Tecnologia de processamento mínimo de beterraba Ricardo Alfredo Kluge* & Maria Carolina Dario Vitti

Documentos relacionados
Comunicado 23 Técnico

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE MELÃO (Cucumis( melon var. inodorus) MINIMAMENTE PROCESSADO EM FUNÇÃO DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO

Outros nomes. fresh-cuts. CUIDADOS: escolha da matéria-prima cuidados de higiene preparo final

PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS

Alteração no Metabolismo Respiratório do Rabanete Devido ao Processamento Mínimo.

MICROBIOLOGIA DE FRUTAS E HORTALIÇAS MINIMAMENTE PROCESSADAS

Descontaminação convencional e emergente de produtos IV Gama. II Seminário IV Gama. Hortofrutícola em Portugal Marta Abreu

Processamento Mínimo de Frutas

USO DE EMBALAGENS PLÁSTICAS PARA O ARMAZENAMENTO DE PERAS WILLIAMS MINIMAMENTE PROCESSADAS

Taxa respiratória e produção de etileno de abóboras minimamente processadas em função da temperatura de armazenamento.

Conservação de palmito Pupunha minimamente processado

Produtos minimamente processados. Definições, processamento e factores de qualidade.

Comunicado Técnico. Processamento mínimo de alface crespa. Introdução. ISSN Brasília, DF Dezembro, 2005

Uso de Revestimento Comestível e Embalagem Valorizável para Palmito de Pupunha Minimamente Processado

Comunicado. Técnico. Processamento mínimo de alface crespa. Celso Luiz Moretti 1 Leonora Mansur Mattos 2

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE CARNE BOVINA MOÍDA COMERCIALIZADA EM LIMOEIRO DO NORTE-CE

COMUNICADO TÉCNICO INTRODUÇÃO

Qualidade microbiológica de hortaliças in-natura e processadas, comercializadas no Distrito Federal.

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE CHICÓRIA IN NATURA E MINIMAMENTE PROCESSADA

Grupo: Andressa, Carla e Thalita. Sequência lógica de aplicação do sistemas de APPCC

Aspectos fisiológicos e microbiológicos de beterrabas minimamente processadas

ESTUDO DAS POTENCIALIDADES DA UTILIZAÇÃO DE COBERTURAS COMESTÍVEIS PARA A CONSERVAÇÃO DE MORANGOS (FRAGARIA ANANASSA)

Deterioração: altamente perecíveis f (% H 2

PÓS-COLHEITA E AGROINDUTRIALIZAÇÃO DO CUPUAÇU

EFEITO DE DIFERENTES TRATAMENTOS DE CONSERVAÇÃO NAS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DE CENOURAS MINIMAMENTE PROCESSADAS

VALIDAÇÃO DO PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO DA ALFACE(Lactuca sativa L.) SERVIDA EM UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO. 1. INTRODUÇÃO

Armazenamento refrigerado de beterraba minimamente processada em diferentes tipos de corte

MÉTODOS QUÍMICOS DE CONTROLE (SANITIZAÇÃO)

Disciplina: Controle de Qualidade Série: 2ª Turmas: L/N/M/O. Curso: Técnico em Agroindústria. Professora: Roberta M. D.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS FRESCAL PRODUZIDOS POR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA E REGIÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

MÉTODOS QUÍMICOS DE CONTROLE (SANITIZAÇÃO) 1

APLICAÇÃO DE REVESTIMENTO A BASE DE QUITOSANA EM BETERRABAS MINIMAMENTE PROCESSADAS COM DIFERENTES TIPOS DE CORTE

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

ARMAZENAGEM E EMBALAGEM EM ATMOSFERA CONTROLADA OU MODIFICADA

Atividade respiratória e qualidade de beterraba inteira e minimamente processada

Diferentes cortes e diferentes embalagens na conservação pós-colheita de kiwi 'Hayward' minimamente processado

Pesquisa de microrganismos indicadores de condições higiênico sanitárias em água de coco

Tecnologia de Hortaliças. Tecnologia de Alimentos FBT 534 Profa. Suzana C.S. Lannes

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS FARINHAS DE MESA TIPO SECA COMERCIALIZADAS EM BELÉM PARÁ

DETERMINAÇÃO DE VIDA DE PRATELEIRA DA FARINHA OBTIDA A PARTIR DAS CASCAS DE ABACAXI (Ananas comosus L. Merril)

