Pregão eletrônico: desafios e perspectivas

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Transcrição:

190 Pregão eletrônico: desafios e perspectivas Electronic trading: challenges and perspectives Cymara Cristiane Braga Sousa 1 Universidade Estadual do Tocantins UNITINS Lucas Braga da Silva 2 Universidade Federal do Tocantins UFT José Anunciação Batista Filho 3 Universidade Federal do Tocantins UFT Resumo O artigo teve como objetivo analisar o cenário para implementação do pregão eletrônico na Câmara Municipal de Porto Nacional TO, apresentando desafios e perspectivas. Os dados deste estudo foram obtidos por meio de questionário aplicado a um grupo de seis servidores envolvidos no processo licitatório. Os resultados e discussões mostraram que a modalidade de licitação adotada por esta é a carta convite e o pregão presencial. Em relação ao pregão eletrônico, em nenhum momento foi apontado sua adoção. Os desafios estão relacionados a recursos humanos e tecnológicos insuficientes, ausência de formação complementar e de investimentos por parte da gestão pública, e, resistência dos envolvidos em implementar o pregão eletrônico. A organização não vislumbra a possibilidade e não possui perspectivas de implementação da modalidade de pregão eletrônico. Conclui-se, portanto, que o pregão eletrônico é um tipo de licitação aplicável em qualquer situação de aquisição de serviços e bens comuns. E que seu uso garante maior transparência aos trâmites licitatórios, pois garante eficiência ao sistema de compras ou aquisição de serviços e bens comuns. Palavras-chaves: Pregão eletrônico. Desafios. Perspectivas. Abstract The article had the objective of analyzing the scenario for the implementation of the electronic trading session in the Municipal Council of Porto Nacional - TO, presenting challenges and perspectives. The data of this study were obtained through a questionnaire applied to a group of six servers involved in the bidding process. The results and discussions showed that the bidding modality adopted by this is the invitation letter and the face-toface session. Regarding the electronic trading session, at no time was its adoption adopted. The challenges are related to insufficient human and technological resources, lack of complementary training and investments by public management, and resistance of those involved in implementing the electronic trading session. The organization does not envisage the possibility and has no prospect of implementing the electronic trading platform. It is concluded, therefore, that the electronic trading is a type of bid applicable in any situation of acquisition of services and common goods. And that its use guarantees greater transparency to the bidding processes, since it guarantees efficiency to the system of purchases or acquisition of services and common goods. Keywords: Electronic trading. Challenges. Perspectives. 1 Graduanda em administração pública da Universidade Estadual do Tocantins Unitins. E-mail: cymarabraga@hotmail.com 2 Graduando em administração da Universidade Federal do Tocantins UFT. E-mail: lucaslogistica19@gmail.com 3 Graduado em ciências econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas; especialista em planejamento ambiental pela Universidade do Tocantins - Unitins; MBA em gerenciamento de projetos governamentais pela Universidade do Tocantins - Unitins; mestrado em desenvolvimento regional pelo Universidade Federal do Tocantins. E-mail: jose.batistafilho@hotmail.com

