PLANEJAMENTO: um vai-e-vem pedagógico



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Transcrição:

1 PLANEJAMENTO: um vai-e-vem pedagógico Vera Maria Oliveira Carneiro 1 Educar é ser um artesão da personalidade, um poeta da inteligência, um semeador de idéias Augusto Cury Com este texto, pretendemos contribuir na discussão sobre planejamento pedagógico estratégico para escolas, para as Jornadas Ampliadas Ações Complementares à Escola do programa de Erradicação do Trabalho (PETI) e outros espaços educativos. Nossa intenção é de apenas iniciar uma discussão, pois existem vários entendimentos sobre o que é planejamento. Este é apenas mais um. Geralmente quando se fala em planejamento escolar, vem logo a idéia de preenchimento de formulários, de algo burocrático, trabalhoso, com prazos de entrega, etc. Nas escolas, o momento do planejamento, muitas vezes ainda é assim entendido e vivenciado. Existem escolas que fazem um único planejamento para todas as turmas da mesma série, sem nem mesmo conhecer a realidade que irá encontrar, sem saber quais as dificuldades dos(as) alunos(as), qual a realidade que eles vivenciam, etc., e ainda há aqueles planejamentos que são meras repetições dos anos anteriores. Entendemos que planejamento não é isso, não é apenas preenchimento burocrático de formulários, com um prazo para entregar, contendo objetivos, estratégias, atividades, etc. Planejamento é bem diferente disto. É algo vivo e mais significativo; é um olhar para a frente. Mas afinal, o que é mesmo planejamento? Ao contrário do que muita gente pensa, o planejamento não é complicado, entendemos ser ele um meio para facilitar e dinamizar o trabalho pedagógico. Deve ser o principal instrumento de trabalho do(a) educador(as). Planejar é um momento de reflexão sobre a ação, é um momento de PENSAR, para melhor AGIR. É um processo no qual deve ser levado em consideração a realidade concreta e o que nela queremos mudar/transformar para melhor. Para isto é preciso ter uma visão crítica da realidade socio-cultural em que o trabalho estará inserido, e não se preocupar muito com resultados imediatos, mas ter uma certa paciência pedagógica, ir avaliando e monitorando cada passo dado. 1 Licenciada em História pela UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana, está Coordenadora do Programa de Educação do MOC Movimento de Organização Comunitária Feira de Santana-Bahia, assessora do Trabalho Pedagógico de Coordenadores/as da Jornada Ampliada do PETI de 46 municípios da Bahia.

2 Toda e qualquer atividade pedagógica deve ter um planejamento, ou seja, deve ser bem pensada e preparada antes de colocar em prática. Assim, o planejamento exige uma reflexão sobre a realidade e sobre a ação a ser desenvolvida. Também é um instrumento contra a improvisação é o momento de juntar o FAZER AO PENSAR e ao ESTAR aqui e agora para melhor realizar todo e qualquer trabalho. A palavra reflexão vem do latim reflectire` que significa voltar atrás. Portanto, planejar é refletir, é voltar atrás, observar o que já foi feito, o que existe e o que planejar a partir da realidade encontrada; é tomar uma posição diante desta para transformá-la. Assim sendo, o planejamento é um ato político, busca de cidadania, de autonomia, ao decidir o que se quer e como conseguir. No caso da escola, da Jornada Ampliada do PETI, ou de qualquer planejamento pedagógico estratégico, é necessário haver tempo e espaço para os(a) monitores(as)/educadores(as) se reunirem e juntos pensarem sobre seu trabalho e planejarem. O ideal é que o planejamento seja mensal. A cada mês todos se reúnem, avaliam e redimensionam suas ações. Planejar não é só um momento no ano, mas passa por vários momentos, exige uma AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO constantes para se construir processo. O trabalho infantil é um problema social com raízes históricas. Portanto, a escola e a Jornada Ampliada do PETI, que tem como um dos principais objetivos, retirar a criança do trabalho e oferecer-lhe oportunidade de permanecer na escola em tempo integral, com uma educação de qualidade, precisa de um planejamento estratégico. Um planejamento que pense estratégias, ações/atividades que não acabem em si mesmas, mas que venham causar um impacto social, uma mudança da realidade social a médio e longo prazos. Faz-se necessário desenvolver o planejamento levando em consideração a metodologia a ser utilizada no trabalho pedagógico. Neste caso, a metodologia de conhecer, analisar e transformar pode ser aplicada, ou seja, baseada em Paulo Freire, vivencia-se a ação-reflexão-ação avaliando cada atividade executada, refletindo sobre seus avanços e entraves, pode-se melhorar a próxima ação, evitando os mesmos erros e dando um passo a frente na construção de uma educação mais libertadora e séria. Como isto pode acontecer na prática: Primeiro, o(a) educador(a) precisa gostar do que faz, estar disposto a aprender e estar flexível para constantes mudanças. A palavra mudança de atitude, de postura sempre deve estar presente no momento do planejar e no cotidiano do(a) educador(a). Por exemplo: se percebe que numa localidade existe um problema grande com a questão do lixo. Não dá para a escola ficar de fora, já que esta questão vem

