganhar mais dinheiro 46,3% 47,6% 6,1% 0,0% 0,0% 100% Ter mais liberdade e autonomia 46,3% 42,7% 9,8% 1,2% 0,0% 100% Realizar um sonho pessoal 37,8% 32,9% 14,6% 12,2% 2,4% 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2014) A soma do quantitativo de respostas assinaladas como extremamente relevante e relevante, comprovou que os motivos ganhar mais dinheiro e atingir a independência financeira foram assinalados por mais de 90% dos respondentes. Também foram considerados fatores importantes: ter mais liberdade e autonomia (89%); ser o próprio patrão (85%); ter reconhecimento do trabalho (85%); ter mais tempo para a família (84%); e ter flexibilidade de horários (84%). Com exceção do fator status, todos os outros itens foram avaliados como relevante ou extremamente relevante por mais de 50% dos respondentes. Tais informações retratam o que os autores (DANTAS, 2008; RUIVO, 2011) citaram sobre os fatores que motivam uma pessoa a criar seu próprio negócio. Por outro lado, aqueles que não desejam empreender revelaram que os maiores obstáculos são: TOTAL 9

Tabela 02. Grau de importância dos fatores que inibem o desejo de empreender OBSTÁCULOS PARA EMPREENDER? EXTREMAMENTE NEUTRO TANTO FAZ NÃO É TÃO NADA Falta de recursos financeiros 53,7% 39,0% 3,7% 2,4% 1,2% 100% Burocracia 19,5% 53,7% 19,5% 6,1% 1,2% 100% Elevada carga tributária 37,8% 39,0% 14,6% 3,7% 4,9% 100% Risco do negócio não dar certo 35,4% 43,9% 15,9% 4,9% 0,0% 100% Dúvidas em relação ao registro do negócio 6,1% 40,2% 29,3% 18,3% 6,1% 100% Falta de experiência e conhecimento sobre gestão 13,4% 36,6% 28,0% 12,2% 9,8% 100% Falta de informação sobre o negócio 17,1% 40,2% 19,5% 17,1% 6,1% 100% Não conhecer ou ter acesso a linhas de crédito 12,2% 42,7% 22,0% 15,9% 7,3% 100% Não saber fazer um plano de negócios 11,0% 29,3% 19,5% 25,6% 14,6% 100% Exigências de certificados e licenças p/ funcionamento 12,2% 37,8% 25,6% 22,0% 2,4% 100% Fonte: Dados da Pesquisa (2014) A soma do quantitativo de respostas assinaladas como extremamente relevante e relevante, comprovou que a falta de recursos financeiros foi o motivo mais importante na opinião de 92,7% dos alunos pesquisados. Ao mesmo tempo, eles estão cientes de que desconhecem as linhas de crédito disponíveis. Outros fatores também foram considerados obstáculos impactantes, como: risco de o negócio não dar certo (79,3%); elevada carga tributária (76,8%); burocracia (73,2%). Esses dados corroboram pesquisas (FONSECA, 2013; PORTAL DA ADMINISTRAÇÃO, 2013) mais abrangentes sobre empreendedorismo, destacando que os fatores que inibem a ação de empreender são comuns em várias pessoas. Dessa forma, não é porque um universitário do Curso de Administração tem mais acesso a informações gerenciais que tal vantagem constituirá uma razão para empreender. Outras dificuldades inibem o empreendedorismo até mesmo com os universitários da área de gestão. Os respondentes também comentaram no questionário que, a concorrência do mercado informal e a dificuldade de encontrar alguém confiável que compartilhe o mesmo sonho, também constituem obstáculos para empreender. 4.3 SUGESTÕES PARA VIVENCIAR O EMPREENDEDORISMO NA UNIVERSIDADE Geralmente, nas instituições de ensino, o tema Empreendedorismo é abordado com mais ênfase em determinada disciplina do curso. Diante disso, foi perguntado na pesquisa: na sua opinião, discutir o tema em apenas uma disciplina é suficiente? Do total de respondentes, 63% afirmaram que não e apresentaram as seguintes sugestões para vivenciar o empreendedorismo na Universidade: 31% disseram que gostariam de ter aulas práticas, fazer visitas técnicas e ter mais atividades extracurriculares; 25% falaram que o tema deveria ser abordado de forma integrada em outras disciplinas; 23% acham que a universidade deveria promover, continuamente, eventos sobre o tema através de oficinas, palestras, minicursos, workshops e socialização de cases de sucesso; 14% sugeriram a criação de Empresa Júnior, Startups e laboratório de empresas; 1% escreveu que deveriam tentar trazer o Sebrae para dentro da instituição. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O desejo de empreender se faz presente na maioria das pessoas e os dados da pesquisa revelaram os principais fatores que motivam ou inibem o empreendedorismo. O aspecto financeiro (desejo de ganhar mais dinheiro) foi considerado o estímulo mais relevante para criar um negócio, ao mesmo tempo em que a falta de capital foi citada como o principal TOTAL 10

