CIÊNCIA DAS FINANÇAS



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Transcrição:

CIÊNCIA DAS FINANÇAS A Ciência das Finanças é a disciplina que, pela investigação dos fatos, procura explicar os fenômenos ligados à obtenção e dispêndio do dinheiro necessário ao funcionamento dos serviços a cargo do Estado, ou de outras pessoas de direito público, assim como os efeitos outros resultantes dessa atividade governamental. Para Cossa in scienza delle finanza define a Ciência das finanças de Ciência do Patrimônio Público. Para um entendimento simples, preferimos conceituar a ciência das Finanças, segundo o entendimento do mestre Alberto Deodato É a ciência que estuda as leis que regulam a despesa, a receita, o orçamento e o crédito público. Seguindo os passos do mestre, na definição acima encontramos, também, a sua classificação; vale dizer divide-se a Ciência das Finanças em: despesa, receita, orçamento e crédito público. A Ciência das Finanças não é uma ciência jurídica, assim, não é ramo do Direito, mas é definida como Ciências Políticas. A Ciência das Finanças é dominada pelos princípios absolutos da Justiça (toda medida emanada da Ciência das Finanças deve respeitar os direitos dos contribuintes e ser eqüitativa, isto é, gravar pobres e ricos, de acordo com as posses de cada um) e relativos da Economia Política (a Ciência estudada deve ter em mira o crescimento da riqueza pública, o menor gasto na aplicação dos tributos, e sempre, a oportunidade e o fim útil da despesa). Por derradeiro, conceituamos a Ciência das Finanças, segundo os ensinamentos do mestre Aliomar Baleeiro in introdução a ciência das finanças A Ciência das finanças estuda um dos aspectos ou atividades do Estado a obtenção e emprego dos meios materiais e serviços para a realização de seus fins. 1. CLASSIFICAÇÃO:

A Ciência das Finanças, assim se classifica: (a) Política propriamente dita; (b) Administração Social; (c) Administração Pública. 2. RELAÇÃO COM OUTRAS CIÊNCIAS: A Ciência das Finanças está diretamente relacionada: (a) Com a HISTÓRIA (não é exagero afirmar que os regimes fiscais são capítulos das transformações sociais e políticas do povo); (b) Com a ECONOMIA POLÍTICA (pois, antigamente, a ciência das finanças era um simples apêndice da matéria de economia política); (c) Com a ESTATÍSTICA (é evidente que não haverá boas leis das finanças sem que haja o domínio perfeito dos números); (d) Com a CONTABILIDADE (que habilita a conhecer a todo e a qualquer momento a exata situação financeira). 3. DIVISÃO: Quanto aos precedentes históricos da Ciência das Finanças, destacamos; (a) Xenofonte (Grécia antiga estudou os aspectos de economia do Estado, e a maior fonte de tributos de Atenas, era a exploração de riqueza mineral); (b) Cameralistas (no século XVII Alemanha: Klock e Von Seckenforf, no estudo dos monopôlios do Estado, e todas as questões financeiras da época); (c) Fisiocratas (no século XVIII França: Quesnay e Voltaire propuseram a substituição de todos os tributos por um púnico, que incidiria sobre a terra produtiva); (d) Brasil (século XIX, nosso estudiosos: Bilac Pinto, Divino da Veiga, Ruy Barbosa, Aliomar Baleeiro e Alberto Deodato).

4. A DIVISÃO DA CIÊNCIA DAS FINANÇAS TEM PÔR OBJETIVO MATERIAL A ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO (AFE), OU SEJA: (a) Receita Pública (forma de obter dinheiro), (b) Despesa Pública (forma de despender dinheiro), (c) Orçamento Público (forma de gerir dinheiro) e (d) Crédito Público (forma de criar dinheiro, ou seja, receita pública). Vejamos o gráfico a seguir: Estado Sociedade Receita Pública Serviço Público Despesa Pública Necessidades Individual Comum Pública Não podemos olvidar da importância (histôria da ciência das finanças) dos fisiocratas, como: Quesney, Voltaire, Mirabetu, Vauban, Boisquillebert, D Alembert, Diderot e Montesquieu no século XVIII, abriram caminho a Adam Smith, o verdadeiro fundador da nossa Ciência. Quesnay, autor do tableau Economique, foi o primeiro expositor da macroeconomia, hoje tão em voga nos estudos de Economia Pública. Depois, Ricardo e Stuart Mill concorreram para que o estudo das finanças se emancipasse da Economia Pública. Daí, para cá, emancipou-se da Economia Política. Nos séculos XIX e XX, nossa Ciência tomou esse desenvolvimento que aí está, sendo hoje uma disciplina essencial ao mundo moderno.

E aparece uma série infinita de nomes e livros, no outro e nesse século: Rau e Wagner, na Alemanha; Leroy-Beaulieu, Allix, Jéze, Laufenburger e Duverger, na França; Pantaleoni, Flora, Eianaudi, Morselli, Nitti, Cossa, Ricca- Salerno, Tangorra e Grizzioti, na Itália; Selígman, nos Estados Unidos. No Brasil, além dos Estadistas do Império e da República, versados nos estudos econômicos e financeiros podemos citar, entre os tratadistas: Ferreira Borges, Cândido Oliveira, Silva Maia, Pereira de Barros, Castro Carrera, Rui Barbosa, Amaro Cavalcanti, Agenor de Roure, Aliomar Baleeiro, Silvio Santos Faria, Teotônio Monteiro de Barros, Billac Pinto, Rocha Loures, Edgard Scheneider, Amilcar de Araújo Falcão, Delfim Silveira, Guilherme Moojem, Buys de Barros, Alfredo Becker e outros que honram a Ciência das Finanças. A Ciência das Finanças é dominada pelos princípios absolutos da Justiça e relativos da Economia Política. Quanto aos princípios da Justiça = toda a medida emanada da Ciência das Finanças deve respeitar os direitos dos contribuintes e ser equitativa, isto é, gravar pobres e ricos, de acordo com as posses de cada um. Quanto aos princípios da Economia Política = a Ciência estudada deve ter em mira o crescimento da riqueza pública, o menor gasto na aplicação dos e, sempre, a oportunidade e o fim útil da despesa. Há capítulos da Ciência Financeira norteados pelos preceitos de Economia Política. E sem um estudo da Economia não é possível um bom orçamento público. A Ciência das Finanças tem passadopor profundas transformações, abalados que estão os seus alicerces clássicos. É que o Estado aparece, nas novas organizações políticas, com roupagens socialistas. As técnicas financeiras foram consideradas como processos eficazes de intervenção no domínio econômico e social. Aluíram-se as três grandes pilastras das finanças clássicas: a moeda neutra, o equilíbrio orçamentado e a finança fiscal.

O tributo não é hoje, apenas o meio de se fazer face às despesas públicas, mas um instrumento de dirigismo econômico, com a sua grave função social. E vemos, então, impostos sobre celibatários com fins familiares e natalistas; impostos sobre sucessão, com caráter confiscatôrio no sentido de assegurar certa igualdade social; impostos servindo para orientar a atividade econômica. O imposto como instrumento vital nas relações econômicas internacionais, principalmente no desenvolvimento dos países subdesenvolvidos. Como instrumento de canalização de rendas para o Tesouro, que as redistribui (transcrição páginas. 13/14 - "in Manual de Ciência das Finanças" - do mestre Alberto Deodato). grifo nosso