Filosofia aulas 25 a 40

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Transcrição:

Filosofia aulas 25 a 40

As teorias contratualistas Nos séculos 17 e 18, tomaram força as teorias contratualistas, cujo principal questionamento é o fundamento racional do poder soberano. Ou seja, o que se procura é discutir a legitimidade do poder. As teorias contratualistas enfatizam o caráter racional e laico da origem do poder: é o próprio indivíduo que dá o consentimento para a instauração do poder pelo pacto que o legitima.

Para derivar a origem do Estado, os filósofos contratualistas partiam da hipótese do estado de natureza, em que o indivíduo viveria como dono exclusivo de si e dos seus poderes. Esses pensadores queriam compreender o que justificaria abandonar um fictício estado de natureza para constituir o Estado, mediante contrato, bem como discutir que tipo de soberania deveria resultar desse pacto. Os principais filósofos contratualistas: Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau.

Thomas HOBBES (1588-1679) Ler no volume Filosofia do Ipad: Leviatã p. 90 e Texto 6 p. 62-63

No século XVII, época em que Hobbes viveu, o absolutismo real atingira seu apogeu mas se encontrava em vias de ser ultrapassado ao enfrentar inúmeros movimentos de oposição baseados em ideias liberais e laicas. Sua obra principal, Leviatã, expressa e defende a doutrina do absolutismo político. No que diz respeito à teoria política contida nessa obra, Hobbes se opõe à tese aristotélica de que a sociedade é resultado de um instinto primordial. Para ele, no gênero humano não existe sociabilidade instintiva. A natureza humana é regida pelo egoísmo e pela autopreservação; não há amor natural, somente uma mistura de temor e necessidade recíprocos. No estágio da humanidade caracterizado pelo chamado estado de natureza, isto é, anterior a organização social disciplinada pelo Estado, devido ao fato de que cada um de nós tem direito a tudo e as coisas são escassas, existe uma constante guerra de todos contra todos e reina a violência incontrolável contra o próximo é quando, diz Hobbes, o homem é o lobo do homem.

Mas os homens também têm interesse de pôr fim a violência e para isso reúnem-se em sociedade por um pacto ou contrato social, que permitirá a paz comum e garantirá a segurança. Nesse pacto, os homens abrem mão de suas vontades e juízos particulares para se submeter à vontade e ao juízo de um homem ou de uma assembleia de homens capaz de conter as vontades e dirigir as ações para o proveito comum. É a instituição do Estado (ou República) que estabelece os direitos do homem ou dos homens a quem o poder é conferido pelo consenso do povo reunido. O Estado é assim uma autoridade externa reconhecida por todos os homens que se tornam seus súditos, com a finalidade de suprimir os antagonismos, assegurar a segurança a paz interna e a defesa comum. O pacto social, por ser algo artificial, exige que o Estado seja absoluto, soberano e poderoso, pois só assim é capaz de suprimir qualquer tentativa de fazer prevalecer o interesse individual.

Hobbes desconfiava da capacidade de manter a paz sem uma liderança formada e centralizadora. Ele temia que o excesso de opiniões divergentes pudesse atrapalhar a sociedade e de sempre haverá quem tentasse provocar conflitos para tomar o poder para si. A transmissão do poder dos indivíduos ao soberano deve ser total, caso contrário, por pouco que seja conservada a liberdade natural, instaura-se de novo a guerra. Conclui, então, que a única maneira de garantir a paz depende da delegação de um poder absoluto ao soberano. Absoluto significa para ele, ilimitado, que não há limites para a ação do governante. Ele não pode ser questionado ou deposto: uma vez aceito por contrato, o governante é absolvido de qualquer constrangimento. Essa forma de poder a qual Hobbes dá forma é chamada de absolutismo. Para ele, o Estado pode ser monárquico, quando constituído por apenas um governante, como pode ser formado por alguns ou muitos, por exemplo, uma assembleia. O importante é que, uma vez instituído, o Estado não seja contestado.