Laranja cristalizada

TÍTULO: APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE MICROBIOLOGIA PREDITIVA EM PATÊ DE PEITO DE PERU PARA BACTÉRIAS LÁTICAS

Introdução. Graduando do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 3

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA CARNE BOVINA COMERCIALIZADA IN NATURA EM SUPERMERCADOS DO MUNICÍPIO DE ARAPONGAS-PR

Sílvia Regina de Toledo Valentini Pesquisador Científico Pós-Colheita de Frutas e Hortaliças Instituto Agronômico de Campinas

Atividade respiratória e aspectos microbiológicos de cultivares de batatas minimamente processadas e armazenadas em diferentes temperaturas

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE SANDUÍCHES NATURAIS COMERCIALIZADOS EM ARAPONGAS PARANÁ SILVA, M.C; TOLEDO, E

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE BOTUCATU FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA ENERGIA NA AGRICULTURA

EFEITO DO TRATAMENTO COM SANITIZANTE ORGÂNICO VEROMAX 80 COMBINADO COM ANTIOXIDANTES ORGÂNICOS SOBRE A QUALIDADE EM RAÍZES DE MANDIOCA DE MESA.

ATIVIDADE RESPIRATÓRIA E QUALIDADE DE BETERRABA INTEIRA E MINIMAMENTE PROCESSADA RESPIRATORY ACTIVITY AND QUALITY OF BEET MINIMALLY PROCESSED

AVALIAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE CENOURAS MINIMAMENTE PROCESSADAS*

Comunicado 206 Técnico

CONSERVAÇÃO DA POLPA DO FRUTO DO IMBUZEIRO (Spondias tuberosa Arruda) EM TEMPERATURA AMBIENTE

Conservação a Baixas Temperaturas Baixas Temperaturas na conservação de Alimentos

XI Encontro de Iniciação à Docência

RESUMO PALAVRAS-CHAVE:

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE PEPINO CAIPIRA MINIMAMENTE PROCESSADO

Hortaliças minimamente processadas prontas para o consumo. Cristiano Psillakis

Conservação pós-colheita de pimentas da espécie Capsicum chinense

Vida de Prateleira da Couve-Flor Luna Minimamente Processada, Armazenada sob Refrigeração e com Utilização de Atmosfera Modificada.

Ecologia Microbiana. Microbiologia do Ar

XI Encontro de Iniciação à Docência

Processamento Mínimo de Mini Beterraba. Nathalie Alcantara Ferreira 1 Sarah Braz Lopes 2 Celso Luiz Moretti 3 Leonora Mansur Mattos 4

III JORNADA Científica e Tecnológica do OESTE BAIANO. Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 19 a 22 de outubro de 2010, Barreiras Bahia

OBTENÇÃO DA FARINHA DE MAXIXE (Cucumus anguria L.) POR SECAGEM EM FORNO MICRO-ONDAS E ESTUFA

EFICIÊNCIA DE REVESTIMENTOS DE PARAFINA E FILMES BIODEGRADÁVEIS NA CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE MANDIOCA DE MESA.

Curso de Ensino à Distância - CERAT

ALTERNATIVA PARA CONSERVAÇÃO DA POLPA DO FRUTO DO IMBUZEIRO (Spondias tuberosa Arruda)

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE HORTALIÇAS MINIMAMENTE PROCESSADAS NA REGIÃO DE OURO PRETO MG

USO DE REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS NA CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE PIMENTÃO VERDE ARMAZENADO EM TEMPERATURA AMBIENTE E SOB REFRIGERAÇÃO

Processamento mínimo de mandioca: uma alternativa para os produtores familiares de Canoinhas SC e região (1).

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE LINGUIÇA SUINA COMERCIALIZADA NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

QUALIDADE DE PRODUTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS E COMERCIALIZADOS EM GÔNDOLAS DE SUPERMERCADOS NAS CIDADES DE LAVRAS MG, BRASÍLIA DF E SÃO PAULO SP

Vida de Prateleira de Feijão-Vagem Preferido Minimamente Processado, Armazenado sob Refrigeração e com Utilização de Atmosfera Modificada.