191 1 Introdução As modalidades de licitação estão dispostas pela Lei 8.666, cujo esta mesma legislação regulamenta o procedimento administrativo para cada modalidade. No entanto, o que determina a modalidade que será empregada é a demanda e a disposição de recursos: financeiros, humanos, tecnológicos ou de outra natureza (BRASIL, 1993). Para os estudiosos da administração pública, como Vicentes; Caldas e Silva (2014, p. 68), licitação é um procedimento administrativo que auxilia na aquisição de produtos e na contratação de serviços, buscando uma proposta mais vantajosa para a administração, além de qualidade no objeto proposto. Entende-se, a partir da visão dos autores citados, que um dos objetivos fundamentais a ser seguido pela gestão pública é o uso coerente das verbas públicas, pois são recursos oriundos de tributos e devem ser bem administrados. Por isso, os poderes de forma geral, devem empenhar-se em atender as demandas da coletividade, de modo que seja possível atender a legislação, além de também obter economia, lisura e transparência. Na constituição federal de 1988, em seu artigo 37, regulamenta-se que os processos licitatórios, de obras, serviços e compras, das esferas federal, estadual e municipal deverão obedecer aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, assegure igualdade de condições a todos os concorrentes e as exigências (indispensáveis) de qualificação técnica e econômica (BRASIL, 1988). Portanto, a Lei Federal n.º 8.666, veio regulamentar o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, o qual institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, além de dar outras providências (BRASIL, 1993). Consoante o que se expressa no artigo 22 da lei 8.666 (BRASIL, 1993), as modalidades de licitação se subdivide em: convite, concorrência, tomada de preço, concurso e leilão (CUBAS, 1999). E por meio do decreto lei 10.520, também foi instituído o pregão (BRASIL, 2002). De acordo com a Lei Federal Nº 10.520, é regulamentado no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, dois tipos de modalidades de pregão, sendo elas: presencial e eletrônico, destinados a aquisição de bens e serviços comuns (BRASIL, 2002). Em relação ao pregão eletrônico teve início no Brasil, através do Decreto Federal nº 5.450/05 (BRASIL, 2005), que instituiu o Pregão na forma eletrônica, além do Decreto

192 Federal e suas alterações. Exercem influência direta sobre a modalidade, ainda a Lei Federal n 123 (BRASIL, 2006), e é claro, a já mencionada Lei Federal nº 8.666 (BRASIL, 1993). O Pregão Eletrônico é uma modalidade de licitação que visa a aquisição de bens e serviços comuns por meio da utilização de recursos de Tecnologia da Informação e comunicação (VASCONCELOS, 2005). Contudo, subentende-se que, para melhorar os tramites licitatórios, racionalizar processos, reduzir custos, gerar transparências das aquisições e gastos realizados pela administração pública, o pregão eletrônico pode ser visto como uma alternativa eficaz, pois a utilização desta modalidade específica de licitação, propõe atender com eficiência o sistema de compras ou aquisição de produtos e bens comuns, buscando assim o menor preço de mercado combatendo a corrupção e a formação de cartéis. Em Vasconcelos, vê-se que o procedimento do Pregão eletrônico segue as regras básicas do pregão comum, mas deixa de ocorrer a presença física do pregoeiro e dos participantes, tendo em vista que as comunicações são feitas por via eletrônica (2005, p. 159). Como visto anteriormente, nas licitações para aquisição de bens e serviços comuns deverá ser utilizada a modalidade pregão eletrônico. Assim, caso não seja possível a realização do pregão eletrônico, a autoridade competente deverá justificar essa impossibilidade como disposto no artigo 4º do Decreto nº 5.450/05 (BRASIL, 2005). O objeto desta pesquisa são os desafios e perspectivas para implementar a modalidade de licitação pregão eletrônico na câmara municipal de Porto Nacional Tocantins. Caso a organização implemente a modalidade de pregão eletrônico, poderá haver as seguintes contribuições para o legislativo Portuense: as compras poderão ser realizadas pela internet, possibilitando maior transparência nesse processo; participação de empresas não somente no âmbito local ou regional, mas em todo o território nacional; possibilitar a redução de custos. Para este trabalho levantou-se o seguinte problema de pesquisa: Que desafios e perspectivas podem ser percebidos para a implementação do pregão eletrônico na câmara municipal de Porto Nacional TO? O objetivo deste artigo foi analisar o cenário para implementação do pregão eletrônico na Câmara Municipal de Porto Nacional TO, apresentando desafios e perspectivas para a implementação dessa modalidade.

