CURSO DE GESTÃO EM COOPERATIVISMO: Aproximando educação popular e tecnologias
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- Martim Botelho Garrau
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1 CURSO DE GESTÃO EM COOPERATIVISMO: Aproximando educação popular e tecnologias Iara Aquino Henn 1 [...] Sem ter programado a gente pára pra pensar. È como espiar para um corredor com mil possibilidades. Muitas vão se abrir para um nada, outras para um jardim de promessas. Hora de tirar os disfarces, Aposentar as máscaras e reavaliar, reavaliar-se. Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos esmaga. Lya Luft Vivemos o tempo em que a velocidade das comunicações e a diversidade das transformações tomaram conta de nossas vidas. Também vivemos o tempo em que a vida se apresenta de formas distintas. Por um lado, temos o privilégio de conviver com a diversidade, com a flexibilidade, com o fortalecimento das organizações e dos movimentos sociais, com a democracia, com a participação e com o acesso às tecnologias. Por outro, temos a tristeza de convivermos com o aumento da exclusão, com as discriminações, com a pobreza, com o autoritarismo, com a guerra, com os agrotóxicos que reduzem e desqualificam a vida humana. Diante desse cenário o acesso ao conhecimento torna-se imprescindível e apresenta-se como possibilidade de transgredir a ordem do superficial, de (re)construir e (re)significar os saberes e as relações entre as pessoas e entre as instituições. Então, a necessidade de diálogos, de debates, de 1 Coordenadora do Curso pela Cresol Baser e Infocos. Licenciada em Pedagogia e Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Antropologia Social.
2 leituras e de aprofundamentos desses conhecimentos colocam-se como um campo aberto na luta e (re)organização do social, do cultural, e do político. É a partir dessas necessidades que a formação e a qualificação dos atores da agricultura familiar, inseridos no cooperativismo, converte-se num eixo estratégico para as organizações sociais responsáveis. O Curso Iniciação Profissional em Gestão com Ênfase em Cooperativismo promovido pela União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e de Economia Solidária - UNICAFES, pela Central Cresol Baser e pelo Instituto de Formação do Cooperativismo Solidário INFOCOS em convênio com a Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná - UFPR, instituição credenciada pelo Ministério de Educação (MEC). Esse curso tem se construído como um tempo/espaço de estudo, de aprofundamento, de debates e de fortalecimento do cooperativismo de Interação Solidária que aproxima educação popular do uso da tecnologia. Nesse sentido, a experiência de organização e implementação do curso fundamenta-se a partir das experiências de educação popular das organizações e dos movimentos sociais que lutam pelo fortalecimento e pela ampliação da qualidade de vida dos/das agricultores/as familiares. Baseado na pedagogia da alternância e no uso das tecnologias (tele-aula) a favor de uma educação humana, solidária e responsável, organizamos os tempos, os espaços e as metodologias para privilegiar a construção do conhecimento no plano individual e coletivo. Afinal, unir o conhecimento à vida dos atores num processo de (re)significação tem sido um dos grandes desafios da educação. O primeiro módulo do curso, que compreendeu 200 horas, está organizado em quatro eixos que dão origem aos livros, sendo: História e concepção do cooperativismo (Livro I); Gestão cooperativa (Livro II); Agricultura familiar e desenvolvimento (Livro III); Sociedade, conhecimento e educação (Livro IV). Enquanto que o segundo módulo compreende mais 200 horas e está organizado em três eixos estratégicos: gestão e organização da produção; gestão em
3 desenvolvimento na Agricultura Familiar; gestão econômica das cooperativas e entidades da Agricultura Familiar que deu origem aos demais livros (livro V e livro VI). Os livros se constituem num material de aprofundamento, leitura e pesquisa durante o processo de estudo e, assim como a ementa que compõe cada um dos temas desenvolvidos, são construídos por um grupo de pessoas de distintas áreas do conhecimento Essa diversidade de pessoas com trajetórias e formações diversas caracterizam uma forma interdisciplinar e rica de construção do conhecimento. Tomando por princípio a autonomia dos atores no processo, poderão ser agregados no decorrer das aulas outros materiais complementares, principalmente pelos professores da tele-aula. Sendo assim, o livro não é um material de acompanhamento da fala do professor, mas um instrumento para o aprofundamento e pesquisa, como já nos referimos anteriormente. Entendemos que por ser um curso em construção vamos avaliando a cada momento com os diversos atores envolvidos e parceiros para incorporar novos elementos e novas aprendizagens. Os/as tutores/as que coordenam as turmas nas tele-salas têm o papel de um educador/a popular. São eles/elas que encaminham os diversos momentos e são responsáveis, junto a coordenação pedagógica do curso, as coordenações Regionais nas Bases e os/as diretores/as nas Cooperativas, pelo processo de avaliação e (re)construção do curso nos diferentes momentos. Os/as tutores/as têm se constituído como um grupo responsável e comprometido com o projeto do curso, constituindo-se em importantes lideranças formadoras nos distintos espaços. Nesse sentido, a formação desses atores está acontecendo em dois momentos diferentes: a cada sessenta dias a acontece um encontro de estudo e de avaliação do curso. Nas regiões acontece também um momento de formação conforme a organização das Bases Regionais. O objetivo da formação é construir o planejamento das aulas e instrumentos para que os tutores/as possam viabilizar um trabalho participativo com os educandos/as.