Leviatã: uma espécie de monstro marinho dos oceanos, que aparece na Bíblia e está presente no imaginário dos navegantes europeus na Idade Moderna. Hobbes, numa metáfora, designa o Estado moderno de Leviatã, monstro capaz de inspirar a obediência através do temor. Porém, a autoridade do Estado não é arbitrária ou despótica, ela é um poder absoluto sobre seus súditos que assim o autorizam através do pacto social.

RESPOSTAS DA ATIVIDADE 1, PÁG. 90, DO IPAD: 1. Segundo Hobbes, no estágio da humanidade caracterizado pelo chamado estado de natureza, isto é, anterior a organização social disciplinada pelo Estado, os interesses egoístas predominam e cada um se torna um lobo para outro. Pois todos sentem-se com direito a tudo e são livres para usar seu poder como bem quiser a fim de se autopreservar, fazendo qualquer coisa para alcançar o que desejam. As disputas provocam a guerra de todos contra todos, com graves prejuízos para a indústria, a agricultura, a navegação, o desenvolvimento da ciência e o conforto de todos.

2. O pacto é feto para acabar com a guerra e por fim a violência característica do estado de natureza. Por esse contrato, todos abdicam de sua vontade em favor de um homem ou de uma assembleia de homens como representantes de suas pessoas, isto é, que concentra em si a vontade geral e dirige as ações para o proveito comum. O indivíduo renuncia à liberdade ao dar plenos poderes ao Estado a fim de proteger a sua própria vida. Portanto, a função do pacto é garantir o respeito e o bem comum. E ele funda a sociedade civil, isto é, a associação dos homens se dá através do pacto. 3. O papel do Estado, conferido pelo consenso da multidão reunida, é usar do poder e da força para conformar a vontade das pessoas, suprimir os antagonismos, com a finalidade de assegurar a paz interna no país e a defesa contra os inimigos estrangeiros. Graças a isso, na sociedade, pode-se trabalhar, praticar a agricultura, construir e desenvolver conhecimentos.

(MARINGA 2009) Thomas Hobbes explica a origem da sociedade e do Estado mediante a ideia de um pacto ou acordo entre os indivíduos para regulamentar o convívio social e garantir a paz e a segurança de todos. Sobre a teoria política de Thomas Hobbes, assinale o que for correto. 1) Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o comportamento dos homens é pacífico, o que é condição para instauração do pacto de respeito mútuo às liberdades individuais. 02) Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o homem dispõe de toda liberdade e poder para realizar tudo quanto sua força ou astúcia lhe permitir. 04) Segundo Thomas Hobbes, o Estado é a unidade formada por uma multidão de indivíduos que concordaram em transferir seu direito de governarem a si mesmos à pessoa ou à assembleia de pessoas que os represente e que possa assegurar a paz e o bem comum. 08) Na obra Leviatã, para caracterizar o Estado, Thomas Hobbes utiliza a figura do Novo Testamento, o Leviatã, cuja função é salvar os homens do poder despótico dos reis. 16) Segundo Thomas Hobbes, o Estado não dispõe de poder absoluto algum. É ilegítimo o uso da força pelo soberano para constranger os súditos, pois o controle do poder instituído, como o próprio poder, deve assentar-se no acordo e no convencimento.

(ENEM 2001) Contexto I Para o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), o estado de natureza é um estado de guerra universal e perpétua. Contraposto ao estado de natureza, entendido como estado de guerra, o estado de paz é a sociedade civilizada. Dentre outras tendências que dialogam com as ideias de Hobbes, destaca-se a definida pelo texto abaixo. II Nem todas as guerras são injustas e correlativamente, nem toda paz é justa, razão pela qual a guerra nem sempre é um desvalor, e a paz nem sempre um valor. BOBBIO, N. MATTEUCCI, N PASQUINO, G. Dicionário de Política, 5ª ed. Brasília: Universidade de Brasília; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000) Questão 30: Comparando as idéias de Hobbes (texto I) com a tendência citada no texto II, pode-se afirmar que (A) em ambos, a guerra é entendida como inevitável e injusta. (B) para Hobbes, a paz é inerente à civilização e, segundo o texto II, ela não é um valor absoluto. (C) de acordo com Hobbes, a guerra é um valor absoluto e, segundo o texto II, a paz é sempre melhor que a guerra. (D) em ambos, a guerra ou a paz são boas quando o fim é justo. (E) para Hobbes, a paz liga-se à natureza e, de acordo com o texto II, à civilização.