193 2 Material e métodos O estudo foi realizado no triênio 2015/2017, nas dependências da Câmara Municipal de Porto Nacional TO, situada a cerca de 60 km de Palmas capital do estado. 2.1 Delineamento do estudo O presente estudo trata-se de pesquisa exploratória (GIL, 2010), com abordagem mista, sendo tanto qualitativa, como quantitativa, pois além dos dados expressos em números também se leva em consideração a subjetividade das respostas dos envolvidos. Além do citado no parágrafo anterior, também houve pesquisa de campo (visita in loco na instituição objeto para este estudo) e documental. 2.2 População e amostra Para atingir os objetivos deste trabalho foram estudadas as respostas dos seguintes servidores desta, sendo eles: diretor administrativo, chefe de gabinete do presidente, supervisor de controle interno, secretário legislativo, assistente administrativo, auxiliar de serviços administrativos e o pregoeiro. 2.3 Instrumento de coleta de dados O instrumento de coleta de dados foi o questionário com perguntas abertas (respostas de acordo com a percepção do depoente sobre determinada temática), fechadas (uma resposta dentre várias) e fechadas dicotômicas (sim ou não). mesmos. Para garantir a integridade dos participantes do estudo, não houve identificação dos 2.4 Das etapas e instrumentos de coleta de dados Em um primeiro momento realizou-se observação do campo de estudo. Buscando com isso, maior familiaridade com o problema de pesquisa. Após, os questionários foram distribuídos e recolhidos, com foco na subjetividade do depoente e também em dados estatísticos. Por fim, os dados foram analisados baseando-se no método de semelhança de respostas (BARDIN, 2009), transcritos em textos, figuras, quadros e gráficos. 3 Pregão eletrônico: um estudo na câmara municipal de Porto Nacional - Tocantins O estudo realizado na Câmara Municipal de Porto Nacional - TO, mostrou que a instituição não dispunha do organograma da estrutura física e organizacional. Todavia, fora

194 elaborado conjuntamente com a equipe administrativa, um modelo, tendo em vista a necessidade da pesquisa, como também para o melhor funcionamento do órgão. A figura 1 ilustra o organograma criado pelos autores do trabalho, baseando-se em dados disponibilizados pela equipe administrativa. Figura 1 - Organograma Câmara Municipal de Porto Nacional TO Efetuando análise dos cargos e/ou funções da câmara municipal de Porto Nacional TO, observou-se que mesmo sem haver um organograma, existe autoridade e subordinação no ambiente interno desta organização. Obedecendo aos requisitos do Projeto de Resolução nº 001/2010 de 08 de fevereiro de 2010 que define cargos e funções (PORTO NACIONAL, 2010). A estrutura administrativa organizacional da Câmara Municipal de Porto Nacional foi criada a partir do Projeto de Resolução nº 001 de 08 de fevereiro de 2010. O objetivo foi a criação de cargos e alteração do subsídio no seu quadro de pessoal (PORTO NACIONAL, 2010). Após a elaboração e análise a partir do organograma, foi possível perceber a ausência de um departamento para os trâmites licitatórios.

195 A figura 2 mostra a composição da comissão de licitação da câmara municipal de Porto Nacional TO. Figura 2 - Composição da comissão de licitação da câmara municipal de Porto Nacional TO Os estudos nesta casa de leis apontaram a existência de quatro participantes da comissão de licitação como mostra a figura 2. Entretanto, há mais duas pessoas envolvidas diretamente com o processo licitatório, sendo o diretor administrativo e o responsável pelo setor de compras. Efetuando a soma dos envolvidos nesse processo, que totaliza seis, apontou-se que apenas os dois servidores participantes do processo licitatório, são efetivos. Também foi possível notar que há uma rotatividade visível de servidores, independentemente se seja efetivo ou contratado. À medida que se elege um presidente da câmara, todo o quadro de funcionários também é modificado. Sendo feito isso anualmente. Ressalta-se, no entanto, que o pregoeiro foi contratado (por empresa terceirizada) como assessor de assuntos licitatórios e, que os referidos servidores ocupam outras funções dentro da mesma estrutura. Para realização do pregão é necessário a atuação e contribuição de várias pessoas, que neste cenário são chamadas de atores. Um destes atores é a autoridade superior que é também conhecida como autoridade competente. Este ator é a autoridade máxima na modalidade pregão e opera durante todo o processo licitatório, desde a fase interna até a efetiva contratação, e esta pessoa possui poder de decisão e fiscalização. Nos artigos 3º e 4º da Lei 10.520 estão dispostas algumas atribuições da autoridade competente (BRASIL, 2002). Outras atribuições da autoridade competente estão expressas no Decreto nº 5.450 nos artigos 8º e 9º (BRASIL, 2005). O segundo ator responsável pela realização do pregão que trataremos aqui é o pregoeiro, ou seja, a pessoa encarregada pelo bom andamento da sessão de julgamento durante o processo licitatório (BRASIL, 2002; 2005). Para Alencar (2006, p. 62) pregoeiro é o servidor, designado pela autoridade competente, dentre os servidores do órgão ou da entidade, que está promovendo a licitação,