obstáculo. Esse resultado precisa ser analisado com cuidado, visto que o mesmo fator pode ser visto como um aspecto positivo ou negativo. Por esse motivo é preciso disponibilizar mais informações sobre o assunto, pois um obstáculo para alguém pode ser considerado uma oportunidade para quem tem o conhecimento, por exemplo, das fontes de crédito. Diante do exposto, observou-se também que, as sugestões dos respondentes para as instituições de ensino vivenciarem o tema são pertinentes e poderiam ser implementadas pelas universidades com o objetivo de abordar o empreendedorismo de forma mais sistêmica e contínua, desmitificando o assunto e desenvolvendo, nos alunos, as características e competências necessárias a empreender. 6. REFERÊNCIAS DANTAS, E. B. Empreendedorismo e intraempreendedorismo: é preciso aprender a voar com os pés no chão. 2008. Disponível em: <http://goo.gl/qvpkxc> Acesso em: 27 jan. 2014. DOLABELA, F. O Segredo de Luísa. São Paulo: Cultura, 2006. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias e negócios. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.. Empreendedorismo Corporativo: como ser empreendedor, inovar e se diferenciar em organizações estabelecidas. Rio de Janeiro: Campus, 2003 ENDEAVOR Brasil. Os 9 perfis dos empreendedores brasileiros. 2013. Disponível em: <http://goo.gl/kz2ida>. Acesso em 28 jan. 2014 FONSECA, M. Burocracia é o maior obstáculo para empreender no Brasil. 2013. Disponível em: <http://goo.gl/89ovjh>. Acesso em 27 jan. 2014. G1 ECONOMIA PME. Taxa de sobrevivência de MPEs sobe para 75,6%, indica Sebrae. 2013. Disponível em: <http://goo.gl/4nmlxr>. Acesso em: 19 jan. 2014. HISRICH, R. D.; PETERS, M. P.; SHEPHERD, D. A. Empreendedorismo. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. JORNAL do Empreendedor. Aposentados podem ser Empreendedores de Sucesso. 2012. Disponível em: <http://goo.gl/aaksva>. Acesso em 29 jan. 2014. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, M. de F. S. El concepto del empreendedorismo: Todavía un problema? Disponível em: <http://goo.gl/usli9k> Acesso em: 25 jan. 2014. PORTAL da Administração. Enquete: quais são as principais dificuldades para você empreender? 2013. Disponível em: <http://goo.gl/rtmhu7>. Acesso em 27 jan. 2014. REVISTA Exame Notícias. Mitos sobre empreendedores. 2000. Disponível em: <http://goo.gl/rw3gjk>. Acesso em: 28 jan. 2014. RUIVO, Diogo. 21 Razões para se tornar um Empreendedor. 2011. Disponível em: <http://goo.gl/qnjl1e>. Acesso em: 28 jan. 2014. SÁ, Marina de B. N. Start Up Brasil, desenvolvimento brasileiro e empreendedorismo. 2013. Disponível em: <http://goo.gl/k8dkn3> Acesso em 23 jan. 2014. SEBRAE. Características do empreendedor. 2014. Disponível em: <http://goo.gl/rlmb3x>. Acesso em: 28 jan. 2014. 11

ANEXO TESTE DO PERFIL EMPREENDEDOR UTILIZADO NA PESQUISA DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo Corporativo: como ser empreendedor, inovar e se diferenciar em organizações estabelecidas. Rio de Janeiro: Campus, 2003. No quadro abaixo, atribua a nota 1, 2, 3, 4 ou 5 com base no grau de presença da característica em seu perfil. Considere 5 (Excelente), 4 (Bom), 3 (Regular), 2 (Fraco), 1 (Insuficiente). Comprometimento e determinação 1. Proatividade na tomada de decisão 2. Tenacidade, obstinação 3. Disciplina, dedicação 4. Persistência em resolver problemas 5. Disposição ao sacrifício para atingir metas 6. Imersão total nas atividades que desenvolve Obsessão pelas oportunidades 7. Procura ter conhecimento profundo das necessidades dos clientes 8. É dirigido pelo mercado (market driven) 9. Obsessão em criar valor e satisfazer aos clientes Tolerância ao risco, ambiguidade e incertezas 10. Corre riscos calculados (analisa tudo antes de agir) 11. Procura minimizar os riscos 12. Tolerância às incertezas e falta de estrutura 13. Tolerância ao estresse e conflitos 14. Hábil em resolver problemas e integrar soluções Criatividade, autoconfiança e habilidade de adaptação 15. Não-convencional, cabeça aberta, pensador 16. Não se conforma com o status quo (situação atual em que se encontra) 17. Hábil em se adaptar a novas situações 18. Não tem medo de falhar 19. Hábil em definir conceitos e detalhar ideias Motivação e superação 20. Orientação a metas e resultados 21. Dirigido pela necessidade de crescer e atingir melhores resultados 22. Não se preocupa com status e poder 23. Autoconfiança 24. Ciente de suas fraquezas e forças 25. Tem senso de humor e procura estar animado 26. Tem iniciativa 27. Poder de autocontrole 28. Transmite integridade e confiabilidade 29. É paciente e saber ouvir 30. Sabe construir times e trabalhar em equipe TOTAL NOTA Análise do desempenho: 120 a 150 pontos: Você provavelmente já é um empreendedor, possui as características comuns aos empreendedores e tem tudo para se diferenciar em sua organização. 90 a 119 pontos: Você possui muitas características empreendedoras e às vezes se comporta como um, porém pode melhorar ainda mais se equilibrar os pontos ainda fracos com os pontos já fortes. 60 a 89 pontos: Você ainda não é muito empreendedor e provavelmente se comporta, na maior parte do tempo, como um administrador tradicional e não um fazedor. Para se diferenciar e começar a praticar atitudes empreendedoras, procure analisar os seus principais pontos fracos e definir estratégias pessoais para elimina-los. Menos de 60 pontos: Você não é empreendedor e, se continuar a agir como age dificilmente será um. Isso não significa que você não tenha qualidades, apenas que prefere seguir a ser seguido. Se sua posição na empresa exigir um perfil mais empreendedor, reavalie sua carreira e seus objetivos pessoais. 12