John LOCKE (1632-1704) Ler no Volume Filosofia do Ipad: Da Sociedade Política ou Civil p. 91-92

John Locke, filho de burgueses comerciantes, tornou-se o teórico da revolução liberal inglesa. Suas ideias políticas fecundaram todo o século XVIII, dando o fundamento filosófico das revoluções liberais ocorridas na Europa e nas Américas. Na sua filosofia política, formula uma teoria sobre a sociedade política ou civil baseada nos direitos naturais. Para ele, todos os homens, ao nascerem, tinham direito à propriedade termo que ele usa em um sentido muito amplo: tudo o que pertence a cada indivíduo, ou seja, sua vida, sua liberdade e seus bens. Diferentemente de Hobbes, para Locke o hipotético estado de natureza não é um ambiente de guerra e egoísmo. No estado de natureza, cada um é juiz em causa própria; portanto, os riscos das paixões e da parcialidade são muito grandes e podem desestabilizar as relações entre os indivíduos. Por isso, visando a segurança e a estabilidade necessárias ao usufruto do propriedade, todos consentem em instituir o corpo político. O Estado, com autoridades e regras, tem a função de garantir o usufruto dos direitos naturais A vida política é entendida aqui também como uma invenção humana

Ao contrário de Hobbes, para quem o pacto era de submissão, Locke está convencido de que os direitos naturais não desaparecem em consequência desse consentimento, mas subsistem para limitar o poder do Estado, quando necessário. Caso os governos não respeitem os direitos do povo, esses poderiam se revoltar contra ele e confrontar suas decisões. Pois se o Estado impede o exercício da propriedade, estará indo contra o motivo pelo qual ele existe, que é o de salvaguardar os direitos naturais do cidadão. Dessa forma, Locke justifica, então, o direito à insurreição, quando a relação de confiança com o representante for quebrada. Para proteger os cidadãos dos abusos de poder, quem faz as leis não poder ser quem está encarregado de fazer respeitá-las. O poder legislativo, então, deve estar separado do poder executivo e esse, subordinado àquele.

Segundo Locke, a legitimidade do poder se funda na sua origem parlamentar. Isso significa que um cargo político não resulta de privilégio aristocrático, mas sim do mandato popular alcançado pelo voto: a representação política torna-se legítima, porque nasce da vontade popular. Locke oferece uma teoria que se contrapõe ao absolutismo e formula os princípios da forma de governo conhecida como democracia liberal.

Principais ideias do texto da pág. 91-92 no Ipad: 1º parágrafo: A sociabilidade é um instinto natural. Existe continuidade entre família e sociedade. 2º parágrafo: Tanto a família quanto à sociedade se fundam em um pacto contratual (embora sejam associações diferentes). 3º parágrafo: O homem nasce com direitos por natureza e com poder para preservar sua propriedade - entendida como vida, liberdade e bens. A razão da sociedade política é garantir a manutenção da propriedade. Para isso, seus membros aceitam renunciar seu poder natural e transmiti-lo à comunidade com suas regras válidas para todos e executadas por alguns homens. As leis existem para decidir as diferenças e castigar as infrações. Os homens que se associam com regras e autoridades estão em sociedade civil ou política. Os que assim não estiverem, estão no estado de natureza.

continuação... 4º parágrafo: A sociedade política existe sempre que o poder executivo está nas mãos de um governo supremo e as leis são feitas conforme o bem público através de um poder legislativo. 5º parágrafo: Fazer parte da sociedade é um pacto consentido, aceito voluntariamente (renunciando a própria liberdade) com a finalidade de viver em segurança, conforto, paz e assegurar a propriedade. 6º parágrafo: A razão para sair do estado de natureza é que o usufruto da liberdade individual e do próprio poder é incerto. O temor e o perigo levam os homens a juntarem-se em sociedade a fim de conservarem a propriedade. 7º parágrafo: O homem prefere viver em sociedade, deseja proteger-se sob leis, viver sob regras. Isso justifica a existência dos poderes legislativo e executivo.