3 causando problemas de saúde nas pessoas, nas crianças e adolescentes da própria escola. Aí deve-se aplicar a metodologia, dar os passos: a) conhecer seria, por exemplo, uma pesquisa de campo com aplicação de um questionário para identificar como ocorre tudo ali, de onde vem aquele lixo, por que não há coleta, quais as doenças que causam, etc.; b) analisar com os dados da pesquisa em mãos, em sala de aula refletir sobre os dados nas diversas disciplinas, trabalhar vários textos, onde se desenvolva a cidadania, discutindo o direito à saúde de qualidade, trazer as famílias para a escola para debater a questão buscar soluções. c) transformar é o momento da mudança, de realmente alterar aquela situação e buscar construir uma nova. É o momento de interagir mais a escola com a comunidade, isto é, a partir do conhecimento produzido, com a pesquisa e reflexão, devolvendo-se este conhecimento, reúnem-se as famílias para buscar juntos saídas para os entraves existentes, por exemplo: procurar a prefeitura, sensibilizar as pessoas, realizar seminários, oficinas de arte e reciclagem, para reaproveitamento de alguns objetos que estão sendo jogados no lixo, etc. Para isto, precisa envolver os(as) alunos(as), a família e a comunidade, outros agentes sociais locais. Cada ação desta teria que ser minuciosamente pensada, refletida, enfim planejada. Não seria da noite para o dia que se iria mudar esta realidade. É um processo que requer de um prazo maior, de envolvimento de outras pessoas., enfim, precisa de um planejamento estratégico. Este é apenas um exemplo. Pode haver outras questões como a água, a destruição da natureza, a questão cultural, as relações sociais de gênero, de geração, de sexualidade dos adolescentes, de leitura, de escrita, dentre muitos outros. Com isto, a realidade dos alunos estaria servindo para a construção do conhecimento e a busca da melhoria da qualidade de vida, contribuindo para um desenvolvimento sustentável. O processo e o espaço de ensino-aprendizagem não se limitaria às quatro paredes da sala de aula, mas extrapolaria os seus muros, indo até a comunidade e ajudando os(as) alunos(as) e suas famílias ao exercício de sua cidadania e construir juntos dias melhores para todos(as) e o desenvolvimento da comunidade. Nesta metodologia de conhecer-analisar-transformar a realidade, pode-se aproveitar para desenvolver, além das diversas disciplinas curriculares, elementos de artes como: músicas, paródias, dramatizações/peças de teatro sobre algum tema em questão, artes plásticas (com reciclagem), desenhos, jogos cooperativos, brincadeiras envolvendo questões relativas ao tema, dentre outras. Estimula-se assim, o desenvolvimento das habilidades e potencialidades dos(as) alunos de forma lúdica, tornando a escola um ambiente prazeroso de construção do conhecimento da cidadania e autonomia.

4 O ideal e o que se deve buscar é que o planejamento da escola regular e da jornada ampliada do PETI seja conjunto, seja um único planejamento. Este seria um passo para a construção de políticas públicas, de uma educação integral. Se o município construísse seu plano de educação levando em consideração isto, já seria um grande avanço. Não podemos perder esta perspectiva. Retomando e concluindo... O ato de planejar passa pelo conhecimento da realidade, pelo senso crítico, por uma vontade e uma necessidade de transformar a realidade social em que a escola, os alunos, suas famílias e sua comunidade estão inseridos. Assim sendo, o primeiro passo é conhecer esta realidade (situação inicial de um planejamento), a partir desta, estabelecer que objetivos se quer alcançar. Em seguida, quais as estratégias ou caminhos seguir para se atingir os objetivos? Que atividades serão necessárias? Quais os prazos e responsáveis possíveis e disponíveis para atingir os objetivos? Enfim, qual a situação final que se deseja? Estes questionamentos são passos fundamentais para a construção de um planejamento estratégico, visando contribuir, a partir da educação, para um desenvolvimento sustentável. Planejar não é apenas um momento, mas vários. Uma ação termina dando início a outra, fazendo-se uma constante avaliação com os envolvidos e replanejando. Enfim, planejar é um posicionamento consciente político-pedagógico diante de uma realidade que precisa ser mudada, provocando ações a serem executadas. Esta é a nossa tarefa que podemos fazer com entusiasmo e paciência para deixar o sol brilhar. Se o teu sol é verdadeiro, não tenha medo das nuvens que encobrem, pois um dia elas se dissiparão e o brilho do sol voltará. Augusto Cury

5 Referências Bibliográficas: CURY, Augusto Jorge, Pais Brilhantes Professores Fascinantes - Rio de Janeiro, Sextante, 2003. LUCK, Heloisa Planejamento em Orientação Educacional Petrópolis, Vozes, 1982. BAPTISTA, Naidison de Quintella e DIAS, Wilson José Vasconcelos Capacitação em Gestão Social para o Desenvolvimento Local MOC, junho, 1999. Francisca Maria Carneiro e outros Educação Rural Sustentabilidade do Campo Feira de Santana, MOC, UEFS, SERTA, 2003. FREIRE, Paulo Pedagogia da Autonomia Saberes Necessários à Prática Educativa- São Paulo, Paz e Terra, 1996. MORAN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro, 8ª ed. São Paulo: Cortez; Brasília-DF: UNESCO 2003. SANTOS, Santa Marli Pires dos O Lúdico na Formação do Educador, Petrópolis-RJ, Vozes, 1997.