ABACAXI MINIMAMENTE PROCESSADO EM DIFERENTES CORTES

Conservação Pós-Colheita de Umbu sob Diferentes Temperaturas de Armazenamento

Manutenção e Higienização: Instalações, Alimentos, Equipamentos e Utensílios Aula VIII. Prof.: Alessandra Miranda

Challenge testing and shelf-life studies

Efeito da Embalagem e Corte na Manutenção da Qualidade Química de Mamão Formosa Minimamente Processado e Armazenado à 8 C

Laboratório de Análise de Alimentos, Fundação Veritas, USC, Bauru, SP, Brasil. 2

UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES EMBALAGENS NO ARMAZENAMENTO REFRIGERADO DE ABACAXI Ananas comosus L. Merril (cv. Pérola) MINIMAMENTE PROCESSADO

QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA, MICROBIOLÓGICA E CULINÁRIA DE MANDIOCA DOURADA ORGÂNICA MINIMAMENTE PROCESSADA

VIDA ÚTIL E EMBALAGEM PARA MELANCIA MINIMAMENTE PROCESSADA. Graduanda do Curso de Engenharia Agrícola, UnUCET Anápolis - UEG.

Disciplina: Fitopatologia Agrícola CONTROLE FÍSICO DE DOENÇAS DE PLANTAS

SEGURANÇA ALIMENTAR NA AVICULTURA

Condições higiênico-sanitárias de cenouras minimanente processadas. Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, MG, Brasil (UFU- MG).

MNISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO PORTARIA N 46, DE 10 DE FEVEREIRO DE 1998

Frutas e Hortaliças. Resfriamento 12/11/2016 TÉCNICAS DE RESFRIAMENTO. Resfriamento ( ꜜT o C)

Atmosfera controlada durante o transporte e armazenamento de hortofrutícolas frescos

ESTRATÉGIA PARA AGREGAR VALOR A PRODUTOS VEGETAIS DESCARTADOS NA CLASSIFICAÇÃO COMERCIAL

Comunicado. Técnico. Conservação de sementes de hortaliças na agricultura familiar. Introdução

Alterações fisiológicas, qualitativas e microbiológicas durante o armazenamento de abóbora minimamente processada em diferentes tipos de corte 1

FEIRA TECNOLÓGICA sobre PALMITO PUPUNHA. APTA REGIONAL POLO do VALE DO RIBEIRA. 06 e 07 de AGOSTO de 2014

PROGRAMA DE DISCIPLINA

BACTÉRIAS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

Avaliação Escrita 1ª Etapa

Embrapa Agroindústria Tropical

A importância do Controle e eliminação de microrganismos na manutenção da Qualidade no Processo Cervejeiro

Transcrição:

Tecnologia de processamento mínimo de beterraba Ricardo Alfredo Kluge* & Maria Carolina Dario Vitti Introdução Nos últimos anos tem sido enfatizada a necessidade de consumo de frutas e hortaliças frescas, buscando-se uma dieta mais saudável, ao mesmo tempo em que há uma demanda crescente de alimentos mais convenientes, frescos, menos processados e prontos para o consumo. A indústria de alimentos tem respondido a essa demanda com o desenvolvimento dos produtos minimamente processados (MP). Essa tecnologia emergente visa satisfazer a necessidade do consumo de frutas e hortaliças frescas, saudáveis e com qualidade nutricional e sensorial. O aumento da demanda por produtos MP traz consigo grandes desafios no que se refere ao desenvolvimento de tecnologias de armazenamento. Esses produtos apresentam maior taxa de deterioração do que o produto inteiro, considerando que, com o corte, os tecidos internos do vegetal são expostos e o metabolismo é acelerado. Adicionalmente, os tecidos ficam mais suscetíveis à contaminação microbiana, aumentando os riscos de intoxicação alimentar, caso não sejam tomadas medidas preventivas. Em razão de sua alta perecibilidade, os produtos MP são comercializadas, de maneira geral, no período de, no máximo, 5 dias. O aumento da vida pós-colheita desses produtos para 10 a 15 dias traria grandes benefícios para o mercado, possibilitando maior expansão e flexibilidade de comercialização, além da redução de perdas. Para que isso seja alcançado, extensivos trabalhos de pesquisa devem ser realizados, sendo necessários estudos referentes aos efeitos fisiológicos e qualitativos causados pelo processamento mínimo, principalmente relacionados à taxa respiratória e produção de etileno. Esses estudos visam obter conhecimentos básicos importantes para a seleção e desenvolvimento de tecnologias de armazenamento e embalagem para os produtos MP. Aliado a isso, os impactos do processamento mínimo sobre o crescimento de microrganismos indesejáveis devem ser avaliados. *Autor para correspondência: Departamento de Ciências Biológicas. ESALQ/USP. E-mail: rakluge@esalq.usp.br

