Tapioca na mesa dos brasileiros 1

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Transcrição:

Tapioca na mesa dos brasileiros 1 Lia Rodrigues Carneiro de MELO 2 Alessandra de Oliveira CASTRO 3 Francisco Daniel Rocha da SILVA 4 Marisa Façanha TAVARES 5 Kátia Regina Azevedo PATROCÍNIO 6 Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE RESUMO O presente trabalho tem como objetivo relatar o processo de produção da reportagem em radiojornalismo intitulada Tapioca na mesa dos brasileiros. O produto foi elaborado por alunos da disciplina de Princípios e Técnicas de Radiojornalismo I, do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). O rádio é um meio de comunicação com forte potencial de difusão de informação e entretenimento. Na perspectiva radiofônica o caráter informativo da reportagem tem grande importância por ser um meio popular e presente no cotidiano das pessoas. O processo de produção consistiu em etapas como a escolha da temática da matéria, a definição do foco, a apuração e a gravação. O tema escolhido para a reportagem foi a tapioca, produto regional muito consumido no Ceará, que está se propagando pelo país por seu sabor, benefícios e valores nutricionais. PALAVRAS-CHAVE: Radiojornalismo; Reportagem; Tapioca; Culinária regional. 1 INTRODUÇÃO A disciplina de Princípios e Técnicas de Radiojornalismo I, do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, começa apresentando ao aluno a trajetória do rádio no Brasil e no Ceará. Ademais, são abordados fundamentos e métodos para a realização da atividade radiofônica, abrangendo formatos como notícias, entrevista, boletim, reportagem e radiodrama. Os estudantes podem compreender e exercitar técnicas essenciais para o rádio, como a construção de textos adequados para o meio, a forma correta de se fazer uma locução, como fazer um discurso claro e fácil de ser compreendido pelo ouvinte e como montar um texto noticioso com a estrutura correta. Entre as atividades solicitadas pela professora durante o período letivo de 2015.2, estavam a adaptação de textos de mídia 1 Trabalho submetido ao XXIII Prêmio Expocom 2016, na Categoria Jornalismo, modalidade JO09 Reportagem em Radiojornalismo (avulso). 2 Aluna líder do grupo e estudante do 4º Semestre do Curso Comunicação Social Jornalismo, email: liarodriguescm@gmail.com. 3 Estudante do 4º Semestre do Curso Comunicação Social Jornalismo, email: castrooalessandra@gmail.com. 4 Estudante do 4º Semestre do Curso Comunicação Social Jornalismo, email: daniellrs630@gmail.com. 5 Estudante do 4º Semestre do Curso Comunicação Social Jornalismo, email: marisafatavares@gmail.com. 6 Orientadora do trabalho. Professora dos Cursos de Comunicação Social Jornalismo e Publicidade e Propaganda, email: katiap@unifor.br.