196 responsável pelos trabalhos do pregão. Não é qualquer servidor, senão aquele que tiver habilitação específica. No pregão eletrônico, as atribuições do pregoeiro estão dispostas no artigo 11 do Decreto nº 5.450 (BRASIL, 2005). Na prática, no entanto, é interessante observar que o pregoeiro, durante a sessão de julgamento realiza outras funções que, pela lei, não são consideradas atribuições dele. O que ficou nítido na análise dos dados é que, a câmara municipal de Porto Nacional Tocantins, ainda não adotou a modalidade de licitação pregão eletrônico. Deste modo, cabe enfatizar uma afirmação de Silva (2014, p. 6-7), em sua dissertação de mestrado, quando diz que: O pregão eletrônico vem contribuir de forma significativa. Essa nova modalidade permite o desenvolvimento da competitividade e o aumento das oportunidades de participação nas licitações, colaborando para o esforço de diminuição de despesas conforme as metas de ajuste fiscal do governo. O pregão permite uma maior economia nas aquisições de bens e serviços, especialmente as abrangidas na despesa de custeio da máquina administrativa pública. Essa forma auxilia, ainda, numa maior agilidade nas aquisições, pois tem o condão de desburocratizar os procedimentos para a habilitação e o cumprimento da sequência de fases da licitação. O pregão é uma variante aberta para todo o público. Pela Internet qualquer pessoa interessada pode acompanhar todo o processo licitatório que esteja em curso, bem como os valores de cada lance praticado, o vencedor e até a duração do certame, entre outros dados disponíveis. Dentre as modalidades de licitação dispostas pela legislação, a saber, concorrência, carta convite ou convite, tomada de preço, concurso, leilão e pregão (eletrônico e presencial), esta casa de leis adota as seguintes: carta convite ou convite e pregão presencial. O intuito de adotá-las é porque através delas pode-se obter melhores preços e condições para as aquisições desta. Não se pode deixar de lado a ampla concorrência, praticidade e disputa mercadológica local. E, para a realidade da câmara municipal julga-se mais vantajoso esses dois tipos de licitação. Por meio do gráfico 1, observa-se respostas relacionadas a formação complementar para atuação no pregão eletrônico. Gráfico 1 - Formação complementar dos envolvidos para atuar com pregão eletrônico

197 Conforme ilustra o gráfico 1, todos os envolvidos no processo licitatório (100%) da câmara municipal de Porto Nacional TO, afirmam não possuir formação complementar para atuar com a modalidade de pregão eletrônico. No gráfico 2, relata-se sobre a implementação do pregão eletrônico como um desafio. Gráfico 2 - A ausência de formação complementar como um desafio para implementação do pregão eletrônico Como apresentado no gráfico 2, todos os participantes (100%), veem A ausência de formação complementar como um desafio para implementação do pregão eletrônico. De acordo com a análise do gráfico 1, um dos motivos para não implementar a modalidade em questão é falta de formação complementar para atuar com esta modalidade. No quadro 1 é apresentado a viabilidade de implementação da modalidade de pregão eletrônico. Quadro 1 - Viabilidade da implementação de pregão eletrônico O que o quadro 1 mostra é que (50%) das respostas diz ser viável a implementação do pregão eletrônico, pois há recursos, financeiros e humanos para tal, e, as demais, o que totaliza (50%), considera a não viabilidade, principalmente por causa da baixa demanda do setor de compras em adquirir produtos e serviços. Partindo dos estudos de Weber, mesmo sem implementar a modalidade de pregão eletrônico, nota-se resistência por parte dos servidores designados ao setor de licitação. Para tanto, torna-se necessário investimentos em formação complementar para que seja modificada