RESPOSTAS DA ATIVIDADE PÁG. 92, DO IPAD: 1. Segundo Locke, o homem se reúne em sociedade para sair do estado de natureza, onde a fruição do seu direito natural à propriedade é muito insegura e arriscada, por estar constantemente exposta a invasão de terceiros e onde não há homogeneidade das leis. Tais circunstâncias o levam a renunciar uma condição que, embora livre, está cheia de perigos, para procurar, de boa vontade, a associação com outros homens sob leis e regras que garantem a mútua conservação da propriedade (vida, liberdade e bens).

2. No sentido rigoroso de sociedade, segundo Locke, as formas de associação seriam: a sociedade conjugal nascida entre homem e a mulher e que deu origem a pais e filhos, onde a função é de auxílio mútuo nas necessidades segundo os laços de cuidado, afeto e a manutenção dos filhos até que esses consigam suprir suas próprias necessidades; e a sociedade civil ou política quando há uma associação consentida, com renuncia da própria liberdade e poder naturais para se deixar governar sob leis e regras da comunidade, com o intuito de garantir essas mesmas propriedades. Existe uma continuidade entre família e sociedade, pois a sociedade conjugal é a primeira forma de associação, seguida da política. Mas elas são diferentes no que diz respeito as funções para as quais existem.

3. Ele quis dizer que os homens preferem viver em sociedade porque no estado de natureza, ainda que eles tenham privilégios de seus direitos naturais, que eles sejam livres e possam exercer seu próprio poder, vivem, entretanto, numa situação ruim expostos à invasão e agressão por parte de outros homens.

Trecho de Locke sobre a propriedade privada e divisão dos poderes, do livro Dois Tratados sobre o Governo Civil: O poder supremo não consiste em tirar de um homem uma parte da sua propriedade sem o seu consentimento. De fato, sendo a conservação da propriedade o fim do governo e a razão pela qual os homens entram em sociedade, é necessariamente pressuposto e requerido que o povo tenha uma propriedade; caso contrário, se deveria supor que, entretanto, em sociedade, se perderia aquilo que constitui o objetivo mesmo de fazer parte dessa sociedade (...) A razão pela qual os homens entram em sociedade é a salvaguarda da sua propriedade, e o motivo pelo qual eles elegem um legislador e o autorizam é para que possam ser instituídas leis e regras capazes de proteger e de delimitar a propriedade de cada membro da sociedade, e de limitar o poder e moderar o domínio de cada parte ou membro dela (...)

(...) Toda vez que os legisladores tentam subtrair a propriedade do povo, ou torná-lo escravo de um poder arbitrário, se colocam em estado de guerra com o próprio povo, que assim é desobrigado de qualquer ulterior obediência (...) Dada a fraqueza humana, inclinada a apossar-se do poder, pode ser muito grande a tentação, por parte daqueles que têm o direito de fazer as leis, de se apossar também do direito de executá-las, eximindo-se assim da obediência às leis que eles próprios fazem. (...) Por esse motivo, nos Estados bem organizados o poder legislativo é colocado nas mãos de diversas pessoas que, reunindo-se nos modos prescritos, têm individualmente ou em conjunto com outras o poder de fazer as leis: depois disso, estão elas mesmas sujeitas às leis que fizeram. Mas é necessário que exista um poder sempre ativo que presida a execução das leis que foram feitas e que continuam em vigor. Por isso, o poder legislativo e o poder executivo são frequentemente separados.