A beterraba é uma hortaliça tuberosa que, além de grande aceitabilidade por parte dos consumidores, tem apresentado grande expansão no mercado de MP. Entretanto, tem sido observada elevada perda de qualidade em função da descoloração da superfície das raízes minimamente processadas e da elevada desidratação. Os processos de lavagem e enxágüe, realizados após o corte do produto, têm favorecido a perda dos pigmentos de betalaína (vermelhos). Adicionalmente, o corte favorece o extravasamento do suco celular para o exterior, ocasionando a desidratação do produto. Em beterraba, o fluxograma de preparo do produto deve ser melhor estudado, buscando identificar pontos passíveis de manipulação, promovendo menor perda de qualidade, manutenção da segurança alimentar e aumento de conservação. Fluxograma de beterraba minimamente processada O processamento mínimo padrão das raízes de beterraba segue o fluxograma apresentado na Fig. 1. As etapas estão descritas a seguir. Recepção/Seleção Pré-lavagem Descascamento (Pelagem) Corte Sanitização e enxágüe Centrifugação Embalagem Armazenamento refrigerado Fig. 1. Fluxograma padrão de preparo de beterraba minimamente processada.

Recepção/Seleção As beterrabas devem ser recebidas na área externa de produção, evitando, assim, contaminação da mesma pelas sujidades e outras contaminações advindas do campo. Nesta área as raízes indesejáveis ao processamento mínimo são descartadas. Nessa fase também fica mais prático retirar as partes do vegetal que não serão utilizadas no processamento. Pré-lavagem Após seleção cuidadosa, as raízes deverão ser submetidas a uma lavagem em água corrente para retirada da sujeira mais grosseira (torrão, insetos). Descascamento Esta etapa pode ser feita de várias formas, de acordo com o tipo de produto, manual (por exemplo, melão) ou mecânico (por exemplo, beterraba). Pode requerer também o uso de tratamentos químicos e térmicos como soluções ácidas, vapor por pressão, lixívia por soluções alcalinas e água em ebulição. Estudos com cenoura minimamente processada mostraram que o descascamento manual provoca menor grau de injúrias e contaminação microbiana do que o descascamento mecânico. Corte É realizado por diferentes meios por meio dos quais as hortaliças são transformadas em peças menores, com formato e tamanhos definidos. É uma etapa muito necessária, mas com algumas desvantagens. O corte causa danos mecânicos às células e, portanto, aumenta a respiração dos tecidos, tornando-os mais suscetíveis à deterioração. As facas devem ser extremamente afiadas e finas para a obtenção de um produto com o mínimo de dano. Devem ser de aço inoxidável. Elas têm formatos diferentes para cada tipo de corte. O tamanho da peça cortada é definido de acordo com o tipo de produto, preferência do consumidor e com os ajustes das facas. Os equipamentos de corte possuem lâminas ou facas de corte horizontal ou vertical para fatiar, picar, retalhar, cortar em cubos, rodelas ou tiras. No caso da beterraba, o corte mais comum é em retalho com 2 mm de espessura. Sanitização e enxágüe A sanitização com água clorada a 5 ºC (200 ppm) é uma das etapas mais importantes no processamento mínimo por reduzir a carga microbiana presente na superfície do produto, sendo o tratamento por imersão um meio efetivo para a eliminação da maioria dos microrganismos. O tempo de imersão varia de acordo com o produto. A legislação brasileira não menciona outros princípios a não ser clorados, ou seja, liberadores de cloro ativo. A etapa de enxágüe, também a 5 ºC, deve ser realizada com 3 ppm de cloro