198 a visão tradicionalista de que só é possível licitar a partir das modalidades carta convite e pregão presencial. Contudo, enfatiza-se que a administração pública, consoante os estudos de Vasconcelos (2005), pode optar por qualquer modalidade de licitação, desde que atenda o interesse público. O quadro 2, aborda a disponibilidade de recursos humanos para implementação do pregão eletrônico. Quadro 2 - Recursos humanos suficientes ou não para implementação do pregão eletrônico Analisando o quadro 2, pode-se perceber que a maioria (67%) dos respondentes entendem que a falta de recursos humanos qualificados dificulta a implementação do pregão eletrônico, enquanto que os 33% restantes não justificaram suas respostas. Mas também, se observa uma controvérsia entre recursos humanos, tecnológicos e formação específica, o que leva a crer em desatentamento com o objetivo proposto pela questão. Mostra-se no quadro 3, se os recursos tecnológicos são suficientes para a implementação do pregão. Quadro 3 - Recursos tecnológicos suficientes ou não para implementação do pregão eletrônico No quadro 3, (33%) dos entrevistados relatam que os recursos tecnológicos existentes são suficientes. Entretanto, os outros (67%) restantes, afirmam a ineficiência da tecnologia para a implementação do pregão eletrônico. O quadro 4, busca apresentar os desafios para a implementação do pregão eletrônico.

199 Quadro 4 - Desafios para implementação do pregão eletrônico na câmara municipal de Porto Nacional TO Pode-se observar, a partir do quadro 4, que os participantes definem como desafios: a falta de recursos humanos e tecnológicos; ausência de formação na área especifica de pregão eletrônico; como também o processo não ser adequado devido aos recursos e demandas de compras ser muito pequeno. Quando se fala em pregão eletrônico, é sabido que todo o território nacional pode participar dos trâmites licitatórios, sendo esse quesito um ponto negativo para os servidores acima citados. Os mesmos veem nisso uma dificuldade. Isso porque pode haver demora na entrega do produto ora licitado; comprometimento da segurança e qualidade dos produtos a serem recebidos. Caso as aquisições estejam em desacordo com o licitado, haverá uma demora na troca dos mesmos, pois as empresas situam-se em lugares distintos e distantes. No gráfico 3, enfatiza-se em relação a possibilidade de implementação do pregão eletrônico Pela Comissão de Licitação. Gráfico 3 - Discussão da implementação da modalidade de licitação pregão eletrônico pela comissão designada para tal fim. Em síntese, no gráfico 3, observa-se que não houve discussão relacionada à implementação de licitação Pregão eletrônico. É retratado no quadro 5, perspectivas para implementação do pregão eletrônico na Câmara Municipal de Porto Nacional.

200 Quadro 5 - Perspectivas para implementação do pregão eletrônico na câmara municipal de Porto Nacional TO De acordo com o que se apresenta no quadro 5, não há perspectiva de implementação do pregão, pois, (33%) afirma que existe pouca possibilidade de implementação dessa modalidade de licitação e, a porcentagem restante, equivalendo a (67%), declara o que se afirma no início deste parágrafo. Sem a modernização das compras públicas, o estado se distancia da [...] poupança potencial com a redução de custos, oportunidade efetiva de modernização estrutural na máquina administrativa e na contribuição relevante para a competitividade da economia dos países (OLIVEIRA, 2008 apud SILVA, 2014, p. 9). Apesar de não haver perspectivas de implementação desta modalidade de licitação, Silva (2014), destaca que nas compras de bens e serviços comuns, de acordo com o que foi divulgado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, houve uma economia para o governo federal, uma vez reduziu de 120 dias para 20 o prazo médio para aquisição. Considerações finais Com o fim deste foi possível concluir que os objetivos, propostos no início do trabalho, foram atingidos. Os desafios circundam em torno da ausência de recursos humanos, tecnológicos e de formação complementar. E, a instituição não adota e nem possui perspectivas para implementação do pregão eletrônico. Ainda que o processo licitatório seja constituído de seis pessoas, nota-se que há pouca ou nenhuma comunicação entre ambas as partes. Isso ficou perceptível quando houve controvérsia em alguns pontos do questionário. Contudo, no âmbito organizacional, se comunicar entre os ambientes é de suma importância para o sucesso. Assim, julga-se que para melhores trâmites licitatórios a comunicação é um dos fatores que contribui positivamente. O estudo também possibilitou a criação de um organograma, tendo em vista que antes deste, apesar de seguir determinada estrutura de cargos e funções, não havia sido definido. Portanto, um dos produtos e contribuições do trabalho foi a estruturação do organograma.