(UFU 1ª Fase Janeiro de 2004) John Locke justificou a existência do Estado com estas palavras: O motivo que leva os homens a entrarem em sociedade é a preservação da propriedade; e o objetivo para o qual escolhem e autorizam um poder legislativo é tornar possível a existência de leis e regras estabelecidas como guarda e proteção às propriedades de todos os membros da sociedade, a fim de limitar o poder e moderar o domínio de cada parte e de cada membro da comunidade; pois não se poderá nunca supor seja vontade da sociedade que o legislativo possua o poder de destruir o que todos intentam assegurar-se, entrando em sociedade e para o que o povo se submeteu a legisladores por ele mesmo criado. (LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo.) Analise as assertivas em conformidade com a citação acima. I. A propriedade privada é contratual, isto é, ela é subseqüente ao nascimento do Estado, que institui o direito à propriedade, distribuindo a cada um aquilo que era propriedade comunal no estado de natureza. II. A propriedade privada surge com o aparecimento da sociedade civil, a geradora do Estado, que é a instituição suprema que tem, inclusive, a prerrogativa de suprimir a propriedade em benefício da segurança do Estado. III. A propriedade privada é parte do estado de natureza, pois o homem possui a propriedade de si mesmo e, com isso, tem o direito de tornar como sua propriedade aquilo que está vinculado com seu trabalho. IV. A propriedade privada é anterior à sociedade civil, portanto, a propriedade antecedeu ao Estado, cuja existência resultou do contrato social e teve a finalidade de preservar e proteger a propriedade privada de cada um. Assinale a alternativa que tem as assertivas corretas. A) III e IV B) I e II C) II e III D) II e IV

(UEL-2005) Se todos os homens são, como se tem dito, livres, iguais e independentes por natureza, ninguém pode ser retirado deste estado e se sujeitar ao poder político de outro sem o seu próprio consentimento. A única maneira pela qual alguém se despoja de sua liberdade natural e se coloca dentro das limitações da sociedade civil é através do acordo com outros homens para se associarem e se unirem em uma comunidade para uma vida confortável, segura e pacífica uns com os outros, desfrutando com segurança de suas propriedades e melhor protegidos contra aqueles que não são daquela comunidade. (LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o contrato social em Locke, considere as afirmativas a seguir. I. O direito à liberdade e à propriedade são dependentes da instituição do poder político. II. O poder político tem limites, sendo legítima a resistência aos atos do governo se estes violarem as condições do pacto político. III. Todos os homens nascem sob um governo e, por isso, devem a ele submeter-se ilimitadamente. IV. Se o homem é naturalmente livre, a sua subordinação a qualquer poder dependerá sempre de seu consentimento. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) I, III e IV. e) II, III e IV.

Vocabulário CONTRATO SOCIAL Teoria segundo a qual a reunião dos homens em sociedade não é um evento natural ou instintivo, mas resultado de um pacto, um contrato que põe fim ao estado de natureza. Teoria sustentada por Hobbes favorável ao absolutismo e por Locke que defendia o liberalismo. ESTADO DE NATUREZA Nas teorias políticas dos séculos XVII e XVIII, a condição dos homens antes de estipular um tipo qualquer de contrato social, na qual os indivíduos viviam isolados uns dos outros, sem qualquer organização estatal. Trata-se de uma situação hipotética. Para Hobbes, esse estado seria denominado de guerra de todos contra todos. Para Locke, seria de alguma forma regulado pelo princípio de evitara violência para não recebê-la de volta. ABSOLUTISMO Teoria política elaborada por Hobbes em oposição à teoria liberal e democrática. Os princípios do absolutismo são: 1) a indivisibilidade do poder soberano, que deve concentrar-se em uma única instituição representada por um homem, seja por uma assembleia; 2) o dever de obediência dos súditos; 3) a supremacia do Estado sobre a lei; 4) a proibição do tiranicídio ou de qualquer rebelião, mesmo quando o soberano se coloca contra os interesses dos súditos; 5) a fusão das autoridades política e religiosa.

Vocabulário DEMOCRACIA LIBERAL Regime político inspirado nos ideais iluministas que guiaram a Revolução Francesa, baseado nas ideias de soberania popular, separação de poderes, representatividade política, liberdade individual, impondo limites ao poder público e multipartidarismo. LIBERALISMO Doutrina cujas origens remontam ao pensamento de Locke (1632-1704), baseada na defesa intransigente da liberdade individual, nos campos econômico, político, religioso e intelectual, contra ingerências excessivas e atitudes coercitivas do poder estatal.