ativo e faz-se necessária para que o excesso de cloro ativo seja retirado do produto. No caso de beterrabas, o tempo e o momento de sanitização deve ser melhor pesquisado, já que é nesta etapa que ocorre elevada perda de pigmentos vermelhos. Centrifugação Este processo tem como objetivo a remoção do excesso de umidade. O grau de secagem depende da rotação da centrífuga e do tempo de funcionamento. Usualmente utilizam-se poucos minutos e até mesmo segundos. Deve-se evitar a secagem excessiva para não ocorrer murchamento ou enrugamento nos hortifrutícolas. A beterraba minimamente processada deve ser centrifugada por 1 minuto. Embalagem A embalagem do produto processado é essencial para a proteção do mesmo, evitando, assim, sua contaminação e reduzindo a perda de água por transpiração. Beterrabas minimamente processadas devem ser acondicionadas em filmes plásticos ou bandejas de poriestireno expandido envoltas com filme de PVC. Armazenamento O armazenamento refrigerado ideal é em temperatura de 5 ºC. O armazenamento pode ser a curto, médio ou longo prazo para cargas ou produtos no varejo ou no atacado. O uso de percentuais baixos de umidade relativa no ambiente de armazenamento causam a transpiração do produto e murchamento. Por outro lado, a elevada umidade relativa no armazenamento e as oscilações de temperatura devem ser evitadas por causarem condensação da água, com formação de gotículas na superfície do produto, o que facilita o crescimento de microrganismos. O armazenamento refrigerado é um dos meios mais efetivos para conservar a qualidade desses produtos. Microbiologia As alterações microbiológicas do produto minimamente processado promovem grandes perdas; pois, além de prejudicar a qualidade do produto, podem significar risco à saúde pública. A indústria alimentícia tem responsabilidade ética de assegurar a segurança alimentar de seus produtos. As hortaliças apresentam elevada quantidade de água e nutrientes e ph neutro. Isso torna possível o desenvolvimento de quase todos os tipos de microrganismos, embora seja mais freqüente a ocorrência de bactérias gram-negativas. Há uma gama enorme de microrganismos patogênicos, como Shigella, Salmonella, E. coli, Clostridium botulinium,

Listeria monocytogenes, que causam grandes problemas no processamento mínimo de hortaliças. Embora na legislação vigente não existam, para produtos minimamente processados, padrões com os limites das contagens toleradas, tem sido preconizado que alimentos contendo contagens microbianas acima da ordem de 10 5 e 10 6 UFC/g são impróprios para o consumo humano devido à perda de valor nutricional, alterações organolépticas, riscos de deterioração e/ou presença de patógenos. De acordo com a Resolução RDC Nº 12, de 02 de janeiro de 2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, é estabelecida para hortaliças in natura a ausência de Salmonella (em 25 g de produto) e no máximo 10 2 NMP de coliformes fecais/g de hortaliça fresca, visando à preservação da saúde pública. Portanto, no caso de beterrabas minimamente processadas, esses padrões de contagens são os que melhor se enquadram atualmente e devem ser respeitados. Como regra geral, é recomendada uma boa sanitização em toda a planta de processamento, inclusive nos instrumentos e equipamentos utilizados. A utilização de luvas, máscaras, aventais e botas por parte dos operadores, o uso de água clorada para a lavagem dos hortifrutícolas e um controle rigoroso da temperatura também são recomendados. A realização de análises microbiológicas é importante e deve ser feita com freqüência nos produtos minimamente processados. É de suma importância também a higiene pessoal e o treinamento efetivo da mão-de-obra envolvida no sistema. Literatura sugerida AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RDC nº12, de 2 de janeiro de 2001. Disponível em <http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/12_01rdc.htm>. Acesso em: 21 fev. 2002. BARRY-RYAN, C.; O BEIRNE, D. Effects of peeling methods on the quality of ready-touse carrot slices. Internacional Journal of food Science and Tecnology, v. 35, n. 2, p. 243-254, 2000. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 451 de 19 de set. 1997. CANTWELL, M. Post harvest handling systems: minimally processed fruits and vegetables. In: Kader, A. A. Postharvest technology of horticultural crops. 2nd. Oakland: UCD, 1992. 295 p.

SIGRIST, J. M. M. Hortaliças minimamente processadas e fatores que afetam sua qualidade. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 38., 1998, Petrolina. Palestras... Petrolina: EMBRAPA CPATSA : SOB, 1998. WATADA, A. E.; KO, N. P.; MINOTT, D. A. Factors affecting quality of fresh-cut horticultural produce. Postharvest Biology and Technology, v. 9, p. 115-193, 1996. WATADA, A. E., ABE, K.; YAMUCHI, N. Physiological activities of partially processed fruits and vegetables. Food Technololgy, v. 44, n. 5, p. 116-122, 1990. WILLEY, R. C. (Ed.) Minimally processed refrigerated fruits & vegetables. New York: Chapman & Hall, 1994. 368 p.