impressa para textos noticiosos para rádio, a apresentação de conteúdos em forma de seminário, a realização de fichamentos e a produção de boletins de notícia. A produção da reportagem é um dos trabalhos que merece destaque, pois com esta prática o aluno tem a oportunidade de sair da sala de aula para produzir o material. Para a realização da reportagem foram formados grupos com até quatro componentes. Depois de formadas as equipes, foram feitas as escolhas dos temas que seriam trabalhados por cada grupo, que passaram a se reunir para elaborar uma pauta e produzir a reportagem, realizando pesquisas, entrevistas e, por fim, a gravação, utilizando, assim, os métodos e técnicas praticados durante o semestre. A tapioca, tema central da reportagem, é um alimento à base de mandioca, tradicional na cultura nordestina. Com raízes pernambucanas, a iguaria se propagou pelos estados da região, onde ainda é muito apreciada. No entanto, a tapioca não está restrita ao Nordeste. Nos últimos anos, o prato se difundiu também pelo Brasil, se tornando um alimento presente na mesa de muitos brasileiros, principalmente daqueles em busca de uma vida mais saudável e de alguns quilos a menos. Do ponto de vista nutricional, essa difusão pode ser explicada por alguns benefícios encontrados na iguaria. A tapioca é um alimento natural, livre de glúten e de gordura, que possui reduzido teor de sódio, sendo uma boa fonte de carboidratos, razões pelas quais o prato se torna uma boa opção para substituir o pão francês. O alimento é também uma alternativa ao pão para os intolerantes ao glúten. A tapioca é versátil e pode ser preparada de diversas formas e com recheios variados, motivo pelo qual agrada todos os paladares. Em tempos de mudanças de costumes em busca de uma alimentação saudável, em diferentes dietas, a tapioca é utilizada. Forte aliada dos hábitos fitness, a partir do seu principal ingrediente, uma nova forma de consumir o alimento foi criada. Derivada da massa de mandioca, a crepioca 7 tem ganhado muitos adeptos. 2 OBJETIVO O objetivo do grupo foi elaborar um produto radiofônico que retratasse os valores históricos, culturais e nutricionais da tapioca, alimento típico do nordeste brasileiro, para a disciplina de Princípios e Técnicas de Radiojornalismo I. Pode-se acrescentar ao objetivo geral: 7 Alimento preparado a partir da mistura da goma de tapioca com ovo 2

Experienciar o formato de reportagem para radiojornalismo Aprofundar o conhecimento em um determinado tema com simbologias históricas culturais e com representatividade regional Destacar a importância da tapioca para o Nordeste e para o país Aplicar as técnicas de produção e edição em rádio Desenvolver a aprendizagem da linguagem radiofônica e narrativa Entrevistar diferentes fontes e usar elementos de sonorização na reportagem 3 JUSTIFICATIVA O produto Tapioca na mesa dos brasileiros foi elaborado para apresentar os valores culturais e nutricionais do alimento. Para esse objetivo, a reportagem é o gênero jornalístico ideal, por possibilitar o aprofundamento do tema. No caso do trabalho em pauta, é caracterizado como uma reportagem radiofônica diferida, ou gravada, por não se tratar de uma produção ao vivo e sim elaborada após o acontecimento. Nossa reportagem foi gravada e teve como tema a tapioca, prato típico da região nordestina. Este tipo de reportagem permite reproduzir os acontecimentos com a menor intervenção explícita do jornalista. Este selecionará as amostras e as ordenará de forma que transmita ao público, em poucos minutos, a ideia de uma ação desenvolvida em frações de tempo muito superiores e sem esconder informação. (PRADO, 1989, p. 89) Para fundamentar o conteúdo, a utilização de fontes torna-se essencial. Foram entrevistados uma nutricionista e apreciadores da tapioca. A especialista falou sobre o valor nutricional do alimento, enquanto os demais entrevistados abordaram o seu valor imaterial e gastronômico da tapioca. Nesse contexto, o jornalista é um intermediário entre a informação e o ouvinte, caracterizando os discursos dos entrevistados como aspectos centrais da reportagem. Na medida em que o repórter ou entrevistador é um mero intermediário entre o público receptor e o fato, o entrevistado representa o fato. Portanto, o primeiro plano é ele, o entrevistado. Nesse sentido, as intervenções do repórter ou entrevistador, se não forem as de mero intermediário, se não buscam unicamente o maior esclarecimento do fato que se está sendo examinado, constituem invasão do primeiro plano. (FERRARETTO, 2000, p.276) 3