Jean-Jaques ROUSSEAU (1712-1778) Ler os trechos do Contrato Social e do Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade ambos na folha entregue à parte nas aulas 33-36.

Rousseau, assim como Hobbes e Locke, procurava resolver a questão da legitimidade do poder fundado no contrato social. Para ele, quando a vida no estado de natureza se tornou impraticável, o homem encontrou uma saída para sobreviver associando-se a outros homens com os quais unia forças. Surge assim o contrato social cuja função é garantir a segurança coletiva. Diferente da hipótese de Hobbes, em estado de natureza, o homem era livre, vivia cuidando de sua sobrevivência de forma inconsciente, tinha uma vida simples mas feliz. Em sociedade, ele se tornou prisioneiro, dominado. Diferente de Locke, para Rousseau, a propriedade privada de bens não era um direito natural mas, antes, uma criação humana, cujo surgimento é a causa da desigualdade, do egoísmo e dos conflitos entre os homens. Para Rousseau, no estado de natureza os homens eram livre e iguais até o momento em que surge a propriedade privada o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrouse de dizer isto é meu - e uns passaram a trabalhar para outros, gerando escravidão e miséria.

O contrato social, para Rousseau, se resume no seguinte: cada indivíduo abre mão de sua força e liberdade naturais, de sua vontade particular, para torna-se parte integrante e ativa de um todo social que estabelece regras para o bem-estar do coletivo. Através do pacto, o indivíduo ganha direitos civis. Para que o contrato seja legítimo, deve ser originar do consentimento unânime. Cada associado se aliena totalmente, ou seja, abdica sem reservas de todos os seus direitos e favor da comunidade. Como todos abdicam igualmente, cada um não perde nada. A associação produz, em lugar da pessoa particular de cada contratante, um corpo moral e coletivo composto de tantos membros quantos forem os votos da assembleia. Como cada indivíduo é parte integrante e ativa do todo social, ao obedecer à lei, obedece a si mesmo e, portanto, é livre. A soberania deve ter a direção da vontade geral, que ultrapassa os interesses particulares de pessoas privadas, em vista do bem-estar do conjunto da sociedade. Ela é exercida pelo povo que participa da atividade soberana como pessoa moral coletiva e corpo político dos cidadãos. A expressão dessa vontade se dá na forma de leis.

Nesse aspecto, Rousseau é inovador: a soberania é popular e o poder de tomar as decisões é inalienável, isto é, não pode ser representada. Toda lei não-ratificada pelo povo em pessoa é nula. Por isso, o ato pelo qual o governo é instituído pelo povo não submete este àquele. Ao contrário, não há um superior, já que os depositários do poder não são senhores do povo, mas seus oficiais, podendo ser eleitos ou destituídos conforme a conveniência. Os magistrados que constituem o governo estão subordinados ao poder de decisão do povo soberano e apenas executam as leis, devendo haver inclusive boa rotatividade na ocupação dos cargos. A esse respeito, Rousseau preconiza o regime político da democracia direta ou participativa, mantida por assembleias frequentes de todos os cidadãos. Há duas formas de participação na comunidade: como cidadão, quando é ativo fazendo leis; como súdito, enquanto exerce uma soberania passiva obedecendo as leis.

(PUC-PR 2008) "O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo". Levando em conta a principal idéia que Rousseau quer transmitir com essa afirmação, assinale a alternativa VERDADEIRA: a) A propriedade privada, já existente antes da sociedade civil, trouxe a possibilidade de melhor organização entre os indivíduos e, conseqüentemente, facilitou sua convivência. b) A propriedade privada é um direito natural fundado no trabalho. c) A expressão "isto é meu" da frase de Rousseau quer mostrar que naturalmente o homem anseia por propriedade privada. d) A sociedade civil tem sua origem na propriedade privada que, junto consigo, trouxe os principais problemas entre os homens. e) O fundador da sociedade civil era um pensador grego que tinha g rande capacidade de persuasão.