201 Um fato curioso em relação a estrutura administrativa que vale ser ressaltada é a alternância de cargos anualmente. Inclusive a comissão de licitação, especialmente o pregoeiro. Isso se dá pela mudança de presidência da casa de leis. O que pode levar a recrutar pessoas sem nenhuma qualificação para atuar no setor de licitação. Em suma, o que ficou nítido foi a resistência dos servidores em implementar tal modalidade, pois julgam ser inviável por causa da pouca demanda do setor de compras. Mas, o que de fato prejudica é a ausência de um profissional efetivo para dar continuidade nos trabalhos (pregoeiro). Para o desenrolar deste estudo, o acesso a informações foi difícil, não houve disponibilidade de todos os documentos relacionados a licitação. E, como sugestão para uma próxima pesquisa, orienta-se um estudo voltado a vantagens e desvantagens da implementação do pregão eletrônico em câmaras municipais do Tocantins. Entretanto, entende-se que deve-se haver, por parte do poder legislativo deste município, uma reflexão em relação a adoção desta modalidade. De modo que seja mostrado aos envolvidos no processo licitatório, as contribuições de sua implementação. Mudanças são necessárias e devem acontecer, seja para reduzir custos, haver maior transparência ou até mesmo para reduzir a burocracia. Referências ALENCAR, Eduardo José de. Estudo sobre aspectos gerenciais do pregão: uma análise gerencial de sua utilização pela administração pública do estado de Pernambuco. 2006. 134 f. Dissertação (mestrado) Programa de pós-graduação em gestão pública, Universidade Federal de Pernambuco, Recife PE. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Ed. 70. Lisboa: LDA, 2009. BRASIL, Presidência da república do. Constituição da república federativa do Brasil de 1988. Regulamenta a obrigatoriedade do processo licitatório na Administração Pública. Brasília, 1988. BRASIL, Presidência da república do. Lei Federal n 8.666, de 21 de junho de 1993. Brasília, 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos. Brasília, 1993. BRASIL, Presidência da república do. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui a modalidade de licitação pregão, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI da Constituição Federal. Brasília, 2002. BRASIL, Presidência da república do. Decreto Federal n 5.450/05. Que regulamenta a utilização do pregão forma eletrônica para aquisição de bens e serviços comuns. Brasília, 2005.

202 BRASIL, Presidência da república do. Lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Brasília, 2006. CUBAS, Lilian Izabel. Guia prático de procedimento licitatório. Curitiba: [s.n], 1999. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 Ed. São Paulo: Atlas, 2010. PORTO NACIONAL, Câmara municipal de. PROJETO RESOLUÇÃO Nº 001/2010. Cria Cargo e altera subsídio no quadro de Pessoal da Câmara Municipal e dá outras providências. Porto Nacional, 2010. SILVA, Daniella Maria Paraiso Aguiar. A eficiência do pregão eletrônico no processo licitatório da universidade federal do Espírito Santo. 2014. 80p. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública, Centro de Ciência Jurídicas e Econômicas, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória ES. VASCONCELOS, Fernanda. Licitação pública: análise dos aspectos relevantes do Pregão. Prim@ facie, [S.I], v. 4, n. 7, p. 151-163, 2005. VICENTES, Luis Guilherme Obici de.; CALDAS, Paulo Henrique Bernardoni.; SILVA, Roberto Pereira da. Licitações e a aplicação de suas modalidades. Revista InterAtividade, Andradina-SP, Edição Especial, 1º sem. p. 67-72, 2014.