CASO CLÍNICO DOENÇA ARTERIAL OBSTRUTIVA NÃO ATEROSCLERÓTICA

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apresenta Adriano José de Souza Ecocenter Medicina Diagnóstica (Hospital Socor) Clínica Radiológica Conrad Belo Horizonte adrianosouza.vasc@gmail.com COMENTÁRIOS E DISCUSSÃO - PROFESSOR NICOS LABROPOULOS Department of Surgery Stony Brook University Medical Center, New York

PACIENTE INFORMAÇÕES ADICIONAIS 63 anos, sexo feminino, do lar Se apresenta com quadro de dor na perna esquerda de início recente Sem história familiar de doença aterosclerótica Nega alergias SINTOMAS Claudicação intermitente MIE de início há duas semanas, que apresentou melhora espontânea há cerca de 3 dias. 45 dias após melhora dos sintomas voltou a apresentar claudicação para 100 metros HISTÓRIA PREGRESSA Nega passado de sintoma semelhante Nega tabagismo e DM Não faz uso regular de medicamentos EXAME FÍSICO MID sem anormalidades MIE após melhora dos sintomas Boa perfusão capilar Pulsos femoral, poplíteo,tp e dorsal do pé +++/+++ Ausência de edema MIE após resurgimento dos sintomas Perfusão capilar diminuida Pulso femoral +++/+++ Pulsos poplíteo,tp e dorsal do pé não palpáveis

ACHADOS AO US DOPPLER EM 05/04/2017 (ASSINTOMÁTICA) Imagem anecóica em parede posterior dos terços proximal e médio da artéria poplítea, sem determinar redução significativa da luz arterial. Padrão de fluxo trifásico com velocidades normais em todas as artérias do MIE. Labropoulos N, et al. J Vasc Surg 2007;46:101-7

ACHADOS AO US DOPPLER EM 09/05/2017 (SINTOMÁTICA) Imagem anecóica em parede posterior dos terços proximal e médio da artéria poplítea, observando-se acentuado aumento de volume em relação ao exame prévio, determinando redução significativa da luz arterial (> 80%). Padrão de fluxo trifásico com velocidades normais em artérias do segmento femoral e monofásico com velocidades reduzidas em artéria poplítea distal e artérias infrageniculares. Labropoulos N, et al. J Vasc Surg 2007;46:101-7

ACHADOS AO US DOPPLER EM 09/05/2017 (SINTOMÁTICA)

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DO JOELHO ESQUERDO 28/04/2017 * O cisto afeta os segmentos proximal e médio da artéria poplítea como demonstrado pela Ressonância Magnética. Envolve a artéria (asterisco) com várias áreas de estenoses (setas amarelas).

Cystic Adventitial Disease O primeiro caso foi descrito em 1947 H.J. Atkins, J.A. Key. A case of myxomatous tumor arising in the adventitia of the left external iliac artery: case report. Br J Surg 1947;34:426 427 Desde então cerca de 503 relatos com 724 pacientes e 587 afetando a artéria poplítea. Apenas 5 casos foram bilaterais e todos achados na artéria poplítea. N.M. Desy, R.J. Spinner. The etiology and management of cystic adventitial disease J Vasc Surg 2014;60:235 245 A teoria articular é a mais predominante desde que todas as outras teorias são pouco prováveias de ocorrer. Estes cistos são complexos com conteúdo mucóide e gelatinoso, possuindo alta concentração de ácido hialurônico.

Motaganahalli RL, et al. A multi-institutional experience in adventitial cystic disease. J Vasc Surg. 2017 Jan;65(1):157-161. 47 pacientes com doença cística da adventícia, 32 homens e 15 mulheres 43/47 na extremidade inferior, idade média de 43 anos, variando de 25 a 68 anos 41 localizados na artéria poplítea Outras artérias afetadas: femoral comum, femoral superficial e radial A maioria dos pacientes (93%) apresentaram-se com queixa de claudicação e índice tornozelo/braço médio de 0.7 www.cursointerativovascular.com.br

Motaganahalli RL, et al. A multi-institutional experience in adventitial cystic disease. J Vasc Surg. 2017 Jan;65(1):157-161. Drenagem isolada tem alto índice de recorrência Excisão do cisto e bypass com enxerto apresenta os melhores resultados. www.cursointerativovascular.com.br

DOENCA CÍSTICA ADVENTÍCIA DA ARTÉRIA POPLÍTEA É uma condição vascular não aterosclerótica rara que afeta principalmente a artéria poplítea. Sua etilogia é ainda controversa com várias hipóteses na literatura mas a teoria articular é a mais aceita Pacientes usualmente se apresentam com queixa de claudicação intermitente. A confirmação diagnóstica geralmente se faz com Duplex Scan, Angiorressonância ou Angiotomografia. Existens algumas modalidades de tratamento, sendo que a ressecção cirúrgica e bypass se mantém como a melhor escolha.

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