Diferenças e semelhanças: Thomas Hobbes John Locke Jean-J. Rousseau estado de natureza O ser humano tem direito a tudo o direito de natureza, jus naturale é a liberdade de cada homem de usar o seu próprio poder, de maneira que quiser, para a preservação da própria natureza, ou seja, de sua vida; e, consequentemente, de fazer tudo aquilo que seu próprio julgamento e razão lhe indiquem como meios adequados a esse fim. Enquanto perdura esse estado de coisas não haverá nem segurança, nem paz. Os interesses egoístas predominam, cada um se torna um lobo para o outro. As disputas provocam a guerra de todos contra todos, com graves prejuízos para a indústria, a agricultura, o desenvolvimento da ciência. O ser humano é livre e poder exercer o seu poder como quiser para garantir seus direitos naturais (Locke segue a tendência do jusnaturalismo, que concebe um conjunto de valores universais pertencentes à natureza humana). Cada um é juiz em causa própria; portanto, os riscos das paixões e da parcialidade são muito grandes e podem desestabilizar as relações entre os indivíduos. Os indivíduos vivem sadios, bons e felizes, cuidando da sua própria sobrevivência, até o momento em que surge a propriedade privada e passa a haver desigualdade.

Diferenças e semelhanças: Thomas Hobbes John Locke Jean-J. Rousseau contrato social Ordem ou pacto pelo qual os indivíduos abdicam de sua vontade em favor de um homem ou assembleia de homens, como representantes de suas pessoas. Essa ordem social com a autoridade política é um artifício criado pelo homem em função do medo e desejo de paz. O indivíduo reconhece a necessidade de renunciar a seu direito de todas as coisas, contentando-se, em relação aos outros homens, com a mesma liberdade que aos outros homens permite em relação a si mesmo. União dos indivíduos, constituindo uma sociedade civil ou política (esses conceitos não estão separados em Locke). A união visa a segurança e a tranquilidade necessárias para preservar a propriedade. Propriedade = sentido amplo de tudo o que pertence ao indivíduo, ou seja, sua vida, sua liberdade e seus bens. União legítima de indivíduos sob uma só vontade. Como tal, nasce do consentimento unânime, onde cada associado se aliena, isto é, abdica sem reserva de todos os seus direitos em favor da comunidade. O ingresso nesse pacto se dá quando surge a propriedade privada, pois ela cria a desigualdade - uns passam a trabalhar para outros, gerando escravidão e miséria a corrupção pelo poder e a violência. Nesse pacto, como todos participam ativamente do todo social, quem obedece a lei, obedece a si mesmo.

Diferenças e semelhanças: Thomas Hobbes John Locke Jean-J. Rousseau soberania Exercida por um soberano, cujo poder é absoluto, isto é, ilimitado. A transmissão do poder dos indivíduos ao soberano deve ser total, caso contrário, por pouco que seja conservada a liberdade natural, instaurase de novo a guerra. E não há limites para a ação do governante, não é sequer possível ao súdito julgar se o soberano é justo ou injusto, tirano ou não. Defende o Estado monárquico, constituído por apenas um governante ou por uma assembleia. Mas uma vez instituído, o Estado é absoluto e absolvido de qualquer constrangimento. Ele é representado pelo Leviatã que, pela força e temor, protege os indivíduos. O poder está fundado nas instituições políticas: o poder legislativo é o poder supremo, ao qual deve se subordinar o executivo (neste momento ainda não se desenvolvera a teoria da autonomia dos 3 poderes, o que ocorrerá apenas com Montesquieu no séc. XVIII). O poder é um depósito confiado aos governantes numa relação de confiança e, se estes não visarem o bem público, é permitido aos governados retirar essa confiança e oferecê-la a outrem. È um pacto de consentimento (diferente de um pacto de submissão). Corpo coletivo que expressa, por meio da lei, a vontade geral. A vontade geral é aquela direcionada ao interesse comum, isto é, o interesse de todos e de cada pessoa enquanto parte do coletivo e somente nessa qualidade (portanto, algo diferente da somatória da vontade de todos ou a confluência dos interesses particulares). A soberania pertence o povo de maneira inalienável, isto é, não pode ser representada. O governo é instituído pelo povo, os depositários do poder estão submetidos ao poder de decisão do povo.