Diferentemente das reportagens veiculadas em outros meios de comunicação, o conteúdo em questão apresenta um assunto cultural com características exclusivas da rádio: a imaginação e a individualidade. Por mais que seja considerado um veículo de massa, o rádio sempre vai ter uma linguagem íntima com o leitor. É como se o locutor estivesse frente a frente com o ouvinte, tendo uma simples conversa. A individualidade está correlacionada com a formação de imagens que o rádio propicia ao ouvinte. Ao contrário da televisão, a radiodifusão estimula a imaginação por meio da atribuição de ferramentas sonoras para a construção de imagens. As paisagens e sons do rádio são criados dentro de nós, podendo ter impacto e envolvimento maiores. O rádio em fones de ouvido acontece, literalmente, dentro da cabeça. A televisão, de um modo geral, é assistida por pequenos grupos de pessoas e a reação a um programa costuma ser afetada pela reação entre indivíduos. O rádio é algo muito mais pessoal, que vem direto para o ouvinte (MCLEISH, 2001, p.16) A reportagem sobre a tapioca parte dessa lógica de recepção individual, na qual cada ouvinte terá uma perspectiva diferente sobre o alimento. No caso dos nordestinos, ao escutar a reportagem terão uma reação mais íntima, por se tratar de um prato típico de sua cultura que está presente no seu cotidiano. Ouvintes de outras regiões ou de fora do país irão aprender mais sobre esse alimento e sobre o valor cultural que carrega. Essas perspectivas são possíveis porque a frequência do rádio não pode ser limitada geograficamente, contribuindo para a troca de experiências culturais e conhecimento de mundo entre diferentes localidades. O rádio não respeita limites territoriais. Seus sinais eliminam barreiras montanhosas e cruzam as profundezas do oceano. O rádio pode juntar os que se encontram separados pela geografia ou pela nacionalidade - ajuda a diminuir outras distâncias de cultura, aprendizado ou status. (MCLEISH, 2001, p.16) Para que o conteúdo promova essas perspectivas diferentes, é necessário que o ouvinte esteja atento à mensagem radiofônica. Segundo Gil Apud Ferraretto (2000), há uma diferença entre ouvir e escutar, que implica na compreensão do conteúdo como um todo. O primeiro trata-se de um ato mecânico do ser humano, enquanto o ato de escutar engloba o 4

entendimento acerca das informações, apontando a atenção do indivíduo para o conteúdo jornalístico. No rádio, os elementos que compõem a reportagem, desde o narrador até os BGs e sons ambientes, são de extrema importância. Diferentemente das produções audiovisuais, o rádio prende a atenção das pessoas somente pelo som, logo até as pausas têm que ser minuciosamente pensadas para não confundir o ouvinte. O texto do jornalista narrador deve ser o mais preciso e descritivo possível, para que todos os elementos que compõem a narrativa sonora sejam percebidos e compreendidos satisfatoriamente para o ouvinte. 4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS A reportagem radiofônica Tapioca na mesa dos brasileiros foi uma das atividades finais da disciplina de Radiojornalismo I, tendo como base teórica o Manual de Radiojornalismo Jovem Pan (PORCHAT, 1989) e o livro Estrutura da informação radiofônica (PRADO,1989). A temática da pauta surgiu a partir da sugestão da professora de que os alunos documentassem as experiências dos frequentadores de pontos turísticos da cidade de Fortaleza. A princípio, a equipe iria abordar o Centro das Tapioqueiras, tradicional espaço na Capital, com mais de 25 boxes especializados em tapioca. Entretanto, o grupo fez um novo debate e decidiu-se mudar o foco da reportagem para o alimento icônico da região Nordeste. Por sua simbologia cultural, histórica e seu valor nutricional, a tapioca tornou-se o tema central do produto. Durante a produção, a equipe fez duas visitas ao Centro das Tapioqueiras. No local, foram coletadas entrevistas de frequentadores e comerciantes. Posteriormente, uma nutricionista foi entrevistada para falar da importância do alimento. Foram colhidos, ainda, depoimentos no campus da Universidade de Fortaleza, para que se estabelecesse maior diversidade de fontes e perspectivas. Após reunir tais informações, o roteiro para a gravação do produto foi elaborado. A gravação foi feita em um dos estúdios de rádio da Universidade, onde foi determinado que um único locutor narraria a reportagem. Posteriormente, foi realizada a 5