4 A opção pedagógica do curso está em constante (re)construção, pois à medida que vamos fazendo a experiência e avaliando-a, incorporamos novos elementos e aprendizagens. O conhecimento trabalhado é visto como um processo em construção que alterna tempos e espaços diversos dos atores envolvidos, unindo, pela pesquisa, tempo presencial com o tempo comunidade. A metodologia em curso é constituída pela lógica da problematização, do debate, da pesquisa, da socialização e da sistematização dos conhecimentos vivenciados no curso. Nesse sentido, o eixo gestão e organização da produção estão organizados têm por objetivo construir com os educandos/educandos o diagnóstico das unidades de produção e vida familiar UPVFs, para possibilitar a reflexão e o planejamento da vida e da produção dos agricultores/agricultoras. Esse diagnóstico está organizado por uma série de atividades que serão realizadas durante as aulas e também durante o tempo comunidade nos pesquisandos. O eixo da gestão em desenvolvimento na Agricultura Familiar tem por objetivo problematizar e aprofundar o debate em torno do cenário econômico e social da agricultura, isto é, refletir no percurso histórico os avanços e os limites em cada tempo, vivenciados pelos agricultores/agricultoras familiares, especialmente no contexto brasileiro. O eixo gestão econômica das cooperativas e entidades da Agricultura Familiar tem por objetivo debater como a legislação cooperativa, os produtos e serviços e os processos de auditoria contribuem na gestão do cooperativismo solidário. E, ainda quais são os avanços, limites e desafios que existem nesses processos para serem consolidados numa lógica participativa e solidária. A metodologia de trabalho, que prevê no tempo presencial momentos de debates e sistematizações no tempo comunidade atividades de pesquisa, tem por objetivo consolidar nesse curso uma prática social de educação participativa. Isto é, uma experiência que considera a construção do conhecimento um ato individual e coletivo que acontece pela interação e reflexão. No entanto, os seminários de sistematização, as oficinas de intercâmbios e os espaços de debates
5 durante as aulas têm demonstrado e confirmado a importância da participação dos educandos/educandas no processo do curso. Cabe ressaltar também, que tanto os professores/professoras, quanto os tutores/tutoras são aquelas pessoas que contribuem intensamente na problematização, no aprofundamento e nos encaminhamentos pedagógicos do curso. Os papéis assumidos por esses sujeitos é que possibilitam ao processo de estudo uma dinâmica de um curso projetado na pedagogia da Alternância. Para isso, é que se tem possibilitado os momentos de formações, sendo que os professores/professoras reúnem-se mensalmente para debater e planejar os conhecimentos, observando sempre as considerações advindas das turmas; os tutores/tutoras se reúnem a cada sessenta dias um momento de estudo no Infocos e em cada região para o aprofundamento dos eixos e o planejamento das atividades. O INFOCOS, por meio do trabalho de apoio pedagógico, também tem feito o esforço de participar e acompanhar o processo pedagógico a fim de estar mais próximo dos educandos/educandas, refletindo coletivamente as dificuldades, as necessidades e os desafios que poderão ser superados, ainda nesse módulo. As visitas têm se organizado, tendo em vista, estar presente em cada região, por meio de uma turma dialogando com diretores/diretoras das Cooperativas e das Bases Regionais Cresol, com os educandos/educandas, tutores/tutoras entre outras lideranças do cooperativismo solidário.
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