edição da reportagem, quando foi escolhida a música Massa de Mandioca 8. A música foi escolhida por estar diretamente ligada à temática, enfatizando a tapioca e por ser uma canção animada, proporcionando um dinamismo maior com o ouvinte. 5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO O início do processo de produção da reportagem se deu a partir da reflexão da equipe acerca da abordagem a ser utilizada, para que o tema fosse desenvolvido de modo original, fugindo do senso comum. Dada a importância da tapioca para os nordestinos, o roteiro foi pensado de forma a valorizar o alimento e destacar o seu crescimento dentro do Brasil. Posteriormente, foram colhidas as entrevistas. Para a coleta dos depoimentos, foi utilizado um gravador, que também capturou o ruído do vento, despertando a imaginação para a criação do cenário em que foram dadas as declarações. As informações e sonoras mais relevantes sobre o tema foram selecionadas, para então realizar a gravação e a edição. Segundo Barbeiro (2003): A forma de se construir de maneira mais organizada uma reportagem ou uma sequência de sonoras capazes de relatar um fato jornalístico. As edições devem ser enxutas, ricas em conteúdo e didáticas para que o ouvinte saiba do que se está falando. (BARBEIRO, 2003, p. 78) O produto final foi uma reportagem com tempo de cerca de cinco minutos. Na composição do produto, foram usadas sonoras com duas universitárias, uma funcionária pública cuja família possui uma casa de farinha 9, uma comerciante do Centro das Tapioqueiras e uma nutricionista. Para ambientar a reportagem, foram inseridas cortinas musicais e BGs com músicas regionais. A música Massa de Mandioca foi utilizada na abertura e finalização da reportagem. A reportagem foi entregue e apresentada em sala de aula. Percebeu-se, durante a transmissão da reportagem, que nos relatos dos entrevistados haviam memórias afetivas diretamente ligadas a tapioca, importante alimento na vida e na mesa de cada entrevistado e de cada aluno. 8 Versão do ano de 1999, interpretada pela banda Mastruz com Leite. 9 Local onde a mandioca é transformada em seus subprodutos. 6

6 CONSIDERAÇÕES A realização da reportagem fez com que os estudantes tivessem suas primeiras experiências com uma produção radiofônica. Os alunos, sob a orientação da professora da disciplina, participaram de todas as etapas no processo de elaboração do produto. Esse contato permitiu o desenvolvimento de novas habilidades dentro da profissão, trazendo assim uma nova perspectiva sobre as produções de rádio. O projeto evidenciou a tapioca como um símbolo cultural do Nordeste, mostrando que o produto não somente está presente no cotidiano dos nordestinos como também está ligado às suas memórias afetivas. A reportagem também enfatizou a difusão do alimento no Brasil. Apesar de ser um prato típico, a Tapioca se renova com as tendências gastronômicas e nutricionais atuais, se mantendo como uma iguaria muito apreciada no país. Evidenciar os aspectos de uma cultura em canais de comunicação é uma forma de valorizá-la em meio à massificação cultural da sociedade atual. Assim, a escolha da temática não concentrou-se apenas no ato de noticiar e entreter, mas sim de ressaltar e até mesmo conhecer mais sobre nossa culinária, no caso a Tapioca. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo Rodolfo de. Manual de Radiojornalismo. Rio de Janeiro: Campus, 2003. FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: o veículo, a história e a técnica. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2000. MCLEISH, Robert. Produção de Rádio: um guia abrangente de produção radiofônica. São Paulo: Summus, 2001. PRADO, Emilio. Estrutura da Informação Radiofônica. São Paulo: Summus, 1989. PORCHAT, Maria Elisa. Manual de Radiojornalismo Jovem Pan. São Paulo: Ática, 1989. 7